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domingo, 24 de setembro de 2017


Em dia com o Machado 282 (jÓ)

— Amigo Machado, andam dizendo por aí que a Federação Espírita Brasileira (FEB) não representa o Espiritismo no Brasil. Que você acha disso?
— Cada um tem o direito de expressar sua opinião como queira, meu caro Joteli. Mas isso não significa ser o dono da verdade, cuja posse, por atribuição divina, cabe unicamente a Jesus Cristo. Aliás, quem apoia tal opinião, por vezes contraditória, quer um Espiritismo puramente filosófico e científico, contrariando o caráter religioso da Doutrina Espírita. Acrescento, ainda, que, sendo o Espiritismo uma crença baseada na razão e contrária à restrição da liberdade de consciência, não há qualquer instituição, no Brasil e no Mundo, que tenha autoridade para impor posicionamento radical sobre qualquer dos seus postulados. Não existe dogma no Espiritismo.
— Então, o programa febiano...
— É o do Cristo e de seus enviados, sejam eles encarnados ou desencarnados, desde que não contrariem Jesus e a Doutrina Espírita na forma revelada pelos espíritos a Allan Kardec.
— E a frase do espírito Emmanuel a Chico de que, se aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, o grande médium mineiro deveria ficar com estes?
— Você conhece uma figura de linguagem chamada metonímia? Mais precisamente, a figura em que o nome do autor substitui a obra?
— Ah, sim, agora entendi. Emmanuel se referia à doutrina de Jesus e a dos espíritos seus enviados, ao citar Kardec...
— Isso mesmo, Joteli, embora espírito de alta elevação, como homem, Kardec não era infalível, qual o foi Jesus, e, por isso mesmo, com toda a humildade, afirmou, alto e bom som: A DOUTRINA É DOS ESPÍRITOS, COUBE A MIM APENAS SUA SISTEMATIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO METODOLÓGICA, além da hermenêutica pessoal.
— Desse modo, Bruxo amigo, só devemos crer nas respostas e comentários dos espíritos contidos nas obras básicas do Espiritismo, certo?
— Alto lá! Já dizia Paulo de Tarso, há dois mil anos: “Não extingais o Espírito; não desprezeis as profecias. Discerni tudo e ficai com o que é bom. Guardai-vos de toda espécie de mal.” (Bíblia de Jerusalém, I Tessalonicenses, 5: 19- 22); e seu discípulo Erasto, em O livro dos médiuns (LM), recomenda: “É preferível rejeitar dez verdades do que aceitar uma única mentira, uma só teoria errônea” (LM, cap. XX, it. 230).
— Ah, então, deduzo que a FEB foi criada “não para dogmatizar, mas apenas para se fazer o fulcro de propagação da mensagem de Allan Kardec, toda ela calcada nos postulados do Cristianismo”,[1] como afirmou, certa vez, Luciano dos Anjos, meu amigo Bruxo?
— Exatamente, estive lá, algumas vezes, no século XIX, e pude testemunhar esse propósito elevado da Casa-Mater do Espiritismo no Brasil, segundo revelação dos enviados de Jesus: Ismael, Emmanuel, Humberto de Campos etc. 
— Machado, meu bom amigo, por que a FEB não responde a seus difamadores?
— Deixo a palavra final com o nobre Luciano dos Anjos:

[...] ela não se envolve em questões políticas, em assuntos pessoais, em acontecimentos que possam degenerar em escândalo ou desmoralização. Às vezes mal compreendida pelos menos serenos e menos prudentes; não é o que lhe basta, porém, para se desviar da sua tradicional linha de conduta e de comportamento autenticamente cristãos. Por isso, pode haver os que, desavisados, acabem sendo motivo de vergonha e decepção; mas esses labéus não a atingem nunca, na posição altaneira de comedimento em que sistematicamente se coloca. (ANJOS, 1975. Op. cit, loc. cit).





