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sábado, 24 de março de 2012

O Rio de Joaquim Manuel de Macedo - resenha nº 1 Jorge Leite de Oliveira¹

STRZODA, Michele. O Rio de Joaquim Manuel de Macedo: jornalismo e literatura no século XIX. Antologia de crônicas. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2010. 719 p.

Michele é editora e jornalista com nove anos de atuação editorial. Trabalhou para diversos periódicos: Cult, Entrelivros, Folha de São Paulo e O Globo. Esta obra foi considerada o melhor trabalho jornalístico de conclusão de curso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vencedora, em 2005, do prêmio Intercom de Jornalismo “e menção honrosa entre todos os trabalhos de Comunicação Social do país”.
Segundo STRZODA, Joaquim Manuel de Macedo (+ Itaboraí, 1820 – 1882) é pioneiro na edição de crônicas do Rio de Janeiro. Formado em Medicina, no Rio de Janeiro, não se dedicou a essa profissão. É como professor, jornalista e escritor que se destacou. Por mais de trinta anos, trabalhou na imprensa, em especial no Jornal do Commercio onde atuou durante vinte e cinco anos. É patrono da cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras.
A autora objetiva mostrar o trabalho de Macedo “não como o ficcionista que se eternizou nos bancos escolares, autor de A moreninha, primeiro best-seller brasileiro, mas como o jornalista-escritor, o crítico, o articulista, o homem de imprensa e o grande cronista que foi, precursor do jornalismo cultural que começaria a dar seus primeiros passos no Segundo Reinado”. Comenta Strzoda que Macedo é “o primeiro romancista nacional”, destacado por “seu estilo popular” e por uma linguagem lírica inovadora. Embora seja escritor de vasta produção literária é pouco estudado. Sua produção não ficcional configura-se “como importante documento histórico e geográfico do Rio de Janeiro”. Aqui se destaca a análise de suas crônicas, o que é apenas parte de uma vasta produção escrita ainda muito pouco conhecida, embora sejam arrolados, neste compêndio, os trabalhos jornalísticos macedianos ao longo de quarenta anos.
O Rio de Joaquim Manuel de Macedo convida o leitor a entrar nesse cenário de efervescência e de transformações culturais e urbanas do século XIX, e visa inspirá-lo a sair pelas ruas do Rio de Janeiro com os olhos de quem flanou, observou e defendeu a alma da cidade por meio da literatura e do jornalismo. Macedo usufruiu muito bem da natural vocação do Rio para a crônica e para a atmosfera de viagem, de cosmopolitismo e de confluências culturais, quesitos que ainda hoje favorecem os grandes cronistas de nosso tempo (STRZODA, 2010. p. 14- 15).
A obra está estruturada em duas partes: a primeira com dois capítulos, com a inclusão das publicações de Macedo na imprensa; a segunda com oito capítulos. Nessa parte, destacam-se, no capítulo I, o tema intitulado “Um passeio pelas crônicas de Joaquim Manuel de Macedo”, inspirado na vida sociocultural e paisagem carioca urbana e, no capítulo 5, os temas “Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro” e “Memórias da rua do Ouvidor”.

