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terça-feira, 24 de novembro de 2015


Em dia com o Machado 186 (jlo)

Em 2 de julho de 1883, um dia destes, portanto, falei-te, leitor amigo, sobre a abertura do espaço à dosimetria médica pela Sociedade Portuguesa de Beneficência. Não procures no dicionário o significado dessa palavra. Deixa-o aos iniciados na arte da cura.
Também não confundas os significados de cura da arte medicinal com o cura da paróquia do teu bairro. Ainda tem o curador, que é quem responde pela organização e manutenção das obras de arte, nos museus, de alguém que já se encontra do lado de cá...
Bárbaro léxico! Torturas diabólicas! Aqui da corte celeste, pode-se dizer, por meio de cartas psicográficas, um amontoado de coisas venturosas ou tristes, e os instruídos por nós ainda recebem dois ou cinco mil reais, quando a notícia é excelente e a pessoa tem estilo... Só não se admite é que a pessoa se diga inspirada pelas forças do Além.
Voltemos à dosimetria. Oh, língua, ó dosimetria, cuja definição mais simples é a de cura das doenças orgânicas em doses “exatas e puras”. É aqui que chamo a atenção da meiga leitora sobre o absurdo do credo quia absurdum (creio porque é absurdo) ou do crê ou morre das crenças cristãs ou muçulmanas do passado (felizmente!).
Com base na dosimetria, o meu facultativo, que tratava crianças com a homeopatia e adultos com a alopatia desencarnou antes de mim, vítima de tifo. Sua tia foi tratada com alopatia, mas acabou também morrendo. Dizem as más línguas que faltou "alô patia" outros contestam o tratamento e garantem  que a falta foi de "homeo patia", por isso, a pobre morreu solteirona ... Se ainda fosse hoje!
˗ Machado, acho que você está ficando é alo... prado.
A dosimetria é a dose justa de medicamento para o corpo físico, meu caro leitor, como já te disse alhures. Os fanáticos religiosos que, ao longo dos séculos, vêm contribuindo para o ceticismo humano, bem que poderiam receber um tratamento semelhante de seus pastores, rabinos e padres: dosimetria da fé sem fanatismo, mas com tolerância, fraternidade e amor a todas as criaturas, pois, afinal, não somos todos irmãos e filhos do mesmo Pai, quer o creiamos ou não?
Concluo com um poema de Joteli, vez que não descobri nenhum, entre os meus, que se harmonize com o tema dosimetria... do amor.

Antes que seja tarde...
Enquanto as horas passam dia a dia,
Há pássaros que cantam das palmeiras
Desde a manhã às horas derradeiras
Mas sem jamais abandonar a cria.
Ao seu trabalho o canto sempre alia
Quem deseje servir a vida inteira
E faz da caridade a companheira,
Pois no bem tem a força que auxilia.

 Não posterguemos, pois, este convite
De atender com amor seja quem for
Antes que seja tarde em demasia.
Quando se faz o bem, quem nos assiste
Canta como essas aves do Senhor
E traz ao nosso ser dosimetria.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 185 (jlo)

