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sábado, 29 de março de 2014

COMUNICAR É PRECISO V (Jorge Leite)                                         
                                                           
Quando ensinar, não seja arrogante.
E não se esqueça de que o aprendizado dura a vida toda.                                                                 (PASTORINO, Carlos Torres. Minutos de sabedoria.)
                                              
                                                                      
As palavras ou expressões destacadas estão corrigidas entre colchetes ao lado da frase.
Ouvido numa rádio baiana, em 9 de janeiro de 2009, às 13h20:
“O sequestro da menina Eloá trouxeram à tona a situação do seu pai.” [trouxe]
Dito por um jogador: Nós se atrasamos... [Atrasamo-nos...]
Ouvido em outra rádio há três dias: Ela foi no banco e não achou o dinheiro... [foi ao banco]
“Lido no face: Se você não quer ser esquecido quando morrer, escreva coisas que vale a pena ler.” (Benjamin Franklin). [coisas que valham a pena]
Agora, outra frase postada facebook:
Aonde está o erro dessa frase?” [Onde estão os erros desta frase?] (A frase estava toda errada, rs.)
Onde/aonde
Onde é advérbio que se usa com verbos que expressam situações estáticas: “Onde está você?”
Aonde expressa situações de movimento: Aonde você vai?

Pra onde vou
(Jorge Leite)

Pra onde vou,
Quando vou,
Como vou,
Por onde vou?

É o que mais desejamos
Da vida saber
Antes mesmo de nascer.

De onde vim,
Quando vim,
Como vim,
Por onde vim?
[...]

E agora, José? Pra onde, ou Pra aonde vou? Por onde, ou Por aonde?

Observe que, antes dos advérbios, já há as preposições “para” e “por”. Nesses casos, se juntarmos a preposição “a”, teremos  duas preposições antes do advérbio. Por isso o “pra onde” e não “pra aonde”, “por onde” e não “por aonde”. 
É o nosso entendimento. Se houver vozes mais doutas, que nos corrijam com fundamentação melhor.

ESTE/ESSA, DESTA/DESSA, AQUELE(A)

Há três usos para os pronomes demonstrativos, segundo Dad Squarisi:
1º quando se referem a situações espaciais:
este(a) e variações: informam proximidade do ser ou coisa com quem se fala ou escreve. Ex.: Esta bíblia é minha, Paula. (a bíblia que está comigo)
esse(a) e variações: esclarecem que o ser ou objeto estão próximo da pessoa com quem se fala. Ex.: Essa bíblia é sua, Paula. (a bíblia está com a Paula)
aquele(a): aponta para algo distante das pessoas do discurso. Ex.: Aquele jatobá é enorme. (a árvore está longe nós)
2º quando se referem a situações no tempo:
este e variações: tempo atual ou presente. Ex.: Neste domingo haverá o jogo entre Flu. e Vasco. (amanhã)
esse(a), aquele(a) e variações: esse(a) se o tempo passado é recente; aquele(a), se é distante. Ex.:
Em 2013, fomos à França. Nesse ano, visitamos também Portugal e fomos ao convento de Santa Isabel de Aragão, que reinou durante o século XIII. Naquele século, a Igreja instaurara a Inquisição.
Lembrete: o tempo é psicológico; nesse caso, o emprego de esse(a), aquele(a) vai depender de cada enunciador.
3º quando indicam situação textual:
este(a) e variações: expressam fato posterior a uma citação. Exemplo: O senador disse esta frase: “A política é feita de demagogia”;
esse(a) e variações: referem-se ao que foi dito antes, na frase. Exemplo: A Petrobrás perdeu 70% de seu valor comercial. É de arrepiar, saber que nossa maior empresa está nessa situação...

Lembrete útil: no texto, noventa por cento das vezes, estão presentes esse, essa, desse, dessa, nesse, nessa... vez que, de ordinário, o que se diz vai ficando para trás. Não se esqueça dessa dica.
Até...

REFERÊNCIAS

ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009.
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
SQUARISI, Dad. Dicas da Dad: português com humor. Brasília: Correio Braziliense, 2001.
OLIVEIRA, Jorge Leite de. Texto acadêmico: técnicas de redação e de pesquisa científica. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. Reimpressão em 2013.
OLIVEIRA, Jorge Leite de (org.); CRAVEIRO, Manoel; CAMPETTI SOBRINHO, Geraldo. Guia prático de leitura e escrita. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

QUESTÕES VERNÁCULAS (3ª edição)
           
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)



Veremos hoje e nas semanas seguintes uma relação dos erros mais comuns que se verificam na construção de textos em nossa língua:
1.     Entre eu e ela não existe mais nada.
2.     Está tudo bem entre tu e teu pai?
3.     Há dez anos atrás eu comecei a estudar.
4.     Vou assistir o filme com meus amigos.
5.     Prefiro ler do que praticar esporte.
6.     Joana caiu e quebrou o óculos.
7.     Nunca lhe vi mais gordo.
8.     Chegamos em Londrina bem cedo.
9.     O atraso implicará em uma multa pesada.
10.  Pedro vive às custas do pai.

