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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Em dia com o Machado 213 (jlo)

Amigo leitor, deixemos a política para os políticos e falemos de assuntos que não causem tanta polêmica. Por exemplo: religião.
Não consultarei as Escrituras Sagradas em tudo o que escrever, mas o leitor ou leitora amantes da obra mais vendida no mundo hão de concordar comigo sobre o que lhes narrar. Ainda não sabe qual é a obra mais lida do mundo? Leia a Bíblia, irmão! Leia-a!, mas não se fanatize. Opte por quem pregou e praticou o amor: o Cristo.
Começo, portanto, pelo anúncio desse Profeta de que dia haveria em que a fé de muitos esfriaria. E por que isso ocorreria? Por causa do império da iniquidade, do egoísmo e da falta de amor no mundo. Entretanto, quem perseverar até o fim se salvará...
O grande problema da Humanidade, em todos os tempos, é o Materialismo.
Atualmente, na Terra, a Filosofia é materialista, a Ciência é materialista, a
Academia é materialista, os políticos são materialistas, os crentes são materialistas e até o materialista o é, o que não é novidade, bem sei, mas esse pelo menos é sincero.
O pior materialista é o que é hipócrita. É aquele que, dentro da Igreja, do Terreiro de Oxalá, da Loja Maçônica ou do Centro Espírita prega uma coisa, mas tão logo esteja fora do templo religioso muda de “religião”, pois apega-se à matéria e a todas as suas influências nefastas: egoísmo, poder, dinheiro, crime, mentira, inveja e luxúria. Os sete pecados capitais de todo mortal. Talvez eu tenha trocado algum, mas isso é um insignificante troco semântico... Ceci est simplement l’échange sémantique. Je n’y suis pour rien.
Há materialistas, entretanto, que só o são por não terem outra opção de vida. Deem-lhes uma fresta de luz num buraco de fechadura e eles ali se lançarão à procura da verdade. Exemplo disso é Nietzsche que, conheceu o Budismo e dali colheu muitos frutos auspiciosos e consoantes com sua filosofia niilista. Só não os propagou ao mundo como o desejara por que, antes disso, enlouqueceu e foi conferir, no campo santo, sua crença.
Deus, entretanto, ressuscitou-o à realidade dos Céus e o está reciclando para retornar à Terra dentro em breve, assim como já ocorreu com Victor Hugo e Emmanuel, entre outros grandes vultos, os quais se encontram em plena puberdade e se preparam para erradicar essa praga da face do orbe: o Materialismo e suas falsas facetas.
A religião, para ser verdadeira, tem que transformar o ser humano, esse primata que surgiu no mundo há seis milhões de anos, mas somente nos últimos dez mil anos vem adquirindo consciência de sua verdadeira destinação: a perfeição (Sede perfeitos, já dizia o Mestre). Mas modificar a pessoa não significa torná-la culta, é preciso fazê-la sábia. E o verdadeiro sábio é aquele que aprendeu que só há uma forma de ser feliz: fazer outrem feliz. E isso requer trabalho, educação, ética, disciplina e, principalmente, amor.
Não seja egoísta e apenas deseje ser amado: ame sem impor condições. Ame simplesmente. Quer mudar a sociedade? Ame. Quer ser sadio? Ame. Quer ser perfeito? Ame. Quer ser feliz? Ame. Quer ir para o “Céu”? Ame. Quer ser amado? Ame. 
Quando nós aprendermos isso, não gastaremos fortunas públicas em hotéis e restaurantes luxuosos, sob o pretexto de usufruirmos de direitos que não temos em relação às demais criaturas de Deus, que fingimos servir. Não mais mentiras; não mais apego ao poder; não mais impiedade; não mais bebês morrendo afogados em fuga de guerra e... Adeus, Materialismo. Tudo o mais é consequência da prática do Amor: A CARIDADE, ou seja, a melhor RELIGIÃO. 
Então, ame, ame, ame, ame, ame, ame, amem, amemos, amém.

terça-feira, 17 de maio de 2016



Em dia com o Machado 212 (jlo)