Destaques da obra.
Na primeira parte, capítulo primeiro, Strzoda informa-nos que
Como na imprensa oitocentista, a literatura tem seu lugar no jornal do século XXI. Os suportes e os espaços ocupados mudaram e se diversificaram. A crônica ocupa o lugar que já pertenceu ao romance-folhetim, à poesia e à dramaturgia, gêneros mais facilmente encontrados em blogs e sites voltados para a produção literária contemporânea (p. 20).
Explica-nos a autora adiante que “a paisagem urbana carioca foi configurada em muitos periódicos, em textos folhetinescos e em crônicas de escritores-jornalistas, como Alencar, Macedo e Machado de Assis” (p. 24).
O capítulo seguinte disserta sobre o tratamento dado às mulheres no século XIX. Primeiramente, de que não havia uma educação voltada ao desenvolvimento intelectual e profissional das moças. Com precária educação escolar, o domínio das letras pelo público feminino era muito baixo. Só a partir da segunda metade desse século, em especial, no final do Império, surgiram as primeiras escolas normais, destinadas à formação de professoras (p. 34). Esclarece ainda a autora aqui que a expressão “literatura pública”, cunhada por Antonio Candido é utilizada na definição de quase tudo o que foi criado no início do século XVIII. Pouca coisa, porém, podia circular sem censura. A literatura de massa, todavia, só teve início após a Independência, quando aumentou consideravelmente o número de periódicos, em especial, com a publicação de “folhetins” e das crônicas de “jornalistas-escritores”. Surge o romance que, por ter um alto custo, de início, passou a ser publicado na forma de folhetins nos rodapés (terço inferior das páginas) de jornais e revistas. A moreninha, de Macedo, é considerado o primeiro romance brasileiro, “não só pelo tom lírico, mas pela intimidade do dia a dia que a obra conseguiu incorporar” (p. 38). Nessa época, a mulher passa a fazer parte do público leitor e, mesmo, protagonista dos romances.
O livro começou a ser publicado no Romantismo e teve em Macedo, Alencar, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre seus primeiros autores (p. 41). “O Jornal do Commercio, periódico para o qual Macedo colaborou por cerca de 25 anos, publicou uma série de anúncios divulgando livros do autor – não só romances, mas peças de teatro, dramas, volumes de poesia e livros de história”. O prestígio de Macedo expressava-se na grande quantidade de anúncios sobre seus trabalhos: romances de costumes, livros didáticos de história e de geografia, peças, “dramas, poesias e, em seu estilo de produção literária na imprensa mais sofisticada, crônicas” (p. 42). As crônicas macedianas, “mescla de história, memória, literatura e jornalismo”, embora seu destaque no espaço urbano cotidiano do Rio do século XVIII, ainda não obtiveram o merecido reconhecimento de nossos críticos. Segundo Antonio Candido “Num país como o Brasil, onde se costumava identificar superioridade intelectual e literária com grandiloquência e requinte gramatical, a crônica operou milagres de simplificação e naturalidade, que atingiram o ponto máximo nos nossos dias” (apud STRZODA, 2010, p. 53).
Strzoda opina que contrariamente ao que se supõe “a boa crônica não é efêmera ou superficial”. Crônicas publicadas por grandes escritores da época de Macedo, juntamente com as deste, são hodiernamente consideradas “documentos de valor histórico, com grande importância na formação do sentimento de nacionalidade”. Finalizando suas considerações deste capítulo, diz essa autora que, em virtude de seu caráter criativo, as crônicas consagraram diversos escritores, em nosso País, “como José de Alencar, Machado de Assis, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, entre tantos outros”. Falta um reconhecimento de nossos críticos a Joaquim Manuel de Macedo (p. 59). Em seguida, a autora elenca as publicações macedianas na imprensa, de 1844 a 1880 (p. 61- 75): poemas, contos, romances e crônicas, entre outros textos literários, anúncios de publicações didáticas (História e Geografia), artigos políticos e jornalísticos.
Segunda parte, cap. I – Um passeio pelas crônicas de Macedo
Foi em 1844 (Machado de Assis ainda tinha cinco anos de idade), aos 24 anos, que Macedo publicou seu romance A moreninha, reconhecido pela crítica como o primeiro romance tipicamente brasileiro. Foi pioneiro em tipificar a sociedade carioca para o gênero romance, o que se fazia pela primeira vez em nosso país. Embora tendo produzido uma grande quantidade de crônicas, esse gênero teve pouca atenção da crítica. Há, porém, uma tese de doutorado de Tânia Serra, que produz uma pesquisa de bom nível sobre esse gênero macediano. Também Flora Süssekind aborda os aspectos políticos e satíricos das crônicas desse autor direcionadas principalmente à classe média carioca (p. 84- 85).

