Em dia com o Machado 154 (jlo)

Brasília, 55 anos!

E pensar que foi um místico e santo que teve a visão desta linda terra, há 132 anos. Em agosto de 1883, o italiano Dom Bosco, fundador da Congregação dos Salesianos, sonhou que percorria toda a América do Sul, guiado por um anjo.

Passaram por florestas, pântanos, planícies, rios caudalosos e montes ricos de minérios preciosos e petróleo, até chegarem ao ponto geográfico situado entre os paralelos 15 e 20 do hemisfério sul, onde havia uma larga enseada em torno de um lago.

— Aqui é “a terra prometida”. Neste lugar, será construída uma cidade de “riqueza inconcebível” — disse-lhe o anjo.

Em 21 de abril de 1960, 77 anos após o sonho de Dom Bosco, Juscelino construiu Brasília. Também em 21 de abril de 1979, o carioca Joteli casou-se com a baiana Marilou e, em 1980, vinte anos após surgir a cidade sonhada pelo santo italiano, o casal veio, de Barreiras, BA, para esta linda cidade, que agora homenageamos com o poema intitulado:

Os encantos de Brasília

Quando me faltou a folha

Para imprimir um poema

Eu já pensara na escolha

E o privilégio do tema.

Desci por viela erma

E fui à papelaria

Na busca de nova resma

Para imprimir a poesia.

No espaço de uma alameda

Um corredor me saudou,

Quando me virei pra esquerda...

Logo um Bem-te-vi cantou.

Três vezes ele cantou:

Bem te vi, bem te vi, bem...

O Sol mais se iluminou

E te vi, disse também.

Depois que em cerca pousou

Um lindo Papo-amarelo

Que eu olhei, também me olhou

E disse: Que dia belo!

Também avistei ali,

No alto de uma roseira,

Farfalhante colibri

E uma algazarra faceira.

Belos cãezinhos de raça

E vira-latas latiam

Enquanto ali, bem na praça

Muitas crianças corriam.

Um bando de aves canoras

Voavam estardalhantes

Desde o despontar da aurora

E em breve estavam distantes.

Na terra de JK,

Construí linda família,

E as flores que há por cá

Dão mais encanto a Brasília.

Terra por Dom Bosco vista,

De povo amável, benquisto,

Arquétipo futurista

Elaborado por Cristo.

Obrigado, Brasília, pelos amores que temos: três belos filhos e três lindos netos. Obrigado por nossos genros, nossos amigos, parentes e, sobretudo, por permitir o nosso crescimento espiritual em tuas terras abençoadas!

Parabéns, pelos teus 55 anos, dos quais 35 foram vividos intensamente e com muito amor pela família Joteli.

Louvada sejas, Brasília!

Em dia com o Machado 153 (jlo)

Cansado de disparar pelas campinas verdejantes da capital brasileira, Lord Sinclair II, um belo cavalo puro-sangue lusitano, conversava com Poetin I, a égua que já fora campeã de corrida equestre, sua companheira.

— Amada Poetin I, as coisas não andam bem para mim. Como você sabe, nosso tempo máximo de vida mal chega aos quarenta anos...

— Isso só em casos excepcionais, de equinos bem alimentados e bem tratados, Lord, pois raramente nossa raça ultrapassa os trinta...

— É verdade, Poetin I, mas o tempo passou e agora já estamos mais para o ingresso nos Campos Elíseos do que nos deste mundo. Eu, na faixa dos 25; tu, na dos 23...

— E o que tem isso? Ainda somos muito bem tratados por nossos amos. Nosso problema maior é que, em vez de ir para a frente, estamos indo para trás.

— É verdade, Poetin I, se antes disputávamos corridas, agora andamos de ré nas exposições pecuárias. Mas quando nossos senhores nos deixam sós, como ainda é bom correr, não é mesmo?

— E o que o preocupa tanto, Lord?

— Vou abrir meu coração com você. Há um ano, durante uma corrida, senti um mal-estar estranho, que me obrigou a parar o galope e passar a trotar. Pensei que o problema estava nos antolhos que esquecera de colocar e nunca mais corri sem esses tapa-olhos.

— E daí? Você tornou a passar mal?

— Durante alguns meses, não. Entretanto, de uns tempos para cá, de vez em quando sinto esse abalo e outros problemas corporais.

— Já procurou o veterinário?

— Vários. O primeiro deles, procurei por ter passado a urinar mais do que o normal, principalmente, à noite. Ele fez-me alguns exames de sangue, verificou minha pressão e disse-me que estava tudo bem comigo. Pressão de jovem, reforçou...12x8!