Amiga leitora, hoje narrar-lhe-ei minha recepção no mundo espiritual. Tão logo desencarnei, fui recebido por amigos e pessoas que, só após algum tempo, reconheci num hospital maravilhoso. Ao abrir os olhos, percebi a presença de equipe de médicos e enfermeiros cuidadosos ao lado de minha cama. Em seguida, ouvi uma voz, que logo identifiquei ser de Allan Kardec, me dizer:
— Levantai-vos, Machado, e abraçai vossos amigos e amigas que aqui estão. Eles representam uma multidão postada lá fora. Comigo estão Maria Inês, Victor Hugo, Shakespeare, Almeida Garret, Francisco Gonçalves Braga, Paula Brito, Manoel Antônio de Almeida, Gonçalves Dias, Castro Alves, José de Alencar, Francisca Júlia e esposo...
— Todos são-me caríssimos ao coração, mas...
Lendo-me o pensamento, ele respondeu-me:
— Carolina vos prepara a recepção em vosso lar, bela reprodução da casa do Cosme Velho, de tão felizes recordações para ambos, mas abraçar-vos-á em breve.
— Vê-la, abraçá-la e beijá-la é tudo o que eu mais desejo... Mas e meus pais, minha irmãzinha, falecida aos 4 aninhos, minha madrinha, onde estão?
— Reencarnaram... A vida continua, meu caro, em várias dimensões...
Após abraçar, um a um, todos os amigos e amigas, com destacada efusão de gratidão e reconhecimento a Maria Inês, bem como a Braga, Paula Brito e Manoel Antônio de Almeida, fui carregado no colo por todos aqueles amigos e amigas para fora do hospital. No pátio, uma orquestra tocava as belas músicas entoadas por grande número de cantoras líricas que tanto apreciei nos teatros cariocas.
Quando me aproximei, as músicas e cantos silenciaram para ouvirmos uma ovação e aplauso frenético da multidão que nos aguardava. Nesse momento, fui colocado no chão, e Kardec chamou-me, com um sorriso benevolente e compassivo:
— Vinde, Machado, subi neste palco para receberdes as justas homenagens à vossa obra imortal.
— Envergonhado, por ter escarnecido do Espiritismo e de tão elevada alma, cambaleei e quase caí. Mas ele amparou-me e disse bondoso:
— Não fiqueis encabulado, por nos ter chamado de “loucos”, “idiotas” e quejandos, em vossas crônicas. Tudo tem seu tempo e finalidade na Criação de Deus. Brevemente, o mundo receberá centenas de obras provindas daqui, por intermédio de extraordinários Espíritos e médiuns. E, por incrível que pareça, embora não tenhais chegado a conhecê-la, uma mineira de Juiz de Fora já se encontra pronta para começar o trabalho.
— Zilda Gama?
— Ela mesma — arrematou Victor Hugo entrando no nosso diálogo, para minha grata surpresa. Como precursora da grandiosa obra psicográfica que o Brasil e o mundo conhecerão, ditar-lhe-ei cinco belos romances...[1]
— Exatamente! — falou Kardec. E também estão programados, no Ministério das Comunicações desta cidade espiritual, a partir de 1912, uma série de comunicados meus por intermédio dessa mulher, antecessora no Brasil de um dos mais elevados médiuns de todos os tempos, que renascerá em Uberaba, Minas Gerais, em 1910... Quando eu começar a ditar minhas mensagens à Zildinha, ele já estará com dois aninhos. E prosseguirei, por vários anos, a ditar à Zilda orientações ao Movimento Espírita... Quando Chico estiver com 17 anos, cessarei meus comunicados à médium precursora desse missionário.[2]
— Como estamos em 1908, faltam apenas dois anos para o início do nascimento desse grande Espírito, ó Kardec. Diga-me algo mais sobre ele, mestre. Roguei-lhe, humilde.
— Trata-se de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, que futuramente será eleito “o maior brasileiro de todos os tempos”. Chico já está no Ministério da Reencarnação e será o continuador da obra do Consolador, guiado por Emmanuel, que se prepara para essa missão em esfera de alta elevação.
— Alguém mais o auxiliará nessa grandiosa tarefa cristã?
— Muitos médiuns anônimos e estudiosos da Doutrina Espírita estão sendo encaminhados à Terra para completarem meu trabalho; mas, no Brasil, ainda teremos as obras de dois gigantes da psicografia, Yvonne Pereira e Divaldo Franco. Este ainda continuará, por longos anos, a tarefa de divulgação espírita-cristã, pelo dom da oratória, que León Denis está começando...
Antes de iniciar seu pronunciamento, lembrei a Allan Kardec sobre o anúncio, em seus escritos póstumos, de previsão da sua reencarnação no início desse século XX, em que eu deixava a Terra. Gentilmente, ele me respondeu:
— Então não sabeis que imutável somente Deus o é? Esquecestes-vos de que me foi dito, também, que se eu não me incumbisse bem de minha tarefa outro me substituiria? Meu caro, ninguém, na Terra, é insubstituível...
— Quanta humildade... Pensava eu, quando Victor Hugo me tomou a palavra e disse:
— Pois é... Kardec foi tão bem em sua tarefa, que o Conselho Superior, representado por Santo Agostinho, São Luís, e o próprio Paulo de Tarso, entre outros elevados membros da equipe do Senhor, deu sua missão por concluída com louvor, sem que haja necessidade de seu retorno à carne. Isso porém não significa que a Doutrina Espírita esteja acabada e novas revelações sejam desnecessárias. A base é Jesus e Kardec, mas o edifício apenas começou a ser levantado...
— Isso mesmo, concluiu Allan Kardec, centenas de obras psicografadas pelos médiuns escolhidos pelo Senhor e outros mais, de grande elevação espiritual, concluirão minha obra. E você, Victor, dentro de um século, reencarnará, junto com grande número de enviados do Senhor para prosseguir nos trabalhos de regeneração do mundo.
— Nada mais ouvi, pois avistei Carolina se aproximar, sorrindo de alegria, e corri para seus braços...
No palco, um jovem trajado à moda romana, irradiando intensa luz, aproximou-se de Kardec e entregou-lhe pergaminho onde se lia o seguinte título: NO FUTURO[3].
Era Emmanuel... No horizonte, como se projetado por grande tela, Jesus nos contemplava, sorrindo, abraçado a Maria.






