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sexta-feira, 29 de março de 2019



Continuação da tradução livre da terceira edição francesa d'O Evangelho Segundo o Espiritismo (JLO)


1.3 O Espiritismo




O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra não mais como coisa sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente atuantes na natureza, como a fonte de uma infinidade de fenômenos até então incompreendidos e por isso relegados ao domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo se refere em muitas circunstâncias, e é por isso que muitas coisas que Ele disse permaneceram ininteligíveis ou foram falsamente interpretadas. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo  se explica com facilidade.

A lei do Antigo Testamento está personificada em Moisés; a do Novo Testamento, em Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificado em nenhuma individualidade, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da Terra e por multidão inumerável de intermediários. É, de certo modo, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz aos homens o tributo de suas luzes, para lhes fazer conhecer esse mundo e a sorte que os espera.

Assim como que disse o Cristo: "Não venho destruir a lei, mas dar-lhe cumprimento", também diz o Espiritismo: "Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento". Nada ensina contrário ao que ensinou o Cristo, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros para todo o mundo, o que foi dito sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar o cumprimento das coisas futuras. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside, como  igualmente anunciou, à regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a Terra.



terça-feira, 26 de março de 2019




Em dia com o Machado 360 (Jó)
(Trabalhe para o bem alheio e... adeus, depressão)

[...] se alguém nos perguntar qual o melhor recurso para restabelecer ou preservar o equilíbrio, físico ou psíquico, responderemos, sem hesitar: trabalhe e trabalhe! Não perca a bênção das horas, tesouro de valor inestimável que o Senhor nos concede para edificação de nossas almas. /Revele interesse pelas tarefas que lhe foram confiadas; realize pequenos serviços no lar; escreva aos amigos; consagre-se à leitura nobre; estude as obras espíritas; consulte o Evangelho./ Integre-se no serviço do bem, movimentando as pernas na visita ao enfermo; os braços no labor da fraternidade; os lábios na exaltação do otimismo e da tolerância; a mente no cultivo da prece e da meditação; o coração na prática do amor e da caridade. (SIMONETTI, Richard. Para Viver a Grande Mensagem. Rio de Janeiro: FEB. Cap.: Profilaxia da indolência).

Tempo atrás, dissemos aqui que, aos sábados, um grupo de voluntários da Federação Espírita Brasileira (FEB) desloca-se de sua sede, em Brasília, para Santo Antônio do Descoberto, GO. Nesta cidade, a Casa de Ismael desenvolve um trabalho assistencial do seu núcleo denominado Guillon Ribeiro, que funciona em escola pública. Diversos trabalhos são realizados por voluntários da FEB, no local, destinados a adultos, jovens e crianças, tais como: distribuição de cestas básicas, passes, aulas de evangelização e temas relacionados à saúde, orientação jurídica e visitas de assistência espiritual às casas mais sofridas. Participamos desta última atividade.
Em geral, nossa equipe vai, pela manhã, aos lares de seis ou sete famílias. Há mais de um ano, visitamos o Sr. Z. De início, estava estirado numa cadeira de rodas. Seu estado dava dó. Quase se não podia mexer. Em sua casa, como nos demais lares visitadas, cantamos música cristã, ao toque do violão, lemos e comentamos página de livro de mensagens cristãs-espíritas e aplicamos passes aos necessitados.
Com o tempo, observamos melhora sensível na situação do citado senhor. Já não estava mais na cadeira de rodas e, sim, deitado em sua cama. Por fim, levantou-se e passou a ir a pé ao centro Guillon Ribeiro. Então, já nos recebia sentado ou em pé, e sua fisionomia era de alguém grato e recuperado da doença que o acometera no passado.
Ao final do ano, as atividades dos voluntários febianos é suspensa, nas férias escolares, pois nossos trabalhos são realizados durante o ano letivo da escola com a qual a FEB mantém convênio de funcionamento.
No início de março deste ano, reiniciamos as visitas, começando pela casa do Sr. Z. Durante os primeiros sábados de nossa visita, observamos que ele nos recebera deitado num colchão em frente a sua casa de amplo e vazio quintal.
Sábado passado, ao chegarmos a sua casa, lá estava o Sr. Z deitado no colchão. Seu pequeno cão vira-latas, como sempre, recebeu-nos festivo. A aparência do seu dono, entretanto, era de quem estava bem fisicamente, embora permanecesse triste e estirado.
Abrimos o Livro de Respostas, psicografado por Chico Xavier, com mensagens do Espírito Emmanuel, na página intitulada Em ação no bem, e, antes de sucinto comentário, lemos o seguinte:

