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sábado, 31 de dezembro de 2022

 





EM DIA COM O MACHADO 556
FALARÃO CERTAMENTE... (Jó)

 

        Quando estamos esforçando-nos para praticar o bem e afastarmo-nos do mal, diz o espírito Emmanuel, no capítulo 25 do livro Palavras de Vida Eterna, que não faltarão aqueles que nos provoquem o tempo todo. Aqui um nos recrimina por não mais compartilhar com as atitudes vulgares; ali outro observa que, se estamos sob a proteção dos espíritos superiores, não deveria haver razão para sofrermos; acolá outro nos recrimina as amarguras...

       Também na obra Transição Planetária, capítulo 22, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda registra o caso dum dedicado seareiro espírita que quase foi assassinado, após ter ido à casa duma senhora muito enferma, para assisti-la no que lhe fosse possível. No caminho para o lar da doente, um assaltante armado, sob a influência de espírito obsessor, só não o matou porque, após a oração do homem de bem, a espiritualidade o socorreu.

       Os detalhes o leitor encontrará no livro citado, mas após relatar o incidente, que muitos de nós considerariam muita sorte da quase vítima, explica o espírito Miranda:

 

Ainda é um grande desafio a ação do bem no mundo tumultuado da atualidade. Nem por isso, devem desanimar aqueles que se dedicam à prática da caridade e ao exercício do benfazer, porquanto, se existem os carrascos do além, sempre dispostos ao crime hediondo, também pululam os anjos tutelados, vigilantes e rápidos, na execução da legítima fraternidade.

 

       Por esse motivo, conclui Emmanuel sua mensagem no capítulo citado no início desta crônica:

 

Converterás o Espiritismo, na tua senda, em força educativa da alma, sem exigir que o mundo se te afeiçoe às conveniências.
Buscarás a luz onde a luz se encontre.
Desculparás toda ofensa.
Elegerás na fraternidade a tua bandeira.
Conjugarás o verbo servir onde estiveres.
Começarás o trabalho de redenção em ti mesmo.
Orarás por quem te fira ou calunie.
Amarás os próprios adversários.
Ajudarás sem exigência.
Contudo, para o exercício de semelhante apostolado, não passarás sobre a Terra sem o assédio da incompreensão e do escárnio, porque o próprio Cristo foi por eles visado, através daqueles que, em lhe rodeando o madeiro de sacrifício, lhe gritavam, zombeteiros e irônicos:
— “Salva-te a ti mesmo e desce da cruz”.

 

       Que o Senhor Jesus nos auxilie a prosseguir em nossa jornada para a luz, passando no mundo como quem já compreendeu que somente amando, perdoando e servindo incondicionalmente alcançaremos a vitória sobre o mal que reside em nós mesmos. Entretanto, tenhamos a certeza de que jamais seremos abandonados pelos seus enviados, enquanto estivermos em sintonia com estes, na vigilância e na oração, não nos cansando de fazer o bem...

                       
    

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022


 

PRESENÇA DE JESUS
 
Afirmas, muita vez, alma querida,
Em fervorosa prece:
— Quero, Jesus, servir e cooperar contigo!...
 Ah! Senhor, se eu pudesse!...
 
Depois, declaras-te sem forças.
Pensa, entretanto, nisto:
Podes ser hoje mesmo, onde estiveres,
A sublime extensão da bondade do Cristo!...
 
Fita a sobra da mesa que te ampara:
Utilizando um pão, simples embora,
Consegues replantar as flores da alegria
Na penúria que chora.
 
Considero o montão de bens que atiras longe
Sem sentir, sem pensar, inconsequentemente:
Descobrirás nas mãos o privilégio
De estender reconforto a muita gente.
 
Lembra a moeda, tida por singela:
Escorada na fé que te bendiz,
Transforma-se na xícara de leite
Que socorre e refaz a criança infeliz.
 
Detém-te nos minutos disponíveis:
Ao teu devotamento se farão
A visita, a bondade, o carinho e o consolo
Para o enfermo largado à solidão.
 
Trazes contigo os dotes da brandura:
Ante os golpes do ódio explosivo e violento,
Guardas a faculdade de extinguir
O fogo da revolta e o fel do sofrimento.
 
Observa o tesouro da palavra:
Se envolvida de paz, a tua frase alcança
Todo aquele que cai na sombra da tristeza
Para erguer-se de novo ao toque da esperança.
 