[1] Na sombra e na luz; Do calvário ao infinito; Redenção; Dor suprema e Almas crucificadas. Todas essas obras seriam psicografadas por Zilda Gama, a partir de 1916, publicadas e reeditadas pela Federação Espírita Brasileira até a época atual.
[2] Ver LOUREIRO, Carlos Bernardo.  As mulheres médiuns. Rio de Janeiro: FEB, 1996, p. 435 a 440. Obra esgotada e a ser reeditada pela FEB.
[3] XAVIER, Francisco Cândido. Pão nosso.  Rio de Janeiro: FEB, cap. 41.
Nota: embora baseada em fatos reais, esta crônica é fruto de pesquisa e dos devaneios literários de jlo.

terça-feira, 10 de maio de 2016



Em dia com o Machado 211 (jlo)

Amiga leitora e amigo leitor, hoje vou tratar de um assunto, ainda, tabu para muita gente: a reencarnação.
Não vou citar a conversa de Jesus com Nicodemos, mestre em Israel, na qual o Cristo lhe diz, claramente, ser necessário renascer “da água e do espírito” para entrar no Reino dos Céus. Tampouco vou narrar a passagem bíblica em que Jesus afirma a seus discípulos que João era Elias que retornava, mas “eles não o reconheceram e lhe fizeram o que bem entenderam”.
Leia a Bíblia sem preconceito e visão unilateral e verá ali essas informações e outras mais, que Severino Celestino da Silva cita em sua tradução desse livro sagrado.
Também não vou citar a grande bibliografia proveniente de cientistas atuais, alguns deles residindo nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, países que ainda hoje têm muita dificuldade em aceitar a reencarnação. Faça você mesmo uma pesquisa na internet e, se não for preconceituoso e mal-intencionado, com certeza ficará surpreendido com as inúmeras comprovações sobre o assunto nesses e noutros países.
Vou começar com uma pergunta de Kardec n’O livro dos espíritos: questão “166. Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar de depurar-se?” E a resposta foi a seguinte: “Sofrendo a prova de uma nova existência”.
Essa resposta deixou perplexo o pesquisador, pedagogo e escritor reconhecido na França, por ser descendente de família muito católica, mas depois de muito refletir e constatar que quem a dizia era um emissário do Cristo, não teve dúvidas em aceitá-la.
Ainda espantado, Kardec torna a perguntar: questão “167. Qual a finalidade da reencarnação? Resposta: Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde a justiça?” Imagine o leitor se todos nós estivéssemos sujeitos ao Inferno eterno, pelos erros praticados numa tão curta existência, por mais anos que se viva aqui na Terra. Quase ninguém escaparia das chamas eternas.
Nas questões que se seguem, os Espíritos do Senhor esclarecem, não somente a Kardec, mas a toda a Humanidade, que o aperfeiçoamento do Espírito ocorre a cada nova existência e que, desde que este já não possua “impurezas”, não necessitará mais de reencarnar. Ou seja, a reencarnação é uma demonstração da Justiça de Deus que, como o “Bom Pai”, sempre permite a seu filho novo retorno à “casa física” para se reabilitar perante as Suas Sábias Leis que esse filho violou.
Desse modo, pode-se tirar algumas conclusões: a primeira é a de que como espíritos impuros teremos de voltar à vida física, em outros corpos, para corrigir nossos erros passados, aparentemente impunes, pois da Terra não sairemos até que tenhamos resgatado todos os nossos débitos, como, aliás, foi dito por Jesus.
A segunda conclusão, que serve para tranquilizar os bons, é a de que, quanto mais aperfeiçoados formos, mais tempo permaneceremos no Mundo dos Espíritos, onde se pode viver muito mais feliz do que na vida material, nas “esferas superiores”, em sociedades bem mais justas do que as da Terra.
