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segunda-feira, 27 de março de 2023


 

DEPOIS DO  TEMPORAL
 
Cansado coração, ouve, lá fora,
O turbilhão do temporal violento,
Cai o granizo, ruge a voz do vento...
É a Natureza que se desarvora.
 
O firmamento é anônima cratera,
Quando o raio estraçalha a noite escura,
E choras, ante o caos e a desventura,
A prova que te ensombra e dilacera.
 
Ao furacão que passa, caem ninhos,
Tombam troncos, a ímpetos medonhos,
E recordas as pedradas dos caminhos,
Que varaste perdendo os próprios sonhos!
 
Espera e crê!...O temporal vai longe!
Amanhã seguirás em nova estrada,
E, ao teu olhar, a luz será mais linda,
Quando o Sol acender a madrugada...
 
DOLORES, Maria (Espírito). Estrelas no chão. In: ESPÍRITOS Diversos. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel — GEEM, 2010.


domingo, 26 de março de 2023

 


FAMÍLIA E VIDA
 
Família é o ponto de encontro,
Que a vida, em si, nos oferta,
Para a conta viva e certa
Do que se tem a fazer;
Às vezes, indica empresas
De amor, renúncia e talento,
De outras, é o pagamento
De débitos a vencer.
 
No lar, ressurgem afetos,
Dedicações incontidas,
Riquezas em luz de outras vidas
No tempo, a se recompor;
Mas também, dentro de casa,
É que o ódio de outras eras,
Abre feridas austeras,
Reconduzindo ao amor.
Vemos pais largando os filhos
Com desprezo e indiferença,
E os filhos em turba imensa
Combatendo os próprios pais,
Parentes contra parentes,
Lembrando aversões em brasa,
Unidos na mesma casa
Sob direitos iguais.
 
Se sofrimento em família
É o quadro em que te renovas,
Tolera farpas e provas,
Aceitando-as, tais quais são!...
Não fujas!...Suporta e avança!...
Seja tolerância, aonde vás,
Segurança pede paz
E a paz é luz do perdão
 
DOLORES, Maria (Espírito). Alma e vida. Psicografado por Chico Xavier. Ed. CEU, 1984.


sábado, 25 de março de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 568:
O AMOR NA COLEÇÃO FONTE VIVA (Irmão Jó)

 

Salve, alma irmã!

Diariamente, posto em vídeo, no grupo de WhatsApp que criei, uma mensagem de Palavras de Vida Eterna, o quinto livro da chamada Coleção Fonte Viva, psicografada por Chico Xavier e ditada pelo Espírito Emmanuel. Esse livro foi publicado pelas editoras FEB e CEC. A primeira, da Federação Espírita Brasileira; a segunda, da Comunhão Espírita Cristã. O livro possui, como ocorre com os outros quatro livros da coleção, 180 mensagens de Emmanuel. Isso significa que, se apenas considerarmos o total dessa coleção, teremos 900 mensagens baseadas no Novo Testamento. O objetivo é compartilhar, com os membros do grupo, meu desejo de tornar-me, a cada dia, um pouco melhor, exercitando a fé, o perdão e a caridade, que é o amor na prática. Eis a capa da quinta obra da citada coleção:

 


         Abaixo, a coleção completa: 


        Agora você me pergunta:

— Que Jesus diz sobre o amor nessas obras?

E eu lhe respondo com a transcrição, de cada uma, dum versículo e comentário, em especial, da última. O texto completo você lerá adquirindo os livros. Com isto, contribuirá para as obras assistenciais da Federação Espírita Brasileira e da Comunhão Espírita Cristã.

Em I Caminho, Verdade e Vida, mensagem número 41, Emmanuel comenta esta epígrafe: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Palavras de Jesus, reproduzidas por Mateus: 22:39.

Em II Pão Nosso, mensagem 137, o Mestre afirma que ninguém deve escapar ao nosso amor, segundo reproduz Lucas, 6:35: “Amai, pois, os vossos inimigos”.