[1] In: Crônicas de um e de outro — de Kennedy ao homem artificial. Rio de Janeiro: FEB, 1975, cap. 29).

domingo, 17 de setembro de 2017



Em dia com o Machado 281 (Jó)

Estive dando uma volta por aí. Sabe o que encontrei, amigo Joteli? Uma exposição de artes que faria vergonha à artista plástica Anita Malfatti quando ela expôs, em São Paulo, no ano de 1917, suas 53 obras com pinturas à moda da vanguarda europeia. Seu trabalho deu início às pinturas cubista e expressionista no Brasil; entretanto, Monteiro Lobato, ao avaliar a exposição da jovem pintora, publicou artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação?”, com apropriadas críticas às pinturas de Anita, no meu entendimento.
Como transito livremente do passado ao futuro, fui ver a atual exposição Queer museum: cartografias da diferença na arte brasileira, do Santander, no Rio Grande do Sul, neste mês. O homem nu de costas, da tela intitulada “Torso/Ritmo”, pintada por Anita, em 1915- 16, coraria de vergonha ao virar-se e ver o atual quadro exposto: não o simples nu artístico, mas cenas de sexo explícito depravado.
Imagine, amigo, o que pensaria uma criança vendo as cenas devassas da amostra gaúcha. As imagens sodomasoquistas são pintadas em quadros que induzem pessoas alienadas moralmente a considerar normal o que, desde sempre, é julgado imoral...
O Santander agiu bem em cancelar tais exposições, após o clamor social indignado contra essas aberrações, consideradas por seus cultivadores como “obra de arte”. A própria coordenadora do Movimento Brasil Livre (MBL), Paula Cassol, afirmou não entender “isso como obra de arte”. E disse também que nossas crianças não podem ficar expostas a tais desvios da sexualidade.
Antes de qualquer manifestação contra sua ideia, considerando que, atualmente, toda criança pode ter acesso aos mais diversificados tipos de publicação na internet, explico por que sou contrário a tal opinião.
Uma coisa é a liberdade de informações e vídeos publicados pela rede mundial, cabendo aos pais e responsáveis bloquear o acesso a tais programas por seus filhos incapazes; outra, bem diversa, é expor em quadros, publicamente, representações de atos de zoofilia, pedofilia, sadismo e masoquismo.
Quando esses lixos culturais forem lançados ao monturo, de onde nunca deveriam sair; quando as pessoas de bem, enojadas dessas perversões morais, se unirem contra isso; quando a arte sadia for restabelecida como manifestação do belo, a época atual será tida como a Idade das Trevas Artísticas.
É por isso que lhe anunciei, em crônica passada, a reencarnação dos verdadeiros gênios das artes... Muitos deles, ainda crianças, já se manifestam, em diversos vídeos do YouTube, deixando pasmos os apresentadores de talk show.
As exposições atuais de obras pornográficas vão passar. Em seu lugar, voltarão as belas e eternas obras do espírito, verdadeiras manifestações culturais de um mundo que já caminha para a superação da animalidade.
Essa certeza, amigo Joteli, você terá com a seguinte afirmação de Allan Kardec: “Assim como a arte cristã sucedeu à arte pagã, transformando-a, a arte espírita será o complemento e a transformação da arte cristã”.
Eu apenas substituiria “arte espírita” por “espiritualista”, na qual se insere aquela. Pintura de qualidade é o que se pode ver neste link: http://www.pinturasemtela.com.br/almeida-junior-pintor-brasileiro-do-realismo-e-naturalismo/.
No campo da música, clique aqui e assista à apresentação de duas cantoras mirins reencarnadas, que nos brindam com sua linda interpretação: https://www.youtube.com/watch?v=TnbuJpiAUnI.
— É... Machado, pelo visto, você ainda está na época do realismo!

— Antes, nunca a tivéssemos deixado, Joteli. “Pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói” (Quincas Borba).


segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Em dia com o Machado 280 (jÓ)

