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terça-feira, 27 de novembro de 2018




Em dia com o  Machado 343 #Jó#
Causo de Jó





Vou dizer-lhe uma coisa, leitora: nunca confie em sua memória depois dos sessenta anos. Casos há em que a pessoa possui memória excelente, mesmo em avançada idade, noventa, cem anos ou mais; isso, entretanto, é exceção, não é mesmo, Di? (Para os íntimos, para os demais, Divaldo Pereira Franco, que já caminha para um século de vida a serviço espírita-cristão e ainda viaja pelo mundo afora pregando, brilhantemente, o Evangelho do Cristo à luz do Consolador).
Na semana passada, recebi por e-mail um convite para participar de um concurso de crônicas destinado a pessoas com sessenta anos ou mais. Li a data e pensei: ainda dá tempo para pesquisar sobre o tema: “Memórias de minha cidade”, se não me falha a memória. E tratei de realizar pesquisas sobre algo de Brasília que conheço bem, mas não vou revelar aqui para que você não me roube a ideia e, em outro concurso de crônicas,  acabe ganhando o prêmio que eu estava certo de trazer para minha casa.
Após anotar tudo o que me interessava e imprimir quatro folhas que deveriam ser preenchidas por mim e enviadas junto com a crônica, relaxei e disse para meu cérebro descansar, pois a data do encaminhamento seria 21 de novembro e isso só ocorreria na semana seguinte.
Depois disso, fui assistir a mais uma derrota do meu sofrido Fluminense, que faz atualmente a pior campanha de sua história. Dito e feito, o Flu perdeu mais uma. E eu só não arranquei os cabelos da cabeça por falta deles.
Terminado o jogo, assisti aos comentários do SportTV. Depois, li alguns textos e... de repente, já eram 23h... de repente, meu cérebro acusou-me de inepto... de repente, perguntei-lhe por que me acusava assim, e ele respondeu-me que estávamos a meia hora de ingressar no dia 22 de novembro.
Para que a leitora tenha uma ideia, apenas para preencher as fichas de inscrição, digitalizar cópias de documentos e enviar tudo  à comissão avaliadora eu gastaria o tempo necessário à elaboração de minha crônica: cerca de duas horas.
Isso porque, como dizia Machado de Assis, “O jovem precisa conscientizar-se de que a pressa não lhe assegura qualidade aos textos”. Se é que a memória não me falha.
Ou seja, adeus crônica da “melhor idade”.



