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terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Em dia com o Machado 191 (jlo)

Boa noite, leitora amiga.

Hoje eu comecei dirigindo-me à leitora, mas o leitor amigo, que está aqui do meu lado, entenderá que o bate-papo é com ele, assim como a leitora inteligente que me lê perceberá que é a ela que me refiro. Dito isso, vamos ao que nos interessa.
Ainda ressoam em nossos ouvidos os suaves dobres natalinos.
Deixada de lado a controvérsia de historiadores sobre se Jesus Cristo nasceu de três a cinco anos antes do ano primeiro e também se foi ou não num dia 25 de dezembro, o que importa é que ele nasceu, viveu entre nós e morreu como qualquer um de nós tem de morrer, embora o como faça a diferença. Uns morrem placidamente deitados em sua cama, em idade avançada, como Chico Xavier, que desencarnou aos 92 anos de idade; outros não chegam nem mesmo a dar um suspiro e já retornam à pátria espiritual tão logo saiam do ventre materno. Outros, ainda, como o profeta nazareno, são brutal e covardemente assassinados em plena juventude, com pouco mais ou menos três décadas de vida, pois, como sabemos, Jesus foi crucificado aos 33 anos de idade. A diferença é que, cumprindo sua promessa, três dias depois, o Cristo estava novamente entre seus discípulos e, dias após, apareceu e falou, do alto do monte, aos 500 da galileia, antes de subir definitivamente ao Reino de Deus.
Não sem antes prometer que ficaria conosco até o fim dos tempos.
Embora não reste nada escrito por Ele, pois a única vez que escreveu algo o fez na areia, após lhe perguntarem se deveriam ou não apedrejar a adúltera, os três anos de seu trabalho diuturno nas terras palestinas foram suficientes para separar as eras em antes dele (a.C.) e depois dele (d.C.).
Agora, amiga leitora, não só você como eu ficamos curiosos: o que teria escrito o Mestre na terra, quando lhe disseram ter surpreendido a mulher em adultério e lhe indagaram se deveriam ou não a apedrejar, como previa a lei de Moisés?
Inicialmente, escrevia na terra com a cabeça inclinada e nada respondia. Porém os escribas e fariseus insistiram; e o Mestre, erguendo-se, propôs-lhes que atirasse a primeira pedra aquele que estivesse sem pecado.
Nenhum deles se atreveu a tanto.
E, voltando a inclinar-se, Jesus ainda anotou algo mais na terra, antes que, um por um, os acusadores da mulher se retirassem cabisbaixos, desde o mais velho até o mais novo. (João, 8:3-9.)
Resolvi, então, perguntar a João, único evangelista a relatar esse caso, o que teria escrito o Cristo. Eis o que ele me respondeu:
— Da primeira vez que se abaixou, para que seus interlocutores tivessem tempo de refletir, escreveu o seguinte: “Não faça a outrem o que não deseja que lhe seja feito”.
 — E após ter dito para atirar a pedra quem estivesse sem pecado, estimado evangelista, o que o Cristo escreveu? Perguntei ao apóstolo, que me respondeu com uma síntese do que o Evangelho espera de cada um de nós:
— Quando quiser julgar seu irmão, volte seu olhar para dentro de si mesmo, e consulte sua consciência se você, na situação dele, não teria feito igual ou pior.
E nada mais perguntei. E nada mais me foi dito.
Afastou-se João volitando em direção a todos os demais evangelistas, apóstolos e Moisés, que o aguardavam no alto do monte Sinai e dali todos eles estenderam suas bênçãos sobre nós...
Que em 2016, querida leitora, possamos trabalhar em nosso íntimo o sentimento de piedade e tolerância para com o nosso próximo, assim como as desejamos para nós mesmos.


Ps: “Machado” sugere-lhe que confira as palavras acima de João no vol.4, cap. 8 da obra de J. B. Roustaing intitulada Os quatro evangelhos, publicada pela Federação Espírita Brasileira. 

terça-feira, 22 de dezembro de 2015


Em dia com o Machado 190 (jlo)

