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quarta-feira, 25 de abril de 2018





Em dia com o Machado 312 {jÓ)

— Boa noite, Machado. Lembrei-me de sua crônica intitulada O Sermão do Diabo (4 set. 1892), publicada em Páginas Recolhidas (Ed. Garnier). Conforme você lembrou-nos ali, “Já Santo Agostinho dizia que a igreja do Diabo imita a igreja de Deus”.  Todos os itens daquela sua crônica aplicam-se à época atual, mas dois, sobretudo, chamaram-me a atenção.
— Quais são eles, Jó?
— Os itens 20 e 21.
— Que dizem eles?
— “20 Não queirais guardar para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e donde os ladrões os tiram e levam.
21 Não vos fieis uns nos outros. Em verdade vos digo que cada um de vós é capaz de comer o seu vizinho, e boa cara não quer dizer bom negócio.”
— Também este item é bem sugestivo, Jó:
“24 Não queirais julgar para que não sejais julgados; não examineis os papéis do próximo para que ele não examine os vossos, e não resulte irem os dois para a cadeia, quando é melhor não ir nenhum.”
— E que tal este outro, nobre Machado? Diga-me se ele não se parece com o de um mau governo, sucessor de outro, também terrível, o qual foi julgado e condenado por improbidade administrativa:
“27 Não deis conta das contas passadas, porque passadas são as contas contadas, e perpétuas, as contas que não se contam.”
— Exatamente, Jó. Mefistofélico. A diferença são as finanças, até agora camufladas, que arrebentarão nas mãos do próximo governante. É por isso que concluí aquela crônica informando sobre a aparição do defunto barão Louis, ao qual disse conhecer muito sua famosa máxima: “Dai-me boa política, e dar-vos-ei boas finanças”.
— E que foi mesmo que ele respondeu, Machado?
— Disse-me que essa máxima estava tirando-lhe o sono na eternidade. Então propôs-me substituí-la por esta, que lhe pareceu mais correta: “Dai-me boas finanças, e dar-vos-ei boa política”.
— Muito apropriada à nossa velha política, nobre Machado. Soube de casos de políticos atuais que, mesmo presos, ainda cobram propinas...
— Aí está o x da questão, Jó. Não adianta prender o corpo, é preciso tirar-lhe cada centavo surrupiado das finanças públicas. Mais do que isso, é necessário responsabilizar o gestor da cousa pública ou privada por níquel gasto em obras inacabadas ou superfaturadas que deem prejuízo à nação. Para evitar-se isso, recomendo três medidas fundamentais ao povo, aos meios de comunicação e à polícia.
— Quais são elas, Bruxo?
— Primeiro, fiscalizar; segundo, fiscalizar; terceiro, fiscalizar.
— Isso mesmo, Machado. Agora que se aproximam as eleições, sugiro ao leitor fiscalizar a vida pregressa de cada candidato e se o que ele diz é compatível com seu caráter. Pois de promessas e falácias o mundo anda cheio. Precisamos mesmo é de competência, trabalho e honestidade.
— É verdade, amigo Jó. De falácia o Diabo entende.


quinta-feira, 19 de abril de 2018




Em dia com o Machado 311 )jÓ(

— Amigo Machado, embora estejamos longe de imitá-lo na qualidade de seus versos, quero começar nosso diálogo por onde você parou na última crônica. Amar sempre. Proponho ao nosso leitor, em singelo poema, reflexão sobre o verbo amar, que um dia será conjugado por todos os habitantes deste planeta.
— Então, vá em frente, Jó...
— Obrigado, amigo, eis o poema:

VERBO AMAR

Pai Bondoso e Sapiente,
Que reges todo o Universo,
A sinfonia dos astros
Saúda-Te em prosa e verso.

Deste pequenino mundo,
Que podemos comparar
Com ínfimo grão de areia,
Teu filho Te quer louvar.

O Sol brilha soberano,
Mas cede a noite ao luar,
E o rio torna-se mar...

Um dia, o justo e o tirano,
Quando a maldade acabar,
Cantarão Teu Verbo Amar.

