Em dia com o
Machado 298
(Jó)
Amigo Jó, estive refletindo na entrevista dada
por famoso político em nosso tempo. Indagado
sobre suas crenças antes de tornar-se espírita, ele respondeu o seguinte: “— Nasci
e criei-me, até os dezoito anos, no seio de uma família tradicionalmente
católica [...].”
Em seguida, diz que, indo do Ceará para o
Rio de Janeiro, objetivando morar e estudar, na escola carioca, entrou em
conflito com a fé católica. Os argumentos de seus colegas ateus, aos quais
tentara converter, pareciam-lhe superiores à fé sem raciocínio até então
desposada.
Sua rebeldia contra a antiga crença
tornar-se-ia maior ao enviuvar, após quatro anos de casado com esposa católica,
a quem muito amava. Ele teria, então, de criar sozinho seus dois filhinhos, um
de três e outro de um ano de idade.
Como já clinicava, nessa época, recebeu,
certo dia, um exemplar da Bíblia, como presente de um colega. Resolveu ler toda
a obra e sentiu-se consolado com o que leu, mas ainda tinha necessidade de uma
fé “firmada na razão e na consciência”.
Passado mais algum tempo, outro colega
presenteou-o com O Livro dos Espíritos.
Ao terminar o trabalho no consultório, seu deslocamento de bonde do centro da
cidade para sua casa, na Tijuca, costumava demorar uma hora. Então, contra
todos os preconceitos que o Espiritismo desfrutava em sua época, resolveu ler o
livro. E... eureca! Parecia-lhe que nada do que lera lhe era desconhecido e que
“era espírita inconsciente”.
Entretanto, o que o convenceria
definitivamente sobre as “verdades do Espiritismo” seriam as curas mediúnicas
extraordinárias obtidas, mais tarde, e os resultados positivos de todas as suas
pesquisas sobre o assunto. Havia, no Rio, um médium receitista homeopata
chamado João Gonçalves do Nascimento, a quem nosso amigo recorrera, “em
desespero de causa”. Entretanto, como ainda tinha suas dúvidas sobre as curas provenientes
da mediunidade, combinou com colega, tanto quanto ele desconhecido do médium, para
consultar este.
A descrição da doença do político, pelo
espírito, foi tão precisa quanto os efeitos do remédio sobre seu organismo, que
nenhum médico anterior conseguira curar ao longo de cinco anos de tratamento. Já
com a receita espiritual, após um ano de medicação, ficou curado.
Depois desse acontecimento, quem fora
diagnosticada com tuberculose, por “importantes médicos”, foi a segunda esposa
do político doutor. Novamente, este tomou as devidas cautelas, para não ser
reconhecido, e voltou a consultar o médium Nascimento. A resposta do espírito,
pelo médium, foi surpreendente. Após dizer que os médicos estavam enganados ao
diagnosticarem tuberculose, sem que ninguém lhe houvesse dito nada a respeito,
esclareceu o seguinte: “[...] Esta doente não tem tubérculo algum. Seu
sofrimento é puramente uterino e, se for convenientemente tratada, será
curada”.
Feito o tratamento “espírita”, em poucos
meses, os sintomas de febre, suor e todos os sinais parecidos aos da
tuberculose cessaram, e a doente ficou curada. Conclui nosso político:
Como resistir à
evidência dos fatos?
Depois deles,
comecei as investigações experimentais sobre os vários pontos de doutrina e
posso afirmar, daqui, que tenho verificado quanto é permitido ao homem
alcançar, em certeza, a perfeita exatidão de todos os princípios fundamentais
do Espiritismo.
E
conclui o notável político, que viria a ser conhecido como “médico dos pobres”,
após abandonar a política e dedicar-se inteiramente à Doutrina Espírita e à
ajuda humanitária a todos os enfermos do corpo e da alma: “O Espiritismo é para
mim uma ciência, cujos postulados são demonstrados tão perfeitamente como se
demonstra o peso de um corpo” (Bezerra de Menezes).
(Quer saber mais?
Leia a obra Bezerra, ontem e hoje. 4.
ed. Brasília: FEB, 2013.)
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