Eis os textos corrigidos e, entre parênteses, as explicações pertinentes:
1.            Entre mim e ela não existe mais nada. (Depois das preposições “entre” e “para” não se usa o pronome “eu”, mas sim o pronome oblíquo “mim”.)
2.            Entre ti e teu pai está tudo bem? (A mesma restrição citada no item anterior aplica-se ao pronome “tu”, devendo-se usar no caso o pronome oblíquo “ti”.)
3.            Há dez anos eu comecei a estudar. (A frase “há dez anos” já implica a ideia de passado; por isso, o vocábulo “atrás” é inteiramente redundante.)
4.            Vou assistir ao filme com meus amigos. (O verbo assistir, com o sentido de presenciar, pede objeto indireto. Quando o sentido é a assistência a uma pessoa enferma, aí sim o objeto será direto: O enfermeiro assistiu meu pai com muito carinho.)
5.            Prefiro ler a praticar esporte. (Toda vez que se usa o verbo preferir, a preposição “a” se torna inevitável, como se vê nestes dois exemplos: Prefiro andar a ficar sentado. Prefiro feijoada a pizza.)
6.            Joana caiu e quebrou os óculos. (O vocábulo óculos usa-se sempre no plural e o artigo concorda com ele, indo também para o plural.)
7.            Nunca o vi mais gordo. (O verbo ver pede objeto direto. A gente vê algo, e não vê a algo.)
8.            Chegamos a Londrina bem cedo. (O verbo chegar exige a preposição a em construções desse tipo: Chegou à cidade. Chegou ao país. Chegou à repartição. A única exceção admitida é quando se refere à casa: Chegamos em casa.)
9.            O atraso implicará uma multa pesada. (O verbo implicar, quando usado com esse sentido, pede objeto direto. Existe ainda “implicar com”, usado nestes exemplos: Ela vive implicando com o pai. João implica com todo mundo.)
10.         Pedro vive à custa do pai. (À custa, e não “às custas”, é o correto.)


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quarta-feira, 26 de março de 2014

Em dia com o Machado 96 (jlo)
“Influem os Espíritos em nossos pensamentos e atos?
Resposta: Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto,
que, de ordinário, são eles que vos dirigem." (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 459.)