Não te digas inútil, nem te omitas...
A trabalhar, servir, amparar, recompor,
Serás, alma querida, em qualquer parte,
A presença do Cristo em teu gesto de amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Coração e vida. Psicog. Chico Xavier. Brasília: FEB; São Paulo, SP: IDEAL, 2022.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2022


PREFÁCIO
 
Senhor!
Quando me deres
O privilégio do renascimento
No berçário do mundo, ante as necessidades que apresento
E aquelas que não vejo,
Eis, Senhor, o desejo
Em que dia por dia me aprofundo:
 
Deixa-me renascer em qualquer parte,
Entretanto, que eu possa acompanhar-te
Onde constantemente continuas
Trabalhando e servindo em todas as estradas
Para que eu também tenha as mãos marcadas
Como trazes as tuas...
 
***
 
Quanta ilusão quando me debatia
Crendo que o desespero fosse prece,
A rogar-te alegria e esperança
Sem que nada fizesse!
 
Imitava na Terra o lavrador
A temer a pedra e lama, vento e bruma,
Aguardando milagres de colheita
Sem plantar coisa alguma.
 
***
 
Entretanto, Senhor, agora sei
Que o trabalho é divino compromisso,
Estímulo do Céu guiando-nos os passos
E que, atendendo à semelhante lei
Puseste ambas as mãos em nossos braços
Por estrelas de amor e de serviço.
 
Assim, quando efetues
As esperanças em que me agasalho
E estiver entre os homens, meus irmãos,
Que eu me esqueça em trabalho
E me lembre das mãos...
 
Não me dês tempo para lastimar-me,
Que eu busque tão somente a luz que me acenas...
No anseio de seguir-te
Quero o trabalho apenas.
 
Dá que eu seja contigo, onde estiveres,
Uma rósea de paz... Que eu seja alguém
Sem destaque e sem nome
Que se olvide no bem.
 
E se um dia uma cruz de provas e de agravos
Reclamar-me a tarefa e o coração,
Não me largues ao susto a que me enleie,
Ajuda-me a entregar as próprias mãos aos cravos
Da incompreensão que me rodeie,
Entre bênçãos e fé e preces de perdão!
 
Não consintas que eu volte ao tempo morto
Da ilusão convertida em desconforto,
Dá-me os calos da paz nas tarefas do bem,
A servir sem perguntar a quem...
 
Ouve, celeste amigo,
Aspiro a estar contigo,
Longe de minhas horas desregradas,
Onde sempre estiveste e sempre continuas
Plantando o amor em todas as estradas,
Para que eu também tenha as mãos marcadas
Como trazes as tuas...
 
DOLORES, Maria (Espírito). Mãos marcadas. Psicografado por Chico Xavier. Araras, SP: IDE Livraria, 1972.


segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

 


LEMBRANÇA DA CORAGEM

 
Entre as lutas da existência,
Quando a estrada te pareça
Um campo de sombra espessa,
Sob tormenta a rugir,
Não temas, segue adiante,
Cumpre os encargos que levas,
Lembra que a luz rompe as trevas,
Descortinando o porvir.
 
Nesses instantes amargos,
Por maior a dor terrena,
Guarda a fé que te asserena,
Não te lastimes em vão...
Nasce a rosa no espinheiro,
A estrela é glória noturna,
O ouro emerge da furna,
A fonte serve no chão...
 
Não pares, nem contes mágoas,
Dor que te fere ou te isola,
É sempre aula na escola
Que o Céu te pede transpor...
Prossegue amando e servindo,
Ao término da jornada,
Faz-se a noite madrugada
No dia do Eterno Amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. Impressão pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


domingo, 25 de dezembro de 2022


27.6.2 Felicidade da oração - Santo Agostinho Paris, 1861

 

            Venham, todos vocês que desejem crer. Os espíritos celestes vêm anunciar-lhes grandes coisas. Deus, meus filhos, abre seus tesouros, para dar-lhes todos os seus benefícios. Homens incrédulos! Se soubessem como a fé faz bem ao coração, leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece, ah! como são tocantes as palavras que saem dos lábios na hora da prece! A prece é o orvalho divino, que suaviza o calor excessivo das paixões.

            Filha mais velha da fé, ela conduz-nos ao caminho que leva a Deus. No recolhimento e na solidão, vocês estão com Deus; para vocês já não existem mistérios, porque eles se revelam a vocês. Apóstolos do pensamento, a vida é para vocês. Sua alma se liberta da matéria e se lança pelos mundos infinitos e etéreos, que a pobre humanidade desconhece.