Se te propões à realização de qualquer tarefa vinculada à construção do bem, conta com problemas e dificuldades que te habilitem as forças para isso.
Luta é o outro lado da vitória.
Lembra-te: o aço é o ferro trabalhado pelo fogo.
As boas obras nascem do amor temperado pelo sofrimento.
Deus não te retirou a oportunidade de continuar trabalhando.

         Em breves comentários, disse ao nosso querido assistido, entre outras coisas, o seguinte: “o corpo humano foi feito para se mover e não para ficar parado. Caso contrário, nossos órgãos atrofiam-se e morremos por inanição”.
         Ao final dos nossos dizeres, do passe e da prece, o Sr. Z levantou-se, sentou-se no colchão e insistiu para que o aguardássemos fazer um cafezinho para nós.
         Agradecemos-lhe pelo convite e, como  ainda teríamos de visitar outras casas, prometemos-lhe que, noutra oportunidade, aceitaríamos seu café. Após abraçá-lo fraternalmente, seguimos viagem rumo aos novos compromissos.
Não há depressão que resista ao trabalho no bem.
É isto, amigo leitor: em vez do desânimo da vida e da vitimização, trabalhemos incansavelmente em favor do próximo. Desse modo, nossa vida terá valido a pena, pois a quem deseje servir nunca falta trabalho.  

domingo, 24 de março de 2019



8 Não vale a pena

Antônio Sampaio Júnior, valoroso tarefeiro do Centro Espírita Regeneração, do Rio de Janeiro, era humilde servidor num escririo. Zeloso, correto, madrugador.
Certa feita, mal havia espanado os móveis pela manhã, para sentar-se à máquina de escrever, foi procurado por amigo situado no comércio do Rio.
Sampaio, disse o visitante, sem rebuços, sei que você é espírita e esfalfa-se, muito tempo, enfrentando dificuldades. Quanto você ganha mensalmente?
Quatro mil cruzeiros.
O homem fez um gesto irônico e observou:
Não vale a pena.
E prosseguiu:
Não ignoro que você tem deveres de caridade na instituição que frequenta, socorrendo órfãos e amparando viúvas... Como é que você arranja numerário para esse fim?
Gasto o que posso, e, quando a despesa ultrapassa os recursos, tenho amigos... Faço listas, apelos...
Não vale a pena. Estou informado de que você visita os infortunados nos morros, às vezes com sacrifício da própria saúde... Aproveita decerto o carro de alguém...
Não disponho dessa facilidade. Temos bonde à porta e, depois do bonde, faz sempre bem uma caminhada a ...
Não vale a pena. Disseram-me continuou o homem que você, às vezes, passa noites à cabeceira de enfermos... Naturalmente, o diretor faz concessões... Boa cama no dia seguinte, ponto facultativo...
Não é bem assim, falou Sampaio, humilde, nem sempre posso visitar os doentes, mas se o faço, meu dia de serviços corre normal...
O amigo meteu a mão no bolso interno, trouxe à luz um documento e abriu-se, por fim:
Pois é, Sampaio, admirando você, como sempre, resolvi auxiliá-lo de vez. É tempo de você melhorar. Preciso de um sócio para um negócio da China... Três miles de cruzeiros. Você assina comigo a papelada e acompanharei todo o assunto... Gastaremos talvez uns quinhentos contos na tramitação do processo... É um navio velho que vamos desencravar... Tudo pronto, você e eu ficaremos provavelmente com mais de um milhão cada um. Basta só que você assine...
Sampaio, sem desejar ofender, perguntou:
Creio na lisura da iniciativa, mas há algum inconveniente a considerar?
Bem, o assunto envolve alguns interesses de repartições blicas, mas temos noventa e nove probabilidades a nosso favor...
E se falharem as noventa e nove? ...
Ah! se vier o contra, informou o amigo, evidentemente desapontado, teremos entrevista no Distrito Policial.
Sampaio, sem perder a serenidade, falou, simples:
Não vale a pena.
E recomeçou a espanar.