— O que é isso, Machado? Você agora só pensa em espíritos e em Espiritismo?
— Amigo, releia minha obra em prosa. Não poucas vezes, ela transpira Espiritismo. Releia minhas crônicas, meus contos, meus romances. Há neles inúmeras referências aos fenômenos mediúnicos ou ao Espiritismo. Só não lê quem não quer ver. E muitos estão cegos...
— Mas por que você citou a questão 459 d’O Livro dos Espíritos?
— Para tentar abrir-lhes os olhos entrevados... Keep your eye on the target. Ser perfeito é a meta da felicidade eterna.
Lembra-se da passagem citada por Jesus na parábola do rico e de Lázaro, o mendigo? Vou refrescar-lhe a memória e sintetizá-la: O rico vivia nababescamente. O mendigo nada tinha para comer e se contentava com as sobras dos banquetes do rico, as quais dividia com os cães. O rico morreu. Lázaro, o mendigo chaguento, também. O primeiro foi para as regiões infernais, que existem sim, como criações mentais da pessoa culpada. O segundo foi para as regiões felizes. Então, ao ver pai Abraão, ao longe, o rico pede-lhe para deixar Lázaro ao menos molhar a ponta de seu dedo na água e passá-lo nos seus lábios, para refrescá-lo um pouco dos tormentos da chama consciencial. Pai Abraão responde-lhe que isso não seria possível, pois o rico tivera tudo na existência física, enquanto Lázaro se alimentara com os restos de comida destinada aos porcos da faustosa residência daquele. Ouvindo isso, o rico pede a pai Abraão para enviar Lázaro a seus cinco irmãos, “vivos”, a fim de alertá-los sobre as consequências futuras de seus atos egoístas. A resposta é um primor de sabedoria: “— Eles têm Moisés e os profetas, ouçam-nos”. Ante a insistência do rico, diz Abraão: — “Se não ouvem Moisés e os profetas, em nada mais crerão, ainda que algum dos mortos ressuscite”.
— E um dos “mortos” que ressuscitaria de modo incontestável fora o próprio contador da parábola, Jesus Cristo, não é mesmo, Machado?
 — Exato, amiga leitora, e as palavras simbólicas da parábola acima se concretizaram. Todos sabemos que Ele ressuscitou, mas poucos temos a coragem de seguir sua moral superior.
Jesus é o Amor encarnado, concedido por Deus à humanidade, como seu modelo e guia.
Também encarregado pelo Pai de reger nosso planeta, o Mestre enviou-nos sempre, mas principalmente após o surgimento do Espiritismo, os novos profetas, que são os espíritos superiores, com a missão de relembrar seus ensinos elevados. Desse modo, não podemos alegar nossa ignorância sobre as verdades espirituais, com a desculpa de que as revelações dos profetas antigos e de Moisés foram deturpadas pela tradição oral ou não passam de mitos.
— Não seria, então, melhor, que todos tivéssemos a mediunidade ostensiva, como a de muitas pessoas que veem e até conversam com os espíritos, Bruxo?
— Nem todos estão preparados para essa missão, leitor amigo, mas não nos faltam as mensagens mediúnicas de grande número de médiuns, em especial as centenas de mensagens psicografadas por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, entre outros expoentes canais mediúnicos da espiritualidade superior.
O crente inteligente, ao ler qualquer obra de mensagens evangélicas, seja no centro espírita, na igreja ou no culto do evangelho no lar, observará a notável “coincidência” de que ali está a orientação para a nossa correção de rumo, com vistas a uma vida melhor. E é incontestável que cada mensagem, lida ou ouvida, traz sempre um esclarecimento sobre como lidar com nossas imperfeições, assim como tratar bem o nosso próximo ou familiar.
Obras como Pão Nosso, Vinha de Luz, Caminho, Verdade e Vida, Fonte Viva, Agenda Cristã e muitas outras, psicografadas por Chico Xavier, estão calcadas em comentários de versículos dos evangelhos de Jesus e sempre são instrumentos da Espiritualidade superior utilizados como resposta aos nossos conflitos sociais.
Quer exemplos?
1º - Zeca, irmão mais velho de Juca, quebra um vaso de estimação de sua mãe, que, ao ver o vaso quebrado, lhe pergunta quem destruiu seu objeto. Com medo de ser repreendido, Zeca responde-lhe ter sido seu irmão o causador do prejuízo. Juca é severamente repreendido pela mãe, por mais que negue não ser verdadeira a acusação. À noite, no culto do evangelho no lar, a mãe pede a Zeca para abrir ao acaso e ler uma página da obra Pão Nosso. A página aberta é a da primeira mensagem do livro, que traz, abaixo do título No serviço cristão, o seguinte versículo de Paulo, II Coríntios, 5: 10: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal do Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito, estando no corpo, o bem ou o mal”.
Significativa mensagem, não é mesmo, amigo leitor? Agora se o culpado vai ou não buscar atribuí-la a si é outra questão. O normal é que se diga: — Essa mensagem serve direitinho para o Juca, que quebrou o vaso e ainda mentiu dizendo não ter sido ele...
Enquanto isso, Zeca, o verdadeiro culpado fica em silêncio e finge que não é com ele... Nada, porém, do que fazemos na vida fica sem suas consequências. Sábio é quem procura viver de acordo com os ensinos morais elevados; o seu será um céu de brigadeiro.
2º - No trabalho, Farias é informado, por escrito, sobre a necessidade de avisar um colega de serviço para desligar a luz da sala do diretor ao término do expediente da sexta-feira. Não avisa, e a sala fica iluminada durante todo o fim de semana. Na segunda-feira, o diretor  pergunta-lhe se deixou de dar o aviso ao colega e, como este é seu subordinado, Farias responde, na presença deste, que lhe deu ordens para apagar a luz.
O colega não se defende, mas frequenta o mesmo centro espírita que Farias, no qual haverá uma reunião de estudos evangélicos, naquela noite, sob a direção deste, à qual não faltará aquele.
No horário da reunião, Farias abre a página de Caminho, Verdade e Vida e lê, envergonhado ou não, a mensagem nº 49 – Saber e fazer: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes” — Jesus (João, 13: 17).
Os exemplos são tantos que não cabem nesta crônica. Basta-nos continuar lendo, observando e aprendendo, pois o Espiritismo é uma ciência de observação e de experimentação.
As conclusões sobre as companhias espirituais dos personagens acima deixo-as a você, amigo leitor. Lembro-lhe, apenas, que o verdadeiro aprendiz se destaca, sobretudo, como nosso Mestre Jesus Cristo, não pelo que prega, mas pelo que faz.
Nas mínimas coisas...


Ps: as obras citadas, nos exemplos acima, foram psicografadas por Chico Xavier, ditadas pelo espírito Emmanuel e editadas pela Federação Espírita Brasileira.

sábado, 22 de março de 2014

COMUNICAR É PRECISO IV (Jorge Leite)
                           
                                                                       “Todos nós sabemos alguma coisa.
                                                                       Todos nós ignoramos alguma coisa.
                                                                       Por isso aprendemos sempre.” -  
                                                                       Paulo Freire.