A terceira e penúltima conclusão é a de que, sendo a do Espirito a vida verdadeira, quanto mais imperfeitos formos, mais vezes teremos de reencarnar, para reparar nossos erros no corpo físico, e merecer essa vida eterna, embora também tenhamos de ir para regiões espirituais não muito agradáveis, no intervalo de cada existência. Porém, quando nos tornarmos puros, ingressaremos, para sempre, nessa vida maravilhosa, onde todos se amam e se respeitam.
Esses Espíritos superiores só excepcionalmente, e em missão elevada, reencarnam na Terra. São pessoas excepcionais, como alguns dos chamados santos, cientistas e filósofos, mas muitos deles passam quase despercebidos, na Terra, por sua grande humildade e amor ao próximo, como ocorre com diversas pessoas de nossas próprias famílias.
São homens e mulheres reconhecidos por sua vida voltada para auxiliar a família, a sociedade e a Humanidade com total desprendimento das coisas materiais. Podem ser analfabetos, mas, por onde passam, deixam um rastro de luz e de imensa alegria.
Por vezes, nem mesmo têm religião. Sua religião é o amor. Se políticos, são extremamente íntegros; se médicos, fazem da medicina um sacerdócio; se professores, preparam cidadãos e cidadãs de bem e mais educados do que instruídos; se donas de casa, seu lar é um recanto de paz, de ventura e bem-estar onde se educam almas para a vida honesta e equilibrada; se pais, seu senso de responsabilidade, trabalho em prol da casa, educação da prole, presença familiar, amizade e respeito a toda a família são exemplares; se operários, seu trabalho é admirado, pelo seu senso de responsabilidade, dedicação e honestidade. Enfim, são cidadãos e cidadãs do bem, no sentido real dessa palavra.
Assim, a última conclusão, que tranquilizará definitivamente os bons, é a de que quando, finalmente, nos tornarmos puros não mais precisaremos reencarnar, e nosso estado no chamado Céu será definitivo. Isso não significa que tais seres, também denominados anjos ou santos, não mais se ocupem dos que ainda estamos presos à matéria. Tudo, na lei de Deus, é perfeito. Portanto, se desejarmos sair do “Inferno”, que é aqui mesmo na Terra, para nunca mais aqui reencarnarmos, basta-nos seguir o conselho de Jesus: “Sede perfeitos...” (Mateus, 5:48).
O grande problema de muitos de nós, como ocorria com os fariseus da época de Jesus, é que ora adoramos a Deus, ora a Mamon, que significa, literalmente, “dinheiro”, riqueza material e todas as suas misérias morais consequentes a esse apego à matéria e ao poder. Por isso, o Cristo nos dizia: “Não se pode servir a dois senhores. Ou se serve a Deus ou a Mamon” (Lucas, 16:13).
Quando percebermos que somente uma coisa nos é necessária: a caridade, no sentido ensinado e vivenciado por Jesus, estaremos a caminho do Reino de Deus e nunca mais precisaremos voltar ao reino da Terra e suas misérias morais. Foi por isso que Jesus nos recomendou: amai-vos, tanto quanto eu vos amo.
Como disse Chico Xavier: “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo; mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. O nosso grande problema, ainda, é o de receitar isso ao próximo e viver atendendo às nossas paixões e insaciável desejo de poder e riquezas temporais, esquecidos de que somos apenas mordomos de Deus, de quem realmente emana todo o Poder.
A reencarnação não é mais necessária ao Espírito puro.
Você já se purificou, leitor? Se assim for, adeus! Um dia nos encontraremos no Céu, quando eu também for perfeito. O modelo está ao nosso alcance: Jesus Cristo!
Ah! você não quer saber desse assunto sobre reencarnação, pois se considera um poço de perdição, não quer se melhorar e nem pensa aqui retornar...
Então, vai pro Inferno!

