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sexta-feira, 30 de junho de 2017



Amor à Primeira Vista  (Wislawa Szymborska. Poemas. Tradução: Regina Przybycien)

Ambos estão certos
De que uma paixão súbita os uniu.
É bela esta certeza,
mas ainda é mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
Nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?

Queria lhes perguntar,
se não se lembram —
numa porta giratória talvez
algum dia face a face?
um “desculpe” em meio à multidão?
uma voz que diz “é engano” ao telefone?

— mas conheço a resposta.

Não, não lembram.

Muito os espanta saber
que já faz tempo
o acaso brincava com eles.

Ainda não de todo preparado
para se transformar no seu destino
juntava-os e os separava
barrava-lhes o caminho
e abafava o riso
sumia de cena.

Houve marcas, sinais,
que importa se ilegíveis.
Quem sabe três anos atrás
ou terça-feira passada
uma certa folhinha voou
de um ombro a outro?
Algo foi perdido e recolhido.
Quem sabe se não foi uma bola
nos arbustos da infância?

Houve maçanetas e campainhas
onde a seu tempo
um toque se sobrepunha a outro.
As malas lado a lado no bagageiro.
Quem sabe numa noite o mesmo sonho
Que logo ao despertar esvaneceu.

Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto ao meio.

Disponível em: www.blogdacompanhia.com.br. Acesso em 30 jun. 2017.



terça-feira, 27 de junho de 2017



EM DIA COM O MACHADO 269 (jlo)

— Amigo Tonhão, quero agradecer-lhe pelo envio semanal de uma mensagem psicografada pelo melhor brasileiro de todos os tempos: Francisco Cândido Xavier, o nosso inolvidável Chico Xavier, como ficou mundialmente conhecido.
A última, que acabei de ler, versa sobre a proposta do Espírito Bezerra de Menezes, na lição 21 do livro Brilhe a vossa luz.
Afirma o amigo espiritual que o ensino divino não encontra guarida nos moldes tradicionais de combate, usualmente empregados na Terra. A Misericórdia Divina, prossegue Bezerra, não se coaduna com os processos, mais de vingança do que de correção, utilizados no mundo.
Aqui na Terra, o que se considera mal é repelido com críticas acerbas e “pragas”; a Lei Divina, todavia, propõe o revide à violência com o exercício “edificante do bem”. E prossegue o mentor espiritual com as sínteses propostas, que comentaremos, em relação aos modos de correção de rumos existentes na Suprema Vontade:
A primeira é esta: a correção da ignorância é a instrução. Ao que acrescento: Não essa “instrução” voltada para o cultivo de ideologias humanas equivocadas, mas aquela que se baseia nos Ensinamentos Crísticos, cuja lei áurea manda que “façamos a outrem tudo aquilo que desejamos que ele nos faça”; ou seja, que façamos sempre o bem. Para isso, é imprescindível conhecermos a lei de ação e reação que dá, segundo Jesus, “a cada um, segundo as suas obras”.
Ao ódio, contrapõe Bezerra o amor. Mas é preciso distinguirmos o que é amor. Ele não se confunde com o apego ou a paixão mundana, mas com um estado de perfeita identificação do próximo como nosso irmão.
E continua Bezerra, explicando de que modo Deus, nosso Pai, corrige seus filhos:

A necessidade: com o socorro;
O desequilíbrio: com o reajuste;
A ferida: com o bálsamo;
A dor: com o sedativo;
A doença: com o remédio;
A sombra: com a luz;
A fome: com o alimento;
O fogo: com a água;
A ofensa: com o perdão;
O desânimo: com a esperança;
A maldição: com a bênção.

Em seguida, termina o benfeitor amigo com este comentário iluminado:

Somente nós, as criaturas humanas, por vezes, acreditamos que um golpe seja capaz de sanar outro golpe. Simples ilusão. O mal não suprime o mal.
Em razão disso, Jesus nos recomenda amar os inimigos e nos adverte de que a única energia suscetível de remover o mal e extingui-lo é e será sempre a força suprema do bem.


