Em
dia com o Machado 125 (jlo)
Lemos
na Seleções Readr's Digest, deste mês,
a história humorística do jovem que, altas horas, passou por dentro do
cemitério de sua cidade para cortar caminho em direção a sua casa. Assustara-se
com sinistros sons provindos de um túmulo, mas tranquilizou-se quando viu um
idoso, com um martelo e um cinzel, consertando as letras de uma lápide.
Aproximou-se,
então, tranquilo, perguntou ao homem o que ele fazia ali tão tarde e ouviu a seguinte
resposta: "Esses idiotas escreveram meu nome errado!".
Na
política brasileira, há muitos governantes "bem intencionados", mas
que escrevem seu nome errado na história do nosso país. São os "políticos"
que terão de retornar para corrigir suas lápides.
É
uma ilusão muito grande, a dos que detêm o poder, imaginar que todo o mal que
fazem ficará sem consequências, pois creem fazer muito mais o bem do que o mal...
Quer
saber como? Vou citar só três exemplos:
Exemplo
1: na presidência, nomeio para ministros do Supremo Tribunal Federal pessoas
que colocam o Estado acima do interesse público, ainda que seja preciso
"rasgar" a Carta Maior do nosso país e retirar direitos seculares ali
previstos, como o da isenção de contribuição previdenciária de aposentados;
Exemplo
2: na maior empresa brasileira, nomeio diretores e presidentes que desviam bilhões
de reais para contas no exterior, com a "nobre finalidade" de
financiar campanhas políticas para manter meu partido no poder ad aeternum;
Exemplo
3: utilizo empresas públicas de comunicação para impedir que meus opositores
tenham a mesma liberdade que eu na divulgação de suas propostas.
E
é só...
Não
falarei da campanha de difamação a meus concorrentes ao governo.
Também
não falarei dos falsos dossiês encomendados
sob minha conivência para denegrir a imagem de meus concorrentes.
Muito
menos direi sobre a quebra de sigilo bancário, devassa nas declarações de renda
e nos status econômicos "suspeitos"
dos demais candidatos ao poder.
De
modo algum farei referência aos estudos minuciosos de cada frase proferida por
meus opositores, objetivando mostrar aos eleitores suas contradições.
Investigações
da vida privada pregressa dos demais concorrentes à direção máxima da nação nem
passa pela minha "mente brilhante" verificar.
A
acusação sem provas, como a que um dos meus concorrentes mandou construir um
aeroporto e entregou a chave deste para um seu tio parece piada de salão diante
do que posso fazer para detonar uma candidatura.
E
estão aí alguns dos elementos positivos de minhas atitudes "fantasmas"
com vistas ao poder.
Afinal,
"os fins justificam os meios", já dizia aquele "santo filósofo"
Maquiavel...
Sabiamente,
dizia o Cristo que não se pode servir a dois senhores, porque ou se há de amar um
e odiar o outro ou vice-versa.
Até
quando vamos ignorar que, como Espíritos eternos, criados para servirmos ao
nosso próximo e ao Criador, em sua grandiosa obra universal, sempre que cultuarmos Mamon estamos virando as costas para Deus?
Até
quando vamos olvidar que servir ao próximo sem qualquer interesse de retribuição
é a meta básica da felicidade reservada a cada um de nós?
Até
quando vamos esquecer que, por ser Amor, Deus nos criou para amarmos e que, mesmo
tudo sendo força, somente Ele é Poder?
Reflete,
pois, leitor político, nos versos deste soneto e desperte, enquanto é tempo,
para a verdadeira felicidade: a de servir incansavelmente a Deus, servindo ao nosso próximo, sem
nos servirmos dele para alcançar o poder temporal...
Servir
a Deus ou a Mamon?
A
quem servir, a Deus ou a Mamon?
Louvando
a matéria como ateus,
Agimos,
nesse instante, qual Mamon
E,
sem pudor algum, negamos Deus.
Quem
é nosso Senhor, Mamon ou Deus?
Se
em nossos atos somos negação
Dos
atos de Jesus, desde Mateus,
Como
de Marcos, Lucas e João...
É
certo que não cremos nesse Deus
Que
o Cristo confirmou, ressuscitado,
Mas
nos escravizamos ao pecado...
E
então agindo assim, como sandeus,
A
nossa consciência, cedo ou tarde,
Na
dor, há de mostrar-nos a Verdade...
— Depois de mim, o dilúvio, disse um imperador corrupto e mau. Houvera ele crido na mensagem cristã e não teria sido tão tonto...
Sim,
somos mortos pensando estar vivos, ao passo que muitos dos que consideramos extintos
estão atentos ao que fazemos, nos mínimos detalhes. Foi o que fez o fantasma ao
corrigir seu nome na lápide do túmulo...
Para
os que dão as costas ao nosso Criador, vivendo como se fossem eternos na
matéria, deixo mais este recado que, por certo, será ignorado por quem "tendo
olhos não vê, tendo ouvidos, não ouve", como dizia o Profeta:
Deus existe e Sua
presença está na consciência de cada um de nós.
Escreve
teu nome certo, político leitor, nesta curta vida de 77 anos, em média, para
que não precises retornar para consertá-lo antes mesmo de reencarnares.
A
não ser que acredites, como os animais, apenas no presente, e queiras
presentear teus amigos, parentes, bichinhos de estimação com as benesses da
riqueza e do poder temporal que acreditas ser eterno, mas que, de fato, é "infinito
enquanto dure", como afirma em seu "Soneto de fidelidade" o
poeta Vinicius de Moraes.
Curta
duração... Infinita também é a dor da consciência pesada.
—
Você não está muito moralista após a morte, Machado?
—
Eu também voltei para consertar meu nome...