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terça-feira, 30 de abril de 2019




Em dia com o Machado 365 (Jó)
jojorgeleite@gmail.com

Começo a crônica desta semana com o soneto do Espírito Aura Celeste intitulado Amor sempre:[1]

Se a invernia das lágrimas te cresta
A for do sonho em pedra, vento e lama,
Aquece o coração ao sol em festa,
Recompõe o caminho, espera e ama.

Ante o gládio da injúria manifesta,
Se o veneno da mágoa te reclama
A luz de todo anelo, inda te resta
O pábulo da fé por viva chama!

Bênçãos de caridade, em paz, cultua!
Outras almas em luta a dor assombra,
Socorre-as, passo a passo, rua em rua!

Descobrirás, por fim, de clima em clima,
A vida por estrela envolta em sombra
Que o trabalho do amor ergue e sublima!

         Em João, 3:16, lemos o seguinte: “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (BÍBLIA de Jerusalém). Em perfeição, Jesus é único entre nós. É o Messias Divino, o Cristo anunciado por Isaías e outros profetas. Veio trazer-nos a ideia de que Deus é nosso Pai Justo, Amoroso e Perfeito. Trouxe-nos a certeza de que somos filhos da Luz e, desse modo, fomos criados pelo e para o Amor.
         Emmanuel, em sua mensagem intitulada Terra – bênção divina,[2] diz-nos o seguinte:

Não amaldiçoes o mundo que te acolhe.
Nele encontras a Bênção Divina, envolvente e incessante, nas bênçãos que te rodeiam.
O regaço materno...
O refúgio do corpo...
O calor do berço...
O conforto do lar...
O privilégio da oração...
O apoio do alfabeto...
A luz do conhecimento...
A alegria do trabalho...
A riqueza da experiência...
O amparo das afeições...
[...]
No mundo, respiraram os heróis de teu ideal, os santos de tua fé, os apóstolos de tua inspiração e as inteligências que te traçaram roteiro.
[...]
Se algo nele existe que o tisna de lágrimas e empesta de inquietação, é a dor de nossos erros.
Não te faças, assim, causa do mal no mundo, que, em todas as expressões essenciais, consubstancia o Bem maior em si mesmo.

         Por fim, Emmanuel, iluminado apóstolo moderno do Cristo, na Espiritualidade Maior, repete as palavras do discípulo bem-amado e evangelista João: “Lembra-te de que ‘Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
         O que destaca Jesus, entre todos os profetas, é justamente a coerência entre o que pregava e o que fazia. Toda a sua vida foi orientada para nos mostrar, pelo exemplo, que somente o amor constrói a felicidade na vida eterna a que o Pai nos destinou, como filhos da Luz. Por isso, recomendou-nos o Cristo jamais resistir ao mal. Amar sempre!


[1] CELESTE, Aura (Espírito). In: Sonetos de Vida e Luz. Espíritos diversos. Psicografado por Waldo Vieira. Uberaba, MG: CEC, 1966, p. 65.
[2] EMMANUEL (Espírito). In: O Evangelho por Emmanuel. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Coordenação: Saulo César Ribeiro da Silva. Brasília: FEB, 2015, p. 52.





sexta-feira, 26 de abril de 2019


Cont. da trad. livre d'O Evangelho Segundo o Espiritismo, em sua 3ª ed. francesa, por Jorge Leite de Oliveira.






1.5.2 Erasto, discípulo de Paulo (Paris, 1863)


Agostinho é um dos maiores divulgadores do Espiritismo. Manifesta-se por quase toda parte, e a razão disso a encontramos na vida desse grande filósofo cristão. Pertence a essa vigorosa falange dos Pais da Igreja, a quem a Cristandade deve as suas mais sólidas bases. Como vários outros, ele foi arrancado ao paganismo, ou melhor diremos, à mais profunda impiedade, pelo fulgor da verdade. Quando, em meio aos seus desregramentos, sentiu na própria alma a estranha vibração que o fez voltar a si mesmo e o fez compreender que a felicidade não estava alhures, nem nos prazeres enervantes e fugidios; quando, enfim, na sua Estrada de Damasco, ele também ouviu a santa voz que o clamava: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" exclamou: "Meu Deus! Meu Deus, perdoe-me, eu creio, sou cristão!" E desde então se tornou um dos mais firmes pilares do Evangelho. Podemos ler, nas notáveis confissões desse eminente Espírito, as palavras características e proféticas, ao mesmo tempo, que ele pronunciou ao ter perdido Santa Mônica: "Estou convencido de que minha mãe me virá visitar e me e dar os seus conselhos, me revelando o que nos espera na vida futura". Que ensino nessas palavras, e que brilhante previsão da futura Doutrina! É por isso que hoje, vendo chegada a hora de divulgação da verdade, que ele já havia pressentido, faz-se o seu ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer para atender a todos os que o chamam.