Minha proposta para a moralização política, econômica e social do país é muito simples: forma monarquista e sistema de governo parlamentarista tripartite subdividido em democrático, liberal e conservador. O rei e seus familiares participarão dos três partidos sem privilegiar nenhum deles. 
Para reinar sobre esta nação, é preciso que o monarca e sua família morem no palácio adredemente construído para si e seus familiares no local onde atualmente é o Palácio da Alvorada, em Brasília, sem quaisquer outros gastos além dos previstos em lei. O salário do rei nunca excederá a dez salários mínimos. O transporte e coisas públicas não poderão jamais ser propriedades do monarca e, sim, do país, que os cederão nas mesmas condições cedidas a seus súditos.
A atual Carta Magna, respeitadas as suas cláusulas pétreas, será substituída por outra, a ser elaborada por nova Constituinte com a inclusão das seguintes novas cláusulas pétreas próprias da Constituição Monarquista:
Art. t. Doravante, fica proibida qualquer iniciativa de mudança da forma de governo do Brasil.
§ 1º. Qualquer tentativa pessoal ou de grupos nesse sentido será punida com prisão e extradição para um dos países que mantenham acordo extraditório com o nosso.
§ 2º. Incluem-se nessa extradição todos os políticos corruptos atuais, dos três poderes, independentemente de partido ao qual se filiem e ainda que estejam sem partido.
Art. u. Ninguém poderá ter lucro pessoal maior do que o do rei, inclusive na iniciativa privada.
§ 1º. Fica proibida qualquer remessa de dinheiro para o exterior, em qualquer moeda, ou metais preciosos, a não ser em caso de transação comercial autorizada pelo primeiro ministro, se aprovada pelo rei.
§ 2º. Os salários de ministros, governadores, deputados, vereadores, juízes, advogados, procuradores, médicos, professores e agentes de segurança (militares, policiais civis e federais, corpo de bombeiros, polícia militar), serão fixados após rigorosa classificação em concursos públicos, e nunca poderão ser inferiores a seis e nem superiores a dez salários mínimos.
§ 3º. O salário mínimo mensal será de 3.333 reais com paridade com o dólar atualizado.
§ 4º. O imposto de renda será único e seu percentual máximo nunca ultrapassará 11% (onze por cento), mesmo teto previsto para os juros máximos anuais.
Art. v. Os salários estabelecidos pelo artigo anterior serão regidos por leis próprias federais ou estaduais, conforme o caso.
Art. w. Todo aquele que atentar contra o monarca e/ou sua família será severamente punido.
Parágrafo único. Ninguém será submetido, no Brasil, a tortura e a qualquer tratamento que fira os direitos humanos.
Art. x. Os casos omissos nesta lei serão resolvidos pelo rei.
Art. y. Esta Lei entrará em vigor tão logo a nova forma de governo seja referendada pelo povo.
Parágrafo único. A transmissão de Poder e posse do rei será feita no prazo impostergável de quinze dias após o referendo popular.
Art. z. Revogam-se as disposições em contrário.
Por fim, sugiro o filósofo grego Diógenes para procurar, até encontrar, no prazo de trinta dias, o homem ad referendum popular, que reúna as condições morais para ser o soberano do Brasil.
E não falemos mais em república.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Em dia com o Machado 189 (jlo)

Bom dia, querida leitora. E a você também, amigo leitor. Em minha última crônica comecei pedindo aos deuses para impedir o advento da República no Brasil e concluí com o Pai Nosso comentado dirigido ao Deus único, Nosso Pai. Agora, reinicio o tema conforme o prometi.
Com a monarquia, ao contrário da república, os projetos de longo curso têm continuidade. Não se começa uma obra, no governo monárquico, na qual se investirá milhões, para deixá-la inacabada; não se constrói uma estrada, como a Belém-Brasília, para depois abandoná-la e deixar as centenas de populações, formadas ao longo dela, isoladas por crateras que também impedem o escoamento de nossa produção comercial etc. etc.
Na monarquia, não é preciso fingir que o acesso aos poderes governamentais é facultado a qualquer cidadão do povo, quando se sabe que somente aqueles filiados escolhidos pelo partido têm condições para isso. Na monarquia, não se permite que bilhões sejam roubados e depositados em paraísos fiscais internacionais em benefícios pessoais ou de grupos corruptos. A casa régia não permitirá a evasão de divisas, com o consequente empobrecimento do seu reino. E, por fim, se o monarca se mostra incapaz, sua própria família, interessada no progresso do país, que também é o seu, o interditará e substituirá pelo primeiro herdeiro da linha sucessória da casa do rei e assim por diante.
O ideal para o Brasil seria a criação de uma monarquia parlamentarista.
Numa monarquia parlamentarista, o monarca exerce a chefia de Estado, cujos poderes e funções de moderador político são determinados pela Constituição. A Carta Magna pode estabelecer como atribuição exclusiva do monarca, em cláusulas pétreas, a resolução dos impasses políticos, a proteção da Constituição e a defesa dos seus súditos contra projetos-de-leis que contradigam as legislações vigentes ou não integrem os planos econômicos e sociais equânimes para todos os cidadãos.
A chefia de governo será exercida por um primeiro-ministro nomeado pelo monarca, dentre os indicados e aprovado pelos parlamentares, após a apresentação do seu gabinete ministerial e do seu plano de governo, podendo ser cassado pelo rei, a pedido do Parlamento e por meio de uma moção de censura. 
Por fim, o rei só poderá alterar a constituição por decisão majoritária do parlamento formado pelos três poderes: executivo, legislativo e judiciário independentes e harmônicos entre si.
Faça uma pesquisa, meu caro leitor, verifique quais são os países mais prósperos do mundo e você se surpreenderá: entre as quinze mais ricas nações do mundo, ao menos dez são monarquistas. 
As maiores ditaduras de todos os tempos foram republicanas. Exemplifico citando apenas três: a República Socialista Russa, a Nazista da Alemanha e a Comunista da China.
No Brasil, em nome da República, instalaram-se as mais corruptas des-governanças de nossa história.
Atualmente, foi institucionalizada a corrupção, no governo, e sua total inversão de valores éticos. Com isso, o Ministério Público e o Poder Judiciário jamais tiveram tanto trabalho como agora, em que até um senador se encontra preso. E não é um senador qualquer. Ele foi líder do Governo petista. Os três poderes atuais da República têm, em seus quadros, membros suspeitos de corrupção e improbidade administrativa. 
Por tudo isso sugiro o retorno da monarquia para o bem do Brasil ad referendum popular. (Conclusão no próximo número.)