Em III Vinha de Luz, mensagem 130, o comentário da frase de Jesus: “Amai-vos uns aos outros”, pelo apóstolo João, é citado por Emmanuel: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade” (I João, 3:18).

Fonte Viva é o 4.º livro desta maravilhosa série. Sobre o amor, expresso numa das formas da caridade, no capítulo 60, lemos de  Lucas, 11:41, estas palavras: “Dai antes esmola do que tiverdes” - Jesus.

E, uma vez citada a caridade, que é o amor em ação, chegamos, enfim, ao capítulo 13 do 5.º livro, intitulado Palavras de Vida Eterna, que coroa estas notas sobre o amor colocado em prática com a recomendação de Jesus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus” (Mateus, 5:16).  

        É em Boas obras, título do capítulo supracitado, que Emmanuel nos esclarece sobre a insuficiência da “cultura intelectual”, da “frase correta”, do “verbo flamejante”, da “interpretação eficiente das Leis Divinas” e da prece “comovedora” dos lábios. Reconhece, embora, importância disso na “educação da inteligência”, mas aponta-nos Jesus como nosso norte do aperfeiçoamento moral. Diz-nos, ainda, que “Com o amor estimularemos o amor... Com a humildade, geraremos a humildade... Com a paz em nós ajudaremos a construir a paz dos outros...”.

        E, após complementar seus elevados princípios, com base no Evangelho do Cristo, sobre o valor da paciência, da caridade e da fé, conclui o nobre Espírito Emmanuel com este apelo: “Atendamos, pois, ao nosso próprio burilamento, porquanto apenas contemplando a luz das boas obras em nós é que os outros entrarão no caminho das boas obras, glorificando a Bondade e a Sabedoria de Deus.”

sábado, 18 de março de 2023


 

EM DIA COM O MACHADO 567
AÇÃO PREVENTIVA ESPIRITUAL E PSIQUIÁTRICA...(Jó)    

