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terça-feira, 26 de junho de 2018




Em dia com o Machado 321 (Jó>

         Bom dia, amigos!
Quando eu tinha quatorze anos, trabalhei numa loja de materiais elétricos, no Rio de Janeiro. Como costuma ocorrer com crianças e jovens, nessa época, eu observava atentamente as atitudes dos mais velhos. O gerente da loja, guapo descendente de italiano, atendia a todos com extrema gentileza. Principalmente às jovens e bonitas clientes. Quase sempre, ele elogiava a beleza da moça e solicitava dela o número de telefone, após vender-lhe lâmpadas, fios de eletricidade etc.
Algumas vezes, era atendido com um amável e promissor sorriso; noutras ocasiões, a jovem esquivava-se da “cantada” do belo jovem. Na época, ele devia ter uns trinta e poucos anos. Era, porém, discreto e sabia preservar o seu conceito e o da loja que gerenciava.
Cinquenta e dois anos após, acompanhado da esposa, parei o carro em semáforo aqui de Brasília e presenciei algo que jamais pensara ser possível ocorrer. Vi jovem bonita abrir a janela de seu carro e pedir, em voz alta, a outro jovem que parara pouco adiante: — Oi, bonitão, passe-me seu telefone. Quero ficar com você, gostosão.
O bonitão, de seu carro, negava-se a atendê-la, mas ela insistia:  — Oi, gostoso, que tal ir para a cama comigo? O jovem, entretanto, não quis saber de conversa com ela. O sinal abriu, ela foi por um lado da rua, e ele dirigiu em sentido contrário ao dela.
A leitora e o leitor hão de rir do que acabei de narrar. No mundo atual, muitas vezes, os papéis se invertem. Antigamente, a iniciativa da conquista era do jovem apaixonado, e a donzela pretendida, mesmo sentindo atração por ele, não facilitava a conquista. Atualmente, a banalização sexual chegou a tal ponto que não há respeito nem mesmo às pessoas do mesmo sexo. Isso deve-se tanto aos avanços tecnológicos e científicos, quanto às influências das teorias materialistas humanas na Terra.
Para que a ciência alcance seu objetivo de tornar nossa vida melhor, entretanto, o caminho sempre foi o da mensagem do Evangelho em espírito e vida. Este está redivivo nas palavras dos Espíritos superiores, que foram encarregados pelo Cristo de nos conscientizar do propósito de cada existência na Terra e das consequências de nossos atos.
Nada há, em nossa vida, que não traga resultados. Costumo dizer que o tempo é nosso advogado, e a consciência, nosso juiz. Se nossos atos bons prevalecem, o advogado é de defesa; caso contrário, será o promotor que atuará contra nós. O juiz equânime, que tudo sente, tudo vê e tudo julga com implacável justiça, chama-se consciência, tribunal divino.
Somente quando nos assegurarmos de que a vida real é a do espírito, estaremos preparados para espiritualizar a matéria e não para materializar o espírito. Então perceberemos a importância da ética em nossos atos.
Explica Allan Kardec, no capítulo 23, item 8 d’O Evangelho segundo o Espiritismo:
A vida espiritual é, realmente, a verdadeira vida, é a vida normal do Espírito; sua existência terrestre é transitória e passageira, espécie de morte, se comparada ao esplendor e atividade da vida espiritual. O corpo não passa de vestimenta grosseira que reveste temporariamente o Espírito, verdadeira algema que o prende à gleba terrena, do qual ele se sente feliz em se libertar.

         Tal afirmativa não abona o desinteresse completo pelas nossas necessidades orgânicas e tampouco justifica o suicídio, que provoca sofrimentos inenarráveis ao desertor da existência terrena, no mundo espiritual. Além de afastá-lo do ingresso nesse mundo feliz da espiritualidade por tempo indeterminado. Seu objetivo é conscientizar-nos sobre a importância de atribuirmos valor relativo à matéria, em especial ao nosso corpo, que devemos respeitar e não submeter ao jugo das paixões animais.
Somente assim alcançaremos a verdadeira felicidade, a baseada na sanção positiva de nossa consciência, após ouvir o advogado tempo. Agimos no bem? O tempo é nosso defensor. Nossos atos visaram ao mal? Entra em cena o tempo promotor. O veredito consciencial é sempre justo, e nunca dorme.



terça-feira, 19 de junho de 2018




Em dia com o Machado 320 <Jó]

