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sábado, 30 de julho de 2016



Em dia com o Machado 222 (jlo)

Amigo leitor, hoje estou na contramão dos que lutam pelo poder, mas na direção dos que desejam servir para vir a ser... Proponho-lhe, então, dez regras para a sua felicidade. Começo pela que nos inspira a confiança e a estima dos que estão no comando:

Regra nª 1: Seja humilde e nunca fale mal de seus superiores ou suas superioras. Jamais brilhe mais que a autoridade, pois, como afirmou Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia”. Toda autoridade provém de Deus.

Regra nº 2: Não se deixe enganar pelas bajulações. Ouça, com atenção, as críticas, mesmo as mais injustas. Há sempre algo a melhorar em nós.

Regra nº 3: Seja transparente. Compartilhe seus conhecimentos para que todos aprendam com seu pouco saber. Que brilhe a sua luz, como propôs o Mestre, mas jamais ofusque a luz alheia.

Regra nº 4: Não se esqueça do ditado popular: “Quem fala muito, dá bom dia a cavalo”.

Regra nº 5: A inveja é uma fraqueza. Sempre haverá quem queira destruir sua reputação para lhe usurpar o lugar sem esforço. Evite essas pessoas, mas não deixe de servi-las, em toda a ocasião propícia, e com total desinteresse.

Regra nº 6: Evite exaltar-se, em público, após sucesso em alguma atividade profissional ou pessoal. Acautele-se contra os invejosos.

Regra nº 7: Não busque ser o foco das atenções a qualquer preço. Ainda que, neste mundo, as aparências contem mais do que o mérito real, seja sempre discreto. Quando realizar algo útil, não saiba o seu pé esquerdo o que faz o seu pé direito...

Regra nº 8: Esteja sempre alegre. Contagie-se com os otimistas e nunca se deixe influenciar pelos pessimistas. A cada expressão infeliz, contraponha outra, feliz.

Regra nº 9: Esforce-se em aprender e servir no limite de suas forças e possibilidades.

Regra nº 10: Memorize três frases fundamentais para uma vida feliz:
I – Não fazer o bem já é um mal.
II – A Luz Divina brilha em meu ser eterno.
III – Viver é aprender, e só aprende quem faz...





sábado, 23 de julho de 2016


Em dia com o Machado 221 (jlo)