 
Hoje, proponho ações preventivas de atos decorrentes de obsessões e psicopatias, o que não é teu caso, embora não baste ser meu leitor para estar bem... Vamos lá!
— Que é obsessão? Perguntas-me.
— É a ação dominante dum Espírito inferior sobre outra pessoa.
— Quais são as causas dessa ação? Questionas-me.
— Em geral, ódio e vingança, mas pode dar-se por afinidade espiritual na ação do mal.
— Como se classificam as obsessões? Indaga-me também Sua Excelência, a amiga a teu lado, que é juíza de direito.
— Simples, fascinação, subjugação e possessão...
— Elas acontecem individualmente, mas também podem ocorrer com multidões, como no caso da condenação de Jesus Cristo, não é mesmo, amigo Jó?
— Sim, Excelência. Podemos deparar-nos com epidemias avassaladoras, não somente num país, como em várias nações. São as obsessões coletivas, sempre presentes em nosso mundo de expiações e provas.
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no capítulo 16 da obra intitulada Mediunidade: desafios e bênçãos, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, esclarece-nos sobre as “hordas bárbaras” que, no passado e no presente, espalham o crime e o terror por toda a parte. Como exemplo, tivemos hoje a notícia sobre uma onda de ataques no estado do Rio Grande do Norte, com incêndios e depredações a prédios públicos, comerciais e carros em oito cidades. Moradores, servidores públicos e proprietários ficaram em pânico.
As autoridades locais já esperavam por isso, segundo uma jornalista, pois “criminosos obtiveram uma série de concessões” (sic). O fato real é que as injustiças sociais sempre causaram revoltas em parcelas da população, que, por sua vez, atraem os revoltosos do Além. Daí, segundo ainda Philomeno de Miranda, as loucuras surgem, repentinamente, nos mais diversos grupos sociais, por Espíritos que “tomam conta de massas infrenes”.
Notícias que já perduram um ano tratam sobre invasão dum país a outro, destruindo a vida de milhares de soldados de ambas as nações e suas famílias, bem como os lares de milhões de cidadãos, que perderam seus imóveis e outros bens; além de precisarem fugir de seu próprio país. Observando isso, há muito tempo reflito em como algumas pessoas insanas, lideradas por um psicopata, conseguem causar um prejuízo irreparável a milhões de pessoas.    Eis que, em meu apoio, leio a seguinte frase de Miranda: “Muitas vezes consideradas como ônus que a sociedade paga ao progresso — guerras, decadência ético-moral, perversão social e política, alienações — ainda não receberam conveniente análise e combate dos organismos da saúde mental ou das entidades encarregadas do equilíbrio social”.
Ou seja, os principais causadores de todas essas “epidemias ético-morais”, psicopatas e obsidiados que atuam publicamente sob a influência coletiva de Espíritos obsessores, antes de colocarem em prática seus planos monstruosos, deveriam ser avaliados por equipes previamente instituídas de médiuns, psiquiatras e psicólogos. Comprovada a alienação mental, a instituição médica legal deveria encaminhá-los a tratamento mediúnico, psicanalítico e psiquiátrico e, preventivamente, trocá-los de suas funções.
— E se nada for constatado? Pergunta Sua Excelência.
  Que sejam também trocados, sem violência, mas com amor, de suas atividades, pois não é justo que cem ou mil destruam a vida de milhões. Haja vista que “violência gera violência”. É isso mesmo, noutras palavras, que, de início, propõe Miranda: “[...] nesses seres, ainda predominam as paixões primárias decorrentes dos instintos inferiores, neles não luz o amor, que seria para o seu estado de evolução a terapia preventiva possuidora do recurso próprio para preservá-los dos sentimentos  perversos em que se entorpecem”.
O conhecimento de obras como a supracitada, O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, e diversas outras obras, decorrentes da revelação espírita, muito ajudariam a entender o que ocorre, em nosso mundo, em virtude do atraso espiritual de grande número de pessoas que assumem o poder e da ignorância dos que as apoiam. Por isso, diz Kardec: “Dize-me o que pensas e dir-te-ei em que companhia espiritual estás”. Não somente o desequilíbrio mental da coletividade atrasada é pandêmico. É preciso atentar também para a influência dos maus Espíritos sobre ela. Encarnados e desencarnados!


sexta-feira, 17 de março de 2023

 


ROTINA
 
 Alma querida, às vezes, choras,
 Na rotina que acolhes por dever,
 Pelo frio das horas
 Que o relógio te aponta
 No que tens a fazer.
 
 É a profissão que te reclama tempo,
 É o lar, pedindo-te atenção,
 Através de pequenos compromissos,
 E o tempo voa
 Qual dádiva do Céu que passa em vão.
 
 Mas a rotina inclui outros problemas:
 É o carinho de alguém que chega de improviso,
 É o amigo que vem
 Recordar quanto é preciso
 Trabalhar para o bem.
 
 É o parente que chega para confidências,
 Largou-se do trabalho por minutos,
 Num estreito intervalo.
 Fala das provações que está sofrendo
 E faz-se imprescindível confortá-lo.
 
 E o dia passa nas tarefas
 E nos encontros com que não contavas...
 O Sol se foi e eis que a sombra se inclina
 Por toda a casa e ouço-te o lamento:
 — “Como é triste a rotina!”
 
 Entretanto, alma irmã, ainda hoje,
 Pude cumprimentar pessoas generosas
 Aturdidas por amargura imensa...
 Desejam trabalhar mas não conseguem,
 Algemadas ao peso da doença.
 
 Acompanhei equipes de visita
 Aos irmãos que tateiam livros, vasos, flores,
 Segregados em rude solidão...
 Anseiam abraçar amigos que aparecem,
 Mas estão cegos de visão.
 
 Diversos companheiros vi de perto,
 Mostrando no silêncio
 Raciocínios agudos...
 Pretendem dialogar, trocando ideias,
 Entretanto, estão mudos.
 