Outro dia, li o seguinte aviso num e-mail enviado por uma respeitável instituição jurídica:
“Caso não gostaria de receber mais nossas correspondências [...]”. Estranhou? Eu também.
Correção: “Caso não queiras receber mais nossas correspondências [...]”.
Um amigo nosso, muito culto, costuma escrever: “Vou um aviso aos companheiros.”
Comunicou? Claro. Mas e o português? Escuro como água turva...
Corrigindo: “Vou dar um aviso aos amigos, assistentes sociais, colegas de trabalho, etc..”
Companheiros? Nada haver com a política (?). Certo?
Errado. O certo é: Nada a ver com a política...
A não ser que outro contexto exija a inexistência de algo na política. Mas então dir-se-ia, por exemplo: A senadora disse quase nada haver na política que não seja motivo de escândalo em nosso país.
Aviso de elevador: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar.”
Certo? Bem, dá para entender. Então, comunicou.
Formalmente, porém, a frase contém duas impropriedades:
1ª – “o mesmo” não é sujeito de nenhuma frase e deveria ser substituído por “ele”;
2ª – quando o emissor distante se dirige a um destinatário, o pronome a ser utilizado é “esse” e não “este”. Exemplo: Encaminho a V. Sª esse dicionário...
Então, no aspecto formal, a frase deveria ser corrigida para:
Antes de entrar no elevador, verifique se ele está nesse andar.
O se conjunção atrai o se pronome. Nesse caso, a frase poderia ser a seguinte:
Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra nesse andar.

Referências
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
CIPRO NETO, Pasquale. Inculta e bela 1. 4. ed. São Paulo: Publifolha, 2002, p. 134- 135.

QUESTÕES VERNÁCULAS (2ª edição)

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Veremos nesta semana algo sobre construção de frases, grafia e pronúncia de algumas palavras bem conhecidas:
1.      “Havia muitas pessoas no local” e não "Haviam muitas pessoas...”, porque o verbo haver, no sentido de "existir", mantém sempre a forma singular.
2.      Em razão disso, devemos dizer sempre: “Houve muitos convidados na festa”, e não “Houveram muitos convidados na festa”. “Pode haver problemas”, e não “Podem haver problemas”.
3.      “A partir de agora vou mudar”, e não “À partir de agora vou mudar”, porque a crase só se compreende quando a palavra que se segue for feminina, esteja ou não oculta. “Partir” é verbo e, portanto, repele o artigo “a”, que forma a crase ao fundir-se com a preposição “a”.
4.      “Isto veio para eu ler”, e não “para mim ler”, porque o pronome pessoal “eu” é o único cabível em construções dessa natureza. Da mesma maneira que ninguém diria: “Isto é para ti fazer”, é impensável dizer: “Isto é para mim fazer”.
5.      Se não houvesse o verbo “ler” na frase mencionada no tópico anterior, aí sim o pronome seria “mim”. Exemplos: “Isto veio para mim”, “Ela enviou esta carta para mim”, da mesma forma que diremos “Isto veio para ti”, “Este e-mail é para ti”.
6.      “Ficamos com um grande dó”, e não “Ficamos com uma grande dó”, porque a palavra “dó” quando feminina significa uma das sete notas musicais.
7.      “Problema” lê-se tal como se escreve: “problema”. Não é poblema nem pobrema, como alguns notórios políticos gostam de falar.
8.      CD-Rom lê-se CD mais Rom, como pronunciaríamos a palavra Roma sem o “a”. Não é CD-Rum. 
9.      Hall lê-se “ról”, e não “rau” nem “au”.
10.   Em vez de dizer: “Eu vou ESTAR mandando, vou ESTAR passando, vou ESTAR verificando”, como é praxe nos atendentes de telemarketing, digamos de maneira direta e mais simples: “Vou mandar, vou passar, vou verificar”.
11.   No uso dos verbos SER e ESTAR no modo subjuntivo, digamos sempre: “Seja o que Deus quiser”, jamais “Seje o que Deus quiser”. Da mesma forma, diga “esteja”, nunca “esteje”.


quinta-feira, 20 de março de 2014

Relacionamentos Saudáveis


Livro: Vida - Desafios & Soluções
Joanna de Ângelis & Divaldo P. Franco


Ninguém consegue viver sem a harmonia do grupo social no qual se encontra. Animal gregário, o ser humano nutre-se da vibração e da presença de outro igual, que o estimula para avançar na busca da sua auto-realização.

O relacionamento social é de grande importância para desenvolver os valores que se encontram adormecidos nos refolhos do inconsciente, aguardando os estímulos que os fazem exteriorizar-se, e isso, somente é possível, na convivência com outros indivíduos da mesma espécie.

O isolacionismo é sintoma de desajuste emocional, portanto de psicopatologia que necessita seja aplicada uma terapia competente.

Na convivência com o próximo, o ser humano lima as arestas anteriores e ajusta-se ao grupo, aprendendo que a sua perfeita sintonia com os demais resulta em produção e aperfeiçoamento moral para todos. O seu crescimento é conquista geral, o seu fracasso é desastre coletivo. Nesse mister, portanto, descobre a beleza da harmonia, que resulta da perfeita identificação com os componentes do conjunto.

Quem duvide do valor da renúncia pessoal em favor do aperfeiçoamento do grupo social, observa, numa orquestra, qualquer instrumento que se destaque, por exibicionismo, destoando da pauta musical, e teremos a tragédia do esforço de todos.

Assim, portanto, há uma necessidade ética, psicológica, moral, em favor do relacionamento entre as criaturas, particularmente quando este pode ser saudável. A sua proposta se faz mediante o intercâmbio fraternal, aspirações culturais, doações dignificadoras, que se convertem em esforço de construção de momentos enriquecedores.

