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sábado, 24 de dezembro de 2016



Em dia com o Machado 243 (jlo)

Arthur Conan Doyle foi o genial autor de Sherlock Holmes, famoso mundialmente, que se tornou espírita e recusou a maior distinção que alguém poderia receber do Império Britânico: “Par do Reino Unido da Grã-Bretanha”. O motivo? Não aceitou a condição que lhe foi imposta de “renunciar ao Espiritismo”. Seus testemunhos, até o fim de sua vida, podem ser lidos em obras como História do Espiritismo e A Nova Revelação, entre outras. Era médico, mas destacou-se na literatura mundial como poucos escritores.
Escreveu ele, em A Nova Revelação: “As religiões se mostram em grande parte petrificadas e decadentes, abafadas pelas fórmulas e sufocadas pelos mistérios. Podemos provar que não há necessidade nem de uma coisa nem de outra” (DOYLE, 1980, p. 115).
Ainda dele é a seguinte frase: “[...] se um homem é bondoso e humilde, não há porque temer pelo destino de sua alma, seja ou não membro de uma igreja organizada na Terra” (Id., introd.).
Neste fim de ano, em que tantas infelicidades terrenas vem provocando as ideias materialistas, é importante refletir no exemplo de almas de escol como a de Doyle. Por isso, propomos ao leitor de nossas singelas linhas mais duas frases, agora psicografadas pelo maior médium do século XX, Chico Xavier, que lhe foram ditadas pelo Espírito André Luiz:
A primeira é esta: “Melhore tudo dentro de você, para que tudo melhore ao redor dos seus passos” (XAVIER, 1990, p. 74).
A segunda, não menos importante, é a seguinte: “A obra de Jesus pede amor e colaboração, bondade e devotamento” (Id., p. 77).
Conan Doyle foi um exemplo de cristão-espírita ou neoespiritualista, como era vista a mensagem da “nova revelação” nos países anglo-saxões. Dedicou todo o seu amor e todo o seu empenho na divulgação dessa revelação pelos Espíritos enviados por Jesus, em sua terceira revelação. Exercitou a bondade, a humildade e o devotamento a essa causa até o fim de sua última encarnação, com renúncia a qualquer distinção, por mais alta que fosse, para se manter fiel à sua nova crença. Manteve-se firme na defesa e divulgação deste que é o maior legado que o Cristo nos proporcionou, como antídoto ao Materialismo: o Espiritismo, ou Nova Revelação, ou Consolador Divino que veio para nos livrar da ignorância, do fanatismo religioso e instaurar, definitivamente, o Reino do Cristo na Terra.
Com essas palavras, renovo aos meus leitores os votos de paz e saúde neste Natal e no próximo ano. E que se concretizem as nossas esperanças de um Novo Ano repleto de realizações no campo do bem, o nosso elevado entusiasmo, incansável devotamento e muita força de vontade para superar todos os novos desafios.
Até 2017!

Referências
DOYLE, Arthur Conan. A Nova Revelação. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.
______. História do Espiritismo. Tradução de Júlio Abreu Filho. São Paulo: Pensamento, 1994.
XAVIER, F. C. A Verdade Responde. Pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. São Paulo: Instituto Divulgação Editora André Luiz, 1990.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016



Em dia com o Machado 242 (jlo)