— Simples e belo poema, amigo Jó. Ele lembra-nos os tempos chegados, em que começa a ser feito o expurgo do joio, que se inicia no umbral, continua nas regiões subcrostais e vem para a crosta terrestre. Daqui, será excluído em bloco, como bem esclarece Mário Frigéri no Reformador deste mês de abril, periódico publicado pela Federação Espírita Brasileira (FEB).
— Pelo visto, você continua leitor voraz, amigo Bruxo. Já leu a obra As Sete Esferas da Terra, escrita por esse articulista do Reformador? 
— Com certeza, amigo Jó. Você é que ainda não leu essa excelente obra publicada pela FEB.
— Vou procurá-la em minha estante... Antes, recomendo ao leitor que adquira e leia o artigo do Frigéri, que serve como bela síntese do conteúdo da sua obra.
— Por isso mesmo, é importante ler esse periódico mensal da FEB. Ele mantém-nos informados sobre as atualidades do movimento espírita e publicações importantes para nosso aperfeiçoamento moral.
— É verdade, Machado, mas atualmente temos outras preciosas fontes de informação, que em sua época não havia. Como exemplo, citamos os seguintes endereços eletrônicos:
http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com
https://blogdobrunotavares.wordpress.com etc.
— Adeus, Jó, você está muito falador!
— Até breve, Machado, nunca é demais falar do Amor!





sexta-feira, 13 de abril de 2018




Em dia com o Machado 310 (]

— Bom dia, amigo Jó. Parabéns por sua cirurgia! Breve você voltará a ouvir o canto do sabiá, o voo dos aviões, a cascata a despencar no morro dos gaviões.
Não desanime, 6.6 é apenas o começo, desde 16 de março, de uma nova e gloriosa etapa a serviço do Cristo.
— Bom dia, Bruxo, não desanimarei, pois já percebo que ainda é o amor o antídoto do mal, mesmo quando observo a incoerência, a ambição desmedida e o egocentrismo predominarem em nosso mundo.
— Como você observou bem, em sua tese aprovada na UnB, Jó, não sei se é na literatura que está a salvação, mas predomina nos meus personagens e nos de todos os bons escritores tremenda influenciação espiritual, sem que quase ninguém perceba isso.
— Pois é, Machado, um dos nossos objetivos foi exatamente este: mostrar ao leitor ou leitora o fundo moral subjacente em sua obra e expresso por sua ironia em relação aos costumes depravados da sociedade brasileira. O outro foi propor aos amantes da literatura a análise do rico conteúdo espírita a ser explorado pelos pesquisadores e proposto como monografia de final de curso, seja este de graduação, especialização, mestrado ou doutorado.
— Esteja certo, amigo Jó, que seus objetivos foram alcançados. Os resultados é que serão atingidos paulatinamente. As pessoas ainda não perceberam que a palavra “desinteresse” tem um alcance mais amplo do que o exigido por elas aos trabalhos alheios. Se você é bem-sucedido em algo, não faltarão atitudes de inveja e ataques destruidores de sua obra. Não se preocupe com isso, continue trabalhando.
— É verdade, Machado, também o auxílio que damos a outrem é esquecido facilmente, mas aprendi que não devemos aguardar reconhecimento e, sim, continuar fazendo o bem.
— Continue, amigo, amando e servindo sem parar.
Ainda que riam de sua honestidade, permaneça sendo honesto.
Mesmo que destruam tudo que você construiu ao longo dos anos, continue construindo.
Ajude sempre, ainda que o beneficiado seja ingrato e agressivo.
Não busque reconhecimento do mundo. Faça sempre o melhor que puder.
Perdoe sempre. Exercite a compaixão para com todos.
Somente os bons são verdadeiramente felizes.   
Nada exija. Sirva sempre.
Um dia, com lágrimas de felicidade, você verá um vulto luminoso caminhar ao seu encontro. É Jesus que, com sua voz dulcíssima, dir-lhe-á:
— Vem a mim, bendito do meu Pai, pois tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, era órfão e me amparaste, tive frio e me agasalhaste e quando preso me visitaste.
Então você, emocionado, apenas perguntará ao Cristo: — Senhor, que devo fazer para merecer tamanha felicidade?
E Ele responder-lhe-á: — Amar sempre!