            Como disse Pitágoras: "Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens". A verdadeira educação, entretanto, está calcada nas Verdades Eternas pregadas pelo Carpinteiro crucificado, que nos trouxe o modelo mais perfeito de formação integral do espírito, com a sua Boa-Nova, que reforçou n’O Evangelho Segundo o Espiritismo: “[...] amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

sexta-feira, 23 de junho de 2017



Em dia com o Machado 268 (jorge leite)

Amiga leitora, Humberto de Campos, em Cartas e crônicas, sob o pseudônimo Irmão X, no capítulo 19, intitulado Em torno da paz, narra a história de Anacleto, que acordara em dia claro, às 8h, e, antes de se levantar, pegou o Evangelho de João e leu a mensagem contida no capítulo 14:27, na qual o Mestre dizia: “Minha paz vos deixo, minha paz voz dou. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.
Encantado, Anacleto fez a promessa de viver em paz pelo resto da vida, como o Cristo recomendava, em todas as situações e com todas as pessoas. Mal se levantou, procurou o terno para vestir-se e ir trabalhar, mas a calça nova do terno estava rasgada.
Agastado, chamou a esposa, Horacina, que, aflita com a filhinha de colo doente, lamentou o ocorrido e exclamou:
— Que pena! eu estou ocupada com Soninha, com pneumonia, e não vi quando os meninos, à solta, rasgaram sua calça.
Sem se preocupar com a gravidade da doença da filhinha de meses, Anacleto gritou:
— É só o que você sabe dizer? Esquece-se de que paguei uma nota preta pela calça?
A esposa, humilde, nada respondeu. Abriu o guarda-roupas, pegou outra calça parecida com a   que fora rasgada e a entregou ao marido.
Não vou contar-lhe toda a história, amiga leitora, para não lhe tirar o prazer de lê-la na obra supracitada, mas outros três contratempos ocorreram, em seguida, antes de Anacleto entrar no ônibus que o transportaria ao trabalho. Em cada um deles, nosso herói se exasperou por demais, culminando por chamar de malditas todas as pessoas que atravancaram seus passos. Houvera lido o Poeminho do Contra, de Mário Quintana, após refletir na leitura da frase do Cristo, e seu dia teria sido de plena calma:

Todos esses que aí estão. 
Atravancando meu caminho,
Eles passarão... 
Eu passarinho! 

É então que a leitora, em relação ao incidente inicial contado, dirá:
— Ah, se fosse comigo! Eu mandava-lhe o pé na b... e dizia-lhe que o tempo da escravidão acabou. Ele que assumisse sua condição de pai e dividisse comigo a obrigação de educar nossos filhos. 
Pois é, Anacleto, os tempos mudaram! só você ainda não percebeu isso.
Mas é assim mesmo que as coisas acontecem, em nosso cotidiano. Somos testados a todo o tempo com base no que prometemos realizar e quase nunca o fazemos.
Só não percebemos isso porque julgamos que nos basta a teoria, a prática é problema alheio. Só adquire a sabedoria real aquele que alia ambas as coisas, como o Mestre recomendava:
 — “Observai e fazei tudo o que escribas e os fariseus fazem, mas não façais como eles, porque não praticam o que dizem” (Mateus, 23:3).



terça-feira, 13 de junho de 2017



EM DIA COM O MACHADO 267 (jorge leite)