XAVIER, F. C.; VIEIRA, W. A Vida Escreve. Brasília: FEB, Médium Chico Xavier, 2. parte.

sexta-feira, 22 de março de 2019




O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
"Fora da caridade, não há salvação." - Allan Kardec (22/3/2019)

Continuação da tradução livre da terceira edição francesa por J.L.O.

1.2 Cristo

            Jesus não veio destruir a Lei, isto é, a Lei de Deus. Veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe o verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento da humanidade. É por isso que encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que compõe a base de sua Doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ele as modificou profundamente, seja na essência, seja na forma. Havia constantemente combatido o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações. E não podia fazê-las passar por uma reforma mais radical do que reduzindo a estas palavras: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. E complementa: Eis aí toda a Lei e os profetas.
            Por estas palavras: O céu e a terra não passarão sem que tudo seja cumprido minuciosamente, Jesus quis dizer que era necessário que a Lei de Deus fosse praticada em toda a Terra na sua total pureza e com o desenvolvimento de todas as suas consequências. De fato, de que serviria haver estabelecido essa Lei, se ela tivesse de ficar como privilégio de algumas pessoas ou mesmo de um só povo? Todos nós somos criaturas de Deus; todos, sem distinção, somos objeto duma mesma solicitude.
            Mas o papel de Jesus não foi simplesmente o de um legislador moralista, sem outra autoridade que a sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que haviam anunciado o seu advento. Sua autoridade decorria da natureza excepcional do seu Espírito e da natureza divina da sua missão. Veio ensinar-nos que a verdadeira vida não está na Terra, mas no Reino dos Céus. Veio ensinar-nos o caminho que nos conduz a esse Reino, os meios de nos reconciliarmos com Deus, e nos advertir sobre a marcha das coisas futuras, para o cumprimento dos destinos humanos. No entanto, não disse tudo, e sobre muitos pontos limitou-se a lançar o germe de verdades que ele mesmo declarou não poderem ser então compreendidas. Falou de tudo, mas em termos mais ou menos explícitos, de maneira que, para entender o sentido oculto de certas palavras, era preciso que novas ideias e novos conhecimentos viessem dar-nos a chave. Essas ideias não podiam surgir antes de um certo grau de maturidade do espírito humano. A ciência deveria contribuir poderosamente para  a eclosão e o desenvolvimento dessas ideias. Seria preciso, pois, dar tempo à ciência para progredir.

Acesse quando puder estes links:  
1. blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/
2. revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  
3. jornal O Imortal - link d' O Imortal
5. Site da FEB: www.febnet.org.br
6. Site do Prof. Dr. Alexsandro da UFAM:

terça-feira, 19 de março de 2019




Em dia com o Machado 359 (Jó)