terça-feira, 8 de dezembro de 2015



Em dia com o Machado 188 (jlo)

Eu pedi aos deuses para que não permitissem ao Brasil se tornar uma República porque esse dia seria o do nascimento da mais insolente aristocracia que o sol jamais alumiou” (crônica de 5 de março de 1867).
Há quem diga que o rei não existe, mas a maioria dos súditos confirma a existência do soberano. Outros dizem que ele não governa, mas ninguém melhor do que ele para nomear os governantes, que são substituídos por ele mesmo, de tempos em tempos, para o bem do país e de sua honra, fortuna e dignidade. De mais a mais, sendo vitalício seu cargo e sendo transmitido por herança a seus descendentes, apenas estes ficarão ricos com os estipêndios generosos que lhes forem assegurados por direito de nobreza e não por assalto aos cofres públicos de milhares de sanguessugas da nação, qual acontece nas repúblicas, em especial nas presidencialistas.
Então, quando se diz que o rei não existe, respondo que também se costuma dizer, nos meios profanos, que Deus não existe, embora a maioria dos brasileiros discorde disso. E a maioria tem sempre razão. Acreditam em Deus, Inteligência Suprema, Arquiteto do Universo, nosso Pai até mesmo os escritores, como eu, que leio as Escrituras Sagradas todos os fins de semana; ou Augusto dos Anjos, que praticava sessões mediúnicas em sua residência[1]; ou Mikhail Bakhtin, que era católico ortodoxo[2]; ou Nietzsche, que aderira ao budismo, antes de enlouquecer[3], e muitos outros escritores e filósofos considerados niilistas, agnósticos, ateus, só porque se deixaram rotular assim enquanto “a indesejada das gentes” não os procurou, ou simplesmente por conveniências econômicas. Era e é chique dizer-se ateu num mundo em que, em nome da religião, foram mortos mais seres humanos do que em todas as guerras político-econômicas de toda a história mundial.
Então, despeço-me da estimada leitora e leitor amigo com um comentário da oração dominical, também chamada Pai Nosso, a Quem rogo a proteção para o nosso país arruinado pela República:
Pai Nosso, tu estás em nossas consciências, nas dos homens e mulheres bons, dos marginais, criminosos e dos políticos, portanto não podemos negar tua existência, estando, como estás, dentro de nós. Exceção apenas para os psicopatas, que necessitam de cuidados especiais de todos os teus filhos lúcidos, a quem deste livre-arbítrio, mas submetes à lei de ação e reação.
Santo, Santo é o teu nome, Pai de pobres e de ricos, poderoso e boníssimo, que faz nascer o sol sobre os bons e sobre os maus.
Que o teu Reino de Amor venha a nós, para que possamos entender que somente vivendo para o bem seremos felizes, sem a ninguém lesar, pois quem lesa será lesado, quem rouba será roubado, quem mata será morto e quem mente tem ideias curtas.
Que seja feita a Tua Vontade, pois ela é sábia e sabe das nossas necessidades, antes mesmo que a sintamos, quer estejamos na Terra, por breves anos, quer voltemos ao Mundo Espiritual...
Dá-nos o pão diário, mas que não tenhamos o “olho maior do que a barriga” e avancemos no pão do vizinho ao lado, pois isso é um grande e inaceitável pecado. Que aprendamos a repartir com todos o que sobeja em nossa mesa.
Perdoa-nos as dívidas na exata medida que aprendermos a perdoar as dívidas do nosso próximo para conosco.
E não nos deixes cair nas tentações da cupidez, do desvairamento sexual, da ignorância voluntária, da preguiça, da ambição desregrada, da sede inconsequente pelo poder, de todo o mal que nos faça mal e ao nosso próximo, enfim... Amém. (Continua no próximo número.)




