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quinta-feira, 23 de junho de 2016



Em dia com o Machado 216

— Sabe, Joteli, quando vivi na Terra, imaginava, na juventude, que o espírito não tinha forma, só ideias. Um dia, porém, reli a frase bíblica de Paulo de Tarso: “Semeia-se corpo animal, ressuscita-se corpo espiritual”. Daí por diante, passei a imaginar que viveríamos, no espaço, em um corpo fluídico mais belo e perfeito do que o corpo físico.
— Faltou-te, Mestre, uma leitura mais aprofundada dos livros espíritas de Allan Kardec. N’O livro dos médiuns, somos informados de que o tal “corpo espiritual” citado pelo apóstolo Paulo nada mais é do que o corpo principal de todos nós, ao qual Kardec denominou de perispírito. É ele que dá forma e molda o nosso corpo físico no mundo.
— Naturalmente, inepto secretário, você se recorda de como faleceu Brás Cubas, não é mesmo?
— Ele estava com a ideia fixa de inventar um remédio que aliviasse a humanidade da melancolia: o emplasto anti-hipocondríaco, que levaria seu nome. Daí, pegou uma pneumonia e morreu antes de concluir seu invento.
— Certo, o emplasto Brás Cubas. Panaceia para a cura de todos os males hipocondríacos. Entretanto, não te esqueças de que, antes que pela doença, nosso herói faleceu em virtude de um vento frio causador de uma pneumonia. Isso fê-lo deduzir ter morrido de uma grande ideia, pois esta foi quem, de fato, minou suas energias. Isso prova que todos os nossos males têm sua origem na alma. Só depois passam para o corpo espiritual de Paulo, ou perispírito de Kardec.
— Já em seu romance você demonstrara conhecer essa verdade, não é mesmo, Mestre?
— Evidentemente, pascácio! Todavia, ao retornar ao espaço metafísico, em que ainda me encontro, aprofundei meus estudos sobre o porquê das doenças no corpo físico; e o que descobri revolucionará a ciência terrena.
— Sempre com a mania de buscar a cura para os males terrenos, como Cubas, não é mesmo, ó, Machado!
— Meu caro, o emplasto Brás Cubas objetivava curar a hipocondria humana. Minha proposta é identificar a origem das doenças, ou seja, ir à sua verdadeira causa, que é a enfermidade da alma. Depois disso, a cura real estará a um passo...
— Como assim, Bruxo do Cosme Velho? Você quer dizer que não são as bactérias, os vírus ou mesmo as causas genéticas os provocadores de nossas doenças ou deformidades?
— Exatamente! Tudo isso não passa de efeitos agregados ao perispírito que já renasce predisposto às suas influências ou é atraído para os genes a que faz jus.
— Então...
— Isso mesmo. Sem abandonar os medicamentos de combate aos efeitos materiais nos corpos predisponentes, é necessário que os médicos se tornem, antes, profiláticos da alma.
— De que modo, ó ilustre guru!
— Promovendo o equilíbrio da alma, para que esta se liberte dos vibriões espirituais maléficos impregnados no perispírito de cada ser humano.
— Como podemos comprovar a verdade de suas informações?
— Ó, ignaro. Observe que, aí no mundo físico, cada ser reage de modo diferente às doenças. O que para um é “veneno”, para outro nada significa. De dois irmãos, nascidos dos mesmos pais, um deles possui muito mais propensão a certas doenças do que o outro.
Um é magro e saudável, mesmo se se alimenta pouco; o outro é corpulento, está sempre bem nutrido e disposto a comer bem, mas fica sempre doentinho. O mais franzino pode ser calmo, paciente em situações nas quais seu irmão é agitado, nervoso e vice-versa. Tudo isso, e mais, são reflexos das marcas impregnadas no perispírito. A inteligência precoce, as tendências diversas da alma, as deformações do corpo físico, o mongolismo... enfim, tudo o que afeta o corpo carnal nada mais é do que reflexo do desiquilíbrio desse corpo espiritual, o perispírito.
— Como curar-se, cada um de nós, desses males?
— Pelo tratamento espiritual e por uma educação que prepare o ser humano para a vida eterna e não apenas para uma efêmera existência. Essa é a verdadeira terapia. Ela começa pela terapêutica moral e continua pela intelectual de uma forma segura e sem dramas de consciência.
— E que igreja você recomenda para iniciar o tratamento moral?
— Nenhuma.
— ?
— Não existe instituição puramente religiosa, voltada para a exploração comercial terrena, que resolva esse problema. Sua iniciativa está na mais importante escola da alma: a família. Os pais ou responsáveis devem promover, no lar, a leitura das obras elevadas que cabe a cada um selecioná-las para si e sua casa; a realização de um culto do evangelho no lar. Também cabe aos governos promover, com o apoio da sociedade, o acesso de todos os cidadãos e cidadãs a escolas cujo princípio seja o do ecumenismo em relação às ideias elevadas já existentes na Terra, mas cujo expoente moral máximo chama-se Jesus Cristo.
— É, Machado, a cada dia aprendo um pouco mais sobre a ciência da alma com você...
— Aos que têm “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, apenas lembro que a promessa do Cristo de nos enviar o Consolador para nos esclarecer de tudo o que Ele não pudera nos dizer e ficar eternamente conosco materializou-se, na França, desde 18 de abril de 1857. Esse primeiro grande passo deu-se a partir de um único livro, depois desdobrado em outros quatro: O Livro dos Espíritos.
— Por que “dos Espíritos”, se ele foi escrito por Allan Kardec?
— Leia-o e saberá a resposta. Adianto-lhe apenas que o mais elevado de todos os seus autores se chama Espírito Verdade, mais conhecido, na Terra, como Jesus Cristo.

