COLETÂNEA DE POEMAS
MEDIÚNICOS DE CRUZ E SOUSA
A
partir deste domingo, publicarei uma coletânea incrível de poemas mediúnicos
atribuídos ao poeta Cruz e Sousa em continuidade à "análise
comparativa espírita de sonetos" deste nosso maior poeta, autor de Broquéis,
Faróis, Tropos e Fantasias (com a colaboração de Virgílio Várzea),
Missal, Evocações e Últimos Sonetos.
Em cada dia da semana, será publicado
um soneto do maior poeta do Simbolismo mundial, psicografado por médium diverso
do anterior. A exceção será o dia de publicação da crônica semanal. Começarei
pelo poema escrito em vida por Cruz e Sousa:
1 A MORTE
Oh, que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem...
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura?
Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem...
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.
Descem então aos golfos congelados
Os que na Terra vagam suspirando,
Com velhos corações tantalizados.
Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro abaixo aos ecos soluçados
Do vendaval da morte ondeando, uivando...
(apud PALHANO JR.; SOUSA, 1994, p. 160; SILVEIRA, 1982, p. 89).
Brasília, DF, 28 de março de 2021.
Referências
PALHANO JÚNIOR, Lamartine; SOUZA, Dalva Silva. A Imortalidade
dos Poetas "Mortos". Vitória, ES: FESPE, 1994.
SILVEIRA, Tasso da. Cruz e Sousa. 6. ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1982.
1.1 Morte – Médium Chico Xavier
O soneto anterior
intitulado A morte é que foi escrito em vida por Cruz e Sousa, mas por
não estar claramente expressa a informação na página citada antes, atribuí-o ao
Espírito Cruz e Sousa equivocadamente. Isso não deixa de ser interessante,
pois é bem provável que algum crítico da obra mediúnica tenha dito que o poeta
jamais escreveria sobre tal tema em vida, ou, ao menos, que esse não é o estilo
de Cruz e Sousa, como foi conhecido antes de sua "morte".
Pois bem, para
restaurar a verdade, acrescentei acima nova citação onde está o poema na obra organizada por Tasso da
Silveira, que também informei abaixo da primeira referência.
Feita a correção, transcrevo a seguir o soneto verdadeiramente psicografado por Chico Xavier. É como se o poeta respondesse ao que escreveu no soneto anterior, qual se pode constatar numa leitura atenta de ambos os poemas. Neste soneto mediúnico, a intenção não é fazer apologia da morte, mas demonstrar que a morte é o retorno à vida real do espírito, livre dos grilhões materiais:
MORTE (Espírito Cruz e
Sousa/Chico Xavier)
Longe do sentimento limitado
Da matéria em seus átomos finitos,
No limite de um mundo ignorado
Celebra a morte seus estranhos ritos.
Hinos e vozes, lágrimas e gritos
Do espírito que, outrora encarcerado,
Contempla a luz dos orbes infinitos,
Bendizendo a amargura do Passado!
Ó Morte, a tua espada luminosa,
Formada de uma luz maravilhosa,
É invencível em todas as pelejas!
És no Universo estranha Divindade
Ó operária divina da Verdade,
Bendita sejas tu! Bendita sejas!... (apud PALHANO JR.; SOUSA, 1994, p. 162).
Brasília, DF, 29 de março de 2021.
Referência
PALHANO JÚNIOR, Lamartine; SOUSA, Dalva Silva. A Imortalidade
dos Poetas "Mortos". Vitória, ES: FESPE, 1994.