Nota: Agostinho vem, por acaso, modificar aquilo que ensinou? Não, seguramente, mas como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não podia ver como homem. Sua alma liberta percebe claridades novas, e compreende o que antes não compreendia. Novas ideias lhe revelaram o verdadeiro sentido de certas palavras. Quando na Terra, julgava as coisas segundo os conhecimentos que possuía; mas, quando nova luz se fez para ele, pode julgá-las com maior clareza. É assim que ele teve de abandonar sua crença referente aos espíritos íncubos e súcubos, bem como o anátema que havia lançado contra a teoria dos antípodas. Agora que o Cristianismo lhe aparece em toda a sua pureza, ele pode, sobre certos pontos, pensar de maneira diversa de quando vivia, sem deixar de ser o apóstolo cristão. Pode, sem renegar sua fé, fazer-se o propagador do Espiritismo, porque nele vê o cumprimento das predições. Ao proclamá-lo, hoje, nada mais faz do que nos conduzir a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos. Dá-se o mesmo com outros Espíritos, que se encontram numa posição semelhante.

terça-feira, 23 de abril de 2019




Em dia com o Machado 364 (jó)

Vigiemos e oremos, pois somos vigiados por uma multidão de espíritos.[1]
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que ditou ao médium e tribuno espírita Divaldo Pereira Franco dezessete obras, explica-nos que faz parte de uma equipe socorrista, no plano espiritual, em geral, dirigida pelo grande apóstolo do Espiritismo, Bezerra de Menezes. Nessas obras, Philomeno de Miranda aborda a influência nefasta dos inimigos desencarnados sobre nossas mentes. Essa interferência ocorre quando, misturando seus pensamentos com os nossos, esses Espíritos, denominados obsessores, provocam uma espécie de curto-circuito cerebral em suas vítimas que, muitas vezes, sem se darem conta, são levadas a atitudes anormais.
O desequilíbrio pode ser desencadeado por algum ato grave que tenhamos cometido, em prejuízo de alguém e de nós mesmos, que altera nosso estado de consciência. Como nem sempre somos capazes de diferençar os próprios pensamentos dos de nossos inimigos desencarnados, interferidos nos nossos, se não nos defendermos com “vigilância e oração” recomendadas pelo Cristo, o processo, inicialmente sutil, agrava-se com o tempo e pode mesmo causar-nos distúrbios mentais graves.
Adilton Pugliese, organizador, ampliou seus estudos de todas as obras de Philomeno de Miranda e republicou, com a aprovação de Divaldo Franco, o livro intitulado Obsessão: instalação e cura. Neste, encontramos roteiro muito útil para o estudo dessa nefasta influência na vida de grande número de pessoas em todos os tempos. Seu conteúdo é baseado em narrações de fatos reais, que desenvolvem o contido no pentateuco kardequiano sobre os diversos tipos de obsessão e o que fazer para sua profilaxia e tratamento.
Em todas as obras de Allan Kardec e na sua Revista Espírita, existe rico material sobre o assunto, agora desenvolvido com exemplos vivos desse que é considerado um verdadeiro “flagício social” por Miranda e, antes, pelo próprio Codificador do Espiritismo.
Na obra organizada por Adilton, lemos relatos dos casos que, se não identificados em tempo hábil, levam as pessoas obsidiadas à verdadeira loucura. Os obsessores usam técnicas refinadas, baseadas na identificação das falhas da personalidade comprometida em sua individualidade espiritual, e atuam implacavelmente sobre suas consciências, não lhes dando tréguas. Daí ser necessário que nos conheçamos bem, a fim de não cairmos nessas armadilhas.
Não nos esqueçamos de que, na Terra, o único ser humano plenamente identificado com Deus foi Jesus. E não alimentemos pensamentos deprimentes pelas faltas cometidas. Antes, aprendamos com elas a não mais errar.
Todos nós erramos e ainda vamos cometer muitos erros. Lembremo-nos, entretanto, desta frase do apóstolo Pedro: “O amor cobre a multidão de pecados” (I Pedro, 4:8). Principalmente quando jovens (e agora a juventude alcança a casa quarentenária), cometemos algumas falhas de observação, erros de avaliação e injustiças com as pessoas. Não podemos, porém, sentar em cima da falta e dali não mais sair. O modo de reparar um mal é substituí-lo por boas ações, pelo pedido sincero de perdão e pelo propósito de não mais incidirmos no erro.