[1] MACHADO, Ubiratan. Os intelectuais e o Espiritismo. 2. ed. Niterói: Lachâtre, 1996, p.214- 215.
[2] TODOROV, Tzvetan. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal: introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; prefácio à ed. Inglesa Tzvetan Todorov. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. XXIX.
[3] LEFRANC, Jean. Compreender Nietzsche. 3. ed. Petrópolis: Vozes, p. 192- 194. Apenas um reparo: Nietzsche foi simpático ao Budismo, que não aceita Deus como os cristãos...

terça-feira, 1 de dezembro de 2015




Em dia com o Machado 187 (jlo)

Amiga leitora e paciente leitor. Como vocês puderam observar, em minha crônica nº 185, de futebol eu não entendo nada... Também pudera! O que ali está nada mais é do que a representação do meu pseudo pessimismo. Nunca joguei em minha vida, nem mesmo apostei em corridas de cavalos. Não poderia, realmente, se concretizar o que disse daquele jogo Brasil 3 X 0 Peru, como já ocorrera em “previsão” que eu fizera em crônica anterior, durante a Copa do Mundo de futebol no Brasil. O que ali está nada mais é do que uma constatação: o futebol brasileiro, ganhando ou perdendo, está decadente e os 7 a 1 que a seleção alemã nos aplicou deixou marcas para sempre. Por isso, não é preciso ser entendido de futebol para dizer que vai ser dura a classificação do futebol brasileiro nas eliminatórias para o mundial da Rússia, pois qualquer comentarista de botequim sabe disso.
Entremos, agora, na porta aberta para esta crônica, antes que ela se feche, como ocorre com a porta de Margaret Atwood desde sua primeira estrofe:
A porta se abre de repente,
Você espia.
Está escuro lá dentro,
Provavelmente aranhas:
Nada que você queira.
Sente medo.
A porta se fecha de repente.[1]

Quanto a mim, estou como diz Pseudo-Makaire: “(...) ces hommes sont loin d’eux-mêmes, comme ivres de boisson, ivres em esprit de mystère et de Dieu.”[2]  Entretanto, em seu estudo sobre meu “testamento estético”, Eugênio Gomes[3] chega a uma conclusão que me não faz justiça ao temperamento. Afirma o nobre crítico que minha ironia “desaconselha, porém, qualquer afirmativa antecipada e concludente” a respeito de minhas “intenções”, em especial “quando a religião esteja em causa”, em virtude de minha “atitude agnóstica [...] na linha de Renan”, que eu teria mantido sempre. Não leu, por certo meu texto intitulado “A paixão de Jesus” publicado no Jornal do Comércio em 1 de abril de 1904. Nele, faço um resumo de tudo o que há de mais importante na vida de Cristo, com base nos escritos de seus evangelistas, nos quais deposito minha fé e concluo dizendo o seguinte: “A doutrina produzirá os seus efeitos, a história será deduzida de uma lei, superior ao conselho dos homens”. A frase final é condicional: “Quando nada houvesse ou nenhuma fosse, a simples crise da Paixão era de sobra para dar uma comoção nova aos que leem neste dia os evangelistas”. Em carta a Joaquim Nabuco, de 20 de novembro de 1904, na qual relato o meu pesar pelo falecimento de minha adorável Carolina, digo-lhe o seguinte: “Tudo me lembra a minha meiga Carolina. Como estou à beira do eterno aposento, não gastarei muito tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me esperará”. Não afirma tal coisa quem é agnóstico. Hoje, que reencontrei Carola, continuamos trabalhando literariamente, “pelas mãos de Joteli”, para desvendar ao mundo a verdadeira natureza de seus habitantes.
A porta se abre de repente. A porta se fecha de repente. A porta se abre. A porta se fecha. A porta se abre... A vida é eterna, leitor amigo, crê nisso, aproveita bem a vida, e sê feliz!



[1]  ATWOOD, M. A porta. Trad. Adriana Lisboa, Rio de Janeiro: Rocco, 2013, p. 123.
[2] Pseudo-Makaire. Homélies spirietuelles. In: LACARRIÈRE, J. Les hommes ives de Dieu. France: Librairie Artehème Fayard, 1975. Epígrafe. Tradução livre de Joteli: “Esses homens estão longe de si mesmos, como embriagados pelo álcool, ébrios em espírito do mistério e de Deus”.
[3] GOMES, E. O testamento estético de Machado de Assis. In: ASSIS, M. de. Machado de Assis. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, v. 3, p. 1.097.

terça-feira, 24 de novembro de 2015


Em dia com o Machado 186 (jlo)