Os estímulos humanos funcionam de acordo com os propósitos agasalhados, porque a mente, trabalhando os neurônios cerebrais, estimula a produção de enzimas próprias aos sentimentos de solidariedade ou às reações belicosas. Assim, portanto, aspirar e manter idéias de teor elevado, constitui meio seguro de conseguir-se relacionamentos saudáveis.


terça-feira, 18 de março de 2014

Em dia com o Machado 95 (jlo)


Minha amiga, não posso acreditar no que me dizes. É verdade que já ouviste muito marido dizer que sua mulher não sabe cozinhar? Diga-lhe que, se quiser uma cozinheira, é só pagar...
Também ouves muita gente, no trânsito dizer que mulher não sabe dirigir? Isso é despeito, amiga, a maioria dos acidentes ocorre com os homens ao volante.
É ridículo ouvir uma cantada grosseira; por vezes, é mais que isso, é de dar medo. Um animal assim, não tem educação e, principalmente, falta-lhe caráter. Nenhuma mulher, ouviu bem, meu caro? Mulher alguma gosta de se sentir um objeto nas mãos de um homem.
Uma amiga reclamou comigo que, convidada a participar de um programa de bate-papo sobre futebol, foi tratada com o maior desprezo. Um dos participantes, com a intenção maldosa de humilhá-la, perguntou-lhe qual era a escalação do time dela.
Sabe o que ela fez? Respondeu com a mesma pergunta: primeiro você cita o nome e a posição de cada jogador do seu time... Ele emudeceu na hora. Não sabia o nome de metade dos jogadores... Foi então que ela citou não somente os titulares, como também os reservas... Do time dela e do dele.
Humilhou, não é mesmo, amiga? Bem-feito.
E as piadinhas com a mulher? Se é loura, é burra; se trabalha em atividades predominantemente masculinas, é sapatão ou mal amada; se anda sozinha, à noite, na rua, ou toma uma cerveja sozinha, no bar, está procurando homem. Quanto absurdo, meu Deus!
Pois a mulher moderna está se lixando para os preconceitos: se gosta de tatuagem, usa; se a roupa curta lhe é prazerosa, veste; se gosta de uma boa balada, vai com os amigos, vai só, mas vai; se é solteira ou casada, fala sobre sexo com a maior naturalidade; se gosta de um cara, diz-lhe isso, com toda a graça feminina; pois, para a mulher atual, não existe tabu em relação a nenhum assunto.
É assim que a mulher de hoje vem conquistando seu espaço e sua liberdade. Só lhe falta uma coisinha: os machões aprenderem a respeitá-la e os patrões, a remunerá-la com o mesmo salário que recebem seus colegas para fazerem o mesmo trabalho.
A história da Eva ter seduzido Adão ao lhe oferecer a maçã, no paraíso, após ter sido feita de uma costela dele, precisa ser revista, urgentemente. O que ocorreu ali foi o seguinte: como sem a mulher não existe qualquer ser humano, pois ela é que é cocriadora, com Deus, o Senhor lhe disse:
— Mulher, a partir de hoje, terás um companheiro carnal, pois não é bom que estejas só. Ele ficará encarregado de proteger-te e de prover tudo o que for necessário para a vida do casal e de seus filhos, que serão fruto do amor de ambos. Se um dia o homem bancar o engraçadinho e se meter a te dar ordens, a te oprimir e desrespeitar, logo, farei de ti um ser mais completo que ele.
E foi assim, amiga, que a mulher se tornou, nos dias de hoje, tão ou mais inteligente que o homem, tão ou mais eficiente que ele, nas atividades profissionais e tão capacitada quanto ele no comando do fogão, da geladeira e da vassoura, entre outras atividades caseiras.        
Se teu marido não quiser dividir, contigo, o serviço de casa, após um dia estafante de trabalho fora, para ambos, passa-lhe um sabão.
— Mas, Machado, sendo ele, ainda, mais forte do que eu, não poderia reagir com violência?
— Ai dele, se fizer isso! Lei Maria da Penha nele!

sábado, 15 de março de 2014

COMUNICAR É PRECISO III (Jorge Leite) - Publicado em 15 mar. 2014.
                                “Mestre é aquele que, de repente, aprende.” – Paulo Freire

Diga-me, amigo, quantos desvios da norma padrão você lê na seguinte frase:

Há três anos atrás minha amiga Clara foi ao Rio de Janeiro e nunca mais voltou. Fazem, portanto, alguns anos que não vejo-a, pois fui informado que mudou-se para lá.

Oito? Acertou.