Conta-nos o espírito Valérium que um cidadão filantropo, bondoso, mas cheio de cautelas, antes de ajudar algum necessitado, foi procurado por uma jovem humilde e bem vestida que lhe pediu, constrangida, ajuda para uma cirurgia urgente em cidade distante e de maiores recursos. O homem prometeu ajudá-la, mas antes solicitou uma sindicância sobre a real situação da moça. Cinco dias depois, soube que se tratava de pobre viúva. Pediu-lhe, então, que procurasse um médico amigo, o qual confirmou o diagnóstico e a necessidade urgente de cirurgia. O benfeitor ficou satisfeito e se propôs a socorrer a jovem, mas antes, temendo mau juízo dos vizinhos, julgou melhor esperar pela esposa dele, que voltaria de viagem na semana seguinte. Com a chegada da esposa, dirigiram-se à casa da pobre viúva; mas, ao chegarem lá, ficaram sabendo que ela falecera na véspera (VIEIRA, W. Bem-aventurados os simples. Ed. FEB, cap. 35). Moral da história: ajuda que chega tarde é recusa.
Manoel Bandeira disse, em seu poema intitulado O bicho, que ficou chocado ao ver um bicho-homem catar comida entre os detritos do pátio e devorá-la sem exame. 
A história, mais uma vez, se repete. Também eu, passando, hoje, por uma grande lixeira com sobras de alimentos e detritos malcheirosos, localizada à frente de alguns bares, observei não um, mas dois “bichos” revirando, catando e comendo xepas que lhes pareciam reaproveitáveis.
Era um casal jovem. O rapaz mordia vorazmente uma maçã e revirava o lixo, auxiliado pela moça.
Nenhum deles me viu, quando parei, poucos metros adiante, penalizado. Continuavam remexendo a lixeira, em busca de mais comida, quando me materializei a sua frente, tirei do bolso vinte reais e lhos ofereci. Agradeceram, comovidos, ao me ouvirem dizer com minha boca de agênere[1]: — Peguem o dinheiro e vão fazer um lanche saudável...
Afastei-me dali sem olhar para trás; mas, enquanto andava, lembrei-me de outra cena ocorrida há 120 anos... Deitado e abraçado em banco de mármore, à frente de minha casa no Cosme Velho, imaginei ver um casal de crianças. Pareciam dois anjinhos, belos e sujinhos, descalços e maltrapilhos, que sonhavam com um banquete no céu. O que a mim me parecia linda menina de cabelos longos, muito pretos, descobri, mais tarde, ser o menino de seis anos abraçado ao irmão de oito anos.
Penalizado, aproximei-me e perguntei-lhes o que faziam ali, dormindo abraçados, às 9h da manhã, quando o sol já se fazia forte. Respondeu-me o mais velho que ali estavam desde a noite anterior, quando sua mãe os deixara e voltara ao morro da Penha, onde os três moravam em pequeno barraco. Era costume daquela mãe usar suas crianças para esmolarem diariamente. Se nada conseguissem, tinham que dormir na rua... Então, levei-os a minha casa.
Ali, constatei a ausência de Carolina e, sem pensar no mau juízo que poderiam fazer de mim os vizinhos, pedi às crianças para se banharem, enquanto eu preparava um lanche para ambos, que comeram, depois, com muito gosto e gratidão.
Ali, ouvi, do mais velho, narrações do “arco da velha”, tais como o hábito de ensacarem e malocarem, em bueiros, dinheiro recebido; de fingirem-se de abandonados (e estavam mesmo!) para receberem ajuda, etc. Com menos de dez anos, já tinham vivido o que não vivemos durante toda uma vida...
Não satisfeito, levei-os a uma loja de roupas infantis, comprei uma muda de roupa e um par de calçado para cada um, dei-lhes algo mais que o dinheiro da passagem e lhes pedi para voltarem outro dia, na companhia da mãe, e quando Carolina estivesse em casa.
Dias depois, as crianças voltaram a procurar-me, vestidas com as roupinhas novas, mas sem a presença da mãe. Dessa vez Carola estava em casa e já sabia da história. Foi ao encontro dos meninos comigo e lhes demos mais uma modesta ajuda financeira... Agora, entretanto, Carolina, que trabalhava numa instituição de assistência social, lhes recomendou pedir a sua mãe para levá-los lá, onde a família seria convenientemente atendida e orientada...
Nunca mais voltaram.




[1] Agênere: espirito materializado, que se confunde com uma pessoa viva.

quarta-feira, 20 de julho de 2016



Em dia com o Machado 220 (jlo)