            Andem, andem pelas estradas da prece, e ouvirão a voz dos anjos! Que harmonia! Não é mais o barulho confuso e os sons gritantes da Terra. São as liras dos arcanjos, são as vozes doces e suaves dos serafins, mais leves que as brisas da manhã, quando brincam nas folhagens dos seus bosques. Com que alegria então caminharão! Sua linguagem não poderá exprimir essa ventura, tão rápida, que entra por todos os seus poros, tão viva e refrescante é a fonte em que se bebe quando se ora! Doces vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando ela se lança a essas esferas desconhecidas e habitadas pela oração!

            Sem mistura com desejos carnais, todas as aspirações são divinas. Orem vocês também como o Cristo, levando sua cruz ao Gólgota, ao Calvário. Levem sua cruz e vocês sentirão as doces emoções que passavam por sua alma, embora carregando o madeiro infamante. Ele ia morrer, mas para viver a vida celestial, na morada de nosso Pai!

 

 


sábado, 24 de dezembro de 2022

 

EM DIA COM O MACHADO 555:
as asas que faltaram a Ícaro (Irmão Jó)



                 Segundo a mitologia grega, Ícaro, era filho de Dédalo, famoso arquiteto e inventor ateniense que trabalhava para o rei Minos, da Ilha de Creta. Após ter inventado para o rei o labirinto em que vivia o Minotauro, monstro com corpo humano e cabeça de touro, Dédalo revelou os segredos do labirinto para a princesa Ariadne, namorada de Teseu que  auxiliou este com a entrega de uma espada e um fio que permitiria ao amante sair do labirinto. Teseu entrou no labirinto, matou o monstro e escapou. Sabendo disso, o rei Minos prendeu Dédalo e Ícaro no labirinto, para que ninguém mais soubesse o segredo do local. Então, Dédalo criou asas com penas de gaivotas que foram coladas com cera de abelha para ele e Ícaro fugirem dali voando, mas preveniu o filho para não voar muito alto, pois as asas poderiam não resistir. Entusiasmado com o voo, o jovem optou por voar mais alto do que devia. Desse modo, o sol derreteu a cera de suas asas e, enquanto o pai se salvou voando baixo, Ícaro despencou das alturas, caiu no mar Egeu e morreu. Há dois ensinamentos básicos nessa lenda: o da obediência ao pai e aos mais experientes, além do respeito aos próprios limites. Ou seja: prudência e humildade.

        Eis o que escreveu Juvanir Borges de Souza, ex-presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB) em sua obra intitulada Amai-vos. Instruí-vos, publicada pela FEB: 

O conhecimento espírita tem uma dupla origem, participando, ao mesmo tempo, da revelação divina trazida pelos Espíritos Superiores e da revelação cientifica, na qual estão empenhados os homens, pelo trabalho, pela pesquisa, pela observação e pelo raciocínio (SOUZA, J. B., op. cit., cap. 34 Reflexões sobre a Doutrina dos Espíritos). 

        Nesta semana, tive o prazer de ler a nova excelente obra do amigo e irmão espírita Astolfo Olegário de Oliveira Filho, diretor de revista, site e blog espírita, além da EVOC – Editora Virtual, que cito ao final desta crônica. Título da obra: Conhecereis a verdade e ela vos libertará, que pode ser obtida gratuitamente no site www.oconsolador.com.

        No capítulo 21, referindo-se à nossa necessidade de amar e conhecer, a fim de alçarmos os voos que nos levam a Deus, Astolfo cita as palavras do Espírito Emmanuel em resposta à pergunta sobre a possibilidade ou não da elevação da alma humana apenas pelo adiantamento moral. Estão no livro O Consolador, questão 204, psicografado por Chico Xavier: 

[...] O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas. 

        Foi por isso que O Espírito de Verdade, em sua primeira mensagem do sexto capítulo d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, propôs-nos adquirir as duas asas que nos permitem voar em direção às regiões siderais sem serem derretidas pelo sol como ocorreu com as asas de Ícaro: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”.