quarta-feira, 15 de junho de 2016


Em dia com o Machado 215 (jlo)

Não é novidade para ninguém saber que o mundo sofre de terrível epidemia moral. Ao lado de representantes da fé, como o Papa Francisco, que prega a tolerância religiosa e de ideias entre as sociedades e pessoas, vemos interpretações radicais que nos remetem aos tempos da barbárie na Terra.
Tal é o espanto das pessoas de bem com o estado moral atual que algumas delas chegam a duvidar de ter havido um progresso das civilizações hodiernas nesse sentido. Desse modo, as previsões catastróficas, proféticas, avolumam-se, o que não é difícil para quem acompanha as notícias que espocam em diversas mídias: rádio, TV, internet, jornais WhatsApp...
As notícias correm tão rápido que, se Moisés, Isaías, Jeremias, Jesus ou Maomé estivessem entre nós nem mesmo precisariam do intercâmbio divino para prever o futuro. Jesus tornaria, simplesmente, a reiterar suas palavras: “A cada dia basta o seu mal”. Moisés lembraria que a pior escravidão continua sendo a das almas e não a dos corpos, e Maomé diria que o Arcanjo Gabriel estaria arrependido de lhe ter anunciado o Alcorão.
Conta-se, atualmente, salvo outra previsão mais moderna, que a Terra estaria com os seus dias contados. As potências celestes teriam dado até um prazo, a pedido do Cristo, para que o mundo se redimisse e evitasse sua destruição: até 20 de julho de 2019. Caso contrário, a terceira guerra mundial destruiria quase toda a humanidade e todos os avanços científicos seriam reduzidos a nada.
Você duvida, leitor? Assista então à entrevista com o Chico Xavier no Pinga Fogo de 1971, dois anos após o homem ir à Lua. Naturalmente que, para a Espiritualidade Superior, não existe data fixa, mas é indiscutível que, no limite desse tempo (50 anos, a partir de 20 de julho de 1969) é preciso que a Humanidade não só progrida na área científica como em moral. Caso contrário, a possibilidade de autoexterminar-se é patente.
Isso foi dito há quase cinquenta anos, pelo “maior brasileiro de todos os tempos” que não ganhou o Prêmio Nobel da Paz porque é do Brasil, senão, o mundo o estaria reverenciando e respeitando como nunca.
Já naquela época, Chico disse que haverá dia em que a ciência promoverá a cura de todas as doenças, em vista do avanço da genética. E, atualmente, estamos perto de alcançar tal progresso científico. Mais algumas décadas, e chegaremos lá, se sobrevivermos à própria maldade e não provocarmos uma hecatombe bélica que extermine 4/5 da vida na Terra.
Naquele dia memorável de entrevista a uma rede de TV,  Chico Xavier anunciou mais: chegaria o dia em que teríamos acesso total às informações. Também isso é fato nos dias atuais.
Ele ainda nos falou sobre a existência de água na Lua, o que pareceu afirmação ridícula, já em sua época. Chico disse não somente que existia água, como ela poderia ser utilizada para a criação de “cidades de vidro” ou de “estufa”, de onde o homem estudaria a Via Láctea. Isso há quase cinco décadas. Hoje, sabe-se que existe água em nosso satélite...
Ah, você ainda não acredita, amável leitora?! Clique no vídeo postado por Joteli no facebook deste dia 15 de junho de 2016. Está tudo ali, nas palavras daquele que foi um dos maiores médiuns mundiais de todos os tempos, com a psicografia de 412 livros, até o dia em que se despediu desta vida: o humílimo Chico Xavier.
“Veja quem tem olhos de ver e ouça quem tem ouvidos de ouvir”, repetiria Jesus ainda agora.
Alea jacta est!