        
         Já vão distantes os dias de carnaval. Não no Nordeste. Nessa região, os festejos momescos perduram um mês... no mínimo. Algumas pessoas querem que a vida seja uma eterna festa e não se conformam com o término da folia, por vezes dantesca. Entretanto, a quarta-feira é de cinzas; talvez porque a festa seja predominantemente de “confusão, trapalhada e desordem”, na linguagem popular, como registra Aurélio.
        Depois do “fogo”, as “cinzas”, pois nada mais resta do que já foi, qual ocorre em incêndio voraz. E isso ocorre nos dois mundos: no da matéria e no do espírito. O detalhe é que, excetuado quem é vidente, os que estão na matéria não veem o que ocorre fora dela, mas os que estão fora dela veem e influenciam os que nela estão.
        A festa é pagã. Desse modo, seus deuses não são verdadeiros. Talvez por isso mesmo predomine a mentira de quem se esfalfa na farra desses dias. As próprias fantasias imitam o que não se pode ser: princesas, príncipes, rainhas, rei... Momo. Pedras falsas, colares de contas vis. Jovens e idosos querem ser felizes, o que é natural e, mesmo, desejável. Entretanto, nunca é demais lembrar: a festa é de falsos deuses e reais entidades... não as mitológicas, mas as cruéis e vingativas.
        Diz o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, em obra psicografada por Divaldo Pereira Franco, que esses são dias nos quais todos, sem exceção, que participam dessa festa estão “nas fronteiras da loucura”, como indica o título do livro. Entretanto, o sábio Espírito Bezerra de Meneses esclarece-nos, nessa mesma obra, que o carnaval “[...] é o vestígio da barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade” (op. cit., 15. ed., LEAL, 2014, p. 69).
        — Não esta “arte” contemporânea, amigo Jó. “A arte — como diz Léon Denis — é a busca, o estudo, a manifestação dessa beleza eterna — a Divina — da qual percebemos, aqui na Terra, apenas um reflexo” (DENIS, L. O Espiritismo na arte. 2. ed. RJ: LD, 2008, p. 21). Em minha crônica de 17 jul. 1895, afirmei: “Os mortos não vão tão depressa, como quer o adágio; mas que eles governam os vivos, é cousa dita, sabida e certa” (A Semana). Nas festas de Momo isso fica claro como água mineral.
        Quando anunciei, em 4 fev. 1894, que não haveria carnaval naquele ano, de início expressei minha tristeza, haja vista que o riso faz parte da natureza humana. Após tecer considerações sobre a suspensão do carnaval, naquele ano, concluí: “A razão de não o termos, este ano, é justa; seria melhor que a proibição não fosse precisa, e viesse do próprio ânimo dos foliões. Mas não se pode pensar em tudo”.
        — Amigo Machado, voltando a Miranda, na citada obra, muitas pessoas que inadvertidamente participam desse tipo de recreação, quando o fazem sem se darem conta do perigo que correm, costumam ser salvas pelos amigos espirituais. Outras, entretanto, perdem os valores materiais e morais, além da própria vida.
— O ideal, Jó, seria buscarmos atividades artísticas diversas que expressassem o belo, a espiritualidade, pois a vida é curta, quando se está na carne. Quando a humanidade estiver plenamente consciente de que a verdadeira alegria, tal como a vida plena, não se realiza na Terra e, sim, no mundo espiritual, certamente, o renascimento da arte far-se-á em todo o seu esplendor. Au revoir.
— Despeçamo-nos, então, amigos leitores, com a esperança de que este tempo já esteja em curso, de acordo com as seguintes palavras:

O Espiritismo vem abrir para a arte novas perspectivas, horizontes sem limites. A comunicação que ele estabelece entre os mundos visível e invisível, as indicações fornecidas sobre as condições da vida no Além, a revelação que ele nos traz das leis de harmonia e de beleza que regem o Universo vêm oferecer aos nossos pensadores, aos nossos artistas, motivos inesgotáveis de inspiração (DENIS, L. Op. cit., p. 22).

domingo, 17 de março de 2019




O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO



1 NÃO VIM DESTRUIR A LEI

As três revelações: Moisés; Cristo; Espiritismo. Aliança entre a Ciência e a Religião. Instrução dos Espíritos: a Era Nova

Não pensem que Eu tenha vindo destruir a Lei ou os profetas. Eu não os vim destruir, mas cumpri-los; pois em verdade lhes digo que o Céu e Terra não passarão, sem que tudo o que está na Lei se cumpra, desde as coisas mínimas até o último ponto (Mateus, 5:17- 18).