Estou escrevendo esta crônica antes do jogo de futebol Brasil x Peru e alerto o leitor de que não será uma partida fácil. Não será mesmo surpresa se o Brasil não passar de um empate e até mesmo perder o jogo. O motivo? Desentrosamento, pouco treino, poucos jogos e endeusamento de um só jogador...
Mas, indagará o amigo leitor, o Peru também não está desentrosado, seus jogadores não são bem menos qualificados do que os nossos?
Primeiro, não se esqueça de que estamos numa batalha campal eliminatória contra nuestros hermanos.
Segundo, o futebol evoluiu muito e, para uma seleção ser bem sucedida, ao menos seis de seus onze jogadores têm que ter mais de trinta anos. Se duvida, veja o exemplo da Alemanha, cujos craques que nos golearam já estão todos se aposentando da bola. O limite de idade é 38... Este também é o número da chuteira do Marcelinho carioca, exímio cobrador de faltas já aposentado do futebol...
Terceiro, depois dos 7 a 1 que sofremos da Alemanha, em plena Copa do Mundo, em nosso próprio country, o futebol brasileiro perdeu a moral com o mundo da bola.
E ninguém daqui, até hoje, deu a mínima bola para o jogo seguinte, contra a Holanda, cujo terceiro lugar seria uma questão de honra: Holanda 3 a 0 Brasil. Desmoralização total. Um país cerca de quatorze vezes menor do que nossas Minas Gerais, terra do Pelé, uma nação do tamanho aproximado do Rio de Janeiro, menor estado da região sudeste do Brasil, e com censo demográfico semelhante ao carioca completou nossa vergonha futebolística.
Afinal, não éramos o "país do futebol"? O que somos agora? Não, não responda, meu amigo. Já sei qual será sua resposta e não quero mais falar de política.
Um país que não se prepara suficientemente bem dentro de sua grande área para uma Copa do Mundo de futebol, após conquistar cinco títulos em campo alheio, não merece mais a fidelidade da bola, que gosta de ser chamada de minha nega e nossos homens a estão tratando por Vossa Excelência...
Leia, leitor amigo, o que o zagueiro Ascues, do Peru disse, sobre a nossa seleção:
"— Se vocês têm Neymar, nós temos Farfán".
Quem no Brasil conhece esse atacante?
Após o jogo desta noite, há o perigo de Ascues fazer troça com nossa seleção e dizer que nos enganou direitinho, pois bem sabe ele que, se temos Neymar, eles têm Guerrero na frente e Ascues atrás...
E tem mais, Farfán é apenas um fan... farrão...
Lembra-se de minha crônica antes do jogo Brasil e Alemanha? Depois do jogo desta noite, releia-a, amigo leitor e veja se entendo ou não de futebol.
Alerto-o sobre a "goleada" do Peru, no último jogo de sua preparação para as eliminatórias da Copa: Peru 1 x 0 Paraguai.
Está rindo? Pois não se esqueça de que o Paraguai tem sido um dos maiores "carrascos" do Brasil em nossos últimos jogos.
Se ainda fosse corrida de cavalos...
Amanhã veremos se hoje tenho ou não tenho razão de publicar este alerta e se sou ou não sou um grande entendido da área... E das linhas também...
Para quem não sabe, joguei muita bola no Morro do Livramento; não somente no gol; na defesa e no ataque fui o terror dos meus colegas de pelada.
Pelo menos é o que diz o pai de Brás Cubas, conhecido por suas pacholices.
Depois não digam que não avisei...
Te cuida, Brasil!


domingo, 15 de novembro de 2015


Em dia com o Machado 184 (jlo)

Hoje estou muito triste. Há apenas dois dias, cerca de duzentos irmãos nossos, franceses, foram cruel e covardemente assassinados sem qualquer chance de defesa. Seu crime foi o de viver e tentar ser felizes.
Essas pessoas tinham famílias e projetos de vida em um mundo pacífico, sem guerras, sem violências, sem fanatismos que deturpam o verdadeiro sentido das religiões: religar o ser criado ao seu Criador, cujo propósito jamais foi o de exterminar suas criaturas, ou de lançá-las umas contra as outras, como feras a se entredevorarem, mas sim o de lhes dar a vida em abundância para serem felizes.
Essas pessoas eram filhas, eram filhos, eram mães, eram pais e tinham parentes que as aguardavam em seu lar. Trabalhavam, estudavam, divertiam-se, amavam e eram amadas. Em suas folgas, buscavam entreter-se sem causar mal algum a seu próximo. Não tinham inimigos. Não tinham nada a ver com o extremismo religioso de bárbaros assassinos, desequilibrados mentalmente, que deturpam os ensinamentos dos verdadeiros profetas de Deus, os quais nos recomendam nos amar como filhos que somos de um mesmo Pai espiritual, seres eternos que somos, criados para a perfeição e não para a destruição. Talvez essas vítimas indefesas nem mesmo tivessem religião, mas eram boas e não faziam mal a ninguém...
Esses nossos irmãos franceses, assim como milhares de outros cidadãos que morrem brutalmente assassinados, em especial nos países como o nosso, em que a maioria da população não tem a mínima proteção do bem maior, a vida, precisam de nossas orações... e ações. Ações que não sejam meramente retributivas do mal com o mal, mas sim educativas.
Quem agride, mesmo sabendo que, por sua vez, será agredido; quem mata, mesmo sabendo que será morto, quem odeia, mesmo tendo consciência de que será odiado também se odeia, está enfermo da alma e, portanto, precisa de tratamento psiquiátrico, de estímulo à própria vida, de esclarecimentos sobre as leis imutáveis que regem os nossos atos, neste mundo, e sobre as consequências para quem as viola, quaisquer que sejam as suas justificativas.
Oremos, portanto, amigos, não somente por essas tristes vítimas barbaramente mortas, covardemente assassinadas, mas por toda a humanidade. Um dia todos entenderão que somente a educação de qualidade, o amor, a honestidade e a ação no bem são as forças indestrutíveis que nos farão felizes para sempre.
Mas não nos olvidemos de vigiar nossos pensamentos, palavras e atos, além de recordar sempre o aviso de um jovem galileu a seu discípulo que mais o amava e que, desembaiando sua espada, cortou a orelha de um dos carrascos do seu Mestre: 
— Pedro, embainha tua espada, pois todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão (Mateus, 26:51-52).
Em outra passagem do seu Evangelho de Amor, lembrou-nos o Cristo que não devemos temer os que matam o corpo, mas sim Aquele que tem poder para nos lançar no fogo simbólico do inferno de nossas almas culpadas (Lucas, 12:4-5). Esses nossos irmãos mal informados que julgam que estarão nos braços de Deus, ao se destruírem, após fazerem o mesmo com seu próximo, na realidade estão cavando, para si mesmos, um inferno que, se não é eterno, nem por isso mesmo é menos terrível, o da consciência culpada.
Homem, Deus está em tua consciência. Onde teu espírito estiver, ela, ferida por tua ignorância, repetirá, milhões de vezes, até que o arrependimento do mal que praticaste se desfaça pela reparação e pelo teu sincero desejo de praticar o bem:

— Caim, Caim, o que fizeste do teu irmão?!








domingo, 8 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 183 (jlo)

Bom dia, amigo leitor. Quero aproveitar este domingo seco e ensolarado de Brasília para lhe dar uma auspiciosa notícia. Morreu há poucos dias, no dia 4 de novembro, o filósofo francês René Girard, criador da mimese na representação da "origem da violência humana que desestrutura e reestrutura as sociedades", e da teoria do "bode expiatório" como justificativa da violência, presente no estudo literário do sagrado.
Ainda não pude entrevistá-lo, pois ele ainda está naquela fase de "confusão espiritual" que antecede o ingresso do lado de cá, e isso o deixa temporariamente um tanto quanto perturbado... É o que sucede com 99% da humanidade terrena, quando desencarna. De qualquer modo, essa confusão mental ainda é bem mais amena do que a do retorno do espírito à vida física, a qual só se completa aos sete anos, conforme dizem os psicólogos.
A essa altura você deve estar se perguntando: Será que o Machado ficou louco? Um filósofo morre e ele diz que isso é motivo de regozijo espiritual... louco... somente um louco para escrever ou falar uma coisa assim...
E eu me justifico com as palavras do Cristo: "Deixai aos mortos o cuidado de enterrar os seus mortos". O que morre é somente o corpo físico, a alma segue para o Além em seu corpo espiritual, como diz Paulo de Tarso: "Semeia-se corpo material, ressuscita-se corpo espiritual". Para vocês, a morte do corpo é algo triste e lamentável; para nós, porém, é uma forma de libertação, pois a vida real é a que ocorre no mundo das ideias, como já entrevira Platão. Então, por que lamentar os chamados mortos? Comemoremos sua libertação desse presídio chamado matéria e o ingresso na vida do espírito.
Do que foi dito, não se deve deduzir que você deve desprezar a vida física e desejar a "morte", meu caro leitor. A vida física, ou encarnação, tem uma finalidade nobre, que é nos tornar perfeitos, passo a passo. Por isso disse Jesus: "Sede perfeitos".  Quanto melhor a encarnação for aproveitada, mais estaremos contribuindo na construção de um mundo mais feliz para todos. Até mesmo devido a que voltaremos à carne num tempo que pode ser de imediato ou de séculos (KARDEC, A. O livro dos espíritos, questão 223). Afinal, "Se séculos de séculos são menos que um segundo relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?!" (KARDEC, A. A gênese, cap. VI, item 2). Enquanto a volta ao corpo físico não ocorre, os que estamos deste lado interagimos com os que estão desse lado sem violentar o livre-arbítrio de ninguém.
Para nós, mais importante do que estar aqui ou aí é o espírito, que é imortal, esforçar-se sempre em evoluir, pois é nisso que está a verdadeira felicidade. Para concluir, leia o que diz o sábio de Lion:

O homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, se conserva numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças.
O homem moral, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimenta gozos que o homem material desconhece. A moderação de seus desejos lhe dá ao Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem que faz, não há para ele decepções e as contrariedades lhe deslizam por sobre a alma, sem nenhuma impressão dolorosa deixarem. (Kardec, A.. O livro dos espíritos, comentários à questão 941).