Amiga leitora, se considerarmos apenas os últimos dez mil anos da presença do ser humano na Terra, constataremos uma triste realidade: nenhum animal tem destruído tanto o meio ambiente e os demais seres vivos do que nós. Os outros animais também matam, mas por instinto de sobrevivência, enquanto o homem extermina com três objetivos: por “necessidade”, por prazer e por ignorância.
Por “necessidade”, matamos para nos alimentar das criaturas de Deus, que enxergamos como meros acepipes deliciosos em nossas mesas, tais como os bovinos, os caprinos, os suínos e os galináceos. Mate um cachorro ou um gato, ainda que seja para comer sua carne e verá se você não vai parar na cadeia. Mas se é um boi ou um cabrito... quanta diferença. Talvez por isso, um cidadão que estava ministro, no Brasil, tenha dito que “cachorro também é gente”.  
No entanto, os demais mamíferos sofrem tanto quanto nós, os gatos e os cachorros. O gado, quando vai para o matadouro, chora de dar dó... Veja, também, o desespero de um galináceo, cuja cabeça foi decepada... o corpo acéfalo continua correndo em desespero, até cair morto, segundos depois, longe da cabeça... A cena é chocante, porém, muitas pessoas acham graça... Afinal, a cabeça não é delas...
Mas então vem a pergunta que não quer calar: em que sentido o cachorro e o gato são superiores aos demais animais? Já há estudo comprovando ser o porco mais inteligente que o cão e qualquer outro dos citados animais.
Perguntamos, então, aos amigos dos cães e gatos se, porventura, esses sofrem mais do que os demais mamíferos assassinados e depois vorazmente comidos por nós.
Só que não...
Por prazer, mata-se quando se pretende divertir, na caça ou mesmo pesca e, ainda, principalmente, pelo desejo de lucro financeiro...
O lado negro do prazer é o de um psicopata divertir-se ao assassinar o próprio gênero humano, mesmo sabendo que também morrerá. Mas essa é apenas mais uma história de insanidade.
Quando o ser humano optou por se agregar, há milênios, ele já havia percebido que, em grupo, suas possibilidades de sobrevivência seriam muito maiores. E também sentiu, assim, sua superioridade sobre os indivíduos mais fracos como gostosa sensação de poder.
Surgiam, então, os pródromos do Estado.
Nos primórdios da Humanidade, a questão racial não era problema, pois toda a espécie humana teria surgido na África. Com as emigrações para os continentes europeus e asiáticos, tanto a raça, como o poderio bélico levaram alguns povos a dominar e a escravizar outros, como ocorreu com os egípcios que, durante vários séculos, fizeram dos hebreus seus escravos. Então, a questão não era a cor da pele, pois os egípcios, ao contrário dos seus servos hebreus, eram negros.
Muitos séculos após, eram os negros as vítimas dos brancos...
Todavia, as guerras de conquista não levavam em conta a tez do conquistado e sim sua inferioridade militar. A crueldade e poder do Estado associaram-se ao poder econômico, e as leis humanas sempre favoreceram os poderosos.
Ainda hoje, temos vários tipos de servidão: a sexual, a econômica, a ideológica (política e religiosa), além da racial e outras lembradas pela leitora, cuja memória é melhor do que a minha.
Os fenômenos naturais, entretanto, escapavam ao poder humano, pois tanto poderiam destruir o exército mais poderoso quanto o mais fraco. Então, o homem imaginou que, acima dele, havia deuses muito mais poderosos, a quem precisava servir, para não ser destruído. Nascia, assim, o animismo, o totemismo, depois, os deuses gregos e, por fim, com Moisés, veio a revelação de um só Deus.
Com a noção do Deus único a seres imperfeitos, esses consideraram, como os pagãos, adoradores de vários deuses, que seu Senhor era um deus guerreiro, vingativo e exclusivo do povo hebreu. Desse modo, todas as maldades praticadas pelos seus inimigos eram respondidas com crueldade igual ou pior, embora Moisés tenha recebido, mediunicamente, a “pedra dos Dez Mandamentos de Deus” que não fazia distinção alguma entre todos os seres, fossem eles humanos ou animais, no direito de viver.
Em suma, em sua ignorância, embora um dos dez mandamentos diga para não matar e outro aconselha a amar o próximo como a si mesmo, o ser humano, ainda na infância espiritual, continua revidando a violência pela violência, como o fazem os animais, com a diferença de que estes últimos agem assim por seu instinto de sobrevivência e nós, diferentemente, com o objetivo principal de conquistar poder e bens materiais. Os bens espirituais, para muitos, é apenas mais um pretexto para alcançar aqueles.
Esse mesmo Deus incompreendido pela Humanidade enviou-nos seu maior emissário, Jesus Cristo, para nos provar, primeiro, que a morte do corpo físico não extingue o espírito que o habita; segundo, que somente o amor e não a violência nos fará felizes; e terceiro, que a vida real é a do espírito imortal, responsável por todas as suas ações, sendo recompensado com o bem ou com o mal, conforme o que fizer e onde esteja. Por isso, dizia-nos Ele: ama o teu próximo como a ti mesmo. Não ajuntes tesouros na Terra, mas no Céu...
Infelizmente, por ainda não entender isso, parte diminuta da Humanidade, é certo, vem provocando o caos entre seus irmãos, tentando impor suas ideologias pela força. Nunca o conseguirão...
Outros, com base em noções equivocadas de que somente pela vingança resolverão suas diferenças com os seus inimigos, matam e morrem inutilmente, pois suas atitudes não alcançarão jamais o objetivo de mudar o que rechaçam com violência.
Pura ignorância, pois só Deus pode dar ou tirar a vida.
O ódio torna-nos irracionais. Como exemplo, temos o caso do cidadão americano negro que, antes de ser morto, matou três policiais, desejando fazer justiça pelas próprias mãos, ao tomar conhecimento da morte de algumas pessoas negras por policiais brancos. Nenhum dos três agentes assassinados por ele tinha algo a ver com a morte dos seus irmãos de raça. E, por ironia disso tudo, um deles era também negro, cidadão e pai de família exemplar.
Tudo isso nos faz lembrar estas palavras de Jesus: “É necessário que haja escândalos, mas ai daquele que os provoca”. Enquanto não aprendermos que “violência gera violência” e que o amor é lei universal, de cujo afastamento sofreremos graves danos, seremos os responsáveis por nossa própria infelicidade.