Nota do autor

Links para acesso aos livros editados pela EVOC e aos periódicos dirigidos por Astolfo O. de Oliveira Filho:

1- EVOC - Editora Virtual O Consolador - http://goo.gl/rHbNUU

2- Blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/

3- Revista O Consolador - http://www.oconsolador.com

4- Jornal O Imortal - http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/oimortal/principal.html


sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

 


PALAVRA E VIDA

 
Não desprimores, nem firas
O coração que te escuta,
Às vezes, em febre e luta,
Na provação em que jaz;
Pelo recurso da voz
Que instrui, conforta e elucida,
Deus te deu na luz da vida,
O dom de fazer a paz.
 
Quando falas e onde falas,
Traças caminho e normas
Pelas imagens que formas,
Nas palavras tais quais são;
Como dizes, no que digas,
Constróis jardins e moradas,
Emendas, pontes e escadas
De queda ou de elevação.
 
Se contratempos te afligem,
Entre lembranças que deixas,
Evita sombras e queixas,
Não menosprezes ninguém;
A ofensa que nos procura,
Mesmo de modo impreciso,
Dissolve-se, de improviso,
Na fonte viva do bem.
 
À frente de quem te humilha,
Não devolvas pedra e lama,
Cala, serve, ampara e ama
Na expressão que te traduz;
Eis que o céu se manifesta
Na bondade que irradia...
Contempla o Sol, cada dia:
É bênção falando em luz.
 
Se a caridade te guia
Vencendo espinhos e males,
Não te revoltes, nem fales,
Agravando a treva e a dor;
Toda palavra de auxílio,
No bem espontâneo e puro
É tijolo do futuro
Erguendo o Reino de Amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). In: ESPÍRITOS Diversos. Fé e vida. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2014. Cap. 22.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

 


LUZ DA VIDA
 
Enquanto o Natal retorna
Por dom excelso e profundo
De amor que renova o mundo,
Luz da Vida a rebrilhar,
 
Contempla no mar de cores
Em que o Céu se continua,
Alguém que passa na rua
De doce e sublime olhar...


Detém-se por toda parte
No trabalho a que se irmana,
Procura a bondade humana,
Sorri a crentes e ateus...
 
Bendiz em todos os templos
A fé simples que se eleva
Por fanal que rompe a treva
Ao santo nome de Deus!...
 
Tem a fronte iluminada,
A sombra desfaz-se ao vê-la.
No peito traz uma estrela
Em forma de coração.
 
Tem a voz amiga e branda
Pedindo aos homens na Terra
O banimento da guerra
E a paz sem destruição...
 
Afirma que a vida é bela
Qual o sol que nos alcança.
Diz que a bênção da esperança
Exalta a força do bem.
 
Que Deus quer misericórdia
Sem que o justo a degrade.
Louva toda a humanidade,
Sem menosprezo a ninguém.
 
Roga socorro aos caídos,
Aos deserdados de afeto,
Aos que caminham sem teto,
Ao triste irmão que vai só.
 
Apoio das mães desvalidas,
E às criancinhas largadas
Ao vento, à noite, nas estradas,
Lembrando flores no pó...
 
Almas aflitas em bando
Ao clarão que se irradia
Exclamam com alegria
Tocada de intensa luz.
 
Quem nos visita nas sombras,
Com tanto amor tanta fé,
Homem ou amigo? quem é?
E o Céu responde:
É Jesus!
 
DOLORES, Maria. In: AUTORES diversos. Pássaros humanos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel, 1993, p. 46- 49.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022


 

TRABALHANDO

Se erraste em alguma ofensa 
Sem o perdão do ofendido, 
Foge às mágoas sem sentido, 
Não percas tempo chorando... 
Dá novo proveito às horas, 
Não discutas, nem descanses, 
Para sanar esses lances 
Pede perdão, trabalhando...

Se alguém te armou “mau olhar”, 
Induzindo-te à tristeza, 
Dando-te angústia e incerteza, 
Apesar do gesto brando,
Recorda que, neste mundo, 
É fácil achar pessoa 
De alma rude e fala boa 
E prossegue trabalhando...

Se alguém que amas te deixa,
Sem pensar no compromisso 
De fé, amor e serviço 
Vendo-te a dor aumentando, 
Não reclames, nem reproves; 
Acende-lhe a luz da prece, 
Serve mais!...Desculpa e esquece, 
Mas esquece, trabalhando...

Sobre a Terra, tudo passa, 
Não só o fel que te enlaça, 
Outros sorvem fel na taça 
Da prova em que estão lutando... 
Jesus nos guarda e nos guia... 
Alma irmã, alma sincera, 
Jesus também nos espera, 
Mas espera trabalhando!...