Uma das formas de observarmos as tristes consequências de pessoas que não se perdoaram é a visita a esses tristes lares em que não só o faltoso como sua própria família expiam suas faltas passadas, não corrigidas a tempo. Então, ao reencarnarem, plasmam corpos deformados. Em Santo Antônio do Descoberto, visitamos algumas famílias que nos demonstram quanto temos a agradecer a Deus por termos um corpo perfeito e a oportunidade de reparar em tempo alguns erros da mocidade e mesmo da idade madura. Pois, como dizia o apóstolo Paulo, somos ainda mais propensos ao mal do que ao bem, mesmo já sendo adeptos deste.
Um jovem, atualmente internado com infecção generalizada, há cerca de vinte anos, foi acometido de paralisia física e cerebral, e vegeta em cima de modesta cama. Até os dezessete anos de idade era um rapaz saudável. Na última semana, soubemos que seu pai também foi internado. Este, além de sofrer do mal de lázaro, também contraiu câncer prostático.
Outro jovem, muito forte da cintura para cima, tem as pernas atrofiadas e o cérebro lesado, sendo encontrado sempre sentado sobre modesto sofá do lar de sua resignada e forte mãe, ironicamente, conhecida como dona Chagas. Esse jovem é quase cego e não fala. No mesmo lar, outro rapaz, aparentemente saudável, está quase cego. Também visitamos a casa duma jovem que sofre de paralisia cerebral congênita. Com o corpo magro e retorcido, está sempre estirada em sua cama. Em geral, profundamente adormecida.
Precisamos aproveitar a oportunidade que Deus nos deu e trabalhar em nós o sentimento de piedade para com nós mesmos e para com todos aqueles nossos irmãos, do presente e do passado, aos quais, independentemente do que eles sintam por nós, precisamos amar e servir com todas as forças de nossa alma.
A começar dos que o Senhor colocou em nossa casa. Daí a necessidade de um tratamento espiritual, quando o assédio dos obsessores se torna implacável e nefasto ao nosso equilíbrio mental. O que não dispensa a orientação e medicação do psiquiatra.
E, agindo de acordo com a recomendação paulina, certamente estaremos livres de maiores complicações, quando optarmos pelo amor incondicional: “Não desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos” (Gálatas, 6:9).


[1] PAULO. Bíblia de Jerusalém (Hebreus, 12:1, 2). “Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus [...]”.

sábado, 20 de abril de 2019


Cont. trad. livre d'O Evangelho Segundo o Espiritismo (Jorge Leite de Oliveira)




1.5.1 Fénelon (Poitiers, 1861)


Um dia, Deus em sua inesgotável caridade, permitiu ao homem ver a verdade transpor as trevas. Esse dia foi o da vinda do Cristo. Depois da luz viva, as trevas voltaram. Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo de novo se perdia. Então, semelhantes aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos começaram a falar e a adverti-los. O mundo está abalado nas suas bases: o trovão estrondará; sejam firmes!
O Espiritismo é de ordem divina, pois se assenta sobre as próprias leis da natureza, e, creiam, tudo o que é de ordem divina tem um objetivo elevado e útil. Seu mundo perdia-se, a ciência, desenvolvida com o sacrifício dos interesses morais, conduzia-os unicamente ao bem-estar material, revertendo-se em proveito do espírito das trevas. Como vocês sabem, cristãos, o coração e o amor devem marchar unidos à ciência. O Reino do Cristo, ai de nós! após dezoito séculos, e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, retornem ao Mestre, que quer salvá-los. Tudo é fácil àquele que crê e que ama; o amor o enche de alegria inefável. Sim, meus filhos, o mundo está abalado. Os bons Espíritos lhes dizem bastante. Curvem-se sob o sopro precursor da tempestade, para não serem derrubados, ou seja, preparem-se e não se assemelhem às virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se prepara é mais moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, insuflam a fé, para que todos vocês, obreiros esclarecidos e ardentes, façam ouvir sua humilde voz, pois vocês são os grãos de areia, mas sem os grãos de areia não haveria montanhas. Assim, pois, que estas palavras: "Nós somos pequenos", não tenha sentido para vocês. A cada um sua missão, a cada um seu trabalho. A formiga não constrói o seu formigueiro, e animálculos não formam continentes? A nova cruzada começou. Apóstolos da paz universal, e não da guerra, modernos São-Bernardos, olhem e marchem para a frente. A lei dos mundos é a lei do progresso.