Perguntas que todo filósofo faz e muitos de nós também fazemos são as seguintes: Por que Deus permite que o mal sobressaia na Terra? Por que os homens são tão cruéis que tentam impor pela força suas ideias e ideologias, desrespeitando a fé alheia e praticando todo o tipo de atrocidade em nome de Deus, Alá, Jeová, Krishna ou seja lá o que considera seu deus? Em cada mensagem divina não impera o Amor? Se o objetivo da fé é nos fazer crer numa Entidade que nos criou para que nos amemos e não pratiquemos o mal, como explicar que alguns se considerem diferentes dos demais por crerem em um deus particular, que desejam impor a todos como o único verdadeiro e em quem se deve acreditar, sob pena de morrer brutalmente assassinado quem nele não crer?
Por se rebelarem contra tais deturpações da Lei Divina é que muitos filósofos concluíram, erradamente, que Deus não existe. Como não existe algo que desconhecemos? Procuremo-Lo em nossas consciências e perceberemos que Ele existe, sim. Observemos a perfeição da Natureza, sua beleza incomparável, que não é obra nossa e, pelo efeito, remontaremos à Causa, pois se todo efeito possui uma causa, um efeito inteligente só pode ter uma Causa inteligente, como deduziu, sabiamente, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que muitos ainda desconhecem.
Um grande número de poetas, filósofos e cientistas desertaram da vida por considerá-la sem sentido. Puro equívoco, o sentido da vida é o de nos submeter às provas materiais para que, transcendendo-as, nos espiritualizemos. Por isso, o profeta galileu nos recomendou: “Brilhe a vossa luz”. Por isso, deixou-se pregar numa cruz: para nos provar que o Espírito sobrevive à matéria. Desse modo, três dias após sua “morte desumana” ressurgiu do sepulcro e mostrou-se, não somente a seus discípulos, como também, tempo depois, a quinhentas pessoas, na Galileia. Ali, subiu novamente à montanha para renovar suas sublimes palavras:
— Bem-aventurados os que creem e mesmo os que duvidam, pois o reino de Deus não é somente para aqueles, mas para todos os que vivem para o bem sem qualquer outro objetivo a não ser o da alegria em ajudar o próximo, reflexo de si mesmos.
Reflitamos nisso e tenhamos um Natal sem ódio, sem ressentimento, mas com tolerância a todos os nossos irmãos em Humanidade, qualquer que seja a sua crença e mesmo que não a tenham.
Que em 2017 possamos contribuir com a melhoria do mundo, começando pelo esforço em sermos os primeiros a nos tornar melhores.
Concluamos nossas reflexões com o belo soneto de Auta de Sousa (psicografia de Chico Xavier em Parnaso de além-túmulo): O Senhor vem...

E eis que Ele chega sempre de mansinho.
Haja sol, faça frio ou tempestade;
Veste o manto do amor e da verdade,
E percorre o silêncio do caminho.

Vem ao nosso amargoso torvelinho,
Traz às sombras da vida a claridade,
E os próprios sofrimentos da impiedade
São as bênçãos de luz do seu carinho.

Como o Sol que dá vida sem alarde,
Vem o Senhor que nunca chega tarde,
E protege a miséria mais sombria.

Ele chega. E o amor se perpetua...
É por isso que o homem continua
Ressurgindo da treva a cada dia.
  
Ah, sim, Rivail, para quem não sabe, foi Allan Kardec... O Senhor é Jesus Cristo.
Boas Festas! 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016


Em dia com o Machado 241 (jlo)

Júlia publicou sua história e três verdades da vida, na revista Seleções deste mês, que desejo compartilhar consigo, leitora amiga. A primeira é a , a segunda é a família e a terceira é o amor.
Ela disse que contraíra câncer de ovário, embora fosse saudável, até então, praticante de natação diária e de ioga. Tem um casal de filhos pequenos, trabalha como apresentadora de TV e escritora.
Descobriu-se portadora de uma massa do tamanho de uma “bola de basquete”, que se encaixava entre o seu umbigo e a coluna, como se estivesse grávida. Naturalmente, passou pelas fases normais de pessoas em sua situação “terminal”: perplexidade, revolta e aceitação.
Ficou perplexa por perceber que, embora sendo pessoa de hábitos saudáveis, contraíra uma forma rara de câncer, com possibilidade de não viver até o Natal deste ano. Foi tomada de revolta quando refletiu na existência de seu casal de filhos, que, diariamente, arrumava com carinho e levava para a escola. O que seria deles sem ela? Por fim, isolou-se dos meios de comunicação, nos dias que antecederam à cirurgia para retirada dos tumores: um em cada ovário, aceitou...  
O sentimento inicial era de horror, mas a fé entrou em ação e, após muito orar, seguiu serena para a operação. A fé consolou-a, pois percebera que nossas vidas estão nas mãos de Deus, que, sendo Pai Amoroso, tudo faz em nosso benefício. A segunda verdade surgira no apoio recebido de toda a família, incluindo-se nela os fãs e amigos, com quem aprendeu a terceira verdade, a do amor.
Superou, assim, cinco horas de cirurgia, com complicações, e mais oito dias na UTI, quando teve visões como a de um músico de reggae, que se sentara calado em sua cama, a de seu irmão mais velho entrando na sala hospitalar ostentando três cabeças e, finalmente, vendo e ouvindo o barulho de chuva intermitente em torno de sua cama da enfermaria.
Por fim, no momento da alta hospitalar, a má e a boa notícia. A primeira foi a de que ela tivera um raro tipo de câncer que poderia reaparecer a qualquer tempo de sua vida. A segunda foi a de que a taxa de sobrevida, para quem tem esse câncer, é muito alta.
Durante todo esse período de luta contra a indesejada das gentes, o apoio de sua família foi maravilhoso, aliado à força da fé. Alguns parentes vieram de longe, prestar-lhe solidariedade e apoio, como a da pessoa que viajara 20 horas “só para lhe trazer um abraço”. E Júlia percebeu que “família é tudo”.
Por fim, a dinâmica e otimista mãe e profissional da mídia descobriu que o exercício do amor é fundamental para que nos sintamos bem conosco, com a nossa “tribo e família” e com Deus. Quando amamos e somos amados, podemos enfrentar todas as tempestades da vida sem temor pois, como diz este versículo do rei Davi:

“O Senhor é meu Pastor, e nada me faltará” (Salmo 23).

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Em dia com o Machado 240 (jlo)

Ao ser acordado, às 6h da manhã, por sua esposa, com a informação de que o avião que transportava todo o time da Chapecoense havia caído, disse Joteli: — Isso é triste demais! E não mais conseguiu dormir naquele dia.
Depois, emocionou-se até as lágrimas quando soube que apenas três jogadores do time haviam sobrevivido e um deles ainda ficaria sem a perna direita, além de correr o risco de perder o pé esquerdo, o goleiro Jackson Follmann, reserva do Marcos Danilo, herói do jogo anterior, que ainda fora salvo com vida, mas falecera a caminho do hospital.
Os outros dois são o zagueiro Neto, em estado crítico, no hospital, e o lateral Allan Ruschel, que não mais corre perigo de morte.
Também saudamos outro herói da sobrevivência, o jornalista Rafael Henzel.
Além desses brasileiros, somente se salvaram o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suárez, ambos bolivianos. De todos, Erwin é o que está em melhor condição física. Parece ter caído de uma bicicleta e não de um avião destroçado.
O acidente repercutiu em todo o mundo, mas a homenagem dos colombianos, que, imediatamente, pediram à CONMEBOL para concederem o título de campeão sul-americano ao time da Chapecoense foi comovente. É o que se chama, no esporte, de far play. Bela demonstração de respeito e desprendimento em favor do outro, que é tratado como amigo e não como adversário.
Na quarta-feira, que seria o dia da decisão, a torcida colombiana encheu o estádio com mais de 40.000 torcedores, que traziam na mão uma vela branca acessa e faixas, nas quais se lia: “Somos todos Chapecoense”, “Força Chape”, “Chape, campeã sul-americana”.
Os muros do estádio Atanásio Girardot, em Medellín, foram adornados de flores e iluminados por velas e faixas de encorajamento e solidariedade ao time dos bravos jogadores da Chape, juntamente com toda a tripulação, jornalistas, dirigentes... Balões verdes elevaram-se aos céus!
Jamais se viu coisa igual!
Na última segunda-feira, atendendo ao desejo unânime do time colombiano, a Chapecoense foi considerada campeã sul-americana de futebol, e o Atlético Nacional de Medelín recebeu o troféu do centenário da CONMEBOL pelo fair play concedido, numa demonstração de “espírito de paz, compreensão e jogo limpo”.
Aqui no Brasil, o que parecia impossível aconteceu: as torcidas de São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras se reuniram em linda e pacífica homenagem à Chapecoense e seus atletas mortos segundo a carne.
Que bom seria se não somente essas, mas todas as torcidas esportivas fizessem um pacto de não agressão e repúdio a qualquer tipo de violência, antes, durante e após as competições, a partir dessas manifestações comoventes e sinceras, que nos fazem lembrar as palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros!
E que, numa partida de futebol, vença o melhor, mas respeite-se o vencido, competindo-se sempre com lealdade e verdadeiro espírito esportivo, como tão bem soube demonstrar o Clube Atlético Nacional da Colômbia, país irmão a quem devemos eternamente nossa gratidão pela lição de solidariedade que nos prestou, repercutindo no mundo inteiro.
Fica aqui a sensação de que, nas tragédias, percebemos quanto somos frágeis, mas também quanto podemos nos fortalecer com os gestos de solidariedade e de amor recebidos. Isso acontece porque, nesses momentos, o sentido da palavra humanidade torna-se sinônimo de irmandade.



  Dia do Índio?  (Irmão Jó) Quando Cabral chegou neste país, quem dominava a terra eram tupis; Mas não havia autoridade aqui, predominava a ...