 Abeirei-me de muitas criaturas
 Em estradas e ermos esquecidos
 Aguardando o socorro que não vem...
 Recordam com saudade os entes que mais amam
 E não surge ninguém!...
 
 Reflete nos irmãos, em grandes provas,
 Que vivem sem a mínima esperança,
 Da esperança que adoça os dias teus...
 E, louvando a rotina que te guarda,
 Rende graças a Deus!...
 
DOLORES, Maria. Dádivas de amor. Psicografado por Francisco C. Xavier. 1. ed. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


quarta-feira, 15 de março de 2023

 


NORMA DE VENCER
 
Em muitas ocasiões,
Sofres ante os próprios gritos,
Abafados nos conflitos
Das tentações a transpor...
É o fel do orgulho ferido,
A rebeldia, a tristeza,
As lutas da natureza,
Agindo em nome do amor.
 
Queres seguir nos princípios,
Que a Lei Divina te aponta,
Mas as sombras são sem conta
Que o desânimo produz...
Cais, reergues-te e caminhas,
Às vezes, cambaleando,
E, em preces, perguntas quando
Chegarás à Grande Luz.
 
Entretanto, alma querida,
Deus nos conhece os problemas,
Cala-te, serve e não temas
Treva, amargura ou pesar...
O erro é sinal de escola,
A dor é lição contigo
E Jesus segue contigo.
Não pares de trabalhar.
 
DOLORES, Maria; MEIMEI. (Espíritos). Somente amor. 1. ed. – Impressão pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


terça-feira, 14 de março de 2023

 


O culpado vê culpas

 

Ele, bonacheirão, era amigo de farras,
Tinha esposa, dois filhos, compromissos,
Entretanto, apesar dessas amarras,
Prazeres para ele eram doces feitiços.
Homem robusto e rico sustentava,
Companheiras diversas de alegria,
Qual senhor que somente as percebia
De escrava para escrava.
 
Em certa ocasião,
O nosso cavalheiro,
Dava-se por inteiro
A certo festival de comemorações,
Em cerimônias desdobradas...
Brotavam nas estradas
Palavras e atitudes estragadas,
Era quase a loucura em muita gente...
Dois dias com três noites
De fogos de artifício em céu luzente,
E o nosso amigo usava, instante a instante,
O tempo disponível,
Sem se importar, sequer, com mudanças de nível,
E aparecia sempre acompanhado
Por uma das parceiras
Que trazia de lado...
 
Por fim, depois de longas bebedeiras,
E de extravio deprimente,
Ei-lo, de volta ao lar, dentro da noite alta...
 
Era a terceira noite em que estivera ausente
Entretanto,
Não se sentia em falta...
A esposa era a esposa, a mulher diferente,
Que devia viver, atirada num canto,
Sem direito nenhum de reclamar,
Porque sempre dispunha
Do que fosse preciso para o lar.
 
Ele destranca a porta, de mansinho,
Pé ante pé, segue devagarinho
Para o aposento conjugal...
Mas, avançando, vê que a esposa se debruça
Nos ombros de outro homem,
— Um homem que lhe afaga a cabeleira espessa...
 
Ele sente-se mal
Nas ideias sombrias que o consomem,
O incêndio do ciúme invade-lhe a cabeça,
Saca de bolso oculto um revólver pequeno
E atira sobre os dois, qual se estivesse louco,
Sob a ação de algum veneno...
 
O homem tomba morto, após giro instantâneo,
A bala lhe arrasara os recessos do crânio...
A senhora, porém, está ferida...
O marido aproxima-se, interroga,
Ela, contudo, vê que se lhe esvai a vida,
Perdendo o próprio sangue a lhe vazar do peito;
Tenta, em vão, expressar-se e não encontra o jeito...
Mas colocando as mãos, debalde, sobre o corte
Ela fita no esposo o triste olhar da morte
E responde somente,
Como quem se revela muito dificilmente,
Ao morrer, em seguida a prolongado “ai!”
— O homem que você achou comigo
É mais que amigo,
Era o seu próprio pai.