Então, amigo leitor, melhor do que viver como os animais, pelo instinto, "morrendo de medo de morrer", é viver plenamente consciente de que a vida é sempre bela, onde quer que estejamos, se buscarmos sempre seu objetivo maior, segundo Kardec: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei". Mas não se esqueça, nossos maiores inimigos chamam-se egoísmo e orgulho; nossos melhores aliados são o amor e a humildade. É nisso que está a felicidade!
Estamos preparando uma grande festa para recebermos René Girard... quem "morrer" verá.

domingo, 1 de novembro de 2015

Em dia com o Machado 182 (jlo)

Amigo leitor, estive conversando com Darwin.
Isso mesmo que você entendeu, Charles Robert Darwin, conversou comigo sobre alguns reparos que fez na sua "teoria da evolução".
Disse-me, chorando, que se tivesse lido O Livro dos Espíritos (LE) e as demais obras da codificação espírita jamais teria dado a entender que o evolucionismo de sua teoria se contrapõe ao "criacionismo divino", pois Deus jamais cessa de criar e recriar mundos, estrelas, galáxias... e individualidades.
Agora quer retratar-se com Deus e a Terra, em relação a cada ponto decorrente de sua "descoberta", embora reconhecendo a grande contribuição de sua teoria, quando associada à revelação dos mensageiros daqui. Eis o que constatou, tão logo se despiu da veste física:
1.      Em relação à sua afirmação de que "todos os seres vivos remontam uns dos outros até a mais remota origem da vida na Terra", viu que não é bem assim...
O homem é uma mistura de cachorro, gato, macaco, foca, papagaio... Alguns incluem aí o cavalo, o bode, a onça, os vermes... Mas... e a anta... e o sapo? Oh! dúvida cruel...
Tudo isso faz parte de nossa natureza animal, mas "pela alma, nossa natureza é espiritual" (Para melhor entendimento, leia as questões 135, 592 e 605 do LE).
2.      Também dizia que "os seres vivos não foram criados independentes" e que "todos temos um ancestral comum". No espaço desmistificado do mundo espiritual, percebeu que essa ideia só é real no que diz respeito aos organismos físicos, mas no que tange à alma há considerável diferença, como se observa na resposta número 191 do LE, que evito reproduzir aqui para não lhe poupar o prazer de conferir ali.
3.      Constatou, então, que "a seleção natural, baseada na transmissão hereditária dos genes e favorecida pelo ambiente em que os organismos vivem" se aplica, exclusivamente, à evolução da matéria, pois há, no Universo, três elementos: Deus, espírito e matéria (q. 27 LE). O homem possui a mais que os demais seres da natureza a vontade e a inteligência superior, que lhe permitem transcender as limitações genéticas.
Isso ocorre em virtude de haver uma programação participativa, no mundo espiritual, pelo espírito humano, em relação ao novo corpo que tomará e que leva em conta o livre-arbítrio humano; entretanto, no que se refere aos animais, são os Espíritos encarregados por Deus de seus destinos que determinam como se dará seu retorno à vida física, pois seu senso moral não está desenvolvido... (questões 597 e 599 do LE).
4.      Então, Darwin percebeu que sua teoria, sem a revelação espírita, está incompleta, pois ele ignorou o princípio inteligente que rege a criação e a transformação espiritual da vida das criaturas, paralelamente ao desenvolvimento de seus organismos.
Leia a questão 540 d'O Livro dos Espíritos (LE) e você entenderá melhor o que lhe digo, meu caro leitor.
5.      Por fim, Charles convenceu-se de que, ao se referir à evolução humana, desconsiderou sua principal origem: a espiritual. Imaginara ter explicado tudo apenas com base na evolução dos corpos e, com isso, deu origem à falsa suposição sobre a inexistência de Deus...
Concluindo, disse-me que, nos primórdios de nossa evolução, trabalhamos pela própria melhoria, então o trabalho nos parece verdadeira expiação; porém, em estágio superior de evolução espiritual, obramos como auxiliares de Deus no aperfeiçoamento do universo que Ele cria e recria eternamente, mas a transformação depende de nós. Por isso, os Espíritos superiores não se cansam de nos lembrar:
"Deus conta contigo"; "Deus está dentro de ti". E Jesus confirma o que diz Davi:  "Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo" (Salmo, 82:6 e João, 10:34). Ou seja, criados para a luz, como o Cristo, somos filhos de Deus. Consequentemente...

  Salve, 18 de abril, Dia Nacional do Espiritismo (Irmão Jó) Foi no dia 18 de abril que Kardec, Na Cidade de Luz, em manhã memorável, Lança ...