1º) Com o verbo haver não se usa atrás. Portanto: Há três anos minha amiga Clara foi...
2º) Quando se vai definitivamente para um lugar, vai-se para e não a. Desse modo, “minha amiga Clara foi para o - e não ao - Rio de Janeiro”.
3º) E se foi para e não a, foi para ficar, o que explica nunca mais ter voltado; isso torna redundante a segunda parte da primeira frase “e nunca mais voltou”.
4º) O verbo fazer, assim como haver, no sentido de tempo, não se flexiona: “Faz, portanto, alguns anos que não...”.
Outro exemplo, com a flexão de haver: Havia anos que não ia à praia.
5º) O advérbio não, jamais, nunca e outros, de sentido negativo, atraem o pronome: Faz, portanto, anos, que não a vejo...
6º) Do mesmo modo, a “gangue do qu” sempre atrai o pronome. É ela quando, quanto, qual, quem, que e porque. Então, “fui informado de que se mudou para lá.
7º) E o sétimo erro? Se você não reparou, amigo, está corrigido bem acima: “fui informado de que. No sentido da frase em estudo, quem é informado o é sobre ou de algo ou alguma coisa.
Mas você não disse, Jorge Leite, que eram oito erros?
Sim, pois se você não reparou, faltou uma vírgula após o adjunto adverbial que inicia a primeira oração:
8º) Há três anos, minha amiga...

Desse modo, a frase correta é a seguinte: Há três anos, minha amiga Clara foi para o Rio de Janeiro. Faz, portanto, alguns anos que não a vejo, pois fui informado de que se mudou para lá.
Impressionante, não é? Pois é...

Essa frase faz-me lembrar uma piadinha lida há vários anos:
“Conversa do gerente de um escritório com sua secretária belíssima recém-contratada:
— Muito bem, só dois errinhos... Agora vamos à segunda palavra”.

Na próxima semana tem mais. Grande abraço.

Referência
SQUARISI, Dad. Dicas da Dad: português com humor. Brasília: Correio Braziliense, 2001, p. 104.

QUESTÕES VERNÁCULAS (1ª ed.)

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)







No uso das palavras adiante relacionadas geralmente se cometem cochilos. A forma correta está indicada entre parênteses:
1.     Menas (o certo é “menos”).
2.     Iorgute (iogurte).
3.     Mortandela (mortadela).
4.     Mendingo (mendigo).
5.     Trabisseiro (travesseiro).
6.     Trezentas gramas (trezentos gramas).
7.     De menor, de maior (diga simplesmente “maior” ou “menor” de idade).
8.     Cardaço (cadarço).
9.     Asterístico (asterisco).
10.  Beneficiente (beneficente).
11.  Meia cansada (meio cansada).

Lembremos também:
1.     Mal é o oposto de bem.
2.     Mau é o oposto de bom.
3.     A casa pode ser geminada (do latim geminare = duplicar) e não germinada.
4.     Cuspir é que é correto, e não gospir.
5.     Basculante, e não vasculhante, é o nome que se segue ao vocábulo janela.
6.     O peixe tem espinha (espinha dorsal) e não espinho, que é próprio das plantas.
7.     Homens dizem “Obrigado”; mulheres dizem “Obrigada”.
8.     O certo é haja vista (que se oferece à vista) e não haja visto.
9.     Faz dois anos que não o vejo, e não "fazem dois anos”.
10.  Algoz se pronuncia “algôz”, e não “algóz”.
11.  Palestrante, e não palestrista, é o nome que se dá a quem faz palestras.


terça-feira, 11 de março de 2014

Em dia com o Machado 94 (jlo)