DOLORES, Maria (Espírito). Coração e vida. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022, cap. 29.

segunda-feira, 13 de março de 2023

 A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES

PARA MELHOR SERVIR


Diz a lenda que, um dia,
Abandonada sob a terra fria,
A semente cansada
Perguntou ao Senhor:
“Por que me vejo a sós, morrendo sufocada
Como quem deve estar sob lodo e pancada,
Afinal, que fiz eu?"


Entretanto, o Senhor não respondeu...


Mas, depois de algum tempo,
Ao solo que se enfresta,
Maravilhosamente transformada
Em ramo, aroma,flor e fruto,
Orgulhou-se de ter
Por privilégio e por dever
O encargo de ser pão na mesa em festa
E, tocada de vida superior,
Agradeceu a Deus em preces de louvor.


Conta-nos outra lenda
Que uma ovelha esquecida em remota fazenda
Gritou ao céu na hora da tosquia:
“Por que me expõe à ventania,
Nesta nudez tamanha?...
Olha a rude tesoura que me apanha...
Afinal, que fiz eu?"


O Céu, no entanto, nada respondeu...


Mas, depois de alguns dias,
Encontro a criança
Que lhe vestia a lã, sorrindo de esperança,
Alegrou-se anotando o seu próprio trabalho,
Sustentando o calor e doando agasalho
Em auxílio de alguém!...
E agradeceu à vida
A elevada missão de que fora incumbida
Pela fonte do Bem!...


Assim também, alma querida e boa,
Quando a dor te transforme o coração em chama
De sofrimento a requeimar-te o peito,
Não reclames, perdoa,
E nem perguntes, ama!...
De todo golpe humildemente aceito
Deus fará nascedouro alto e fecundo
De paz, felicidade, ensino e elevação
Que se façam degraus de perfeição
Pelos quais o Céu desça e felicite o mundo!...


Aprendemos a dar o teto, a escola,
O prato, a veste e a luz que asserena e consola
Onde a penúria geme e onde a sombra se avulta,
De vez que só retemos o que damos,
Entretanto, jamais nos esqueçamos
Daquela caridade doce e oculta,
Quanta vez desprezada e incompreendida,
Que trabalha e se esquece
A fim de sustentar as construções da vida!...
Porque somente o amor incontroverso,
A sofrer e a calar para melhor servir,
É o centro de equilíbrio do Universo,
O apoio do presente e a força do porvir.

DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022, cap. 7.

sábado, 11 de março de 2023

 




"Se o nosso caminho tem as marcas do dever cumprido, a inquietação nos visita a casa íntima na condição do malfeitor decidido a subvertê-la ou dilapidá-la; e assim como é forçoso defender a atmosfera do lar contra a invasão de agentes destrutivos, é indispensável policiar o âmbito de nossos pensamentos, assegurando-lhes a serenidade necessária."

EMMANUEL (Espírito). ENCONTRO MARCADO. Psicografado por Chico Xavier. Brasília: FEB, cap. 42, Aflição vazia.

 

EM DIA COM O MACHADO 566:
CARTA ABERTA À REDAÇÃO ANTIRRACISTA DO ESE (Irmão Jó)

 

“O Espiritismo [...] assenta suas bases no próprio Cristianismo; sobre o Evangelho, do qual não é mais que a aplicação.” Discurso de Allan Kardec durante o banquete que lhe foi oferecido em Lyon.  In: KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1962 e outras viagens de Kardec.

 

            Pensei já ter lido tudo sobre os espíritas autodenominados Espíritas à esquerda. Mas desta vez esse grupo conseguiu superar-se. Pois não é que disponibilizou na internet cópia da obra, traduzida por Luiz Olympio Guillon Ribeiro? Este foi, no passado, presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), nascido no Maranhão, em 17 de janeiro de 1875, e falecido no Rio de Janeiro em 26 de outubro de 1943. O e-book, disponibilizado gratuitamente, tem ficha catalográfica e tudo... A pessoa responsável nem ao menos se deu ao trabalho de consultar a FEB Editora se aprovava acrescentar “nova redação” ao conteúdo que considera racista na versão on-line. Alega que a obra está em domínio público...