Amigo leitor, vou narrar-lhe uma história que o deixará indignado, mas enquanto esse sentimento existir nos corações das pessoas de bem ainda haverá esperança para um mundo menos hipócrita.
Em certo país das Américas, há um tribunal chamado EST, cuja função principal é julgar, administrar e legislar tudo o que se relaciona com as eleições executivas e legislativas do país. It is the EST que averigua as condições de elegibilidade ou de inelegibilidade de um candidato a vereador, prefeito, deputado, senador, governador e presidente da república. A inelegibilidade decorre dos chamados crimes eleitorais, devidamente comprovados.
Caso seja constatada a responsabilidade de uma chapa eleitoral, o tribunal, por dever de ofício, deve cassá-la. Antes, porém, do julgamento, é nomeado um relator que, após minuciosa pesquisa dos fatos disponibilizados a todos os interessados, submete-o ao plenário do EST, composto de sete ministros, um dos quais é seu presidente e que também vota quando houver empate, por meio do chamado voto de Minerva.
E quem fiscaliza essas atividades do EST? O Ministério Público Federal e o povo.
No citado país, o poder é democrático, ou seja, o governo é do povo como reza sua Constituição, também chamada Carta Magna, Carta Maior, Lei Maior, Lei das Leis, Lei Suprema, Lei Básica, Carta da República, Texto Constitucional etc., etc., etc. E haja reza...
O poder político, exercido em nome do povo, o verdadeiro detentor desse poder, é exercido de duas formas, nessa democracia: direta ou indireta.
Falemos, inicialmente, da última dessas formas, a indireta, cujo exercício decorre da eleição de seus representantes que exercerão os cargos administrativos, fiscalizadores e legislativos por meio do voto. Os administradores são o presidente, os governadores e os prefeitos. Os legisladores são os parlamentares: vereadores, deputados e senadores. Todas as pessoas em condições legais de votar e ser votadas possuem direitos políticos, ou seja, podem escolher e ser escolhidas para o exercício de um dos cargos supracitados em cada legislatura.
Conclusão: é o povo que exerce o poder. Os governantes e legisladores são seus representantes. Quando o povo sai às ruas para manifestar sua insatisfação com algum governante, mas não quando alguns grupos agitadores, ligados a partidos políticos, se manifestam, é preciso fazer algo para atender sua vontade. Pois, repito, de acordo com o parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal da República Federativa do Brasil: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.
Agora, falando o português casto, e se o representante da chapa eleita nomeia para o TSE ministros para fiscalizarem a eleição na qual aquele é o presidente da República que, outrora vice-presidente, em chapa única, substituiu a presidente deposta a pedido do povo na maior manifestação popular PACÍFICA que se conhece no mundo?
E se, ainda assim, esses ministros, mesmo os que votaram a favor da não cassação, consideram que os crimes cometidos na eleição dessa chapa única são gravíssimos?
E se, exercendo o direito de seu voto de desempate a favor da chapa única contestada, que integrava o então vice-presidente da república, o presidente do TSE alega que não se cassa um chefe de governo a toda hora e vota pela permanência de quem já não representa a vontade popular, no poder, rejeitando um trabalho impecável do relator dos fatos probatórios de abuso de poder econômico e político na campanha eleitoral?
Isso não é uma vergonha? Você não se sente indignado com essa facécia infame?
Agora, e se, com base em sua prerrogativa de exercer o poder de forma direta, o povo, e não manifestantes políticos, como aquele o fez antes do afastamento da primeira mandatária desse governo espúrio, voltar às ruas e exigir a saída do presidente?
Duas consequências podem advir daí: instaurar-se uma ditadura no país, o que não seria bom para ninguém; ou ser feito um julgamento justo, posteriormente, por meio de um referendo em que o povo, manifestando sua indignação, possa rejeitar o mandato do atual presidente da República e de todos os políticos comprovadamente corruptos que infestam nossa nação.
É preciso uma limpeza ética profunda no Brasil, para que possamos ser, de fato, o “coração do mundo e a pátria do Evangelho”, como anunciou o Espírito Humberto de Campos, pela psicografia do inolvidável Chico Xavier.

Aguardemos os novos capítulos desta novela, amigos, e confiemos em Deus!

quarta-feira, 7 de junho de 2017




EM DIA COM O MACHADO 266 (Jorge leite)