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terça-feira, 16 de abril de 2019




Em dia com o Machado 363 (jó)


Quando era pequeno, ouvi um alerta de mamãe, gente de família simples, do qual nunca me esqueci, após papai cair na boa conversa de um vigarista que lhe vendeu um bilhete vencido da loteria. O farsante mostrou-lhe os números impressos no jornal do dia, Gazeta de Notícias, que lhe faziam supor serem os mesmos do bilhete. Era tudo falsificado, e meu velho gastou o salário do mês de minha família, pensando que havia encontrado um caipira bobo que lhe vendera, ao preço do salário mínimo, o bilhete do milhão. Eis o alerta: “Bobo é quem cai no conto do vigário”.
A partir daí, fiquei esperto e percebi que, em se tratando de dinheiro, besta é quem pensa ganhar milhão fácil à custa alheia. Em geral, os estelionatários, quando encontram alguém ambicioso e metido a esperto, fazem miséria com essa pessoa.
Não é à toa que existem milhares de fakes na internet. Vivemos num mundo bestial, em que para cada pessoa boa há cem más. Um dos meios de enganar os trouxas é publicar, nalguns desses diversos sites, de preferência os da última moda, um perfil falso, que depois será deletado. Ali, o 171 publica, sem pudor, tudo que quiser: títulos acadêmicos inexistentes, milhares de seguidores, negócios da China, lucros que forjam sua imagem como a de grande empresário etc.
Depois disso, é só ir atrás dos “espertos” e fazê-los crer que se tornarão, muito em breve, milionários. Então, começa a extorsão. Hoje é um empréstimo de x, amanhã de y e, quando a pessoa se dá conta de que caiu no conto do vigário, o prejuízo já é irreparável. Então, vem a vergonha de dizer a seus familiares que os milhões que esperava receber voaram mais alto do que Fernão Capelo Gaivota.
As únicas formas indiscutíveis que conheço de alguém ficar rico, sem tisnar suas mãos e consciência, é ganhar na loteria, com bilhete comprado em loja credenciada; herdar milhões de parente próximo ou a fortuna do Quincas Borba, personagem de um dos meus romances.
Ganhar na loteria não é bom para quem é pródigo, pois em pouco tempo distribuirá dinheiro a rodo. Herdar é coisa muito comum em romances, contos, novelas e filmes. Mas se a herança é como a do Quincas, cuidado! Não faltarão parentes e amigos batendo na porta de sua casa para lhe pedir ajudinha na compra dum barraquinho, dum sitiozinho e... quando você se der conta, estará com ũa mão na frente e outra atrás. Então, ninguém mais quererá saber de você.
Fora disso, precisamos valorizar cada centavo conquistado com nosso suor e trabalhar muito. Não para ajuntar tesouro na Terra, onde “a traça rói, a ferrugem corrói e o ladrão rouba”, como nos alertou o Mestre, mas para legar as riquezas do espírito a nossos verdadeiros tesouros, que estão na família. Ganhar dinheiro fácil, como Rubião herdou do maluco Quincas Borba, pode ser um meio rápido de... ficar doido como ambos, que acabaram assim na terra dos pés juntos.
Eu sou Machado, e quem psicografou isto foi meu secretário, Jó.