— Amigo Joteli, há um adágio que diz, mais ou menos, assim: “O que não nos mata nos engorda”.
— E por que te lembraste desse brocardo, amigo Bruxo?
— Porque algumas pessoas ficaram alarmadas com o que jovem barbudo, “ex-espírita”, vem falando no YouTube...
— Ora, Machado, não te preocupes com isso...
— Certamente, meu nobre amigo... Antes, peço-te desculpas por chamar-te, por vezes, de “inútil”, “inepto” e outros adjetivos pouco louváveis.
— Deixa disso, Bruxo amigo, sei que não falas sério... Uma de minhas filhas, também, por chiste, apelida-me de “maluco”; e eu ainda confirmo... Mas, continua, explica-me a razão de tua citação proverbial, na primeira frase, acima.
— Ouvi as últimas gravações do nosso amigo e percebi que ele é pretensioso e jamais se poderia dizer espírita, na verdadeira acepção dessa palavra; pois a tolerância deve ser a primeira qualidade do verdadeiro espírita. Em seguida, está a solidariedade e, por fim, o trabalho desinteressado no bem.
— Por que motivo chegaste a tais conclusões sobre nosso irmão, Machado?
— Porque tudo o que ele expôs, em diversos vídeos, antes de se anunciar “ex-espírita” foram críticas. Critica Kardec e sua obra; critica Chico Xavier, Divaldo Franco, Haroldo Dias e, por fim, acusa a mensagem espírita de “lavagem cerebral”... Embora sua empáfia de, pretensamente, possuir “grande sabedoria”, quase tudo que fala pode ser refutado por quem conheça o Espiritismo e esteja disposto, seriamente, a melhorar-se...
— Pois, meu caro Mago, nada no mundo me fará “arredar pé” dessa Filosofia, cujo objetivo (que ele nunca quis crer) é o de restaurar o Cristianismo em sua pureza inicial. Além de esclarecer muitos pontos da Boa-Nova de Jesus, com base em sua promessa anotada por João, 14:16 a 18, visando nossa melhoria moral e felicidade.
—Mas, Joteli: Comment vous êtes arrivé à cette conviction?
— Primeiramente, seria muita pretensão minha julgar que sei muito mais do que o Codificador do Espiritismo, como assegura, sobre si, o nosso irmão. Segundo, a Doutrina não é daquele, e, sim, dos Espíritos, como Allan Kardec o reconheceu humildemente. Finalmente, Kardec começou do zero, em matéria de revelações mediúnicas, embora seus conhecimentos do magnetismo, estudado por mais de vinte anos, tenham-lhe permitido vislumbrar, no que observava e experimentava, algo muito acima dos saberes vigentes em sua época. Outra coisa, o fato de ter acesso, virtualmente, a uma gama de informações muito maior do que dispunha o Codificador do Espiritismo não torna qualquer um capaz de selecionar, comparar, sintetizar e ordenar, como ele, todo o conhecimento novo que lhe seja revelado.
— E muito menos proporciona bom senso a quem nunca o teve. Amigo Joteli, quem passa a vida criticando tudo o que ouve ou lê sobre o Espiritismo, negando seus médiuns e discordando de seus divulgadores, é óbvio que nunca foi espírita.
Na verdade, o que sempre ele foi é opositor da convicção alheia, pois sua “verdade” já está construída adredemente. A isso se chama preconceito, quando não má-fé. Não se aprende nada com ideias preconcebidas. Talvez, quem aja assim deseje ganhar nome e fortuna com o ataque às crenças alheias sem se importar com as consequências futuras de suas atitudes.
— E que Kardec diz dessas pessoas, meu caro Bruxo?
— Diz o seguinte:

[...] Não há que deplorar a existência desses desertores, porquanto as criaturas frívolas não passam de pobres auxiliares, seja no que for. [...]
Quanto às rivalidades, às tentativas que façam por nos suplantarem, temos um meio infalível de não as temer. Trabalhamos para compreender, por enriquecer a nossa inteligência e o nosso coração; lutamos com os outros, mas lutamos com caridade e abnegação. O amor do próximo inscrito em nosso estandarte é a nossa divisa; a pesquisa da verdade, venha donde vier, o nosso único objetivo. Com tais sentimentos, enfrentamos a zombaria dos nossos adversários e as tentativas dos nossos competidores. Se nos enganarmos, não teremos o tolo amor próprio que nos leve a obstinar-nos em ideias falsas; há, porém, princípios acerca dos quais podemos todos estar seguros de não nos enganarmos nunca: o amor do bem, a abnegação, a proscrição de todo sentimento de inveja e de ciúme. Estes princípios são os nossos; vemos neles os laços que prenderão todos os homens de bem, qualquer que seja a divergência de suas opiniões. Somente o egoísmo e a má-fé erguem entre eles barreiras intransponíveis. Mas, qual será a consequência de semelhante estado de coisas? Indubitavelmente, o proceder dos falsos irmãos poderá de momento acarretar algumas perturbações parciais, pelo que todos os esforços devem ser empregados para levá-las, ao malogro, tanto quanto possível; essas perturbações, porém, pouco tempo necessariamente durarão e não poderão ser prejudiciais ao futuro: primeiro, porque são simples manobras de oposição, fadadas a cair pela força mesma das coisas; depois, digam o que disserem, ou façam o que fizerem, ninguém seria capaz de privar a Doutrina do seu caráter distintivo, da sua filosofia racional e lógica, da sua moral consoladora e regeneradora. Hoje, estão lançadas de forma inabalável as bases do Espiritismo; os livros escritos sem equívoco e postos ao alcance de todas as inteligências serão sempre a expressão clara e exata do ensino dos Espíritos e o transmitirão intacto aos que nos sucederem. [...]

