Em
dia com o Machado 260 (jlo) – 11 de outubro de 1885 (Balas de estalo)
Hás
de lembrar-te de minha adesão, completa e irrefutável, ao Espiritismo. Lerás
agora o plano que me ocorrera, antes de converter-me ao novo credo, e a
resposta que recebi dos Céus.
Meu
plano era investigar todos os fenômenos, sem preconceitos, antes de refutá-los
ou aceitá-los, com a coragem necessária para quebrar os milenares paradigmas
religiosos da Terra. Aceitei-os.
Faltava-me,
ainda, coragem para assumir minha crença, como o fiz na última crônica. Tão
logo associei-me ao Centro Espírita Delfos, na Rua do Espírito Santo, em São
Cristóvão, nesta Cidade Maravilhosa, mudei-me, com Carolina, para o bairro do
Cosme Velho, haja vista sua proximidade com aquela casa espírita.
Duvidas?
Pois fica sabendo, meu caroável amigo, que do Cosme Velho a São Cristóvão, via
Túnel Rebouças, são apenas 13,8 km. Esse túnel foi criado em homenagem ao amigo
André Rebouças, o maior engenheiro carioca do Século XIX, no meu entendimento.
O
que me aconteceu, a partir de então, foi algo extraordinário. Como te disse na
crônica passada, descobri que sou Laurence Sterne, o escritor inglês galhofeiro
do Século XVIII, reencarnado no Rio de Janeiro; mas agora tornei-me sério, e é de
coisas sérias que desejo falar-te.
O
Espiritismo, amigo, é a Filosofia, Ciência e Religião do futuro. Sua maior finalidade,
além de contribuir com a nossa evolução espiritual, é destruir o Materialismo,
como já vem ocorrendo nestes dias. Sua expansão dar-se-á em progressão
geométrica, ante as atuais descobertas da Ciência Quântica, que contribuirão
para a derrocada final do Ateísmo no Mundo.
Ainda
duvidas? Lê o que um mineirinho psicografou e foi ditado por três poetas do
Além. O primeiro soneto é de ninguém mais, ninguém menos que o Espírito
Alphonsus de Guimaraens. Compara. O mesmo estilo, a mesma elevação espiritual,
o mesmo simbolismo sublime do poeta da Terra está no poeta do Espaço Metafísico
em: Santa Virgo Virginum
Sobe
da Terra, em ondas luminosas,
Um
turbilhão de vozes e de lírios,
Buscando-vos
nas Luzes Harmoniosas,
Oh!
Virgem da Pureza e dos Martírios!
Imagens
de turíbulos e rosas
Aromatizam
todos os empíreos...
Há
na Terra canções maravilhosas
Entre
as luzes e as lágrimas dos círios.
Senhora,
o mundo inteiro vos festeja,
Em
magnificência ampla e radiosa,
Nos
altares simbólicos da Igreja!
Eis,
porém, que vos vejo nos caminhos,
Onde
a vossa virtude carinhosa
Consola
e ampara os fracos pobrezinhos...
Agora,
o mesmo psicógrafo, refiro-me a Chico Xavier, retransmite-nos a lira de Auta de
Sousa, a poetisa mística potiguar, autora da obra Horto, quando na vida física. Lê e delicia-te com a suavidade do
Espírito imortal, pela pena do “Mineiro do Século”, no soneto intitulado
Prece
Estendei
vossa mão bondosa e pura,
Mãe
querida dos fracos pecadores,
Aos
corações dos pobres sofredores
Mergulhados
nos prantos da amargura.
Derramai
vossa luz, toda esplendores,
Da
imensidade, da radiosa altura,
Da
região ditosa da ventura,
Sobre
a sombra dos cárceres das dores!
Ó
Mãe! excelsa Mãe de anjos celestes,
Mais
amor, desse amor que já nos destes,
Queremos
nós em cada novo dia;
Vós
que mudais em flores os espinhos,
Transformai
toda a treva dos caminhos
Em
clarões refulgentes de alegria.
Por
fim, para não te cansar, paciente leitor, brinda-te o vate português, Antero
de Quental, com o soneto post mortem
intitulado Rainha do Céu, e o Chico
registra fielmente seu apelo:
Excelsa
e sereníssima Senhora,
Que
sois toda Bondade e Complacência,
Que
espalhais os eflúvios da Clemência
Em
caminhos liriais feitos de aurora!...
Amparai
o que anseia, luta e chora,
No
labirinto amargo da existência.
Sede
a nossa divina providência
E
a nossa proteção de cada hora.
Oh!
Anjo Tutelar da Humanidade,
Que
espargis alegria e claridade
Sobre
o mundo de trevas e gemidos;
Vosso
amor, que enche os céus ilimitados,
É
a luz dos tristes e dos desterrados,
Esperança
dos pobres desvalidos!...
Esta
é uma pálida ideia do que as potências invisíveis vêm fazendo, há mais de um
século, pela literatura do Além, sem que haja qualquer plágio ou mistificação
do pobrezinho de Minas Gerais, o qual
jamais aceitou qualquer retribuição financeira, pelas mais de quatrocentas! obras mediúnicas captadas por sua antena
psíquica. Eu, mísero verme, a tudo isso e muito mais assisti do Centro Espírita
Delfos e agora compartilho contigo em reverência a nossa Mãe Santíssima.
O
Código Divino exige o império do amor sobre a Terra, e o amor de Nossa Senhora
é a representação do mais puro sentimento descido do Céu, o amor materno.
Cuido
mesmo que, se toda a nova revelação fosse derramada, de uma só vez, sobre ti,
leitor, ficarias cego com a luz sublime jorrada sobre a Humanidade neste tempo
apocalíptico.
Muito
mais cousas virão, em especial a partir de julho de 2017, segundo informações
mediúnicas que obtive no Delfos. Quem
viver verá e ouvirá.
Adeus!