Em dia com o Machado 179
(jlo)
Estava, relendo a obra Nos bastidores da obsessão, do
bondoso amigo Manoel Philomeno de Miranda, psicografada pelo maior médium
brasileiro e tribuno espírita da atualidade, Divaldo Pereira Franco, 89 muito
bem vividos na prática do amor e da divulgação espírita-cristã (pleonasmo
proposital), e plenamente atuante em conferências por este mundinho afora,
quando ouvi uma voz provinda de um estranho aparelho que reproduz a imagem,
atos e falas das pessoas:
— Pois é, quando eu
namorei com fulano...
Era uma jovem que
falava, é bom que se diga, nesse tempo apocalíptico... Joteli não perdeu
tempo. Perguntou a sua sobrinha quem é que a jovem namorava.
— Fulano... Respondeu-lhe
ela, estranhando a pergunta.
— Não senhora —
esclareceu-lhe meu secretário —, ela disse que namorava com fulano, mas não
ele. Namorar pede complemento direto. Namora-se alguém e não com alguém. A não
ser que esse alguém esteja na companhia de quem esteja namorando. Ou seja,
"segurando vela", como se diz popularmente.
— Ficou claro, agora,
amiga leitora? Namora-se fulano ou fulana. Namorar com fulano não é a mesma
coisa que namorar fulano, ora, pois...
O verbo expressa
movimento, ação e mesmo estado. Pode exigir ou não uma preposição para se ligar
com a palavra ou expressão seguinte. No caso de namorar, o verbo dispensa a
preposição quando você quer dizer que namora alguém ou algo figuradamente:
Estou namorando aquela Ferrari há anos... Namorei minha esposa três meses,
antes de nos casarmos...
Há casos, entretanto,
nos quais o verbo fica no infinitivo. Um exemplo é quando você diz a alguém que
esteja curtindo suas férias em Machu Picchu, no Peru: "Como eu gostaria de estar aí...". Isso mesmo,
"estar" e não "está", como algumas pessoas dizem e
escrevem.
Outra coisa: peru, angu,
tatu, saci, ali, jabuti... Ou seja, palavras oxítonas (última sílaba tônica)
terminadas por i e u não são acentuadas, mas como "a
exceção confirma a regra" há casos em que isso ocorre...
— Como assim, Bruxo? A
regra não se aplica a todas as oxítonas terminadas em "u" e em
"i"? Explique-se!
— Não fique bravo, meu
caro, a exceção ocorre quando existe hiato no final da palavra, que é aquele
fenômeno no qual o "i" e o "u" se separam das vogais que se
juntam a eles na soletração. Exemplos: açaí, jaú... Observe que, na silabação,
a pronúncia dessas palavras é a- ça-í; ja-ú. Viu? Simples assim.
— O que houve com você,
Machado? Agora resolveu ensinar português?
Você nunca foi disso...
— Culpa sua, Joteli, que
não quer mais falar de política e volta a esse tema tão bem explorado por seu
amigo Astolfo, no blog Espiritismo Século XXI. Embora
eu acredite mesmo é na leitura crítica e na escrita objetiva e clara, de vez em
quando é bom martelar as cabeças desse povo com nossa língua afiada. Um dia, haverão
de aprender...
— Você já percebeu,
Machado, que poucos sabem usar o verbo haver
no sentido de existir, ocorrer?
É um tal de "houveram muitas vaias à mandatária da nação", daqui, e
de "haviam poucos deputados na Câmara" dali... E não adianta lhes dizer
que o correto é "houve muitas vaias" e "havia poucos
deputados"... Então, cansei! Quem desejar aprender a escrever que leia,
leia, leia...
— E depois escreva,
escreva, escreva...
— Ler, reler o texto
várias vezes, cortando os excessos, corrigindo os lapsos, buscando sempre a
objetividade e a clareza... Deixar
cair, sem deixar de ser simples!
— Isso mesmo, Joteli!
Somente assim your text will
go down well.
— Na arte e na música, porém, Machado, o
português é outra coisa. O que importa é comunicar, quer ouvir? Clique aqui:
http://letras.mus.br/adoniran-barbosa/43968/.
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