— E, após sua desencarnação, o Codificador disse algo sobre os desertores, Machado?
— Sim; pediu-nos que orássemos por eles, pois,

Se é justo censurar os que hão tentado explorar o Espiritismo ou desnaturá-lo em seus escritos, sem o terem previamente estudado, quão mais culpados não são os que, depois de lhe haverem assimilado todos os princípios, não contentes de se lhe apartarem do seio, contra ele voltaram todos os seus esforços! É, sobretudo, para os desertores dessa categoria que devemos implorar a misericórdia divina, pois que apagaram voluntariamente o facho que os iluminava e com o qual podiam esclarecer os outros. Eles, por isso, logo perdem a proteção dos Espíritos bons e, conforme a triste experiência que temos feito, bem depressa chegam, de queda em queda, às mais críticas situações! [...] KARDEC, A. Revista Espírita. Dez. 1869.

— A crítica do “desertor” de que, ao desencarnar Divaldo Franco, toda a base do Espiritismo cristão não subsistirá procede, Bruxo do Cosme Velho?

— Claro que não! O trabalho do Chico, como o do Divaldo, sempre será valioso, entretanto, antes deles, tivemos Bezerra de Menezes, Frederico Júnior, Cairbar Schutel, Zilda Gama, Anna Prado, Eurípedes Barsanulfo e diversos outros grandes médiuns e estudiosos. Não te esqueças, Joteli: ninguém, mas ninguém mesmo, a não ser Deus e Jesus, é insubstituível, para nós, aqui na Terra. Além disso, relembro-te o que eu disse, em crônica, outro dia: já estão reencarnadas grandes almas da ciência, da filosofia, da religião e das artes. Breve, terás notícias delas.  Adeus!


















sábado, 2 de setembro de 2017



Em dia com o Machado 279 (jÓ)