            Apenas copiarei e comentarei as expressões consideradas racistas por quem se autointitula “Espíritas à esquerda”. Começo por refutar as argumentações do seu prefácio.

            Logo no início, o grupo “Espíritas à esquerda” afirma que sua intenção é  “[...] contribuição para o debate sobre trechos das obras literárias de Allan Kardec, vistos como supostamente discriminatórios e preconceituosos em relação a pessoas negras e de outras etnias” (destaquei). Entretanto, em nota de rodapé número 4, informa que existe um “Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta celebrado nos autos do processo administrativo n.º 1.14.000.000835/2006-12.MPF/Bahia. 2007” (TAC). Ora, se os trechos são “supostamente discriminatórios", e se há um TAC esclarecendo, em nota, as dúvidas, em cada obra, não há necessidade de se publicar obra explicando o que já o está pelas editoras citadas. Basta à pessoa desconhecedora das questões relacionadas à evolução da ciência, dos costumes e da cultura ler a nota para tirar suas dúvidas. Quanto à sua interpretação e imparcialidade do julgamento é questão de consciência pessoal.

            Comentaremos, objetivamente, a frase com a primeira “redação antirracista” inserida na obra em referência: O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE). A nota explicativa sobre o caráter não discriminatório presente nas obras básicas de Allan Kardec publicadas pela FEB e outras sete editoras fora antes citada, mas agora os fragmentos já são considerados “preconceituosos das obras kardecistas”.

            A proposta de REDAÇÃO ANTIRRACISTA, p. 59, primeira de seis contidas no e-book, está destacada abaixo, com proposta dos “Espíritas à Esquerda” para leitura “atualizada”, em vermelho, daquilo que na obra original está destacado em azul.

            Enfoco aqui o primeiro texto alterado abaixo do item 8, d’O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. III Há muitas moradas na casa de meu Pai. Vamos por partes:

            Redação original:

Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer ideia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição das raças selvagens ou das nações bárbaras que ainda entre nós se encontram, restos  do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, são de certo modo rudimentares os seres que os habitam.

 

            Redação antirracista com meu comentário abaixo de cada uma:

Tomada a Terra por termo de comparação, pode-se fazer ideia do estado de um mundo inferior, supondo os seus habitantes na condição de outras espécies do gênero humano, como homo erectus e homo neanderthalensis, que já habitaram entre nós, lembranças fósseis do estado primitivo do nosso orbe. Nos mais atrasados, eram de certo modo rudimentares os seres que os habitavam.

 

            Meu comentário:

            Ainda temos grandes diferenças entre países mais desenvolvidos socialmente e pela ciência e tecnologia do que outros, assim como certas pessoas de evolução primitiva, independente de estarem no campo ou na cidade, serem desta ou daquela etnia, deste ou daquele país. Mas Allan Kardec está comparando a situação da Terra com a dum mundo inferior e, em nosso mundo, não podemos negar que essas diferenças ainda existam. Pergunto, então, onde está, na redação de Kardec, racismo. No nosso entender, nada do que ele disse precisa ser atualizado. A última frase nem ao menos se refere à Terra, mas sim aos mundos primitivos.

 

            Redação original:

Revestem a forma humana, mas sem nenhuma beleza. Seus instintos não têm a abrandá-los qualquer sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem as noções do justo e do injusto.

 

            Redação antirracista:          

Revestiam-se da forma humana, com suas próprias características de beleza. Seus instintos e seus sentimentos de delicadeza ou de benevolência diferiam dos encontrados na espécie sapiens, incluindo as noções do justo e do injusto.