DOLORES, Maria (Espírito). In: AUTORES DIVERSOS. Bênçãos de amor. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1993, p. 21- 23.

 

domingo, 18 de dezembro de 2022

 


27.6 Instruções dos espíritos

 

            Modo de orar, de V. Monod, e felicidade da oração, de Santo Agostinho, são as instruções que serão tratadas nos próximos dois subitens (frase nossa).

 

27.6.1 Modo de orar - V. Monod. Bordeaux, 1862 

 

            O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar seu retorno à atividade diária, é a oração. Quase todos vocês oram, mas quão poucos sabem realmente orar! Que importa ao Senhor as frases que vocês ligam maquinalmente umas às outras, porque já se habituaram a repeti-las, porque é um dever que têm de cumprir e que lhes pesa, como todo dever?
            A prece do cristão, do espírita, principalmente, de qualquer culto que seja, deve ser feita no momento em que o espírito retoma o jugo da carne, ela deve elevar-se aos pés da Majestade Divina com humildade, com profundidade, num impulso de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia. Pela noite transcorrida, durante a qual lhe foi permitido, embora não guarde a lembrança disso, retornar junto aos amigos e aos guias, para nesse contato haurir novas forças e mais perseverança. Ela deve elevar-se humilde aos pés do Senhor, para recomendar-lhe sua fraqueza, para suplicar-lhe seu amparo,  sua indulgência,  sua misericórdia. Deve ser profunda, porque é sua alma que deve elevar-se ao Criador e deve transfigurar-se, como Jesus no Tabor, para chegar até ele branca e radiante de esperança e de amor.
            Suas preces devem encerrar o pedido das graças de que vocês necessitam, mas de que necessitam realmente. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que abrevie suas provas, que lhes dê alegrias e riquezas. Peçam-lhe antes os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Não digam, como dizem muitos dentre vocês: Não vale a pena orar, porque Deus não me atende. O que pedem a Deus, na maioria das vezes? Já se lembraram de pedir sua melhoria moral? Oh, não, muito pouco! O que se lembram de pedir é  sucesso para seus empreendimentos terrenos, e depois exclamam: Deus não se preocupa conosco; se se preocupasse, não haveria tantas injustiças. Peçam, pois, antes de tudo, para se tornarem melhores, e verão que torrentes de graças e consolações se derramarão sobre vocês! (cap. 5, it. 4).
            Orem incessantemente, sem para isso procurarem seu oratório ou caírem de joelhos nas praças públicas. A prece diária é o cumprimento dos seus deveres, dos seus deveres sem exceção, de qualquer natureza que sejam. Não é um ato de amor para com o Senhor assistirem seus irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? Não é um ato de reconhecimento elevar a Ele seu pensamento, quando uma felicidade lhes chega, quando evitam um acidente, ou mesmo quando uma simples contrariedade lhes toca de leve a alma, e dizem mentalmente: Seja bendito, meu Pai!? Não é um ato de contrição, se humilharem ante o Juiz Supremo, quando sentirem que faliram, mesmo que seja por breve pensamento, para lhe dizer: Perdoe-me meu Deus, porque pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dê-me a força de não tornar a falir e a coragem de reparar a minha falta!?
            Isto independe das preces regulares da manhã e da noite, e dos dias consagrados; mas, como veem, a prece pode ser feita em todos os instantes, sem interromper seus trabalhos. Dita assim, ela ao contrário os santifica. Tenham a certeza de que um só desses pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por seu Pai celestial do que as longas preces repetidas por hábito, muitas vezes sem causa determinante e naquela hora convencional às quais vocês são chamados maquinalmente.

            Tradução livre.

sábado, 17 de dezembro de 2022

 

EM DIA COM O MACHADO 554:
QUESTÃO DE OPINIÃO (Irmão Jó)



            Alma irmã, na vida, costumamos associar as grandes questões sociais com nossa experiência pessoal. Isso me faz lembrar que Allan Kardec esclareceu aos críticos dos fenômenos mediúnicos e da Doutrina Espírita duas coisas básicas: 1.ª) Para se formar um médico mediano são necessários anos, mas para ser sábio requer-se cerca de três quartas partes da vida... Por essa razão, não se concebe que alguém deseje conhecer a ciência do infinito, que é a Doutrina Espírita, nem mesmo dedicando-lhe toda uma existência de aprendizado e prática; 2.ª) Quando conhecemos algo novo para nós, precisamos abster-nos de todos os preconceitos e de ideias preconcebidas.