Cap. II – Ostensor brasileiro
Sua primeira crônica faz a descrição de S. João de Itaboraí, povoação assentada numa colina a cerca de 50 km de Niterói. Como o próprio nome indica, nesse capítulo, o autor mostra ou ostenta a cidade onde nasceu em prosa e versos sobre seu espaço e costumes.Em seguida, fala do povo alegre, rico de Itaboraí que, entretanto, não progride porque, no Brasil, tudo que é grande e nobre é desprezado. Conclui sua crônica com um soneto de exaltação e gratidão a Itaboraí.
Capítulos III e IV – Revistas Guanabara e A Nação
Nos dois capítulos seguintes, são transcritas as crônicas publicadas na Revista Guanabara e em A Nação. No cap. III temos as crônicas “Conservatório de Música”, “Costumes Campestres I” e “Costumes Campestres II”. Na primeira são feitas críticas políticas, aos costumes sociais, à cultura insipiente e exaltação à natureza. Há porém um ufanismo quanto ao futuro grandioso do Brasil. Enaltece os artistas da Sociedade de Música e a criação do Conservatório de Música Brasileiro, inaugurado em 13 de agosto de 1838, graças aos subsídios governamentais que tiveram o apoio de alguns políticos, ministros de Estado, mas que, à época da primeira crônica, ainda necessitava de auxílio governamental para que se formassem os artistas e poetas brasileiros de nível elevado.
Nas crônicas sobre os “Costumes Campestres”, começa com uma crítica ao caráter de algumas mulheres e aos costumes sociais. Em seguida, compara a “vida política” à “vida do lar doméstico”. A primeira com seus acontecimentos grandiosos: feitos, revoluções, mas também a mistura de “triunfos e derrotas, opulência e misérias” (p. 97), cujo teatro principal pode estar nas cidades. A segunda, a vida do lar doméstico, apresenta-nos “o quadro gracioso dos costumes, das festas de família, das agrestes folganças de povo”, tradições encontradas na sociedade do campo. Mais adiante, esclarece que “a corte é bela e ruidosa”, todavia, com vida artificial; e o “campo é igualmente belo, mas sossegado; a vida é aí feliz, embora monótona e igualmente nela há ilusões, embora em menor número “porque ilusões acompanham por toda parte o homem”. Por fim, relata o que viu na fazenda Rio Claro, do município de Campos, que, como os municípios do sul, possuem os mais bem organizados estabelecimentos agrícolas. Faz em seguida uma descrição da estrada bem conservada que o levou a Rio Claro e finalmente, das casas e da “casa de vivenda”, situada na “encosta de uma colina”, que passa a descrever, juntamente com as edificações que a cercam: a “capela modesta e simples”, que “deixa conhecer o estilo dos jesuítas”, as senzalas dos escravos, o engenho, mais adiante, a fábrica, etc. Há um descritivismo local que exalta não somente as construções, mas também a natureza do local: “Diante de mim e à minha direita se desdobrava uma planície imensa toda semeada de belos outeiros, de matas verde-negras, de humildes palhoças e formosos sítios, por entre os quais tortuosamente se deslizam estradas (...)” (p. 100). Continua a descrever a fazenda e circunvizinhança: o rio, a cachoeira, o curral e, por fim, enfatiza as atividades do fazendeiro e seu feitor. Termina contrapondo as mudanças de estações do ano à ideia de que tudo é fertilidade e bonança na vida campestre.
Em A Nação, são relatadas oito “cartas”, publicadas na Coluna do jornal A Nação intitulada “Viagem a Petrópolis”. Os artigos começam com a publicação da 2ª carta e terminam com a 9ª carta, de todas a mais longa. São relatos de impressões de viagem feitos por Macedo. Nas oitava e nova cartas dá uma ênfase especial ao relato sobre a cidade de Petrópolis, sua arquitetura, igreja, atividades artísticas e políticas.
Cap. V – Jornal do Commercio