O segundo eu procurei por ter apresentado um problema de pele. Era um veterinário dermatologista. Ele examinou-me, pediu uma biópsia e, após o resultado um tanto preocupante, disse-me que o que eu tinha já não tinha mais e que muitos cavalos, hoje em dia, têm isso. Verificou minha pressão e disse que meu coração estava mais rijo do que o de muitos pangarés.

A terceira era uma égua que procurei devido ao resultado da biópsia, por receio de ser algo mais grave, ainda que soubesse ser comum o meu caso atualmente...

— E o que ela disse?

Ela verificou minha pressão, examinou meu couro e me dispensou dizendo que eu estava curado, após extração do... De uma coisinha na região lombar... Pressão 11x8!

Por fim, após quase um mês sem correr, fui liberado para corrida e... voltei a passar mal. Como senti uma sensação parecida com a que teve meu sogro, ao morrer de AVC, procurei um veterinário neurologista e lancei-lhe em face todos os meus ruminantes problemas, inclusive dizendo-lhe que sofro de labirintite crônica.

— E o que ele disse?

— Foi logo perguntando quem me indicara. Pareceu contrariado quando soube que eu não fora indicado por outro facultativo e, sim, que achara seu endereço na internet. Examinou meu fundo de olho, verificou minha pressão e disse-me que eu nada tenho, além de uma pressão de garoto.

— Você e seus distúrbios neurovegetativos, Lord Sinclair II! E agora, o que fará?

— Depois de tudo isso, sinto-me curado. Mas por via das dúvidas, vou trocar o galope das corridas pela Galopeira da música cantada por uma dupla sertaneja.

É só clicar aqui e cantar: http://letras.mus.br/chitaozinho-e-xororo/283451/. 

Em dia com o Machado 152

Amiga leitora, o melhor remédio para as nossas preocupações é o riso. Quem é que não gosta de trabalhar com um colega ou mesmo chefe(a) que está sempre de bom-humor? O estresse e a depressão não resistem a uma pessoa otimista, que passa o tempo distribuindo sorrisos e simpatia.

Ri-se de tudo: do futebol, das pessoas sem-noção, das tiradas engraçadas das crianças, das provas dos alunos do Enem... Até da política se ri, embora esse seja um riso amarelo, irônico, sarcástico...

Atuando em hospitais, há um grupo de voluntários que desempenham um belo trabalho de ajuda terapêutica a doentes de alto risco, geralmente crianças: são os chamados “doutores da alegria”.

Essa é uma organização civil sem fins lucrativos que, desde 1971, todos os dias, jovens voluntários vestem-se como palhaços e são treinados, em algumas cidades brasileiras, para, por meio da arte humorística, encantar as crianças internadas com doenças graves. Segundo um dos seus membros, o advogado Marcelo Pinto, conhecido como Dr. Risadinha, a endorfina produzida pelo organismo, quando se dá uma boa gargalhada, age como um analgésico no organismo do paciente.

Algumas pesquisas citadas pelo Dr. Risadinha apontam que, nas instituições onde o riso é utilizado terapeuticamente, as licenças médicas diminuem em 66%, as vendas e o rendimento aumentam em cerca de um terço e os acidentes trabalhistas caem pela metade.

Literatura é mimese e também é apropriação. Para alegrar seu dia, amiga leitora e sereníssimo leitor, vou imitar meu poema, que também foi uma imitação do alemão, intitulado outrora O casamento do diabo. Ei-lo:

O (DES)GOVERNO DO DIABO 

(Imitação da imitação do alemão)

O diabo teve a ideia

De governar um país

E sonhou com a plateia

Onde meter seu nariz.

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.

Viu uma estrela no alto,

Saiu do inferno e subiu

Para então tomar de assalto

O vasto espaço Brasil.

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.

Fez plástica, fez cair

Chuva de enxofre do alto,

Fez do planalto sair

Um forte cheiro de álcool.

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.

Cortou as contas danado

Após levar para fora

Muito dinheiro roubado

Que pôs na conta da nora...

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.

Roubar era sua dita;

Surrupiou terra e mar,

E em sua ânsia maldita

Até o pré-sal quis levar...

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.

Passou-se o tempo e o diabo

Foi descoberto por fim

Pois não ocultou seu rabo,

Mas as contas, essas sim...

Toma um conselho de amigo,

Fuja daqui, Belzebu;

Que esta nação soberana

É mais esperta que tu.