Em 2 de julho de 1883, um dia destes, portanto, falei-te, leitor amigo, sobre a abertura do espaço à dosimetria médica pela Sociedade Portuguesa de Beneficência. Não procures no dicionário o significado dessa palavra. Deixa-o aos iniciados na arte da cura.
Também não confundas os significados de cura da arte medicinal com o cura da paróquia do teu bairro. Ainda tem o curador, que é quem responde pela organização e manutenção das obras de arte, nos museus, de alguém que já se encontra do lado de cá...
Bárbaro léxico! Torturas diabólicas! Aqui da corte celeste, pode-se dizer, por meio de cartas psicográficas, um amontoado de coisas venturosas ou tristes, e os instruídos por nós ainda recebem dois ou cinco mil reais, quando a notícia é excelente e a pessoa tem estilo... Só não se admite é que a pessoa se diga inspirada pelas forças do Além.
Voltemos à dosimetria. Oh, língua, ó dosimetria, cuja definição mais simples é a de cura das doenças orgânicas em doses “exatas e puras”. É aqui que chamo a atenção da meiga leitora sobre o absurdo do credo quia absurdum (creio porque é absurdo) ou do crê ou morre das crenças cristãs ou muçulmanas do passado (felizmente!).
Com base na dosimetria, o meu facultativo, que tratava crianças com a homeopatia e adultos com a alopatia desencarnou antes de mim, vítima de tifo. Sua tia foi tratada com alopatia, mas acabou também morrendo. Dizem as más línguas que faltou "alô patia" outros contestam o tratamento e garantem  que a falta foi de "homeo patia", por isso, a pobre morreu solteirona ... Se ainda fosse hoje!
˗ Machado, acho que você está ficando é alo... prado.
A dosimetria é a dose justa de medicamento para o corpo físico, meu caro leitor, como já te disse alhures. Os fanáticos religiosos que, ao longo dos séculos, vêm contribuindo para o ceticismo humano, bem que poderiam receber um tratamento semelhante de seus pastores, rabinos e padres: dosimetria da fé sem fanatismo, mas com tolerância, fraternidade e amor a todas as criaturas, pois, afinal, não somos todos irmãos e filhos do mesmo Pai, quer o creiamos ou não?
Concluo com um poema de Joteli, vez que não descobri nenhum, entre os meus, que se harmonize com o tema dosimetria... do amor.

Antes que seja tarde...
Enquanto as horas passam dia a dia,
Há pássaros que cantam das palmeiras
Desde a manhã às horas derradeiras
Mas sem jamais abandonar a cria.
Ao seu trabalho o canto sempre alia
Quem deseje servir a vida inteira
E faz da caridade a companheira,
Pois no bem tem a força que auxilia.

 Não posterguemos, pois, este convite
De atender com amor seja quem for
Antes que seja tarde em demasia.
Quando se faz o bem, quem nos assiste
Canta como essas aves do Senhor
E traz ao nosso ser dosimetria.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 185 (jlo)

Estou escrevendo esta crônica antes do jogo de futebol Brasil x Peru e alerto o leitor de que não será uma partida fácil. Não será mesmo surpresa se o Brasil não passar de um empate e até mesmo perder o jogo. O motivo? Desentrosamento, pouco treino, poucos jogos e endeusamento de um só jogador...
Mas, indagará o amigo leitor, o Peru também não está desentrosado, seus jogadores não são bem menos qualificados do que os nossos?
Primeiro, não se esqueça de que estamos numa batalha campal eliminatória contra nuestros hermanos.
Segundo, o futebol evoluiu muito e, para uma seleção ser bem sucedida, ao menos seis de seus onze jogadores têm que ter mais de trinta anos. Se duvida, veja o exemplo da Alemanha, cujos craques que nos golearam já estão todos se aposentando da bola. O limite de idade é 38... Este também é o número da chuteira do Marcelinho carioca, exímio cobrador de faltas já aposentado do futebol...
Terceiro, depois dos 7 a 1 que sofremos da Alemanha, em plena Copa do Mundo, em nosso próprio country, o futebol brasileiro perdeu a moral com o mundo da bola.
E ninguém daqui, até hoje, deu a mínima bola para o jogo seguinte, contra a Holanda, cujo terceiro lugar seria uma questão de honra: Holanda 3 a 0 Brasil. Desmoralização total. Um país cerca de quatorze vezes menor do que nossas Minas Gerais, terra do Pelé, uma nação do tamanho aproximado do Rio de Janeiro, menor estado da região sudeste do Brasil, e com censo demográfico semelhante ao carioca completou nossa vergonha futebolística.
Afinal, não éramos o "país do futebol"? O que somos agora? Não, não responda, meu amigo. Já sei qual será sua resposta e não quero mais falar de política.
Um país que não se prepara suficientemente bem dentro de sua grande área para uma Copa do Mundo de futebol, após conquistar cinco títulos em campo alheio, não merece mais a fidelidade da bola, que gosta de ser chamada de minha nega e nossos homens a estão tratando por Vossa Excelência...
Leia, leitor amigo, o que o zagueiro Ascues, do Peru disse, sobre a nossa seleção:
"— Se vocês têm Neymar, nós temos Farfán".
Quem no Brasil conhece esse atacante?
Após o jogo desta noite, há o perigo de Ascues fazer troça com nossa seleção e dizer que nos enganou direitinho, pois bem sabe ele que, se temos Neymar, eles têm Guerrero na frente e Ascues atrás...
E tem mais, Farfán é apenas um fan... farrão...
Lembra-se de minha crônica antes do jogo Brasil e Alemanha? Depois do jogo desta noite, releia-a, amigo leitor e veja se entendo ou não de futebol.
Alerto-o sobre a "goleada" do Peru, no último jogo de sua preparação para as eliminatórias da Copa: Peru 1 x 0 Paraguai.
Está rindo? Pois não se esqueça de que o Paraguai tem sido um dos maiores "carrascos" do Brasil em nossos últimos jogos.
Se ainda fosse corrida de cavalos...
Amanhã veremos se hoje tenho ou não tenho razão de publicar este alerta e se sou ou não sou um grande entendido da área... E das linhas também...
Para quem não sabe, joguei muita bola no Morro do Livramento; não somente no gol; na defesa e no ataque fui o terror dos meus colegas de pelada.
Pelo menos é o que diz o pai de Brás Cubas, conhecido por suas pacholices.
Depois não digam que não avisei...
Te cuida, Brasil!