Hoje, falar-te-ei sobre os desertores. Em toda parte, há desertor, inclusive nas Forças Armadas. No Espiritismo, há “desertores”.
— Por que as aspas, Machado?
— Porque o estudo e a prática da Doutrina Espírita, sem ideias preconcebidas, mas com a intenção sincera de reforma íntima, é incompatível com o preconceito e a deserção.
— Então não existem falhas no Espiritismo, Bruxo?
— Claro que, também nele, há enganos, mistificações, fraudes etc., como em qualquer ideologia. Perguntado ao Chico Xavier se ele já fora mistificado, o maior médium do mundo, no século XX, afirmou, com toda a humildade: “— Muitas vezes”. Por isso, nunca é demais relembrar as palavras de Jesus: “— Bom, mesmo, só Deus o é” (Lucas, 18:19).
— Mas então, o próprio Kardec...
— Não te esqueças, embora Jesus nos tenha recomendado ser “perfeitos, como Deus o é” (Mateus, 5:48), na Terra, ninguém jamais se igualou ao Cristo em perfeição. Por isso, o modelo dado por nosso Pai Celestial ainda é Jesus Cristo.
— E aquela recomendação do espírito Emmanuel a Chico Xavier para que, se um dia aquele estivesse em desacordo com Jesus e com Kardec, Chico deveria ficar com estes?
— Continua vigente... Emmanuel jamais divergiu do Codificador e do Cristo naquilo em que estão de acordo. O resto é especulação.
— A Doutrina Espírita está desatualizada, Machado?
— De jeito nenhum. Tudo o que proveio dos espíritos superiores, representantes do Cristo, que, por sua vez, foi manifestado pelo Espírito da Verdade, está atualizadíssimo.
— Então, por que alguns pseudossábios alegam que Kardec está desatualizado? Não se lhe manifestou o Espírito da Verdade e outros mensageiros do Cristo?
— A Doutrina é dos espíritos, Joteli, e Allan Kardec sempre deixou isso claro. Tudo que ali veio deles é verdadeiro. O Codificador, algumas vezes, emitiu sua própria opinião, sempre muito respeitável, mas, embora vindo de um grande missionário, era sua apreciação, com a qual se pode concordar ou não. Só não se pode é ser leviano e discordar de algo dito por Kardec que esteja em plena sintonia com Jesus Cristo.
— Machado, que achas da opinião desses estudiosos do Espiritismo que “desertaram” de nossa fé e ainda tentam ridicularizá-la?
— Ridículos...
— Por quê?
— Não se aprende a Ciência do Infinito, representada por essa Doutrina, levianamente, e nem mesmo em uma existência. Lembra-te, ela veio para “ficar eternamente conosco”, segundo a promessa de Jesus (João, 14:16).
— Mas, por que alguns “desertores” afirmam que o estudo do Espiritismo é “lavagem cerebral?”
— Como te afirmei no início, quem estuda o Espiritismo, sem ideias preconcebidas, e deseja melhorar-se, esforça-se em praticar sua moral e jamais se arrepende disso.
— Poderias exemplificar, com a tolerância recomendada por Kardec?
— É o caso de quem, com ares de doutor, declara-se “ex-espírita”. Esse nunca foi espírita.
— Será que essa pessoa não é vítima de obsessão?
— Com certeza. E das mais difíceis de ser curada: a fascinação.
— Como se explica isso?
— Antes de mais nada, devo dizer-te que lhes falta bom senso, além de uma reflexão mais aprofundada no que afirmam, com poses didáticas, como é o caso de um jovem barbudo visto em vídeo na internet. Por suas palavras, percebe-se que ele mal conhece o beabá da crença que diz ter abandonado e, agora, cita com ares de mofa.   
— Explica melhor, prezado Mago.
— Para não te cansar, vou refutar algumas de suas ideias claramente preconcebidas. Começo por sua contradição, quando afirma, de início, ser “grato ao Espiritismo”, para, em seguida, o atacar. Diz, levianamente, que o Espiritismo se baseia nas “crenças cristãs, com retoques”. Logo após, “desmente” teorias de que a reencarnação era crença comum no Cristianismo, com base em estudos dos concílios da Igreja. Dedução inconsequente, pois vinculada, meramente, à posição de quem é “atacada”: a Igreja.
Informa que as descrições de Jesus por Emmanuel, Ramatis e Humberto de Campos são contraditórias, mas não especifica com base em que critérios chegou a essa conclusão.
Depois, diz ter observado “muitas falhas no Espiritismo”, confundindo erros humanos, ou mesmo de espíritos pouco adiantados, com a Verdade Divina resultante das palavras de Jesus e das 1019 questões, respondidas por seus emissários. O que pode ser conferido n’O livro dos espíritos, obra básica da Doutrina Espírita.
A prova cabal de que “estuda” o Espiritismo com ideias preconcebidas, sem qualquer compromisso com a reforma íntima, é sua acusação de a Doutrina promover “lavagem cerebral” em seus estudiosos. Entretanto, em suas análises, transbordam preconceitos e exaltação do próprio ego em relação ao Espiritismo, mostrando desconhecer a recomendação do espírito Erasto: “Melhor é repelir dez verdades do que aceitar uma só mentira, uma só teoria falsa” (KARDEC, A. O livro dos médiuns, seg. parte, cap. XX).
Chega ao ponto de buscar, nos evangelhos, a palavra amor e deduzir, absurdamente, que o Novo Testamento prega mesmo é o “desapego”, quando todos os ensinamentos do Cristo são voltados para a iluminação do ser pela prática da caridade, da tolerância, do perdão, da humildade e do devotamento ao próximo, tudo isso relacionado ao amor.
A propósito, disse só haver três vezes, essa palavra, nos evangelhos, o que não se sustenta. Leia-se, citando apenas Mateus, 5:44; 10:39; 12:18, 17:5; 19:19; 22:37 e 39.
Toda a Boa-Nova do Cristo está voltada para o amor e suas manifestações. Por ora, basta lembrar o que diz ainda Mateus, 4:23: “E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo”. Precisa dizer que isso é amor?
Seu maior adversário é o egoísmo, fonte de todos os sentimentos contrários ao amor e ao próprio desapego, visto nos evangelhos por nosso irmão, embora ele esteja fascinado pela projeção da própria imagem, e com quem não desejamos polemizar para não lhe enaltecer mais a vaidade e a presunção.
Podemos passar a vida inteira sem pronunciar a palavra amor, mas amando e servindo a todos, com abnegação e devotamento, como nos dizem os espíritos superiores ser a forma mais patente de nossa perfeição: a caridade, base da Boa-Nova reiterada pelo Espiritismo.
Que nosso irmão reflita nisso, atento à recomendação de Jesus: “Vigia e ora, para não caíres em tentação” (Mateus, 26:41).
Precisa mais?



  Quando o texto é escorreito (Irmão Jó)   Atento à escrita correta É o olho do revisor, Mas pôr tudo em linha certa É com o diagramador.   ...