         Se eu fora contemporâneo de Chico Xavier, certamente levaria mais a sério o Espiritismo.
         Isso não quer dizer que, antes dele, não houvesse outros médiuns extraordinários em nosso “coração do mundo, pátria do Evangelho”, como confirma aqui do meu lado o espírito Humberto de Campos, bem mais sensato do que eu, a quem passo a palavra.
         — É verdade, Machado. Mas, no corpo físico, publiquei dois artigos irônicos sobre os poemas psicografados pelo médium. E disse: “Como cantam os mortos”.
         A ironia custou-me “caro”. Do lado de cá, "recomendaram-me" enviar algumas obras pela psicografia do Chico.
         — Mas sua esposa, Humberto, não processou o médium, dizendo não acreditar que era você o espírito comunicante?
         — É certo, mas quem melhor nos conhece do que nossa mãe? Pois mamãe reconheceu-me como tal, além de Humberto de Campos Filho, que até publicou uma obra intitulada Irmão X, meu Pai.
         — Outra médium destacada, e pouco lembrada, foi Zilda Gama, cidadã da alta classe socioeconômica, que nenhum motivo tinha para enganar ninguém, e também não aceitou remuneração pelas obras recebidas mediunicamente. Psicografou cinco romances belíssimos da lavra, nada mais nada menos, do que do espírito Victor Hugo.
         — O grande poeta e romancista francês, Machado?
         — Ele mesmo.
       Outro que também se admirou, ainda em vida física, da produção literária espírita do Chico foi Monteiro Lobato, no meu entendimento, maior escritor de literatura infantojuvenil de nosso país.
         Disse ele: “Se o homem [Chico Xavier] realmente produziu por conta própria tudo o que vem no Parnaso, então ele pode estar em qualquer Academia, ocupando quantas cadeiras quiser”. Isso quando a única obra psicografada pelo médium mineiro ainda fora Parnaso de Além-Túmulo.
          Depois disso, a obra psicografada pelo Chico resultou noutros 470 livros, segundo a Editora Vinha de Luz. Os gêneros mais comuns são poemas, crônicas, mensagens, romances, documentários, entrevistas, contos para adultos e crianças, cartas consoladoras e, até, humorismo sadio.
          Chico Xavier foi eleito, em 2000, O mineiro do século XX, em concurso realizado pela rede Globo; e, em 2012, foi eleito O maior brasileiro de todos os tempos pelo SBT e BBC. Esse último concurso objetivava eleger a pessoa que mais se destacara em prol da sociedade brasileira[1].
         Por ser por demais cansativo ao amigo leitor, não vou me referir ao estudo científico grafotécnico, feito pelo grafoscopista Perandréa, durante 14 anos, das 400 cartas psicografadas por Chico Xavier, que comprovou a autenticidade das assinaturas dos comunicantes desencarnados[2].
          Também não vou me referir aos milhões de pessoas assistidas e consoladas pelas mensagens do maior médium brasileiro de todos os tempos; não somente por suas centenas de obras, como também por um serviço de assistência social relevante, em Uberaba, que se tornou a maior cidade espírita brasileira.
           É inútil tentar justificar uma luz misteriosa que penetrou o quarto de hospital em que o médium estava hospitalizado, em estado terminal, cuja procedência não foi explicada por técnicos contratados pela TV Globo. Dias depois, o médium, restabelecido teve alta hospitalar. Perguntado sobre o fato, disse terem sido os espíritos Maria João de Deus, sua mãe, e Emmanuel, seu guia espiritual.
       Não falarei, também, dos inúmeros críticos que, desde as primeiras produções mediúnicas psicografadas pelo Chico, diziam que nenhum ser humano seria capaz de imitar com tanta perfeição tantos escritores como ele. A questão não era só o estilo, mas também os conhecimentos, a cultura, as expressões próprias de cada uma das inteligências manifestadas e, por fim, a velocidade espantosa em que cada obra era escrita manualmente no papel.
           Nada direi, por fim, do falecimento do médium, aos 92 anos de idade, de parada cardiorrespiratória, no dia 30 de junho de 2002, quando a seleção brasileira de futebol conquistava o pentacampeonato. Testemunhas idôneas garantem que Chico Xavier falara, várias vezes, que gostaria de desencarnar num dia em que o Brasil estivesse feliz...
       A Polícia Militar mineira calculou em cerca de 120.000 pessoas os que acompanharam o velório e sepultamento do Chico. Algo jamais visto em nosso país.
         — Mas, então, Machado, por que Chico Xavier jamais psicografou qualquer obra sua? Ele não foi capaz de nos trazer de volta Humberto de Campos, Antero de Quental, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Auta de Sousa, Olavo Bilac e tantos outros poetas e escritores renomados? Não publicou Paulo e Estêvão, romance com o relato minucioso dos eventos ocorridos na época do Cristo?
         E por que não Machado de Assis?
         — Meu caro crítico, se com todos esses que você citou o extraordinário médium mineiro já provocou e provoca tanto barulho, imagine o trabalho que não daria aos fanáticos de minha obra irônica e melancólica comparar o homem ao espírito. Você não sabe como é complicado transmitir uma ideia mente a mente.
          Assista a uma aula de literatura ou de um idioma qualquer e já verá, ao final delas o quanto variam os entendimentos.
         Traduza um poema de Edgar Allan Poe e comente sua tradução com ele, para ver se o espírito-poeta citado concorda com sua interpretação...  
         Imite um sabiá cantando e diga à sabiá que é o seu macho quem lhe enviou o canto, para ver se ela crê e vice-versa... Só mesmo do lado de cá é que vemos o quanto é difícil nos fazer entender pelos do lado daí.
         Enfim, leitor amigo, agora que se aproxima o dia 2 de abril, quando ele completará 104 anos de sua reencarnação, fiz minha modesta homenagem ao grande médium mineiro no poema abaixo. O último verso, pedi-lhe para completar, o que ele fez gentilmente.

Ave, Chico!

Enquanto, no Brasil, tudo era festa e encanto,
Luzia, em planos siderais, brilhante estrela:
Era Francisco, com seu jeito humilde e Cândido,
Que deixara seu corpo na terra mineira.

Recebe-o Emmanuel, e a multidão, no canto
De vasta biblioteca e de expressão matreira,
Aplaude o velho Chico ao som de lindo canto:
Era a expressão de amor da pátria derradeira.

De repente, cada um de todos os presentes
Ergue bem alto um livro onde se encontra escrito:
“O bem que fizeste aos pobres fizeste-o ao Cristo”.

— Fizeste germinar as profícuas sementes
Da eterna verdade à luz do Consolador...
— E o que mais tem Jesus para o seu servidor?

Foi então que chorei...





[1] Disponível em: .

[2] Leia o livro A Psicografia à Luz da Grafoscopia desse pesquisador (Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Xavier. Acesso em 10 mar. 2014).

sábado, 8 de março de 2014

Se eu fosse desenhista

                        À Lourdes, mulher de minha vida,
                               no Dia Internacional da Mulher.