terça-feira, 7 de junho de 2016



Em dia com o Machado  214 (jlo)

Josias foi criado no interior de Goiás. Membro de prole com dez irmãos, era o do meio dentre os filhos de Cirila e Joaquim, que possuíam um sítio de 30 mil metros quadrados em Luziânia, GO. Na época, a única escola primária da região distava 20 km do sítio de seus pais e não havia facilidade de transporte pela estrada de terra até o colégio. Então, era comum que os parentes mais velhos ensinassem aos mais novos a cartilha e o alfabeto, para que estes possuíssem rudimentos do conhecimento, até que pudessem frequentar a escola...
Desse modo, uma prima mais velha de Josias foi encarregada de “educá-lo”, mas cumpriu sua missão com tal zelo que já na terceira aula o menino de seis anos foi dispensado para ajudar o pai na roça. A prima, que se chamava Charlott, usava uma régua de madeira, com 50cm de comprimento e, toda vez que o menino se confundia e esquecia o nome de uma letra ou a tabuada de multiplicar por seis, metia-lhe uma reguada na cabeça.
A criança, então, foi tida como caso perdido para os estudos, mas era excelente auxiliar do pai nos serviços de roça e ordenha de vacas. Quando cresceu, assumiu o posto de vaqueiro, no que era insuperável. Não lhe faltava boa alimentação e roupas que já não cabiam mais nos cinco irmãos mais velhos. Às vezes, mamãe Cirila precisava remendá-las com fazendas de outras cores de roupas, mas todos achavam muita graça nisso.
E a vida na roça continuava... continuava... continuava...
Josias cresceu e com isto também aumentou sua fama de defensor do meio ambiente, além de ter aprendido com seus pais a não falar palavrões e zelar para que seus irmãos também não os dissessem, em especial, os mais novos, pois a hierarquia de idade era bastante rígida na família. Ele também era admirado pela força, inclusive do caráter, e beleza física.
Certo dia, o vizinho emprestou-lhe duas juntas de bois, que eram utilizados para transportar frutos dos sítios e fazendas locais, na condição de realizar um desses serviços para o Sr. Joaquim, o pai de Josias, e depois emprestá-las a outro vizinho, para o mesmo serviço. Josias cumpriu o prometido e realizou o serviço para sua família, numa segunda-feira; no dia seguinte, levou as juntas para o outro vizinho servir-se delas, com a recomendação de este devolvê-las ao seu dono até a sexta-feira daquela semana.
Aconteceu, porém, que, uma semana depois, o dono das juntas reclamou com Josias sobre o não cumprimento do trato. Este não pensou duas vezes, foi ao sítio do outro vizinho, desatrelou as duas juntas de bois do carro deste e devolveu-as ao seu proprietário...
Ao perceber isso, o vizinho que retinha os bois, além do tempo razoável, como fora combinado, aborreceu-se com Josias e não mais lhe dirigiu palavra.
Duas semanas depois, um dos filhos desse vizinho, de apenas oito anos, afogou-se no rio local. Josias foi uma das primeiras pessoas a saber da notícia. Então, não pensou duas vezes, atirou-se na água com as roupas do corpo e salvou a criança.
Nem é preciso dizer que o pai do garoto se tornou seu melhor amigo e compadre.
Outro caso envolvendo Josias deu-se com um sobrinho, que lhe era vizinho. Entre suas casas, havia um pequeno pomar. Certo dia, seu sobrinho Lair atirava pedras em um passarinho, imóvel sobre um galho de uma mangueira. Tentou uma, duas, três vezes sem sucesso; até que, na quarta tentativa, derrubou a avezinha, que caiu morta no solo. Da janela de sua casa, Josias observava a arte do sobrinho de doze anos e lhe disse o seguinte: — Lair, você é mesmo ruim de pontaria... Só acertou a pobre avezinha porque ela já estava morrendo... Mas, Lair, por que matar passarinhos? Os animais também, como nós, são criaturas de Deus.