domingo, 15 de novembro de 2015


Em dia com o Machado 184 (jlo)

Hoje estou muito triste. Há apenas dois dias, cerca de duzentos irmãos nossos, franceses, foram cruel e covardemente assassinados sem qualquer chance de defesa. Seu crime foi o de viver e tentar ser felizes.
Essas pessoas tinham famílias e projetos de vida em um mundo pacífico, sem guerras, sem violências, sem fanatismos que deturpam o verdadeiro sentido das religiões: religar o ser criado ao seu Criador, cujo propósito jamais foi o de exterminar suas criaturas, ou de lançá-las umas contra as outras, como feras a se entredevorarem, mas sim o de lhes dar a vida em abundância para serem felizes.
Essas pessoas eram filhas, eram filhos, eram mães, eram pais e tinham parentes que as aguardavam em seu lar. Trabalhavam, estudavam, divertiam-se, amavam e eram amadas. Em suas folgas, buscavam entreter-se sem causar mal algum a seu próximo. Não tinham inimigos. Não tinham nada a ver com o extremismo religioso de bárbaros assassinos, desequilibrados mentalmente, que deturpam os ensinamentos dos verdadeiros profetas de Deus, os quais nos recomendam nos amar como filhos que somos de um mesmo Pai espiritual, seres eternos que somos, criados para a perfeição e não para a destruição. Talvez essas vítimas indefesas nem mesmo tivessem religião, mas eram boas e não faziam mal a ninguém...
Esses nossos irmãos franceses, assim como milhares de outros cidadãos que morrem brutalmente assassinados, em especial nos países como o nosso, em que a maioria da população não tem a mínima proteção do bem maior, a vida, precisam de nossas orações... e ações. Ações que não sejam meramente retributivas do mal com o mal, mas sim educativas.
Quem agride, mesmo sabendo que, por sua vez, será agredido; quem mata, mesmo sabendo que será morto, quem odeia, mesmo tendo consciência de que será odiado também se odeia, está enfermo da alma e, portanto, precisa de tratamento psiquiátrico, de estímulo à própria vida, de esclarecimentos sobre as leis imutáveis que regem os nossos atos, neste mundo, e sobre as consequências para quem as viola, quaisquer que sejam as suas justificativas.
Oremos, portanto, amigos, não somente por essas tristes vítimas barbaramente mortas, covardemente assassinadas, mas por toda a humanidade. Um dia todos entenderão que somente a educação de qualidade, o amor, a honestidade e a ação no bem são as forças indestrutíveis que nos farão felizes para sempre.
Mas não nos olvidemos de vigiar nossos pensamentos, palavras e atos, além de recordar sempre o aviso de um jovem galileu a seu discípulo que mais o amava e que, desembaiando sua espada, cortou a orelha de um dos carrascos do seu Mestre: 
— Pedro, embainha tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão (Mateus, 26:51-52).
Em outra passagem do seu Evangelho de Amor, lembrou-nos o Cristo que não devemos temer os que matam o corpo, mas sim Aquele que tem poder para nos lançar no fogo simbólico do inferno de nossas almas culpadas (Lucas, 12:4-5). Esses nossos irmãos mal informados que julgam que estarão nos braços de Deus, ao se destruírem, após fazerem o mesmo com seu próximo, na realidade estão cavando, para si mesmos, um inferno que, se não é eterno, nem por isso mesmo é menos terrível, o da consciência culpada.
Homem, Deus está em tua consciência. Onde teu espírito estiver, ela, ferida por tua ignorância, repetirá, milhões de vezes, até que o arrependimento do mal que praticaste se desfaça pela reparação e pelo teu sincero desejo de praticar o bem:

— Caim, Caim, o que fizeste do teu irmão?!








domingo, 8 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 183 (jlo)