Nem acredita o leitor onde estive na semana passada. Pois é, estive na sede histórica da Federação Espírita Brasileira (FEB), que foi fundada em 10 de dezembro de 1911, na Avenida Passos, nº 30, no Rio de Janeiro.
No século XIX, ainda não foi ali que estive, mas sim em seu antigo endereço, na Rua da Carioca nº 120, sobrado onde também residia seu fundador, o português Augusto Elias da Silva. Esse fato foi relatado em minha crônica de 5 de outubro de 1885, na Gazeta de Notícias.
Após assistir à conversa de alguns diretores da Casa sobre atividades de assistência social da FEB, acompanhei-os, ao lado de Jó, até o restaurante da Rua Buenos Aires, onde todos almoçamos. Em seguida, caminhamos pela Rua Gonçalves Ledo, entramos por uma travessa dessa rua e alcançamos o Teatro João Caetano.
Caminhando mais um pouco, chegamos ao Real Gabinete Português de Leitura, local de minhas antigas pesquisas e no qual presidi quatro sessões da Academia Brasileira de Letras. Ao fundo do salão, belo busto de Camões. Ao lado do vate português, grande espada, que eu trocaria por bela caneta descansando após a escrita deste seu famoso soneto:

Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu eternamente,
e viva eu cá na Terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,

roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.[1]

         De retorno à FEB, passeamos um pouco pelo comércio da Rua da Alfândega, acotovelados por milhares de pedestres. Nesse local, à frente das lojas que ladeiam a rua, seus concorrentes, os camelôs, vendiam todo tipo de mercadoria, desde frutas diversas e tropicais, como cajaranas e bananas a chaveiros, roupas e calçados variados.
         Mas o que mais me impressionou, no centro do Rio, foi a quantidade de mendigos. Um deles, deitado ao lado do teatro João Caetano, lembrou-me famosa peça teatral de Chico Buarque e Paulo Pontes: Gota d’Água.
         Deixo aqui meu louvor à Federação Espírita Brasileira que, bem perto dali, realiza um trabalho social que remonta a mais de um século, com base em famosa frase de Allan Kardec: “Fora da caridade, não há salvação”.





[1] PIVA, Luís. Organização e comentários. Luís de Camões: antologia. Brasília: Thesaurus, 1983, p. 63.


terça-feira, 12 de junho de 2018




EM DIA COM O MACHADO 319 }{

Bom dia!
Você sabe a diferença entre saber e fazer? Recebi, há dias, um vídeo de entrevista gravada com o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, na qual ele nos recomenda a prática de dois princípios de generosidade mental e de humildade intelectual: 1º) Quem sabe, reparte; 2º) Quem não sabe, procura (Disponível em: www.pensador.com/ autor/mario_sergio_cortella).
Infelizmente, o que se vê por aí, em especial nos ambientes de trabalho, nos quais impera o desejo de ascensão sobre os demais colegas, quem sabe oculta suas fontes de informação. Já quem não sabe acomoda-se na ignorância.
Precisamos aprender uma coisa: tudo que pensamos e falamos resulta de ideias coletivas. A única coisa que nos diferencia é o que fazemos dessas ideias. Se forem boas, os resultados de nossa prática serão promissores, se más, as consequências serão danosas. É a lei de ação e reação, que, antes mesmo de serem reafirmadas pelo Cristo, os profetas e filósofos da antiguidade nos ensinavam. Pena que, nem sempre, a aplicavam ao que faziam, exceto Jesus.
Coisa típica de ditadores e maus governantes...
É por isso que profetas como João Batista, o qual possuía profundos conhecimentos das leis divinas e as pregava ao povo da Galileia, mesmo sendo admirado pela sua coerência entre o dizer e o fazer, acabou com a cabeça cortada e entregue a Herodes numa bandeja. João fora Elias, profeta reencarnado que, após provar, em vida anterior, a 450 profetas seguidores do deus Baal que somente Jeová era o Deus único, mandou degolá-los (I Reis, 19:22- 40).
A Lei Divina, sempre presente em nossa consciência, é justa. Embora o amor cubra a multidão de nossos pecados e Saint Exupéry nos tenha dito que nos tornamos sempre responsáveis por aquilo que cativamos, também o somos pelo que destruímos ou escolhemos mal. Daí a vantagem da prática sobre a teoria moral presente apenas nos lábios ou no papel.
Diz ainda Mário Sérgio, no citado site, o seguinte, que nos faz refletir sobre o saber e o fazer: “As famílias confundem escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família”.
Ora, se a educação começa de casa, e na escola somos instruídos, que é necessário saber para fazer uma sociedade melhor? Se, em casa, nossos pais ou responsáveis devem compartilhar conosco a melhor educação, a escola deve dar-nos a melhor instrução.
Por fim, a frase que considero primorosa metáfora de Cortella: “Se não quiser uma cidade suja, não deposite lixo na urna”.
Ou seja, a educação transmitida no lar, aliada à boa escolarização, que a família deve esforçar-se em nos proporcionar, ajudar-nos-ão a fazer um novo país, livre dos maus políticos e administradores corruptos. Nossa grande aliada é a internet, vigiada pelos pais que têm na ética os princípios basilares para a melhoria moral e material de nossa sociedade.
Por fim, que nossa procura do conhecimento, antes das novas eleições, tenha por base a criteriosa escolha de quem reparte o que sabe. Sobretudo, porém, que esse saber não seja baseado em mentiras e, sim, em atitudes que provem sua honestidade e competência. Para tal, temos quatro meses pela frente, que se escoarão rapidamente e não nos perdoarão a omissão e a desinformação, nos próximos quatro anos, até que venha a próxima Copa do Mundo e...