Este capítulo vai da p. 133 à 656 e é o mais extenso da obra. Nele se encontram as crônicas de “Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro”, de grande importância, haja vista que esse tema deu origem ao livro de mesmo nome. Segundo Strzoda (p. 205), a obra tornou-se referência em estudos sobre a memória da cultura e geografia da cidade.
O Palácio Imperial
A primeira crônica inicia com a citação do Palácio Imperial, no largo do Paço. Passa então à descrição do palácio e sua localização e origem. Após algumas considerações, ficamos sabendo que, segundo se lê em seu pórtico principal, o edifício foi construído no reinado de El-Rei d. João V, em 1743. No início de sua construção, seu nome era Casa dos Governadores e não Palácio, por determinação de El-Rei em carta régia. Somente um século depois, passou-se a chamá-la Palácio Imperial.
Várias “casas” ficavam coladas à casa principal: nos fundos, havia o convento dos carmelitas, ao sul, ficava a Casa da Câmara e Cadeia, depois transformada no paço da Câmara dos Deputados, e “além dessa, a Casa da Ópera, que se tornou uma dependência do palácio”. Moravam na Casa, além dos Governadores, os Vice-reis a “Justiça e a Fazenda”. Por fim, ficava ali o “Tribunal a Relação”, além da “fábrica moedal” e do provedor da moeda.
Mais adiante, esclarece que, “com a família real, porém, chegaram em grande número fidalgos, empregados e criados de todas as ordens, tantos eram que faltavam casas para receber a todos eles”. No pavimento inferior do convento do Carmo, que se ligara ao palácio, ficava a “famosa ucharia”, onde se alojaram, como num grande formigueiro, os criados de menor graduação. “A ucharia não somente serviu para matar a fome de muitos pobres, mas ainda para encher os cofres de muitos ricos” (p. 214).
Para os fidalgos, empregados e criados mais graduados foi criado um sistema chamado “aposentadoria”, que privava o proprietário nativo de sua casa, bastando para isso a manifestação do desejo de um desses privilegiados para que fosse determinado a um meirinho que assinalasse, com um pedaço de giz, a porta da casa desejada com as letras P. R. (príncipe regente). Em vinte e quatro horas, o proprietário da casa tinha que se mudar com sua família. “O privilegiado aposentava-se e ficava à vontade”.
Essa violência contra a população gerou todo o tipo de abuso, como a de “aposentado” que chegou a desalojar quatro famílias de suas casas. Isso gerou queixa de um célebre aposentador, o desembargador Agostinho Petra de Bittencourt a Sua Majestade, D. João VI, que proibiu os abusos de seus áulicos. Esclarece-nos Macedo, por fim, que “Por ocasião da sua elevação ao trono, o Sr. D. João VI reformou ainda este sistema, concedendo aos habitantes da cidade do Rio de Janeiro as aposentadorias passivas”.
O antigo convento dos carmelitas foi ligado ao palácio por um passadiço, mas seu primitivo aspecto monástico foi mantido, o que, arquitetonicamente, o manteve em desarmonia com o palácio ao qual ficou ligado. Macedo critica tal anexação, por considerar que os carmelitas nada tinham a ver com a política. Em seguida faz a descrição de outros edifícios, como “a igreja de Nossa Senhora do Carmo, que é a Capela Imperial” (p. 220).
Havia sobre a torre da Capela Imperial um galo metálico inconstante, que girava por efeito da ação dos ventos e lhes indicava a direção. A inconstância do galo (p. 221) é comparada à “inconstância e volubilidade de muitos políticos”, que agem de acordo com suas conveniências inconfessáveis. Filosofa que, ao encontrar um desses políticos que mudam de opinião ao sabor de seus interesses pessoais, dirá a si próprio: “Ali vai um galo da capela” (p. 222). Outras crônicas se sucedem a esta, com relatos descritivos e narrativos sobre conventos e suas histórias, algumas remontando às origens da sociedade carioca, baseadas na tradição popular, entre outros assuntos e críticas sociopolíticas.