Algumas coisas que não consigo entender no Brasil, meu inestimável amigo:
1ª - Por que as verbas destinadas a obras públicas não são do conhecimento do povo, que, desse modo, poderá fiscalizá-las?
Sugestão: Publicar o valor e a finalidade do repasse ou gasto federal, estadual e municipal, sempre que for destinada verba para construir qualquer obra ou atender às necessidades de investimentos em serviços públicos.
2ª - Por que os serviços públicos superfaturados não são denunciados pelos tribunais de conta antes que as pessoas (ir)responsáveis se apossem desse dinheiro e façam o uso que bem entenderem dele?
Sugestão: cobrar cada centavo desviado do fraudador e seus comparsas.
3ª - Por que a Administração Pública não adota uma isonomia salarial em todos os setores de atuação dos barnabés e também não exerce um rigoroso controle de atuação dos servidores públicos, com premiações e punições, em função de suas atividades profissionais em todas as esferas administrativas do Brasil?
Sugestão: Salário bruto máximo de trinta mil reais e mínimo de seis mil... Sem admissão de falácias e subterfúgios para majorar salários.
4ª - Por que os candidatos a cargos eletivos comprovadamente corruptos ou que legislam em causa própria continuam exercendo mandatos políticos?
Sugestão: Informar, nas propagandas eleitorais e pela internet, breve currículo do candidato, enfatizando sua ficha política, criminal ou seu nada consta.
5ª Por que o serviço público não é exercido, exclusivamente, por servidores concursados?
Sugestão: editar lei que estabeleça que nenhum servidor público, em qualquer esfera administrativa (Executivo, Legislativo e Judiciário), poderá ser nomeado para qualquer cargo, a não ser após aprovação e seleção no cargo vacante.
6ª - Por que o Governo não desmente as propagandas veiculadas na mídia, que informam ao cidadão comum, desprovido de meios comprobatórios da veracidade ou falsidade, de tais notícias, como, por exemplo, a de que o dinheiro arrecadado para pagamento aos aposentados e pensionistas é desviado para cobrir gastos estranhos a essa finalidade?
Sugestão: manter o controle que vem sendo feito brilhantemente pela Polícia Federal e Ministério Público, com a averiguação de todos os meios legais que provem a culpa ou inocência do acusado.
7ª - Por que tantos impostos e taxas em nosso país?  
Sugestão: Seria melhor que houvesse um só imposto, ainda que mensal, e nenhum outro tributo.
8ª - Por que tanto partido político, se é sabido que isso favorece a corrupção?
Sugestões:
1ª -A partir de agora e até o final do Governo Temer, não poderá haver mais do que cinco partidos políticos no Brasil.
2º - Para sanear os abusos econômicos provenientes da criação atual de grande número de partidos políticos, sugiro que os 35 partidos atuais existentes no Brasil sejam agregados em cinco, cada um incorporando, em sigla única, sete partidos dentre os existentes.
§ 1º Nenhum desses cinco partidos poderá abranger mais nem menos do que sete dos antigos partidos, mas, caso seja do interesse de alguma dessas antigas legendas, será admitida troca com qualquer outra legenda de qualquer dos cinco novos partidos, apenas uma única vez e no prazo máximo de seis meses.
§ 2º Os cinco novos partidos e as legendas a eles incorporadas serão os seguintes:
I. Partido dos Democratas Brasileiros (PDB): PMDB, DEM, PSDB, PMN, PHS, PPL e PODE;
II. Partidos dos Representantes do Trabalhador Brasileiro (PRTB): PT, PTB, PDT, PTC, PT do B, REDE e PCO;
III. Partido da Comunidade Socialista do Brasil (PCSB): PC do B, PSOL, PSD, PSB, PPS, PSTU e PSL.
IV. Partido da Diversidade Cultural (PDC): PSC, PV, PP, PCB, PEN, PMB e NOVO.
V. Partido Republicano do Progresso Social (PRPS):  PRP, PRB, PR, PROS, PSDC, PRTB e SD.
Sugestão final: O Congresso Brasileiro deverá propor Lei que torne obrigatórios os procedimentos da Administração Pública Federal, Estadual e Distrital com vistas a responder satisfatoriamente a todos os questionamentos dos itens 1 a 8 supracitados.
Disse Chico Xavier, agora nos Espaços Siderais, que “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas todos podemos começar agora e fazer um novo fim”.
Então, amigo leitor, envie esta crônica para, pelo menos, cinco pessoas conhecidas e peça-lhes que façam  o mesmo.
Você, filiado partidário, proponha ao seu honesto político “comprar” essa ideia. Cedo-a gratuitamente ao primeiro político honesto que a queira propor aos seus pares ou ímpares.
Clique aqui e leia em Partidos políticos registrados no TSE, para saber o significado de cada sigla que está citada em cada um dos cinco novos partidos propostos: http://www.tse.jus.br/partidos/ partidos-politicos/registrados-no-tse. Acesso em 06.06.17.
Em pouco tempo, o Brasil terá um novo governo e, consequentemente, já não será ficção científica esta expressão, muito comum no encerramento dos filmes da Warner Bros:

The End

quinta-feira, 1 de junho de 2017




Em dia com o Machado 265 (jorge leite)