 

            Meu comentário:      

            Negar a evolução da beleza entre os humanos é desacreditar da evolução dos seres do passado em relação aos atuais. A questão de “instintos e sentimentos de delicadeza ou de benevolência” continua presente no mundo atual, independente da classe socioeconômica enfocada, bem como as “noções do justo e do injusto”, que independem do conhecimento intelectual de cada um. Há sábios analfabetos e doutores ignorantes espalhados pelo mundo.

 

            Redação original:

A força bruta é, entre eles, a única lei. Carentes de indústria e de invenções, passam a vida na conquista de alimentos.

 

            Redação antirracista:

A força física era, entre eles, uma lei. Sem indústrias e invenções, como as dos sapiens, passavam a vida na conquista de alimentos.

           

            Meu comentário:

            Ainda hoje, observamos que, para muitos, a força física é lei. Nunca me esqueço da cena presenciada em sala de aula dum curso de direito, em que o professor, magistrado, ameaçou agredir um aluno que lhe contestava a nota obtida em avaliação escolar. De que valia, àquele professor, o conhecimento do direito, se sua inteligência emocional era a de um brutamontes, como ele o era fisicamente?

            Ainda hoje, encontramos pessoas que passam a vida “na conquista de alimentos”, mesmo nas grandes cidades. Os self-services, restaurantes e paradas de trânsito estão repletos dessas pessoas, sem nosso julgamento dos motivos que as levaram a esse estado de carência. Algumas delas, porém, até mesmo rejeitam o auxílio do poder público. Preferem viver nas ruas, drogando-se e pedindo...

 

            Redação original:

Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo das trevas da inteligência jaz, latente, a vaga intuição, mais ou menos desenvolvida, de um Ente supremo. Esse instinto basta para torná-los superiores uns aos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não são seres degradados, mas crianças que estão a crescer.

 

            Redação antirracista:

Deus, entretanto, a nenhuma de suas criaturas abandona; no fundo da inteligência jazia, latente, a vaga intuição de um Ente supremo. Esse instinto bastava para se diferirem uns dos outros e para lhes preparar a ascensão a uma vida mais completa, porquanto eles não eram seres degradados, mas seres que estavam a crescer.

 

            Meu comentário:

            A palavra “crianças” é utilizada por Kardec no sentido figurado no texto original, como o próprio Jesus a empregou, ao dizer a seus discípulos que aqueles que não se assemelhassem às crianças, ou seja, que não apresentassem a pureza momentânea destas, não entrariam no reino dos céus, que é também a figura do estado feliz reservado aos bons.

            Para não ocupar tempo demasiado ao leitor ou leitora, apenas destaco que os “Espíritas à esquerda”, na minha opinião, com essa denominação política já começam promovendo o separatismo entre os espíritas e contrariando o conselho de Allan Kardec para que os espíritas não adotassem posturas políticas na divulgação doutrinária do Espiritismo.

            Como cidadãos, sim, todos temos o direito de manifestar nossas opiniões e escolher os candidatos que mais estejam de acordo com o que consideramos melhor para nossa sociedade. No Espiritismo, porém, não deveriam existir classificações políticas de “esquerda, direita, centro, comunista, socialista etc.”

            Pietro Ubaldi, o grande médium intuitivo e filósofo italiano, cristão espiritualista, afirmou o seguinte, em A Grande Síntese, p. 143: “Não se pode agredir a ninguém sem agredir a si mesmo e ao organismo”, do qual somos partes e, consequentemente, irmãos. Como nos esclarece o prof. Alexsandro Melo Medeiros (in: Sabedoria política.com.br), “A teoria social ubaldiana apresenta um sistema  que pretende ser universal, sem preconceitos de casta, nação ou raça e aceita fraternalmente qualquer tipo de crença [...] desde que sincera e voltada para o bem”. O mesmo podemos dizer de Allan Kardec e do Espiritismo cristão.

