Em dia com o Machado 191
(jlo)
Boa
noite, leitora amiga.
Hoje
eu comecei dirigindo-me à leitora, mas o leitor amigo, que está aqui do meu
lado, entenderá que o bate-papo é com ele, assim como a leitora inteligente que
me lê perceberá que é a ela que me refiro. Dito isso, vamos ao que nos
interessa.
Ainda
ressoam em nossos ouvidos os suaves dobres natalinos.
Deixada
de lado a controvérsia de historiadores sobre se Jesus Cristo nasceu de três a
cinco anos antes do ano primeiro e também se foi ou não num dia 25 de dezembro,
o que importa é que ele nasceu, viveu entre nós e morreu como qualquer um de
nós tem de morrer, embora o como faça
a diferença. Uns morrem placidamente deitados em sua cama, em idade avançada,
como Chico Xavier, que desencarnou aos 92 anos de idade; outros não chegam nem
mesmo a dar um suspiro e já retornam à pátria espiritual tão logo saiam do
ventre materno. Outros, ainda, como o profeta nazareno, são brutal e
covardemente assassinados em plena juventude, com pouco mais ou menos três décadas
de vida, pois, como sabemos, Jesus foi crucificado aos 33 anos de idade. A
diferença é que, cumprindo sua promessa, três dias depois, o Cristo estava
novamente entre seus discípulos e, dias após, apareceu e falou, do alto do monte,
aos 500 da galileia, antes de subir definitivamente ao Reino de Deus.
Não
sem antes prometer que ficaria conosco até o fim dos tempos.
Embora
não reste nada escrito por Ele, pois a única vez que escreveu algo o fez na
areia, após lhe perguntarem se deveriam ou não apedrejar a adúltera, os três
anos de seu trabalho diuturno nas terras palestinas foram suficientes para separar
as eras em antes dele (a.C.) e depois dele (d.C.).
Agora,
amiga leitora, não só você como eu ficamos curiosos: o que teria escrito o
Mestre na terra, quando lhe disseram ter surpreendido a mulher em adultério e
lhe indagaram se deveriam ou não a apedrejar, como previa a lei de Moisés?
Inicialmente,
escrevia na terra com a cabeça inclinada e nada respondia. Porém os escribas e
fariseus insistiram; e o Mestre, erguendo-se, propôs-lhes que atirasse a
primeira pedra aquele que estivesse sem pecado.
Nenhum
deles se atreveu a tanto.
E,
voltando a inclinar-se, Jesus ainda anotou algo mais na terra, antes que, um
por um, os acusadores da mulher se retirassem cabisbaixos, desde o mais velho
até o mais novo. (João, 8:3-9.)
Resolvi,
então, perguntar a João, único evangelista a relatar esse caso, o que teria
escrito o Cristo. Eis o que ele me respondeu:
—
Da primeira vez que se abaixou, para que seus interlocutores tivessem tempo de
refletir, escreveu o seguinte: “Não faça a outrem o que não deseja que lhe seja
feito”.
— E após ter dito para atirar a pedra quem
estivesse sem pecado, estimado evangelista, o que o Cristo escreveu? Perguntei ao
apóstolo, que me respondeu com uma síntese do que o Evangelho espera de cada um
de nós:
—
Quando quiser julgar seu irmão, volte seu olhar para dentro de si mesmo, e consulte
sua consciência se você, na situação dele, não teria feito igual ou pior.
E
nada mais perguntei. E nada mais me foi dito.
Afastou-se
João volitando em direção a todos os demais evangelistas, apóstolos e Moisés,
que o aguardavam no alto do monte Sinai e dali todos eles estenderam suas
bênçãos sobre nós...
Que
em 2016, querida leitora, possamos trabalhar em nosso íntimo o sentimento de
piedade e tolerância para com o nosso próximo, assim como as desejamos para nós
mesmos.
Ps:
“Machado” sugere-lhe que confira as palavras acima de João no vol.4, cap. 8 da
obra de J. B. Roustaing intitulada Os quatro
evangelhos, publicada pela Federação Espírita Brasileira.