As crônicas são extensas, entram em minúcias sobre os costumes da época, como a chegada da Corte Imperial de D. João VI ao Brasil, em 1822, quando era vice-rei do Brasil o Conde dos Arcos e das providências tomadas por ele: desalojar os moradores da Casa dos Governadores, a quem foram destinadas outras residências, e lá passaram a residir todas as famílias da corte imperial.
É uma obra densa, extremamente descritiva, mas bastante criativa, às vezes carregada de detalhes minuciosos que, certamente, inspirou não somente Machado de Assis, o “Bruxo do Cosme Velho”, como muitos outros autores da época a elaborar suas crônicas, contos e romances. Às narrativas baseadas na tradição popular, associa o autor os fatos políticos da época do Império na Capital do Brasil, o Rio antigo. É recomendada sua leitura a alunos de cursos de pós-graduação em jornalismo e, principalmente, de literatura, que desejem informar-se sobre as origens da literatura romântica, no Brasil, e das crônicas jornalístico-literárias.

¹ Jorge Leite de Oliveira é Especialista em Literatura Brasileira, Mestre e Doutorando em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB)

ler, ler, ler... para escrever (jlo)

algo vai acontecer,/ pois eu amo escrever/ você pode até não ler,/ mas eu amo escrever/ talvez não goste de ler/ mas eu amo escrever/ pode até não escrever/ amiga, vou lhe dizer/ é que eu amo escrever/ mas para poder fazer/ algo para alguém ler/ meu amigo, é com você/ que também ama escrever/ se concordarem comigo,/ isso é até com você/ nós amamos escrever./ mas poderá ocorrer/ de alguém pouco escrever/ nesse caso, pode ler/ o que outrem escrever/ quem hoje lê com prazer/ um dia, sem perceber/ passa a gostar de escrever.

domingo, 18 de março de 2012

Curiosidades do Português (2) (jlo)

Cartaz do mentiroso:
MERIVALDO CABELEIREIRO
Só mente aos domingos.

Vejam só como é nosso idioma!
O autor do cartaz escreveu o nome certo de sua profissão: “cabeleireiro” e não “cabelereiro” ou, pior, “cabelerero”, como muita gente boa pensa que é o certo.
Logo abaixo, porém, escreve: “Só mente aos domingos”. Ou seja, o cabeleireiro mente apenas aos domingos. O autor da frase decompôs o advérbio “somente” em duas palavras: o adjetivo “só” e o verbo flexionado “mente”. Desse modo, inadvertidamente, diz coisa diversa do que supostamente desejava (caso não esteja se divertindo com o leitor).
Também escrevemos acima o advérbio “inadvertidamente”. Esta palavra também pode formar outras duas: “inadvertida” (adjetivo) e “mente”, que pode ser o verbo flexionado “mentir”, ou então o substantivo feminino “mente”. Aliás, quem pouco lê e pouco escreve acaba ficando com problemas na mente e mente que só.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A salvação esta na educação



Não quero mais saber de enrolação!
É proibido algo prometer
Sem formatar a forma de fazer:
A salvação está na educação.

Agora que o Brasil é uma nação
De sexta economia mundial
Protesta rimar big com bial:
A salvação está na educação.

Fora a demagogia e a embromação!
País que almeja ter forte progresso
Faz da pedagogia alto sucesso:
A salvação está na educação.

Vamos, portanto, unir a nossa ação
Com ordem, de domingo após domingo,
E levantando o dedo dizer: bingo!
A salvação está na educação!

domingo, 11 de março de 2012

Eu também já fui torneiro mecânico (jlo)