terça-feira, 12 de julho de 2016


Em dia com o Machado 219 (jlo)

Uma cidade destruída e vidas assassinadas, talvez no maior ataque já anunciado pela Imprensa a uma companhia de carros-fortes de São Paulo. O armamento utilizado por 40 ladrões faz parecer brincadeira de criança a história de Ali Babá e os quarenta ladrões. O poder bélico dos bandidos derrubou diversas edificações ao redor da empresa e fez buracos em paredes e postes tão grandes que, se as bombas nos acertassem, seríamos desintegrados. Aviões cairiam dos céus, como caiu o gavião na musiquinha infantil do “meu pintinho amarelinho”.
Curiosamente, um dia após essa notícia, passei com meu secretário à frente de um clube intitulado Grupamento de Fuzileiros Navais, situado às margens de uma “praia” de Brasília.
Já sei o que o amigo leitor está pensando: “Machado não é capaz de distinguir um quartel de um clube e um lago de um mar. Será que ele não percebeu que nada mais viu do que um quartel da Marinha à beira do lago de Brasília?”
Mas então eu lhe pergunto: Para que serve um quartel da Marinha onde não existe mar?
Estou sugerindo a meu secretário propor um curso de pós-graduação, após o atual, que ainda é o quarto que ele está para concluir. Que o próximo seja na área do direito, meu caro advogado. Tema: Para que servem as Forças Armadas nas grandes e pequenas urbes brasileiras, se nossas fronteiras estão entregues a contrabandistas de drogas e armas?
Já tenho até a sugestão do projeto, que começa pela extinção do Serviço Militar obrigatório e acaba pela profissionalização de todos os nossos militares. Para tal, basta que se repatrie metade dos trezentos bilhões de reais expatriados do Brasil e os invistam em construção de cidades nas fronteiras, com toda a infraestrutura para abrigar a família militar: hospitais, escolas, indústrias, comércios, clubes, parques e quartéis, muitos quartéis...
Algumas organizações militares já realizam, mesmo nas grandes cidades brasileiras, um belo trabalho, como o do Hospital das Forças Armadas, os colégios militares e os Batalhões de Engenharia, tais como o 4º Batalhão de Engenharia de Construção (4º BEC), situado em Barreiras, Bahia, há 600 km de Brasília, que foi responsável pela construção e asfaltamento da estrada rodoviária entre essas duas cidades, além de outras estradas e obras de conservação rodoviária importantes.
Outra organização militar de grande importância é o 1º Batalhão Ferroviário, que construiu, entre outras, a estrada entre São Joaquim, em Santa Catarina, e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul. Tudo isso, com início, fim e prestação de contas rigorosas na conclusão...
Só tem um detalhe: as obras de nossas Forças Armadas, como essas, não dão voto e não permitem corrupção, como ocorre com as atuais empreiteiras citadas na “Lava-Jato”.
Se eu fosse eleito presidente, manteria nas grandes cidades do país apenas os batalhões de engenharia e transferiria todos os quarteis, escolas e hospitais militares para as fronteiras brasileiras.
A segurança interna do país ficaria por conta das chamadas forças auxiliares: corpo de bombeiros, polícias civil e militar, além da polícia federal.
O que pensa da ideia, amiga leitora? Não é fantástica? Não, não sou fantasma, tal como Brás Cubas, sobrevivo também e posto minhas “memórias póstumas”...
Se nossas Forças Armadas vigiarem nossas fronteiras com um efetivo profissional motivado, bem remunerado, e sem essa de serviço militar obrigatório, duvido muito que assaltos a companhias de segurança com armamentos de guerra entrariam em nossas cidades.
— Joteli, reapresente seu projeto à Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. Vá por mim... Alea jacta est!
Acesse, abaixo, os hinos das nossas gloriosas Forças Armadas, sinta orgulho por viver num país continental como esse e pesar de ele ainda ser tão mal administrado e lesado.
Hino da Marinha: https://www.youtube.com/watch?v=NBRibScZ2V8
Hino da Aeronáutica: https://www.youtube.com/watch?v=NBRibScZ2V8

quarta-feira, 6 de julho de 2016



Em dia com o Machado 218 (jlo)