Lair ficou tão envergonhado do que fez que nunca mais maltratou qualquer animal.
Tempos após, Lair tropeçou numa pedra e disse um monte de palavrões e pragas. A menor delas foi: “maldita pedra”. Vendo a cena, o tio socorreu-o e recomendou-lhe:
— Lair, não diga palavras tão feias por ter tropeçado numa pedra. Ela nada tem com isso e nem sua dor vai diminuir, pelo contrário, ainda vai ser maior. Aprenda com a lição da pedra; da próxima vez, preste atenção por onde anda e você não mais se machucará.
Assim era Josias, protetor intransigente da Natureza. Essas e outras ações dele, que não media esforços em socorrer qualquer pessoa necessitada de seu auxílio, o fizeram ser conhecido como defensor da Natureza.
Josias casou-se, teve oito filhos, mas adoeceu e desencarnou aos cinquenta anos. Do Plano Espiritual, sempre buscava auxiliar a família que deixara órfã. Por ser espírita, sentia-se sobretudo atraído pela família de uma das filhas, também espírita, que realizava o culto do evangelho no lar em dia certo da semana. Durante anos, o Espírito Josias se fazia presente e era visto pelo marido da filha, o qual, sendo vidente e audiente, “conversava” com ele.
Até que, certo dia, Josias avisou ao casal de que estaria se desligando dessas visitas por ter sido convocado a frequentar um curso preparatório, haja vista sua necessidade de regressar à Terra, em novo corpo, para novos aprendizados após passar cinquenta anos no Plano Espiritual.
Dez anos após, um dos filhos casados dessa família tinha dois filhos, que estavam matriculados nos cursos primário e maternal de uma escola católica. Um deles, Marcos, tinha seis anos, e o outro, Jair, três. O mais velho era um pouco, digamos assim, relaxado em questões de limpeza e arrumação da casa. Ao se alimentar, deixava brinquedos, roupas e resíduos de comida espalhados pela casa inteira, que a empregada doméstica, pacientemente, limpava. O mais novo, por iniciativa própria, embora com metade da idade, chamava a atenção do irmão por sua falta de cuidados e demonstrava insatisfação com a desarrumação da casa, que, dentro do possível a uma criança de sua idade, tentava arrumar... Certo dia, a doméstica faltou ao serviço e a mãe o surpreendeu lavando as louças sujas que estavam sobre a pia da cozinha.
Em outra ocasião, após brincar com o irmão e o primo de dois anos, na casa dos avós, ao se despedirem, ante a indiferença das mães em guardarem os brinquedos espalhados pelo quarto onde se divertiram, Jair tomou a iniciativa de guardar todos os brinquedos espalhados pelo quarto, o que deixou as mães sem graça e logo estas se puseram a ajudá-lo.
Dias depois, ao ir pegá-lo e ao seu irmão no colégio católico onde estavam matriculados, seu pai observou, na saída da escola, um pedaço de cartolina recortado e dependurado no pescoço do Jair onde se lia: DEFENSOR DA NATUREZA.                       
Na ida dos três para o carro, o irmão mais velho pediu ao pai para este lhes comprar pipoca. O pai atendeu-o, colocou ambos os filhos no carro e recomendou-lhes:
— Não quero ver um só grão de pipoca no banco ou no chão do carro...
Ao também entrar no automóvel, o pai ouviu o filho menor, com a voz grave, dizer para o maior: — Marcos, você não ouviu o que disse o papai? Pegue a pipoca que você deixou cair!

Há tantos outros casos coincidentes nas histórias de Josias e Jair que, se fôssemos relatá-los todos, creio que nem ainda os livros do mundo inteiro os comportariam (ver: Evangelho de João, 21:25).   

  Quando o texto é escorreito (Irmão Jó)   Atento à escrita correta É o olho do revisor, Mas pôr tudo em linha certa É com o diagramador.   ...