            Nos tempos agitados atuais, reconhecemos quanto é difícil convencer-nos sobre o erro do que acreditamos ser correto. Em especial quando não valorizamos o outro lado da questão e não atentamos para a idoneidade e veracidade do que ouvimos, lemos ou assistimos. Os melindres e o amor-próprio fazem com que, mesmo provado o erro, nos mantenhamos nele, salvo exceções... Por isso defendemos uma visão holística do mundo.

            Nos dias de estudos acadêmicos, mesmo já estando formado em algumas áreas do conhecimento, convivi em sala de aula com uma colega jornalista que salvou uma edição de uma de minhas obras. Na aula da semana seguinte, após comprar o livro, a Aline Menezes, cujo nome faço questão de registrar aqui, por sua atitude nobre, alertou-me de que o livro fora impresso com várias folhas trocadas. Imediatamente, após agradecer à colega sua informação, entrei em contato com a editora, que recolheu e substituiu a impressão defeituosa.

            O que também aprendi com a Aline é que não devemos ter por parâmetro único nossa experiência de vida na análise do que ocorre na sociedade. Tomo como exemplo os próprios conhecimentos acadêmicos. Não é porque alguém seja profundo conhecedor duma área do conhecimento que tenha autoridade em tudo que diz ou escreve. Houve um tempo em que julguei ser o conteúdo a qualidade principal dum texto; mais amadurecido, percebi que um belo conteúdo numa péssima forma causa má impressão e dúvidas que o autor, estando ausente, não nos pode esclarecer.

            Se escrevo uma redação com excelentes ideias próprias, mas com frases ambíguas e erros gramaticais diversos, o conteúdo não ficará claro para quem lê. É bem verdade que os comerciais costumam fazer uso da ambiguidade do texto para chamar a atenção de quem lê, com o objetivo de vender ou comprar algo. Quando passo correndo ou de carro em direção à cidade brasiliense de Sobradinho, sempre avisto um outdoor com esta frase e telefone abaixo dela: “Fernanda vende seu imóvel”. O imóvel que ela vende é dela ou nosso? Apesar do duplo sentido, quem lê o cartaz entende que foi idealizado por uma corretora interessada em vender ou comprar o imóvel de algum cliente que ligue para ela. A ambiguidade ali parece ser proposital, como ocorre, por vezes, em manchetes jornalísticas.

            Voltando à questão das opiniões de alguém com ideias próprias, cheguei à conclusão de que a Aline está com toda a razão quando afirma que não temos o direito de impor nossa visão de mundo a ninguém, com base em nossas próprias experiências. Podemos, sim, expor nossa opinião abalizada a alguém, mas se essa pessoa possui outras ideias, mesmo sem base, não podemos obrigá-la a aceitar nossos argumentos.

            Kardec parafraseou o ditado popular: “Dize-me com quem andas e eu te direi quem és” deste modo: “Dize-me o que pensas e eu te direi em que companhia espiritual tu estás”. E no item 12 da introdução d’O Livro dos Espíritos lemos isto: “A experiência nos ensina que os Espíritos da mesma categoria, do mesmo caráter e possuídos dos mesmos sentimentos formam grupos e famílias”. Ou seja, nossos pensamentos revelam nossas companhias espirituais, sejam elas dos encarnados ou dos espíritos.

            Convencer alguém sobre algo de que discorda é tão difícil que, mesmo no mundo espiritual, os benfeitores desencarnados são confrontados pelos obsessores que buscam fazer justiça pessoal contra quem odeiam. Cito o exemplo do caso narrado por Manoel Philomeno de Miranda, no capítulo 5 da obra Transição Planetária, psicografada pelo médium baiano Divaldo Franco. Segundo Miranda, Abdul, membro de sua equipe, tentava convencer alguns espíritos vingativos sobre o erro dessa conduta, haja vista que só a Deus compete corrigir- nos, mas “alguns seres hediondos” continuavam indiferentes à sua fala e ameaçavam o grupo do qual participavam Abdul e Miranda, o qual conclui que a melhor psicoterapia utilizada pela vida ainda é o sofrimento.