Leitor amigo hoje falar-te-ei sobre um assunto que muito te interessa: memória e inteligência. Como escrevo por meio do meu secretário meio desmemoriado, que resolveu colocar água no fogo para fazer um cafezinho para tomarmos dentro em pouco, pedi-lhe para anotar minhas ideias primeiro no papel, para não esquecer a água fervendo na chaleira, como já lhe ocorreu algumas vezes, em vista de seu avançado DNA (data de nascimento antigo).
— Combinado, mestre, tomarei nota com “um olho no padre e o outro na missa”. 
— Antes, olho na água e no papel, seu desmiolado.
Agora, ele parou, deu uma olhada na água, verificou que ainda não ferveu, jogou o café velho da garrafa no chão, deitou o açúcar na pia, colocou o pó na garrafa, o coador na água quente e voltou a sintonizar comigo com suas ideias obnubiladas.
Não ria, leitora, pois eu também, quando preso ao barro físico, precisava anotar tudo para não esquecer algo; inclusive anotava que era preciso anotar algo. Memória nunca foi meu forte.
Neste exato momento, o leitor de boa memória está tirando onda e falando com seu umbigo:
— Se fosse comigo, seria diferente, sou muito mais inteligente. Minha memória é excelente.
Até rimou, mas não me convenceu. Conheci gente de memória excepcional e, no entanto, verdadeiro estrupício em situações que testavam seus conhecimentos. Não gostavam de ler, detestavam escrever. Não conseguiam ficar muito tempo atentos a uma palestra ou aula... E o de que gostavam mais, em 1850, eram jogos de Super Mário Bros, ObamaCare, The Adventure Continues, etc.  
Xadrez? Nem pensar! Só mesmo a elite do Club Beethoven gostava desse jogo.
O gênio é como a luz. A do pirilampo ilumina apenas a si mesmo e sua passagem rápida pela noite. A da estrela, porém, é tanto mais intensa quanto maior é sua magnitude. Isso pouco tem a ver com o tamanho do astro ou com o tamanho da pessoa ou de sua cabeça; com meus pedidos de desculpas ao Rui Barbosa, que franze o cenho ao meu lado.
Cabeção!
A genialidade requer crescimento em outro sentido, aliado à capacidade criativa pessoal, que alimente seus devaneios, além da vontade incessante em aprender para melhor discernir...
Tudo isso, todavia, não basta. É preciso praticar o que se aprende, sem medo de errar, humildade em reconhecer seu erro e esforço em se corrigir... O verdadeiro sábio é, antes de mais nada, humilde.
Quanto à memória, como qualquer deficiência orgânica, pode ser melhorada com a ingestão de óleo de peixe, vitaminas e sais minerais.
Também não adianta ter boa memória e preguiça física e mental. Como disse Thomas Édson: “A genialidade é feita de noventa e nove por cento de transpiração e um por cento de inspiração”.
Por fim, lembra-me que conhecimento não é sinal de inteligência e, sim, de acúmulo de informações. O que faremos com isso é que faz a diferença. Há pessoas que acumulam diversos títulos acadêmicos, mas, na vida de relações práticas são verdadeiros fracassos. Falta-lhes traquejo...
Queres ser gênio, amigo leitor? Siga o conselho dos sábios: seja humilde, persistente nos estudos, nas boas obras e... cuidado! Não tentes enganar ninguém.
Com trabalho perseverante e incansável vontade de aprender, esforça-te para aplicar todos os teus conhecimentos na vida prática.
Por fim, seja criativo e autêntico, pois é isso que faz a diferença...
— Joteli!
— Diga, Machado.
— Acenda o fogo.
— Que fogo?
— Da água do café.