Post-scriptum
Amigo leitor e leitora amiga, as palavras acima, da última frase, não são nossas, mas sim do articulista, o nobre Machado, que após concluída a crônica nos sugeriu acrescentá-las.
Não se magoe, pois, conosco, nem mesmo com o “Bruxo”, bastante conhecido por suas tiradas irônicas, humorísticas e satíricas.
Quanto ao restante, somos, sim, coautores. 

quarta-feira, 4 de maio de 2016



Em dia com o Machado 210 (jlo)

Amiga leitora, hoje falar-te-ei de uma síndica cínica, egocêntrica e mentirosa incorrigível, que há 25 anos age criminosamente em seu condomínio chamado Lisbra, nome de uma pessoa que era “pau pra toda obra” do condomínio 52 anos atrás.
Dizia a seu filho a mãe de Joteli: “— Meu filho, pau que nasce torto não tem jeito, morre torto”.
Até certo ponto, isso é verdade, caríssimo leitor. Antes, porém, lembrar-te-ei de uma frase dita por um melancólico professor de direito penal na universidade onde meu secretário bacharelou-se:
— Cadeia não corrige ninguém. A prisão é uma vingança da sociedade. Quando a pessoa quer se corrigir, a reclusão apenas serve para ela refletir em seus erros e tomar a decisão de não mais errar.
— E se o elemento não se decidir a isso, professor? Perguntou um aluno, policial civil.
— O cidadão — corrigiu o mestre—. Não use essa expressão policial aqui, pois estamos lidando com cidadãos, ainda que alguns deles estejam fora-da-lei. Nesse caso, o seu isolamento social de nada adiantará à própria regeneração. Pelo contrário, o convívio com outros marginalizados, tão revoltados quanto ele, o tornará ainda mais perigoso lá fora ao ser solto... temporariamente.
— Onde, então, está a resposta aos criminosos, professor? Questionou-lhe uma inteligente jovem.
— Na educação, mas não nessa educação ateia, que nos ensina que a morte é o fim da vida.
— Isso mesmo, professor, completou Joteli. Na educação que faz o ser humano refletir sobre as verdades divinas, confirmadas pelo Cristo, e que, por interesse próprio, os ateus negam.
— Caros alunos, estive refletindo bastante, na situação de pessoas incorrigíveis... Seu modo de agir é próprio de espíritos animalizados. Não que a metempsicose seja uma realidade. Não existe a possibilidade do espírito humano encarnar[1] em corpo de um macaco, cachorro, felino, rato, barata... Todavia, há milhões de anos, quando surgiram os antropoides na Terra, as almas que ocuparam tais corpos foram, antes, preparadas nos mundos ad-hoc em épocas diversas.
Todas as almas encarnaram, para sempre, nos corpos humanos, após sua passagem pelos reinos inferiores da Terra, mas as almas mais jovens surgiram entre nós quando as demais, de caçadoras passaram a coletoras e já possuíam a noção de que viver em sociedade, ajudando-se mutuamente, é muito melhor do que viver somente para o atendimento de seus instintos selvagens e assassinos.
— Daí — concluiu Hillary, a melhor aluna da turma — encontrarmos a grande maioria da humanidade atual em nível espiritual bem acima da minoria asselvajada que, distante do bem comum, formam suas tribos, pequenas, mas altamente nocivas às demais tribos já, por assim dizer, civilizadas. As almas revoltadas e perversas são ainda incipientes na Terra.
— E, por isso mesmo, insipientes, completou o professor.