— Há cerca de trinta anos, Machado, eu estava dentro de um supermercado da Asa Norte, em Brasília, procurando distraidamente um saco de leite e outros alimentos perecíveis para o sustento semanal de minha família. De repente, como que saída do nada, eis que uma jovem muito bonita, microfone na mão e acompanhada por um cinegrafista, me aborda com a seguinte pergunta:
— O que você acha, atualmente, do preço dos alimentos nos mercados de Brasília?
O susto foi imenso, mas, ante aquela figura angelical, balbuciei uma resposta mais ou menos assim:
— Bem, a vida não está fácil. O preço do leite está de matar...
Antes mesmo que eu continuasse a responder-lhe, a jovem agradeceu-me pela resposta e desapareceu, com seu colega de profissão.
— Hoje, quando voltava da academia, pela calçada quebrada que fica em frente ao bloco paralelo à Via W1, carregada de pés de jamelão, avistei, não uma linda jovem, mas um rapaz mais ou menos da idade que eu tinha há trinta anos. Vi-o, à minha frente, cerca de vinte metros. Tentou entrevistar uma senhora humilde que passava, mas esta esquivou-se da pergunta e seguiu seu caminho, assustada como eu ficara décadas atrás.
Atrás dessa senhora, vinha uma jovem, que estava à mesma distância que eu do jornalista e, como o alcançamos quase ao mesmo tempo, imaginei que ele optaria por entrevistá-la, mas enganei-me, e o entrevistado fui eu, agora já prevenido...
— Boa tarde, senhor, sou jornalista da TV Bandeirantes, qual é o seu nome?
— Chamo-me Joteli, para servi-lo. O que deseja? — perguntei-lhe, ansioso para que a entrevista durasse, ao menos, 15 minutos, não sei por quê.
— Quero saber sua opinião sobre as calçadas em frente aos blocos residenciais de Brasília, como esta em que estamos. O senhor não acha que está muito perigosa?
— De fato, a calçada está toda quebrada. Isso demonstra o descaso governamental com o dinheiro de nossos impostos. Imagine se uma pessoa idosa tropeça nesses pedaços de concretos. E não é só a calçada que está toda quebrada, há também buracos para todos os lados. Sem contar a péssima ideia de plantarem jamelões ao lado da calçada. Na época dessa fruta, nossos calçados ficam roxos, ao andarmos por aqui, pois ela cai e espalha-se calçada afora. Se isso se dá em Brasília, calcule como não deve ser nos outros estados...
— Sim, mas...
— Tudo isso na Capital! Imagine então, meu jovem, o que não ocorre nos milhares de municípios brasileiros, tendo em vista a corrupção endêmica que grassa pelo nosso país afora. É por isso que sou a favor de concurso público para preencher todas as vagas de emprego em todos os escalões governamentais.
Nosso país está desse jeito por permitir a nomeação exacerbada de pessoas para exercerem atividades profissionais que caberiam a concursados. Isso quando não fraudam os próprios concursos públicos, para nomearem seus parentes, amigos e amigos dos seus amigos... Por vezes, abrem concursos, sem a mínima necessidade, apenas para arrecadar dinheiro, como ocorreu com o do IBAMA, em que meu genro foi aprovado em primeiro lugar, dentre todos os candidatos do Brasil, mas nunca foi nomeado. E quando se apela para a Justiça...
— Certo, mas...
— Enquanto não for mudada a mentalidade do brasileiro e não se instituir a obrigatoriedade de preenchimento de vagas, por concursos públicos idôneos, em todas as áreas de atividade social, nos municípios, estados e federação, o descaso com o dinheiro arrecadado com os nossos impostos continuará permitindo falcatruas e acordos espúrios de nossos governantes com empresários desonestos.
— Mas...
— Ainda tem mais, esse governo não nos representa. Tenta blindar políticos corruptos, nomeando Fulano de Tal ministro, para que ele não seja preso, e dando status de ministro a deputado amigo do presidente, para que o parlamentar não opte pela delação premiada...
— Entretanto...
— Entretanto, nossa ex-presidenta foi impedida desse ato, quando o governo anterior tentou nomear ministro um ex-torneiro mecânico, cuja digna profissão eu também exerci na Light, no Rio de Janeiro, nos anos de 1966 a 1968, embora eu não tivesse a mesma verborragia de palanques eleitorais e muito menos vocação para a política... Enfim, isso é uma vergonha! – como diria Boris Casoy, agora na REDETV NEWS.
Fazer propaganda do canal concorrente foi demais para o jovem jornalista, que encerrou a entrevista na hora.
— Joteli, esgotaste teus quinze minutos de glória. Agora, toma um piparote e cala-te, falastrão!
— Desculpa, amigo Machado, mas enquanto houver indignação neste país ele ainda tem jeito. 

  Quando o texto é escorreito (Irmão Jó)   Atento à escrita correta É o olho do revisor, Mas pôr tudo em linha certa É com o diagramador.   ...