sábado, 2 de julho de 2016



Em dia com o Machado 217 (jlo)

Em meados do século XIX, eu era muito procurado por candidatos a concursos públicos, avaliados pela Escola de Promoção e de Seleção de Eventos (EPSE), para denunciar, na Gazeta de Notícias, as injustiças cometidas por essa instituição pública na correção de suas notas.
Nesse tempo, um dos mais notáveis advogados do Rio de Janeiro, que era meu amigo, costumava elaborar petições ao Ministério Público refutando os critérios de avaliação da EPSE. Entretanto... Deus, ó Deus! Envia novamente teu anjo Gabriel para esclarecer os ímpios de que Tu vês as suas falcatruas e alertá-los de que “nada há de encoberto, sobre a face da Terra, que um dia não seja descoberto”. O MP, entretanto, alegava não caber à justiça julgar os atos da Administração pública relacionados a critérios de avaliação de candidatos em seus concursos.
Pois bem, um dia, o presidente da escola, pressionado por meu amigo, resolveu mudar seus procedimentos avaliativos e atender os inúmeros reclamos de concursados sobre a falta de critérios avaliativos. O que para um avaliador merecia nota dez, para seu colega era zero certo. Desse modo, contratou-se um advogado, também de renomada, mas duvidosa reputação, com o fito de realizar estudos estabelecendo procedimentos equânimes nas correções textuais.
A partir desse dia... Misericórdia, Senhor! os candidatos deveriam abordar noções específicas relacionadas a um tema proposto, sem saberem quais dessas ideias tinham a obrigação de mencionar na redação.
Desde então, as autoridades corruptas descobriram a fórmula mágica para aprovar todos os seus medíocres e não menos desonestos futuros servidores públicos, do ascensorista de elevador ao procurador da república.
Como isso era possível, Machado? Perguntará a curiosa leitora, e a resposta é simples: bastava-lhes informar, previamente, a seus protegidos quais eram as três ideias a serem expressas na redação e lhes propor uma conclusão decorrente dessas noções.
Findo o concurso, para a avaliação dos textos, os professores indicados a esse mister receberiam um “gabarito” com a informação sobre a imposição de se enfocar aqueles tópicos. Desse modo, após preenchidas 70% das vagas com os “iluminados”, os 30% restantes de seres normais que aleatoriamente se aproximassem das “respostas previstas” completariam as vagas.
Essa foi a origem da expressão “apadrinhamento político”.
Quer um exemplo de como isso era feito? Em 1850, foi proposto o seguinte tema para preenchimento de vagas no Ministério da Fazenda: Escravidão, um bem ou um mal para o Brasil?
Agora leia, leitora amiga, o esquema conhecido apenas por 70% “eleitos pelo anjo Gabriel” e bem treinados para desenvolvê-lo com variações parafrásticas:
Introdução do primeiro parágrafo: “Antiguidade da servidão como justificativa à sua manutenção e benefícios para a produção agrícola, devido ao baixo custo dessa mão de obra”.
Desenvolvimento do segundo e terceiro parágrafos: 1. “Ruína financeira causada aos grandes fazendeiros, caso a escravidão fosse abolida”. 2. “Marginalização dos indivíduos libertos e desordem social causada por eles, devido ao aumento do número de desocupados nas ruas”.
Conclusão “esperada”: A escravidão é um bem imensurável para o Brasil e para os cidadãos. Para o nosso país, por elevar a produção agrícola, favorecendo a alimentação de qualidade do seu povo e a exportação dos excedentes. Para o cidadão, porque ela evita a vagabundagem e o crime, em consequência de uma atividade digna, pois “o trabalho move o mundo”.
Imagina, então, leitora indignada, o lucro dos donos de cursinhos participantes do esquema e como a “politicalha” engorda as contas dos bancos suíços.
Não há nada de novo sob o Sol, diz o Eclesiastes. Concorda comigo, leitor?
Nesse esquema, as mais brilhantes redações abolicionistas receberiam nota zero.

  Salve, 18 de abril, Dia Nacional do Espiritismo (Irmão Jó) Foi no dia 18 de abril que Kardec, Na Cidade de Luz, em manhã memorável, Lança ...