Bom dia, amigo leitor. Quero aproveitar este domingo seco e ensolarado de Brasília para lhe dar uma auspiciosa notícia. Morreu há poucos dias, no dia 4 de novembro, o filósofo francês René Girard, criador da mimese na representação da "origem da violência humana que desestrutura e reestrutura as sociedades", e da teoria do "bode expiatório" como justificativa da violência, presente no estudo literário do sagrado.
Ainda não pude entrevistá-lo, pois ele ainda está naquela fase de "confusão espiritual" que antecede o ingresso do lado de cá, e isso o deixa temporariamente um tanto quanto perturbado... É o que sucede com 99% da humanidade terrena, quando desencarna. De qualquer modo, essa confusão mental ainda é bem mais amena do que a do retorno do espírito à vida física, a qual só se completa aos sete anos, conforme dizem os psicólogos.
A essa altura você deve estar se perguntando: Será que o Machado ficou louco? Um filósofo morre e ele diz que isso é motivo de regozijo espiritual... louco... somente um louco para escrever ou falar uma coisa assim...
E eu me justifico com as palavras do Cristo: "Deixai aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos". O que morre é somente o corpo físico, a alma segue para o Além em seu corpo espiritual, como diz Paulo de Tarso: "Semeia-se corpo material, ressuscita-se corpo espiritual". Para vocês, a morte do corpo é algo triste e lamentável; para nós, porém, é uma forma de libertação, pois a vida real é a que ocorre no mundo das ideias, como já entrevira Platão. Então, por que lamentar os chamados mortos? Comemoremos sua libertação desse presídio chamado matéria e o ingresso na vida do espírito.
Do que foi dito, não se deve deduzir que você deve desprezar a vida física e desejar a "morte", meu caro leitor. A vida física, ou encarnação, tem uma finalidade nobre, que é nos tornar perfeitos, passo a passo. Por isso disse Jesus: "Sede perfeitos".  Quanto melhor a encarnação for aproveitada, mais estaremos contribuindo na construção de um mundo mais feliz para todos. Até mesmo devido a que voltaremos à carne num tempo que pode ser de imediato ou de séculos (KARDEC, A. O livro dos espíritos, questão 223). Afinal, "Se séculos de séculos são menos que um segundo relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?!" (KARDEC, A. A gênese, cap. VI, item 2). Enquanto a volta ao corpo físico não ocorre, os que estamos deste lado interagimos com os que estão desse lado sem violentar o livre-arbítrio de ninguém.
Para nós, mais importante do que estar aqui ou aí é o espírito, que é imortal, esforçar-se sempre em evoluir, pois é nisso que está a verdadeira felicidade. Para concluir, leia o que diz o sábio de Lion:

O homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, se conserva numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças.
O homem moral, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimenta gozos que o homem material desconhece. A moderação de seus desejos lhe dá ao Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem que faz, não há para ele decepções e as contrariedades lhe deslizam por sobre a alma, sem nenhuma impressão dolorosa deixarem. (Kardec, A.. O livro dos espíritos, comentários à questão 941).

Então, amigo leitor, melhor do que viver como os animais, pelo instinto, "morrendo de medo de morrer", é viver plenamente consciente de que a vida é sempre bela, onde quer que estejamos, se buscarmos sempre seu objetivo maior, segundo Kardec: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei". Mas não se esqueça, nossos maiores inimigos chamam-se egoísmo e orgulho; nossos melhores aliados são o amor e a humildade. É nisso que está a felicidade!
Estamos preparando uma grande festa para recebermos René Girard... quem "morrer" verá.

domingo, 1 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 182 (jlo)

Amigo leitor, estive conversando com Darwin.
Isso mesmo que você entendeu, Charles Robert Darwin, conversou comigo sobre alguns reparos que fez na sua "teoria da evolução".
Disse-me, chorando, que se tivesse lido O Livro dos Espíritos (LE) e as demais obras da codificação espírita jamais teria dado a entender que o evolucionismo de sua teoria se contrapõe ao "criacionismo divino", pois Deus jamais cessa de criar e recriar mundos, estrelas, galáxias... e individualidades.
Agora quer retratar-se com Deus e a Terra, em relação a cada ponto decorrente de sua "descoberta", embora reconhecendo a grande contribuição de sua teoria, quando associada à revelação dos mensageiros daqui. Eis o que constatou, tão logo se despiu da veste física:
1.      Em relação à sua afirmação de que "todos os seres vivos remontam uns dos outros até a mais remota origem da vida na Terra", viu que não é bem assim...
O homem é uma mistura de cachorro, gato, macaco, foca, papagaio... Alguns incluem aí o cavalo, o bode, a onça, os vermes... Mas... e a anta... e o sapo? Oh! dúvida cruel...
Tudo isso faz parte de nossa natureza animal, mas "pela alma, nossa natureza é espiritual" (Para melhor entendimento, leia as questões 135, 592 e 605 do LE).
2.      Também dizia que "os seres vivos não foram criados independentes" e que "todos temos um ancestral comum". No espaço desmistificado do mundo espiritual, percebeu que essa ideia só é real no que diz respeito aos organismos físicos, mas no que tange à alma há considerável diferença, como se observa na resposta número 191 do LE, que evito reproduzir aqui para não lhe poupar o prazer de conferir ali.
3.      Constatou, então, que "a seleção natural, baseada na transmissão hereditária dos genes e favorecida pelo ambiente em que os organismos vivem" se aplica, exclusivamente, à evolução da matéria, pois há, no Universo, três elementos: Deus, espírito e matéria (q. 27 LE). O homem possui a mais que os demais seres da natureza a vontade e a inteligência superior, que lhe permitem transcender as limitações genéticas.
Isso ocorre em virtude de haver uma programação participativa, no mundo espiritual, pelo espírito humano, em relação ao novo corpo que tomará e que leva em conta o livre-arbítrio humano; entretanto, no que se refere aos animais, são os Espíritos encarregados por Deus de seus destinos que determinam como se dará seu retorno à vida física, pois seu senso moral não está desenvolvido... (questões 597 e 599 do LE).
4.      Então, Darwin percebeu que sua teoria, sem a revelação espírita, está incompleta, pois ele ignorou o princípio inteligente que rege a criação e a transformação espiritual da vida das criaturas, paralelamente ao desenvolvimento de seus organismos.
Leia a questão 540 d'O Livro dos Espíritos (LE) e você entenderá melhor o que lhe digo, meu caro leitor.
5.      Por fim, Charles convenceu-se de que, ao se referir à evolução humana, desconsiderou sua principal origem: a espiritual. Imaginara ter explicado tudo apenas com base na evolução dos corpos e, com isso, deu origem à falsa suposição sobre a inexistência de Deus...
Concluindo, disse-me que, nos primórdios de nossa evolução, trabalhamos pela própria melhoria, então o trabalho nos parece verdadeira expiação; porém, em estágio superior de evolução espiritual, obramos como auxiliares de Deus no aperfeiçoamento do universo que Ele cria e recria eternamente, mas a transformação depende de nós. Por isso, os Espíritos superiores não se cansam de nos lembrar:
"Deus conta contigo"; "Deus está dentro de ti". E Jesus confirma o que diz Davi:  "Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo" (Salmo, 82:6 e João, 10:34). Ou seja, criados para a luz, como o Cristo, somos filhos de Deus. Consequentemente...