Eu nasci em Olaria, RJ, em 1960. Lembro-me da época em que moramos na Rua Toneleros, aos cinco anos, quando começaram a chamar-me “valente”, ato iniciado por minha prima de vinte anos, que morou conosco uns três, até conhecer um advogado, casar-se e ir para Minas Gerais, de onde nunca mais saiu. Chamava-se Gizely e era loura, olhos azuis, branca como açúcar mascavo, linda, enfim. Pura bobagem de criança, que acabaria me custando uns ossos quebrados...
Antes de completar seis anos, brincava na sala de casa, no momento em que meu padrinho abriu a porta e por ela entrou um policial fardado. Enquanto brincava com uma caixa de fósforos, meu carrinho imaginário, ouvia o que os dois homens diziam:
“Seu Palhares, o senhor tem que mudar desta casa o mais rápido possível, pois a proprietária não mais deseja mantê-la alugada.”
“Mas como é que vou fazer, seu guarda? não posso pagar aluguel de outra casa como esta. Além do mais, já moro aqui há sete anos...”
“Isso não é comigo. D. Maria quer a casa sem demoras e deu-lhe o prazo de quinze dias para desocupá-la. Pela quantidade de móveis que vejo aqui, o prazo é muito elástico...”
“Sim senhor, vou pegar mulher, filhos, meu afilhado Zezinho, a mesa com quatro cadeiras, o guarda roupas, o fogão, as três camas e antes mesmo desse prazo a gente já estaremos debaixo da ponte.”
“Passe bem, seu Palhares. Espero não ter que voltar aqui.”
“Fique tranquilo, Deus há de nos encaminhar um lugar para se escondermos.”
“Isso é com o senhor. Se Deus não lhe ajudar, eu é que não vou fazê-lo. Daqui a duas semanas estarei aqui para receber as chaves da casa. Se o senhor desocupá-la antes, pode entregá-las a sua senhoria. Adeus.”
“Adeus.”
E, em pensamento: “Ah! Deus, por que Tu não joga um raio na cabeça desse cabra da peste?”
O tempo passou, meu padrinho morreu, voltei para a casa de minha mãe, também viúva, que já cuidava de outros oito filhos. Aos 14 anos, comecei a trabalhar, para ajudar em casa, numa loja de móveis, mas o gerente não ia com minha cara. Às vezes, dizia que eu não gostava de tomar banho (nem água tinha lá em casa); outras vezes, com razão, dizia que eu quebrava os móveis da loja. Por fim, acusava-me de tratar mal os clientes do estabelecimento comercial, que era de propriedade de um tio meu. Este, para contornar a situação e não deixar de ajudar sua cunhada viúva, um dia, chamou-me à parte e perguntou-me se eu não gostaria de fazer um curso de eletrônica e me tornar um técnico em aparelhos elétricos, com possibilidades, segundo ele, de ganhar muito dinheiro futuramente. Não pensei duas vezes, topei o desafio.
Ele, então, encaminhou-me para uma seleção no Senai, em convênio com a Light. Feita a prova, em seguida a um psicotécnico, fui aprovado, junto com outros cerca de vinte aprendizes.
Como os cursos oferecidos deveriam ser preenchidos rigorosamente de acordo com a nota obtida na prova, sobraram para minha escolha carpintaria, eletricista e torneiro mecânico. Escolhi este, por verificar que quem trabalhava na carpintaria ficava com o macacão, que nos fora oferecido, cheio de serragem de madeira e os que optaram pelo ofício de eletricista eram chamados de “trepa-paus”, porque seriam treinados para subir em postes e instalar fios condutores de eletricidade nas ruas dos bairros do Rio de Janeiro. Desse modo, minha primeira profissão, originada de aulas teórico-práticas foi a de torneiro-mecânico.
Agora penso em filiar-me a algum partido político. Quem sabe, se com o curso de torneiro mecânico e o segundo grau completo eu não tenha uma chancezinha de ser um grande político aqui em Pasárgada? Dizem que falo muito bem a língua popular. E precisa mais que isso para ser eleito? Pra escrever não vai faltar cabo eleitoral de minha campanha no meu gabinete de deputado federal. Isso eu agarantio, sô!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Um Ser (Cruz e Sousa) e Sorriso interior (Cruz e Sousa)

Já que falamos em servir para vir a Ser, lembramo-nos de dois belíssimos sonetos de Cruz e Sousa intitulados acima
UM SER
Um ser na placidez da Luz habita,
Entre os mistérios inefáveis mora.
Sente florir nas lágrimas que chora
A alma serena, celestial, bendita.

Um ser pertence à música infinita
Das Esferas, pertence à luz sonora
Das estrelas do Azul e hora por hora
Na Natureza virginal palpita.

Um ser desdenha das fatais poeiras,
Dos miseráveis ouropéis mundanos
E de todas as frívolas cegueiras...

Ele passa, atravessa entre os humanos,
Como a vida das vidas forasteiras,
Fecundada nos próprios desenganos.

E também deste: SORRISO INTERIOR, do mesmo iluminado poeta Cruz e Sousa:

O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo este brasão augusto
Do grande amor, da grande fé tranquila.

Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsias e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tudo em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe esta glória em frente à Natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser transforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!