segunda-feira, 26 de novembro de 2018




Continuação da tradução livre d’O Evangelho segundo o Espiritismo



II — Autoridade da Doutrina Espírita
Controle universal do ensino dos Espíritos
        
A força do Espiritismo está nessa universalidade do ensino dos Espíritos, e é também a causa de sua tão rápida propagação. Enquanto a voz de um só homem, mesmo com o auxílio da imprensa, necessitaria de séculos para chegar aos ouvidos de todos, eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente, em todos os pontos da Terra, para proclamar os mesmos princípios e os transmitir aos mais ignorantes e aos mais sábios, a fim de que ninguém seja deserdado. É uma vantagem de que não pôde gozar nenhuma das doutrinas aparecidas até hoje. Se, portanto, o Espiritismo é uma verdade, ele não teme nem a má vontade dos homens, nem as resoluções morais, nem as transformações físicas do globo, porque nenhuma dessas coisas pode atingir os Espíritos.
Mas não é essa única vantagem que resulta dessa posição excepcional. O Espiritismo ainda encontra nela uma poderosa garantia contra as discordâncias que poderiam ser suscitadas, quer pela ambição de alguns, quer pelas contradições de certos Espíritos. Essas contradições são certamente um escolho, mas carregam em si mesmas o remédio ao lado do mal.
Sabe-se que os Espíritos, em consequência de suas diferenças de capacidade, estão longe de possuir individualmente toda a verdade; que não é dado a todos penetrar certos mistérios; que seu saber é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares não sabem mais do que os homens; que há, entre aqueles, como entre estes, presunçosos e falsos sábios, que creem saber aquilo que não sabem; sistemáticos, que tomam suas próprias ideias pela verdade; enfim, que os Espíritos da ordem mais elevada, que são completamente desmaterializados, são os únicos libertos das ideias e das preocupações terrenas.
Mas sabe-se também que os Espíritos embusteiros não têm escrúpulos para esconder-se atrás de nomes emprestados, a fim de fazerem aceitar suas utopias. Disso resulta que, para tudo o que está fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões pessoais deste ou daquele Espírito, sendo imprudência aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas.
O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigorosa, e com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve ser rejeitada. Mas esse controle é incompleto para muitos casos, em virtude da insuficiência de conhecimentos de certas pessoas e da tendência de muitos de julgarem suas ideias como as únicas verdadeiras. Em tais casos, que fazem os homens que não confiam absolutamente em si mesmos? Aconselham-se com os outros, e a opinião da maioria lhes serve de guia. Assim deve ser no tocante ao ensino dos Espíritos, que nos fornecem eles mesmos os meios de controle.
A concordância no ensino dos Espíritos é portanto o seu melhor controle, mas é ainda necessário que ela se verifique em certas condições. A menos segura de todas é quando um médium interroga sozinho numerosos Espíritos, sobre uma questão duvidosa. É claro que se ele está obsidiado ou se tem relações com um Espírito embusteiro, este Espírito pode dizer-lhe a mesma coisa sob nomes diferentes. Não há garantia suficiente, da mesma maneira, na concordância que se possa obter pelos médiuns de um mesmo centro, porque eles podem sofrer a mesma influência.
A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, por meio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares.
Compreende-se que não se trata aqui de comunicações relativas a interesses secundários, mas das que se referem aos próprios princípios da doutrina. A experiência prova que, quando um novo princípio deve ser revelado, ele é ensinado espontaneamente, ao mesmo tempo, em diferentes lugares, e de maneira idêntica, senão na forma, pelo menos quanto ao fundo. Se, portanto, um Espírito deseja formular um sistema excêntrico, baseado em suas próprias ideias e fora da verdade, pode-se estar certo de que esse sistema ficará circunscrito, e cairá diante da unanimidade das instruções dadas por toda parte, como já mostraram numerosos exemplos. É essa unanimidade que tem posto abaixo todos os sistemas parciais surgidos na origem do Espiritismo, quando cada qual explicava os fenômenos do mundo visível com o mundo invisível.
Essa é a base em que nos apoiamos, para formular um princípio da Doutrina. Não é por concordar ele com as nossas ideias, que o damos como verdadeiro. Não nos colocamos, absolutamente, como juiz supremo da verdade, e não dizemos a ninguém: “Creiam em tal coisa, porque nós a afirmamos”. Nossa opinião não é, aos nossos próprios olhos, mais do que uma opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa, porque não somos mais infalíveis do que os outros. E não é também porque um princípio nos foi ensinado que o consideramos verdadeiro, mas porque ele recebeu a sanção da concordância.
Nessa posição, recebendo as comunicações de cerca de mil centros espíritas sérios, espalhados pelos mais diversos pontos do globo, estamos em condições de ver quais os princípios básicos dessa concordância. É essa observação que nos tem guiado até hoje, e é igualmente ela que nos guiará, através dos novos campos que o Espiritismo é chamado a explorar. É assim que, estudando atentamente as comunicações vindas de diversos lugares, tanto da França como do exterior, reconhecemos, pela natureza toda especial das revelações, que há uma tendência para entrar numa nova via, e que chegou o momento de se dar um passo à frente.
Essas revelações, formuladas às vezes com palavras veladas, passaram quase sempre despercebidas para muitos daqueles que as obtiveram; e muitos outros acreditaram tê-las recebido sozinhos. Tomadas isoladamente, elas seriam para nós sem valor, somente a coincidência lhes confere gravidade; pois quando chegar o momento de publicá-las, cada um se lembrará de haver recebido instruções no mesmo sentido. É esse o movimento geral que observamos e estudamos, com a assistência dos nossos guias espirituais, e que nos ajuda a avaliar a oportunidade de fazermos uma coisa ou de nos abstermos.
Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo, e anulará todas as teorias contraditórias. É nele que, no futuro, se procurará o critério da verdade. O que determinou o sucesso da doutrina formulada n’O Livro dos Espíritos e n’O Livro dos Médiuns foi que, por toda parte, cada qual pode receber, diretamente dos Espíritos, a confirmação do que eles afirmavam. Se, de todas as partes, os Espíritos os contradissessem, esses livros teriam, após tão longo tempo, sofrido a sorte de todas as concepções fantásticas. O apoio mesmo da imprensa não os teria salvado do naufrágio, enquanto que, privados desse apoio, não deixaram de fazer rapidamente o seu caminho, porque tiveram o dos Espíritos, cuja boa vontade compensou, com vantagem, a má vontade dos homens. Assim acontecerá com todas as ideias emanadas dos Espíritos ou dos homens, que não puderem suportar a prova desse controle, cujo poder ninguém pode contestar.
Suponhamos, portanto, que alguns Espíritos queiram ditar, com qualquer título, um livro de sentido contrário; suponhamos mesmo que, com intenção hostil, e com o fim de desacreditar a doutrina, a malevolência suscitasse comunicações falsas. Que influência poderiam ter esses escritos, se eles são desmentidos de todos os lados pelos Espíritos? É da adesão destes últimos que se precisa assegurar, antes de lançar um sistema em seu nome.
Do sistema de um só ao sistema de todos, há a distância da unidade ao infinito. Que podem, mesmo, todos os argumentos dos detratores contra a opinião das massas, quando milhões de vozes amigas, vindas do espaço, chegam de todas as partes do Universo, e no seio de cada família os repelem vivamente? A experiência já não confirmou a teoria, no tocante a esse assunto? Que foi feito de todas essas publicações que deviam, segundo afirmavam, destruir o Espiritismo? Qual delas conseguiu, pelo menos, deter-lhe a marcha? Até hoje não se havia considerado a questão desse ponto de vista, sem dúvida um dos mais graves: cada um contou consigo mesmo, sem contar com os Espíritos.