sábado, 7 de abril de 2018




Em dia com o Machado 309 (jÓ]


Bom dia, amigos. Começo pela afirmação de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de Habeas Corpus iniciado no dia 4 de abril deste ano: “Não há uma decisão certa e uma errada” (Globo News).
Discordo. Disse Jesus: “Seja vosso falar sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”.[1] Na hermenêutica, prevalecem a lógica e o bom senso.
O que o cidadão leigo percebe, nos julgados por alguns ministros do STF, é o uso de sofismas antes de emitirem seus votos em assuntos controversos, sempre que está em pauta a conduta criminosa de autoridades políticas. Em vez de analisarem a conduta do paciente ante a letra da lei, criticam todo o ordenamento jurídico: juízes, tribunais, colegas e arquitetam ideias contraditórias objetivando satisfazer seus interesses escusos.
Se o objeto do julgamento é o crime de um cidadão sem dinheiro para pagar advogados na utilização de recursos, ainda que meramente protelatórios, a situação muda de figura. Nesse caso, o paciente é discriminado, imediatamente condenado e preso.
Segundo levantamento estatístico citado por outro ministro, mata-se mais no Brasil, anualmente, do que na Síria, país devastado pela guerra. Aqui, a vida humana vale muito pouco, embora considerada direito fundamental de cada cidadão. O principal bem a ser protegido, segundo nossa Lei Maior. Em nosso país, os marginais ficam livres, e os demais cidadãos não têm segurança, mesmo que estejam trancados em seus lares. Nem nossos policiais estão seguros. Raro é o dia em que um deles não seja assassinado.
O Brasil está em terceiro lugar entre as nações mais corruptas do mundo. Nossa legislação penal admite tantos recursos que, como exemplo, foi citado o caso do cidadão que roubou milhões e apresentou 32 recursos judiciais ao longo dos anos. Seu crime prescreveu e ele não mais pode ser preso.
Acredito, então, que a educação baseada nas noções do Evangelho, tendo por modelo nosso Mestre Jesus, é a única fonte de renovação eficaz de nossa sociedade. Precisamos educar nossas crianças e jovens com base no ensino moral do Cristo, mas não necessariamente introduzir nas escolas um determinado culto religioso. E por que não admitir o ensino moral de Krishna, Sócrates, Buda, Confúcio, ou de outro filósofo ou profeta?
Porque “O Cristianismo é a síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos, expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra imorredoura de Jesus”.[2] O que não exclui ensinamentos desses profetas em consonância com os do Cristo.
Esclarece-nos o Espírito Emmanuel que

O Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos seres redimidos, espalham as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.[3]

E, para nossa surpresa, nosso amigo espiritual informa-nos que “o melhor bem da vida humana” não é simplesmente o direito de viver, pois nossa vida é eterna. Diz Emmanuel que “o tesouro maior da existência terrestre reside na consciência reta e pura, iluminada pela fé e edificada no cumprimento de todos os deveres mais elevados[4] (destaquei).
Como a Lei de Deus está escrita na consciência, nos mundos superiores a relação entre seus habitantes rege-se exclusivamente por ela. Sendo assim, ali, nenhum magistrado a interpreta de acordo com seus interesses pessoais. Ali, ninguém disputa poder ou riqueza, a não ser os de amar e servir, na certeza de que Deus concede “a cada um segundo as suas obras”.[5]




[1] Mateus, 5: 37.
[2] XAVIER, F. C. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 29. ed. Brasília: FEB, 2013, p. 198, q. 293.
[3] Id., p. 231, q. 352.
[4] Id., p 234, q. 358.
[5] Mateus, 16: 27.

  Dia do Índio?  (Irmão Jó) Quando Cabral chegou neste país, quem dominava a terra eram tupis; Mas não havia autoridade aqui, predominava a ...