1.1 Moisés

         Há duas partes distintas na lei mosaica: a Lei de Deus, promulgada sobre o monte Sinai; e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, modifica-se com o tempo.
         A Lei de Deus está formulada nos dez mandamentos seguintes:
I – Eu sou o Senhor seu Deus, que os tirei do Egito, da casa da servidão. Não tenham outros deuses estrangeiros perante mim. Não façam imagem esculpida, nem figura alguma de tudo que esteja acima, no Céu, e embaixo, na Terra, nem de tudo que esteja nas águas sob a Terra. Não os adorem nem lhes prestem culto.
II – Não pronunciem em vão o nome do Senhor seu Deus.
III – Lembrem-se de santificar o dia de sábado.
IV – Honrem a seu pai e a sua mãe, a fim de viverem longo tempo sobre a Terra que o Senhor seu Deus lhes dará.
V – Não matem.
VI – Não adulterem.
VII – Não roubem.
VIII – Não digam falso testemunho contra seu próximo.
IX – Não desejem a mulher do seu próximo.
X – Não cobicem a casa do seu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem qualquer das coisas que lhe pertençam.
         Essa Lei é de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter Divino. Todas as demais são leis estabelecidas por Moisés, obrigado a manter pelo temor um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados abusos e preconceitos adquiridos durante a escravidão no Egito. Para imprimir autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, assim como fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem precisava apoiar-se na autoridade de Deus, mas só a ideia de um Deus terrível podia impressionar homens ignorantes, nos quais o senso moral e o sentimento de uma justiça reta estavam ainda pouco desenvolvidos. É evidente que Aquele que incluíra, entre os Seus mandamentos este: “Não matem; não façam mal ao próximo”, não poderia contradizer-se, fazendo do extermínio um dever. As leis mosaicas, propriamente ditas, tinham, pois, um caráter essencialmente transitório.


Acesse quando puder estes links:  
1. blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/
2. revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  
3. jornal O Imortal - link d' O Imortal
5. Site da FEB: www.febnet.org.br
6. Site do Prof. Dr. Alexsandro da UFAM:

terça-feira, 12 de março de 2019




Em dia com o Machado 358 (Jó)
Aprender e servir para vir a ser

            Há anos, tive a intuição desta frase: viver é aprender. Tempo depois, ao me questionar sobre o sentido da vida e lembrar as palavras de Jesus: “Brilhe a sua luz.”, percebi que, figuradamente, o Mestre quis dizer que somos centelhas divinas criadas para, como as estrelas, fulgurarmos nos espaços, sejam da Terra, sejam dos Céus.
            Tal iluminação, porém, deverá ser tanto mais intensa quanto mais perfeitos formos, haja vista a nova orientação do Cristo: “Seja perfeito, como perfeito é Nosso Pai”. Meu entendimento ficou melhor ainda. Percebi, então, que se a Luz Divina abrange todo o Universo, e nada lhe passa despercebido, necessitamos evoluir infinitamente, pois Deus está no Infinito.
Nessa ascensão infinita, nossa alma, criada como pequena centelha, se expandirá, em foco de luz, eternidade afora. Primeiramente, faísca iluminando nossos próprios pés; em seguida, tocha a clarear os passos dos familiares; mais além, lanterna potente dos caminhos comunitários; depois, poste de luz das residências e comércios povoados; mais tarde ainda, luz feérica e ubíqua dos shoppings, mansões e clubes duma cidade; enfim, claridade duma nação inteira, até espargirmos, como Espíritos puros, nossa luz por todo o globo, quando então passaremos a esses mundos purificados, reiniciando, felizes, nosso desiderato de expansão iluminativa em direção à Luz Maior.
            Ainda assim, restava um “como”. Como fazer para que nossa pequena faísca cresça e se avolume em direção aos páramos evolutivos? Foi então que nos veio nova intuição: Jesus nos ensinou que o mandamento maior é o amor; mas quando ampliou, por seus exemplos, a noção de amor como caridade, teve o objetivo de nos demonstrar que amar é sentir e também agir. É também nossa ação em direção ao próximo e a tudo que existe. Daí surgir esta palavra maravilhosa, com o mesmo significado em latim e inglês: serve; em romeno: servi; em italiano: servire; em espanhol, francês, galego e português: servir.
            Servir é vocábulo formado das sílabas: ser e vir. Se trocarmos a posição delas, obteremos vir e ser. Desse modo, disse-me meu cérebro, que nada mais é do que o computador divino pelo qual se manifesta o Espírito: Se você quiser vir a ser iluminado, é preciso servir; servir para vir a ser. Somente então, sua vida terá sentido.
Nisso, alguém me sussurrou: — Não confunda, porém, servil, cujo significado é servo ou escravo do próximo, palavra próxima de servir, com ser vil: ser reles, ordinário, mesquinho, miserável, desprezível, infame...
            Foi então que percebi que meu cérebro estava conectado com o Machado. Em seguida, o Bruxo recomendou-me: — Sendo vil, ainda que os que se lhe assemelhem o aplaudam, você nada será; servindo é que você virá a ser. Veja, por exemplo, o que ocorreu com aquele ministro que afirmou que não era ministro e sim, que estava ministro. Foi logo demitido, pois o presidente queria alguém que fosse e não que estivesse naquela pasta: a da Educação. Até na classe gramatical de verbo é importante ser, amigo Jó. Quando se está, não se é...
            Porém, se esse vocábulo é substantivo, somos, em parte, imagem e semelhança de Deus, o Ser Supremo do Universo e seus serezinhos: eu e você. A essência divina está em cada um de nós,  filhos de Deus, como nos afirmou nosso irmão maior: Jesus Cristo, o ser mais puro que Nosso Pai nos deu para nos servir de guia e modelo. Então, meu caro, é preciso servir para vir a ser. Adeus!
            — Adeus, meu senhor! obrigado pela prestimosa aula. E, assim, despedimo-nos.
            Tudo isso porque eu pensara em escrever sobre o vídeo enviado pelo Dr. Plotino com excelente palestra de médica geriatra que nos recomenda, em cerca de uma hora, entre outras coisas, as seguintes atitudes para um envelhecimento saudável: cantar, sorrir, amar, persistir, ter autonomia e independência em tudo o que fizer, servir e... aprender sempre, pois, como eu disse no início: viver é aprender.
            Fica para a próxima crônica. Quiçá...

sexta-feira, 8 de março de 2019






Conclusão da Síntese da Doutrina de Sócrates e Platão: itens XVI - XXI

XVI - Chamo de homem vicioso ao amante vulgar, que ama o corpo mais que a alma. O amor está por toda parte na natureza, e convida-nos a exercer a nossa inteligência; nós o encontramos até mesmo no movimento dos astros. É o amor que adorna a natureza com seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa sua morada onde encontra flores e perfumes. É também o amor que traz  paz aos homens,  calma ao mar,  silêncio aos ventos e  sossego à dor.
O amor, que deve unir os homens por um laço fraternal, é uma consequência dessa teoria de Platão sobre o amor universal, como lei da natureza. Sócrates, por ter dito que "o amor não é um deus nem um mortal, mas um grande demônio", ou seja, um grande Espírito que preside ao amor universal; essa afirmação foi-lhe sobretudo imputada como crime.