terça-feira, 20 de novembro de 2018






Em dia com o Machado 342

Fazer o bem para viver bem



Estava refletindo sobre o significado deste versículo: “Pois ele mesmo sabia o que havia no homem” (João, 2:25), quando vi surgir Emmanuel, que, prontamente, me explicou:
— Amigo, Jesus sabia do que havia em cada um de nós, mas sempre se pautou pelo otimismo. Conhecia o passado publicano de Zaqueu, entretanto regozijou-se por sua decisão de servir. Conhecia o pretérito de Madalena, mas renovou-a para a pureza do amor. Sabia do orgulho intelectual de Nicodemos, mas esclareceu-o, singelamente, sobre a sublimidade da vida. Identificou a tibieza de Pedro, porém fortificou-o para a árdua tarefa do Cristianismo nos seus primórdios. Constatou a dúvida de Tomé, mas revigorou-lhe a fé. Sabia que Judas o trairia, e ainda assim o chamou de amigo...
Os cuidados do Cristo primavam em proporcionar, a cada criatura humana, mais ampla visão da vida e estimulá-la a renovar-se para a prática do bem. Com seus exemplos, ensinou-nos a jamais condenar o próximo em virtude de sua imperfeição, porém educá-lo, sobretudo pela exemplificação própria.
O Divino Amigo não desconhece a nossa pesada e negra bagagem do passado e as dificuldades do presente, pleno de hesitações, de defecções e de erros; todavia, ainda assim, não deixa de estender-nos as mãos amorosas. Desse modo, quanto lhe seja possível, tolere e socorra seu irmão.
— Sabe, Emmanuel, ultimamente, tenho refletido muito sobre a vida. Há poucos dias, li um dos livros de Mário Sérgio Cortella, intitulado Viver em paz para morrer em paz. Achei interessante sua proposta, mas, refletindo melhor, lembrei-me de que nós, espíritas cristãos, não cremos na morte. Então, substituí a frase do amigo Cortella por esta: Fazer o bem para viver bem!
— Isso mesmo, Jó, sendo nós imortais, quanto mais fizermos o bem, melhor será nosso bem-estar na vida, que é eterna. Até breve!
— Até breve, amigo! Abraços ao Machado!




Continuação da tradução livre d’O Evangelho segundo o Espiritismo




II — Autoridade da Doutrina Espírita
Controle universal do ensino dos Espíritos

Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, só teria como garantia as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem, pois seria necessário crer naquele que dissesse haver deles recebido os ensinos. Admitindo-se sinceridade absoluta de sua parte, poderia no máximo convencer as pessoas de suas relações; conseguiria sectários, mas jamais conseguiria reunir todo o mundo.
Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por uma via mais rápida e mais autêntica. Por isso encarregou os Espíritos de a levarem de um polo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio exclusivo de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser enganado, pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões veem e ouvem a mesma coisa: isso é uma garantia para cada um e para todos. Além disso, pode fazer-se desaparecer um homem, mas não se faz desaparecerem as massas; podem-se queimar livros, mas não se podem queimar Espíritos. Ora, queimem-se todos os livros, e a fonte da Doutrina não será menos inesgotável, porque não se encontra na Terra, surge de toda parte, e cada um pode saciar sua sede nela. Se faltarem homens para a divulgar, sempre haverá Espíritos cuja atuação atinge todos e aos quais ninguém pode atingir.
São, portanto, os próprios Espíritos que fazem a propaganda da Doutrina, com a ajuda de inumeráveis médiuns, que eles suscitam de todos os lados. Se houvesse intérprete único, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo mal seria conhecido. Esse intérprete, por sua vez, qualquer que fosse a sua classe, provocaria a prevenção de muita gente; nem todas as nações o teriam aceitado. Os Espíritos, entretanto, comunicando-se por toda parte,  a todos os povos, a todas as seitas e a todos os partidos, são aceitos por todos.
O Espiritismo não tem nacionalidade, independe de  cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe social, visto que cada um pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade. Caso não se colocasse em terreno neutro, teria mantido as dissensões, em lugar de apaziguá-las.

  Quando o texto é escorreito (Irmão Jó)   Atento à escrita correta É o olho do revisor, Mas pôr tudo em linha certa É com o diagramador.   ...