Obs.: esta é obra de ficção; se algum dia o Espírito Machado de Assis ditar-me alguma coisa, não terei dúvida em creditar-lhe a autoria do texto, mas isso ainda não ocorreu.






sábado, 13 de abril de 2019




Cont. trad. livre de Jorge Leite de Oliveira

1.5 Instruções dos Espíritos: a nova era

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            Deus é único, e Moisés é o Espírito que Ele enviou com a missão de torná-lo conhecido, não somente dos hebreus, mas também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que Deus se serviu para fazer sua revelação por  Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes sofridas por esse povo destinavam-se a chamar a atenção  geral e fazer cair o véu que ocultava a Divindade.
Os mandamentos de Deus, transmitidos por Moisés, portam o germe da moral cristã mais ampla. Os comentários da Bíblia reduziam-lhes o sentido, porque, postos em ação em toda a sua pureza, não seriam então compreendidos. Mas os Dez Mandamentos de Deus nem por isso deixaram de ser o brilhante frontispício da obra, como um farol que devia iluminar para a humanidade o caminho a percorrer.
A moral ensinada por Moisés era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos chamados à regeneração, e esses povos, semisselvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a  Deus sem holocaustos, nem que se pudesse perdoar a um inimigo. Sua inteligência, notável no tocante às coisas materiais, e mesmo em relação às artes e às ciências, estava muito atrasada em moralidade, e eles não se submeteriam ao domínio de uma religião inteiramente espiritual. Necessitavam de uma representação semimaterial, como a que então lhes oferecia a religião hebraica. Os holocaustos, pois, lhes falavam aos sentidos, enquanto a ideia de Deus lhes falava ao espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral: a moral evangélico-cristã, que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los fraternos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, e criar entre todos os homens uma solidariedade comum; duma moral, enfim, que deve transformar a Terra, fazê-la morada de Espíritos superiores aos que a habitam hoje. É a lei do progresso, a que a natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer a humanidade avançar.
Os tempos são chegados em que ideias morais se devem desenvolver, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Elas devem seguir o mesmo roteiro que as ideias de liberdade seguiram, como suas precursoras. Mas não se pense que esse desenvolvimento se fará sem lutas. Não, porque elas necessitam, para chegar ao amadurecimento, de agitações e discussões, a fim de atraírem a atenção das massas. Uma vez despertada a atenção, a beleza e a santidade da moral tocarão os Espíritos, e eles se dedicarão a uma ciência que lhes traz a chave da vida futura e lhes abre a porta da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. Um Espírito Israelita (Mulhouse, 1861). 
           

terça-feira, 9 de abril de 2019




Em dia com o Machado 362 (jó)

Aviso ao amigo leitor: cuidado com o que diz, como diz, quando diz e a quem diz alguma coisa. O mesmo se aplica ao que faz, como faz, quando faz e a quem faz algo.
        Caminhamos, celeremente, para um mundo em que é perigoso até mesmo pensar no que é censurável para quem tem ideias contrárias às nossas. Isso porque a tecnologia está a tal ponto na ponta que não vai muito longe o dia em que você pensou algo errado e... pou! lá vem cacetada.
        Há dois dias, dizia umas frases evangélicas para a Siri, em meu relógio Apple Watch, e ela respondeu-me que não costuma falar sobre filosofia. Mais tarde, eu estava conversando com minha esposa, e a Siri entrou na conversa dizendo que não tinha entendido o porquê de eu lhe ter dito que iria tomar banho.
        No último sábado, à noite, soube que o amigo André Siqueira estava expondo um tema espírita num dos inúmeros centros que o convidam a fazer palestras. O silêncio era total, não se ouvia o zumbido duma mosca. De repente, uma voz soou bem alto, no salão da conferência espírita: — Não estou entendendo nada!
        Envergonhado, o expositor sacou o celular do bolso e o desligou. O público, inicialmente perplexo, entendeu tudo e, como não podia deixar de ser, caiu na gargalhada. Se havia alguém ali que não entendia nada era somente a Siri, aquela voz feminina que nos pergunta e responde, no celular, o que queremos saber. Agora também no relógio...
Às vezes, apertamos por descuido o aparelho e ouvimos sua pergunta: — O que você quer saber? Se a questão for um pouco mais técnica, ela nem sempre sabe a resposta. Quanto ao relógio inteligente, a coisa é mais complicada. Outro dia, fiquei quase uma hora tentando dizer-lhe pequena frase para ele reproduzir por escrito, sem êxito. A frase era a seguinte: “Vinde a mim todos vós, que estais aflitos e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (Mateus, 11:28).
Eis o que era registrado: “Binde a mim todos avós...”. Eu cancelava, tentava novamente, e recebia a nova resposta: “Brinde a mim todos vós...”. Tornava a cancelar e, novamente, a frase era deturpada: “Vinde Amin os ovos estragados...”. Desisti. Agora tenho pensado se não seria melhor ditar a frase na língua inglesa.
        Mas falemos, também, de cinco dicas excelentes da monja Coen, citadas no Gshow por Marcelle Abreu, no dia 3 de abril passado, e o que o Apple Watch pensa delas:
1ª dica: postura correta: alinhar o corpo, colocar os ombros para trás e fazer respiração consciente. De hora em hora, meu relógio pede-me para fazer algo parecido: prestar atenção na inspiração e na expiração; levantar um pouco da cadeira, por um minuto etc.;
2ª dica: dizer palavras agradáveis às pessoas com quem conversa e dialogar, ao invés de discutir. É recomendável que, antes de falarmos em público, calemos a Siri;
3ª dica: ser mais compreensivo com as pessoas, celular e relógio, e evitar o assassínio dessas máquinas, algo não previsto no quinto dos Dez Mandamentos: Não matarás;
4ª dica: viver alegremente: também não nos faltam incentivos para rir e fazer rir, sem deixar de atender à 3ª dica;
5ª dica: cuidar de si. Amar-se é amar a Deus, que segue conosco eternidade afora, bem como todos os nossos irmãos da humanidade.
Só temos que ter cuidado com a Siri e seus semelhantes, senão...  é possível que em breve surja uma sociedade protetora dos aparelhos eletrônicos.