XVII - A virtude não pode ser ensinada; ela vem por dom de Deus aos que a possuem.
É quase a doutrina cristã sobre a graça; mas se a virtude é um dom de Deus, é um favor, e então pode perguntar-se por que ela não é concedida a todos; de outro lado, se é um dom, não há mérito da parte daquele que a possui. O Espiritismo é mais explícito. Ele diz que aquele que a possui a adquiriu por seus esforços em existências sucessivas, ao se despojar pouco a pouco das suas imperfeições, A graça é a força que Deus concede a todo homem de boa vontade para se livrar do mal e fazer o bem.

XVIII - Há uma disposição natural, em todos nós, para percebermos bem menos os nossos defeitos que os defeitos alheios.
O Evangelho diz: "Você vê a palha no olho do seu vizinho, e não vê a trava que está no seu" (cap. X, its. 9 e 10).

XIX - Se os médicos fracassam no trato da maior parte das doenças, é porque tratam o corpo sem tratarem a alma, e porque, se o todo não se encontra em bom estado, é impossível que a parte esteja bem.
O Espiritismo oferece a chave das relações que existem entre a alma e o corpo, e prova que há incessante reação entre ambos. Ele abre, assim, novo caminho à ciência. Mostrando-lhe a verdadeira causa de certas doenças, dá-lhe o meio de combatê-las. Quando ela levar em conta a ação do elemento espiritual na economia orgânica, fracassará menos.

XX - Todos os homens, após a infância, fazem mais mal do que bem.

Essas palavras de Sócrates tocam à grave questão da predominância do mal sobre a Terra, questão insolúvel sem o conhecimento da pluralidade dos mundos e do destino da Terra, onde se encontra apenas uma pequena fração da humanidade. Só o Espiritismo lhe dá solução, que é desenvolvida logo adiante, nos capítulos II, III e V.

XXI - Há sabedoria em não supor saber o que ignora.

Isso aplica-se àqueles que criticam as coisas de que, frequentemente, desconhecem as primeiras palavras. Platão completa esse pensamento de Sócrates, ao dizer: "Tentemos primeiro torná-los, se for possível, mais honestos nas palavras; se não conseguirmos, não nos ocupemos mais deles, e não busquemos senão a verdade. Tratemos de nos instruir, mas não nos aborreçamos". É assim que devem agir os espíritas, com relação aos seus contraditores de boa ou má-fé. Se Platão revivesse hoje, encontraria as coisas mais ou menos como no seu tempo, e poderia usar a mesma linguagem. Sócrates também encontraria quem zombasse de sua crença nos Espíritos e o tratasse de louco, assim como ao seu discípulo Platão.
Foi por haver professado esses princípios que Sócrates foi primeiro ridicularizado, depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. Tanto isso é certo que as grandes verdades novas, ao levantarem contra si os interesses e os preconceitos que ferem, não se podem estabelecer sem lutas e sem fazer mártires.

Aviso: na próxima semana, iniciaremos a tradução livre do cap. I dessa obra sem paralelo na literatura espiritual, depois do conteúdo do Antigo e do Novo Testamento. Não estamos sós, os bons Espíritos movimentam-se para suprir nossas deficiências. Um dia, se Deus assim o permitir, concluiremos essa obra, faremos sua revisão e a ofereceremos à nossa amada Federação Espírita Brasileira, se essa for a vontade de Deus, para sua publicação, não em substituição às excelentes traduções dos que nos antecederam, mas como nova opção de estudo em linguagem atual o mais possível fiel à de Allan Kardec.


Acesse quando puder estes links:  
1. blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/
2. revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  
3. jornal O Imortal - link d' O Imortal
5. Site da FEB: www.febnet.org.br
6. Site do Prof. Dr. Alexsandro da UFAM:

  Salve, 18 de abril, Dia Nacional do Espiritismo (Irmão Jó) Foi no dia 18 de abril que Kardec, Na Cidade de Luz, em manhã memorável, Lança ...