Se eu fosse desenhista,
Se soubesse desenhar,
Eu faria tua foto
Contemplativa ao luar.

Se eu fosse desenhista,
Se soubesse desenhar,
Eu faria teu sorriso
Retratando o belo mar.

Se eu fosse desenhista
Eu queria retratar
O teu corpo deslumbrante
No teu jeito de me amar.

As covinhas do teu rosto
São rubricas divinais
Expressando a caridade
Por tuas mãos maternais.

Eu queria retratar
O teu jeito sem igual
Quando olha para mim
Com teu modo sensual.

Eu queria era pintar
Teu sorriso angelical
Quando sorri para mim
Teu espírito imortal.

E o desenho que fizesse
Só pra mim eu guardaria,
Pois a todos que o quisessem
Eu apenas mostraria.

Jorge Leite

Brasília, 8 de março de 2014.

sexta-feira, 7 de março de 2014


COMUNICAR É PRECISO II (Jorge Leite)

“Ensinar não é ferir; é orientar o próximo, amorosamente, para o reino da compreensão e da paz.” (XAVIER, Chico. Agenda Cristã. Pelo espírito André Luiz.)

            Amigos, nem bem foi criada a página “Vivendo e aprendendo com a língua portuguesa” e já mudamos seu título, agora definitivo para “Comunicar é preciso”. Como o título original foi mudado, mas o objetivo não, estamos agora no comunicado II. Vamos lá.

1. Se a Maria, está um pouco cansada com a palestra do irmão de boa vontade no seu centro espírita e, ao monologar baixinho sobre o fato, disser: “Estou meia cansada de ouvir esse expositor, pois sua palestra está meia longa”. O que você acha, a Maria está errada?

Depende:

a) Se for em relação à apreciação do conteúdo da palestra, ela pode estar com carradas de razão.

b) Se for com relação à forma de seu monólogo, ela está em desacordo com a norma culta. O correto é substituir a palavra meia por meio, pois, nesse caso, esse vocábulo é um advérbio invariável, com o significado de um pouco.

            Assim, a Maria deveria dizer: “Estou meio cansada de ouvir esse expositor, pois sua palestra está meio longa”.
          

            2. Aquele doutor em linguística aplicada escreveu que “O modelo sócio-econômico brasileiro está completamente equivocado”. Ele está certo?

            Também depende:

            a) Como ele não é da área econômica, tanto pode estar certo como errado, conceitualmente falando.

            b) Já em relação à palavra “sócio-econômico” ele está equivocado, pois o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), editado pela Academia Brasileira de Letras, responsável legal pela ortografia em nosso país, registra apenas as seguintes opções para essa palavra e seus derivados: socieconômico ou socioeconômico.

            Somente a palavra sócio-gerente é registrada assim no VOLP.

           Arrolamos abaixo os principais casos com grafia correta dos compostos com “socio”:

sociobiologia
sociogenia
sociobiológico
sociogênico
sociocracia
sociogeografia
sociocrático
sociogeográfico
sociocultural
sociografia
sociocultural
sociográfico
socioculturalização
sociograma
socioculturalizar
socioinstitucional
sociodrama
sociojurídico
socioeconomia (ou socieconomia)
sociolatria
socioeconômico (ou socieconômico)
sociolátrico
socioeconomismo (ou socieconomismo)
sociolinguista
socioeconomista (ou socieconomista)
sociolinguística
socioeconomístico (ou socieconomístico)
sociolinguístico
sociofamília
sociopolítica
sociofamiliar
sociopolítico
sociofamiliaridade
socioprofissional
sociofilia
sociopsicogenia
sociófilo
sociopsicogênico
sociofobia
sociopsicologia
sociófobo
sociopsicológico
sociogenético
sociopsicólogo

 
Referência

ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5. ed. São Paulo: Global, 2009.
Até breve!

LEIA, TAMBÉM, QUESTÕES VERNÁCULAS

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


 

 
Na semana passada, vimos como a pontuação correta ajuda a clarear o sentido do que escrevemos. Como consequência, a pontuação incorreta ou inexistente concorre para ampliar os casos de ambiguidade ou anfibologia, um vício de linguagem que se dá quando a frase admite mais de uma interpretação, o que pode também ocorrer quando não há cuidado na colocação dos termos da oração.
 
Vejamos este exemplo:
– O menino viu o incêndio do prédio.
 
Duas dúvidas a frase apresenta: 
1ª O menino viu o prédio incendiar-se?
2ª O menino estava no prédio e de lá viu um incêndio?
 
Mais exemplos de ambiguidade:
  • Peguei o menino correndo.
  • Prefeito fala da reunião no Canal 5.
  • Ele prendeu o ladrão em sua casa.
  • O avô viu a avó sentada em sua cadeira.
  • Pedro viu o desmoronamento do barracão.
  • O marido estava na praça quando viu a mulher de binóculos.
  • Se o homem soubesse o valor que tem a mulher andaria de quatro à sua procura.


  Dia do Índio?  (Irmão Jó) Quando Cabral chegou neste país, quem dominava a terra eram tupis; Mas não havia autoridade aqui, predominava a ...