            Quando lemos, em mensagens de WhatsApp e vídeos, apelos para compartilhar com o maior número de pessoas uma informação, nosso primeiro sentimento é de incredulidade; em  seguida, após breve análise, deletamos a postagem sem crédito confiável, pois as disputas políticas despertaram o que de pior existe no ser humano: a falta de escrúpulos. Em primeiro lugar, tais mensagens não trazem referências seguras e, quando trazem, não são verdadeiras. Segundo, a maioria dos vídeos são montagens que enganam até mesmo os mais prevenidos.

            Essas são minhas opiniões, mas nada tenho contra os que são contra, a não ser a certeza de que, neste mundo, vale a recomendação de Jesus: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João, 8:32). Essa liberdade, como lemos adiante, em 8:36, está em Jesus, nosso modelo maior. Somente estaremos livres da hipocrisia e do mal quando aprendermos com ele, o Cristo, que é manso e humilde de coração.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

 


NOSSA PRECE
 
Ampara-nos, Senhor,
Este repouso de amor
Em que a paz nos descansa.
Porto, refúgio, lar,
Em que podemos cultivar
As bênçãos da esperança.
 
Perante a caridade por dever,
Faze-nos perceber
Que nesta casa em que nos aconchegas,
A todos nos entregas
A bendita oficina
Que nos renove a fé na Bondade Divina.
 
De rotina em rotina
E surpresa em surpresa,
Deixa-nos discernir
Que, em contemplando a própria Natureza,
Da rocha mais hostil ao solo mais fecundo,
Tudo é auxílio na lei
Se te atende na estrada ao lema de servir.
 
Tudo é auxílio na lei
Do firmamento ao chão...
Serve o Sol, serve o mar sem derramar-se em vão,
O tronco não devora os frutos que oferece,
A fonte ajuda e passa em sussurros de prece,
O vento ampara a flor, a flor perfuma a vida,
Faz-se pão e celeiro a semente esquecida...
 
Ajuda-nos, Senhor, a repartir o bem
Sem traçar condições, sem perguntar a quem...
 
Aspiramos a ser contigo, dia a dia,
Bálsamo, reconforto, união, alegria,
Agasalho do templo e coração da escola,
O prato que alimenta e o verbo que consola...
Concede-nos o dom de cooperar contigo,
Trabalhar e seguir pelo teu braço amigo.
Tanto à luz do porvir quanto na luz de agora,
Faze, por fim, Senhor,
Que a nossa casa seja, hora por hora,
Um caminho de fé para o Reino do Amor.

DOLORES, Maria (Espírito). In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Educandário de luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed., 1. impr. por demanda. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2021.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

 


LEMA DA FELICIDADE
 
Alma querida, escuta:
Quando a tribulação te agrave a luta,
Flagelando-te o ser
Tanto quanto desejas elevar-te,
Recorda a Lei de Deus, em toda parte:
— Trabalhar e esquecer.
 
Não te agrilhoes a nuvens do passado,
Nem te aflijas pensando no porvir,
De esperança a brilhar no coração contente,
Renova-te e confia alegremente
No privilégio de servir.
 
Contempla, dos caminhos em que pousas,
No amálgama das vidas e das cousas:
Todos os elementos que te apoiam,
Do Mundo Conhecido ao Mais Além,
Guardam consigo apenas,
A fim de que o progresso sobrenade,
Aquilo que lhes dê continuidade
No trabalho do bem.
 
O astro do dia, a refulgir no tempo,
Quanta vez terá visto sobre a Terra,
Povos e gerações, servos e reis,
Templos e tribunais, ordens e leis,
Nas florações da paz ou nas cinzas da guerra!...
Observa, porém, que o Sol não fala disso
E, ainda hoje e sempre, a resguardar-nos,
Permanece em serviço.
 
O chão silencioso não confessa
Quanta vez engoliu detritos agressores,
Sabemos tão somente que responde,
Onde o lixo, às ocultas, se lhe esconde
Com braçadas de flores.
 
Fertilizando a vida,
A fonte deixa o lodo e tudo olvida,
Para ser água, enfim, clara e singela;
A argila sofre o fogo que a transforma,
Tudo esquece, ganhando nova forma,
Em porcelana rendilhada e bela!...
 
Assim também, alma querida e boa,
Não reclames, perdoa,
E nem exijas, ama!
Se aspiras a encontrar as Alturas do Bem,
No anseio por mais luz que te mantém,
Auxilia e constrói algo mais que o dever,
Porquanto, o lema da felicidade,
Sem que a dor nos deprima ou a queda nos degrade,
Será sempre servir, trabalhar e esquecer.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. Impressão pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.

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