Amigo leitor, essa teoria esclarece-nos o porquê de determinados seres, embora revestidos da roupagem humana, serem tão egocêntricos. Para eles, o que importa é a satisfação de seus instintos e ambições. Desse modo, todos os demais cidadãos devem se lhes subordinar. Isso explica, também, a razão de certas pessoas estarem tão fascinadas pelo poder. Sentem-se, não deuses, pois não acreditam nisso, mas seres únicos, após os quais pode vir o dilúvio...
Como disse o rei Luís XV da França, no século XVIII: “Après moi, le déluge”.
Tais cidadãos, quando alcançados pela justiça humana, tudo fazem para se passarem por vítimas. Utilizam a mentira, o roubo e até o assassinato, a fim de afastarem os que “atravancam seus caminhos”, como dizia o poeta Mário Quintana, uma vez que não acreditam numa justiça divina. O poeta, entretanto, se referia às pessoas ignorantes que o maltratavam e que ele, em sua “leveza moral”, suplantaria: “Todos esses que aí estão/ Atravancando o meu caminho/ Eles passarão.../ Mas eu passarinho”.
Vejamos como agem os seres primitivos aos quais me refiro e que necessitarão de inúmeras reencarnações até aprenderem que “o crime não compensa”. Certa ocasião, numa instituição religiosa que atendia pessoas idosas com programas de inclusão social e outras necessidades materiais e espirituais, um homem adentrou o recinto, de arma na mão, e disse à coordenadora do trabalho que se tratava de um assalto. Ela, então, suplicou-lhe humildemente:
— Tudo bem, mas poupe, ao menos as pessoas idosas que aqui estão, a maioria sem recursos, como o senhor...
Foi o mesmo que falar para uma parede de pedra. Após pegar-lhe a bolsa e outros pertences, o cidadão mandou que todos os idosos lhe entregassem tudo o que possuíam. Depois, foi embora tranquilamente com uma bolsa cheia de misérias e a consciência adormecida.
Outro dia, um assaltante de ônibus, ao ouvir o pedido de uma de suas vítimas para devolver-lhe ao menos os documentos, deu-lhe um violento soco no rosto como resposta.
Tais pessoas ainda estão, portanto, em nível tão animalizado que, para saciarem sua pouca ou nenhuma disposição para o estudo e o trabalho, julgam que é obrigação do mundo servi-las.
Outras criaturas, utilizam os recursos da ideologia materialista para atingirem seu objetivo de poder. Conquistado esse, utilizam-se dos atos mais torpes e inconsequentes para nele se manterem, ainda que prejudiquem toda uma nação e sejam as causadoras de milhares de crimes e de mortes.
Isso é próprio dos seres primitivos que, na satisfação de suas ambições pessoais, não se ocupam senão dos próprios interesses egocêntricos.
Todas essas pessoas ainda não perceberam que a lei de ação e reação não se aplica apenas aos fenômenos físicos, mas também às atitudes de cada um de nós.
Suas consciências, porém, ainda que passem uma vida adormecidas, um dia despertarão. Então...
E o que dizer dos psicopatas? Com certeza, uma sociedade elevada moralmente saberá identificá-los e tratá-los com o devido respeito e amor, sem, todavia, deixar que sua influência nefasta cause prejuízos a terceiros, assim como não nos expomos às feras.
“É necessário que haja escândalos, mas ai de quem os provocar”, disse o Messias Divino. Somos responsáveis por cada alma que prejudicarmos, creiamos ou não nisso.
Por hoje é só. Na próxima crônica, continuarei o relato da síndica, mas quem sabe não será preciso?
Acorda, povo brasileiro!




[1] Construção correta, segundo BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, p. 536.

  Salve (a) Botânica! (Irmão Jó) I Vem do grego  botane , a Botânica, Ramo setorial da Biologia Com significado, sim, de planta Que...