sábado, 6 de abril de 2019




O Evangelho Segundo o Espiritismo – tradução livre da terceira edição francesa (JLO) Continuação:










1.4 Aliança da ciência com a religião

A ciência e a religião são as duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material, e a outra as do mundo moral. Mas ambas, tendo o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma das outra, uma estaria necessariamente errada e as outra certa, porque Deus não pode querer destruir a sua própria obra. A incompatibilidade que se acredita existir entre essas duas ordens de ideias provém de uma falha de observação e do excesso de exclusivismo de parte a parte. Daí haver um conflito, que originou a incredulidade e a intolerância.

Os tempos são chegados em que os ensinamentos do Cristo devem  ser completados; em que o véu lançado intencionalmente sobre algumas partes dos ensinos deve ser levantado; em que a ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; e em que a religião, deixando de desconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria, essas duas forças, apoiando-se mutuamente e marcharão juntas e apoiar-se-ão uma na outra. Então a religião, não mais desmentida pela ciência, adquirirá um poder inabalável, porque estará de acordo com a razão e já não se lhe poderá opor à irresistível lógica dos fatos.

A ciência e a religião não puderam se entender até hoje, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Faltava algo para preencher o espaço que as separava, um traço de união que as aproximasse. Esse traço de união está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal, leis tão imutáveis como as que regem o movimento dos astros e a existência dos seres. Essas relações, uma vez constatadas pela experiência, nova luz se fez: a fé dirigiu-se à razão, que nada encontrou de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido. Mas nisto, como em todas as coisas, há pessoas retardatárias, até que sejam arrastadas pelo movimento geral, que as esmaga, se quiserem resistir em vez de o seguirem. É toda uma revolução moral que se opera neste momento  e trabalha os Espíritos. Após ser elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega à sua plena realização e vai marcar uma nova era para a humanidade. As consequências dessa revolução são fáceis de prever: ela deve produzir inevitáveis modificações nas relações sociais, contra o que ninguém poderá opor-se, porque elas estão nos desígnios de Deus e  resultam da lei do progresso, que é uma lei de Deus.

Acesse quando puder estes links:  
1. blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/
2. revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  
3. jornal O Imortal - link d' O Imortal
5. Site da FEB: www.febnet.org.br
6. Site do Prof. Dr. Alexsandro da UFAM:






  Dia Mundial da Voz (Irmão Jó)   Voz velada e veludosa Vela pacientemente O paciente doente Sem um momento de prosa... Foi cantor o ser vel...