Servir para vir a ser (jlo)

Você já pensou na composição silábica da palavra "servir"? Ela é formada por dois verbos: "ser" e "vir". Se mudadas as posições das sílabas e feita a ligação com a preposição "a" teremos "vir (a) ser". É o devenir (devir ou vir a ser: transformação incessante e permanente, segundo o "Aurélio"), consequência natural de nossa predisposição sublime de servir.
Podemos concluir, do dito acima, que é preciso servir em nosso eterno vir a ser. Mas vir a ser o quê? Um ser do devir, um emissário divino, como o próprio Cristo que, no Antigo Testamento, era por vezes confundido com o próprio Deus, ao ser-lhe atribuído o designativo “Eu Sou”. As palavras de Jesus e dos Espíritos superiores não nos deixam dúvidas de que ele é o modelo de perfeição a ser seguido por todos nós aqui na Terra. Em Êxodo, cap. 3, versículo 14, Deus é representado simbolicamente pela expressão “EU SOU”, todavia, João reproduz as seguintes palavras de Cristo, no cap. 8, vers. 12: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”. Ou seja, Jesus já é “a luz do mundo”. Segui-lo é praticar os seus ensinamentos, é esforçar-nos diuturnamente para nos melhorarmos, é empenharmo-nos em servir, na medida de nossas forças e sem desânimo, nesse eterno “vir a ser” ou “devir” que nos impulsiona, pelas nossas obras do servir, inexoravelmente, à perfeição.
Ser a “luz do mundo”, conforme afirmou-nos Jesus, é possuir a iluminação máxima em nosso orbe. E segui-lo é estar na luz da sabedoria e, consequentemente, longe das trevas da ignorância. Segui-lo é, pois, trabalhar intensamente nas fileiras do bem sem desânimo e cheios de fé e de esperança.
É desse modo que se aprende a servir para vir a ser. Quando entendermos isso, não somente cultuando palavras bonitas para sermos aplaudidos no mundo, mas para aplicarmo-las, antes de tudo, às nossas ações positivas, demonstraremos a perfeita compreensão dos benefícios do bem em nossas vidas e na do nosso próximo.
Sendo um com o Pai, em suas próprias palavras (João, 10:30), Jesus Cristo já transcendeu, em relação a nós, o “vir a ser” e alcançou o “eu sou”, meta de todos nós, quando alcançarmos a pureza total de nossos Espíritos. Entretanto, mesmo esse “ser” ainda equivale, em relação ao SER MAIOR, que é Deus, um eterno devir, cuja consequência é alcançar a felicidade plena.
Ainda são de Jesus as seguintes palavras: “Eu sou a porta das ovelhas” (João, 10: 7). “Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (João, 10: 11). “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João, 11: 25). E, por fim, após confirmar ser Mestre e Senhor de todos nós (João, 13: 13), em seguida à atitude humilde de lavar os pés de seus apóstolos, ainda complementa: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”.
É, portanto, necessário aprender com o Cristo de Deus “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (João, 17: 21).
Quando aprendermos o verdadeiro significado de servir, sem qualquer intenção de retribuição ao bem que façamos, mas por amor ao próprio bem, como o Senhor nos ensinou, estaremos modificando no nosso Espírito sempre para melhor, nesse eterno vir a ser, o devir que nos irmanará em um só pensamento e uma só vontade. Então, compreenderemos a importância da palavra “servir”.

Curiosidades do Português (frases paradoxais)

As seguintes frases foram-nos enviadas por uma amiga que, por sua vez, as recebeu de um português (rimas propositais, pois adoro rimar):
1. Frase portuguesa num saquinho de batatas fritas:
“Você pode ser o vencedor. Não é necessário comprar. Detalhes dentro.”
2. Nas pastilhas para dormir da Nytol:
“Advertência: pode produzir sonolência.”
3. No pudim da “Marks & Spencer”:
“ATENÇÃO: o pudim estará quente depois de aquecido.”
Alerto aos nossos irmãos de além-mar que a intenção aqui é apenas divertir e não denegrir ninguém. Também há frases de brasileiros hiláricas, que reproduziremos oportunamente.

  Quando o texto é escorreito (Irmão Jó)   Atento à escrita correta É o olho do revisor, Mas pôr tudo em linha certa É com o diagramador.   ...