domingo, 25 de outubro de 2015


Em dia com o Machado 181 (jlo)

Bom dia, leitora!
A você que é professora, faço um desafio: peça a seus alunos, a partir da oitava série, que leiam qualquer romance meu, escrevam pequeno comentário sobre a obra e entreguem-lhe o escrito trinta dias depois...
De dez alunos que receberem a tarefa, sete dirão que não conseguiram ler tudo, pois estavam sem tempo. Nos fins de semana, foram ao clube, ao cinema, ao parque, jogaram videogame com os amigos, etc. Nos dias úteis, participaram de jogos eletrônicos, jogaram bola, assistiram ao programa do Chaves, etc. etc. etc.
E os três restantes, ao serem perguntados se leram o livro, responderão: "Livro? Que livro?"
É duro dizer isso, mas nossos alunos não gostam de ler os clássicos.
Por isso, professora, sugiro-lhe que jamais imponha a seus alunos a leitura da obra a ou da obra b. Comece pelas histórias em quadrinhos. Uma boa sugestão é a leitura da revista Chico Bento. Sem imposição... 
Ou peça-lhes que leiam e comentem um poema, como o abaixo, escrito especialmente para esta ocasião, e consultem o dicionário para leitura e anotação dos significados das palavras por eles desconhecidas.
Só não se esqueça de lhes dizer que a tarefa vale ponto...

A lebre, o tempo e o jovem (jlo)

A lebre corre pela campina,
Para e senta nas patas traseiras.
E, olhando fixamente o horizonte,
Posa indiferente às ribanceiras...

Ela não faz ideia de haver
Mundo mui além do monte vasto,
E no ignorar do seu devir,
Sua imagem molda-se à do pasto...

O interregno do movimento
Na vasta imensidão da campina
Revela-lhe a paz da natureza
Antes do cair da chuva fina.

De repente, ela corre ligeira
Em direção à vasta montanha.
Vai procurar abrigo e família
Nessa paisagem bela e tamanha.

Em permanente e atenta vigília,
A lebre vive o tempo do agora
E sai da toca para pastar
Os brotos do tempo bom lá fora.

Das forças telúricas que estrugem,
Ela não duvida do poder.
Os elementos da natureza
Agitam também todo o seu ser.

Assim deve ser a nossa vida,
Confiantes sempre no Senhor,
Estejamos hoje vigilantes
E o nosso seja o monte do amor.

Que a oração seja o nosso escudo
No abrigo do campo ou da cidade
Que faça ressurgir a esperança
Nesse tempo bom da mocidade.

Na aula seguinte, como sugestão, peça-lhes que leiam o que escreveram e explique-lhes o que é estrofe, verso, rima e metrificação. Em seguida, proponha-lhes produzir um texto inspirado no poema. Enfim, se bem explorado, o texto poético tornar-se-á um agradável mote para diversas tarefas e descoberta de vocações literárias em duas ou três aulas.
Lembra-se do que disse o rei Pelé ao fazer seu milésimo gol no Vice da Gama, meu caro leitor? "Vamos cuidar das nossas crianças!".

Isso foi dito há cerca de 45 anos. Se tivéssemos seguido seu conselho e investido na educação que não as oprimisse, mas que lhes transmitisse valores espirituais junto com os intelectuais, certamente, não haveria, em nossos dias, tantos jovens trocando os estudos pelo tráfico de drogas e vidas úteis pelo vil metal.

  Salve (a) Botânica! (Irmão Jó) I Vem do grego  botane , a Botânica, Ramo setorial da Biologia Com significado, sim, de planta Que...