terça-feira, 5 de junho de 2018




EM DIA COM O MACHADO 318 (Jó>


Bom dia!
Meu amigo Samuel é um excelente pesquisador e autor espírita, além de muito bom expositor. É dele a autoria da obra Anna Prado, a Mulher que Falava com os Espíritos, publicada pela Federação Espírita Brasileira (FEB).
Ontem, assisti na FEB, em Brasília, a sua palestra sobre os itens 18 a 23 d’O Evangelho segundo o Espiritismo: preces para pedir a corrigenda de um defeito; pedido para resistir a uma tentação; e ação de graças pela vitória alcançada sobre uma tentação. De forma descontraída e culta, Samuel narrou-nos diversos casos.
Em dado momento, lembrou a música em homenagem à personagem Gabriela, de Jorge Amado, cuja letra é a seguinte: “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim, quero ser sempre assim. Gabrieeela!”. Logo após, o palestrante lembrou-nos de que precisamos amar as pessoas que se encontram envolvidas no mal e nos esforçar para auxiliá-las a desembaraçar-se das teias dos erros. Em seguida, contou casos pitorescos de sua infância, nos quais as frases populares de grande sabedoria, faladas por sua mãe, jamais lhe foram esquecidas.
Isso faz-me lembrar as palavras atribuídas à madre Teresa de Calcutá: “Teus filhos são como águias. Ensinarás a voar, mas não voarão o teu voo; ensinarás a sonhar, mas não sonharão os teus sonhos; ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida. No entanto, em cada voo; em cada sonho; em cada vida permanecerá para sempre a marca dos ensinamentos recebidos”.
Após considerações outras, em sua palestra, Samuel, sem perder o fio da meada, voltou ao caso da personagem Gabriela e concluiu que esta se enganara ao nos dar a impressão de acomodação no erro. Ninguém é incorrigível.
É certo, digo eu, que muitos cidadãos envolvidos nas teias do crime, cujas consciências jazem obnubiladas, ainda permanecem no mal. Mas, se reincidem neste, é porque lhes falta a convicção racional proporcionada pelo Espiritismo de que “o crime não compensa”, haja vista a presença da Lei de Deus retribuindo “a cada um segundo as suas obras”, como nos disse Jesus.
Todos nós, por piores sejamos, estamos destinados à perfeição relativa, lembrou bem Samuel, pois a perfeição absoluta só Deus a possui. Entretanto, “seguem-nos ao menos três obsessores”. Isto quando somos pessoas boas, lembrou-nos o palestrante. As demais são seguidas por dezenas daqueles. E vem-me à mente o verso da letra de música cantada por Roberto Carlos: “Eu quero ter um milhão de amigos”. Só precisamos ter cuidado com algumas dessas amizades, pois, como diz o ditado, “Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Lembrou-nos, por fim, nosso amigo que, como a obsessão exerce forte influência no mundo atual, tomado pelo materialismo, uma das frases muito repetida é a seguinte: “O importante é ser feliz. Mas se essa felicidade é baseada no sofrimento e na angústia de outrem ou no desrespeito às leis, amanhã estaremos infelizes”.
Após citar os tipos de obsessão, desde o caso simples à subjugação, deteve-se o palestrante na obsessão por fascinação. Nessa situação, explicou, o influenciado está tão iludido pela atuação espiritual alheia, que não dá ouvidos a quem o contraria, e julga estarem todas as pessoas equivocadas, só ele está certo.
Desse modo, amigos, para finalizar, leiamos o conteúdo do capítulo 23 d’O Livro dos Médiuns, que trata sobre a obsessão. E... cuidado! O apego demasiado a pessoas, ao poder e às coisas materiais é o primeiro passo... 



  Salve, 18 de abril, Dia Nacional do Espiritismo (Irmão Jó) Foi no dia 18 de abril que Kardec, Na Cidade de Luz, em manhã memorável, Lança ...