            Ora, se dentro duma mesma religião ou filosofia moral, um grupo opta por combater os que não aceitam seus posicionamentos políticos e atacam suas lideranças legítimas, esse grupo, na verdade, está agindo de forma a tentar implodir a crença em comum. Por esse motivo, lembro a frase lapidar de Ubaldi: “Nem direita, nem esquerda. Nem capitalismo, nem comunismo. Não haverá verdadeira justiça social enquanto homens e mulheres não trabalharem em prol da evolução espiritual (individual e coletiva)”.

            Oportunamente, poderei voltar ao assunto e refutar as demais inserções, a meu ver inoportunas, do e-book oferecido ao movimento espírita, aos simpatizantes e aos críticos do Espiritismo, cujo caráter cristão ressalta das obras de Kardec e dos Espíritos que as complementam, como Emmanuel, André Luiz, Joanna de Ângelis, Maria Dolores e outros.

            Não falta muito para fazerem o mesmo com as mensagens da Bíblia e dos quatro evangelhos que compõem o Novo Testamento. E a caridade, onde fica? A caridade com todos os espíritas e pessoas, independentemente de sua raça, sexo, religião etc.

            Numa de suas viagens, Allan Kardec afirma aos espíritas que “fora da caridade, não há verdadeiro espírita”, como se pode ler em Viagem Espírita em 1862 e outras viagens de Allan Kardec, publicada pela Federação Espírita Brasileira. Reflitamos nisso!

            Paz e bem!

 


sexta-feira, 10 de março de 2023

 


Pelos obsidiados

 

(81) Prefácio

 

            A obsessão é a ação persistente de um mau Espírito sobre uma pessoa. Apresenta características muito diversas, desde a simples influência de ordem moral, sem sinais exteriores perceptíveis até a completa perturbação do organismo e das faculdades mentais. Destrói todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade psicográfica traduz-se pela obstinação de um Espírito manifestar-se exclusivamente, com exclusão de todos os outros. Os maus Espíritos espalham-se ao redor da Terra, em consequência da inferioridade moral do seus habitantes. Sua ação malfazeja faz parte dos flagelos que a humanidade suporta neste mundo. A obsessão, como as doenças, e como todas as atribulações da vida, deve ser considerada, pois, como uma prova ou uma expiação, e ser aceita como tal.

            Assim como as doenças são o resultado das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral que dá acesso a um mau Espírito. A uma causa física, opõe-se um força física; a uma causa moral, é necessário opor uma força moral. Para preservar-se das doenças, fortifica-se o corpo; para garantir-se contra a obsessão, é necessário fortificar a alma. Disso resulta que o obsidiado precisa trabalhar pela sua própria melhoria, o que na maioria das vezes é suficiente para o livrar do obsessor, sem socorrer-se de outras pessoas. Esse socorro se torna necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque o paciente perde, por vezes, a sua vontade própria e o seu livre-arbítrio.

            A obsessão é quase sempre a ação vingativa de um Espírito, e na maioria das vezes tem sua origem nas relações do obsidiado com o obsessor, em existência anterior (Ver cap. 10, item 6; e 12, itens 5 e 6).

            Nos casos de obsessão grave, o obsidiado está como envolvido e impregnado por um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É preciso livrá-lo desse fluido; mas um mau fluido não pode ser repelido por outro da mesma espécie. Por uma ação semelhante a que o médium curador exerce nos casos de doença, é preciso expulsar o fluido mau com a ajuda de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reagente.

            Essa é a que podemos chamar de ação mecânica, mas não é suficiente. Faz-se também necessário, e acima de tudo, agir sobre o ser inteligente, com o qual se deve falar com  autoridade, sendo que essa autoridade só é dada pela superioridade moral. Quanto maior for esta, tanto maior será a autoridade.

            E ainda não é tudo, pois para assegurar a libertação, é preciso convencer o Espírito perverso a renunciar aos seus maus intentos; despertar-lhe o arrependimento e o desejo do bem, através de instruções habilmente dirigidas, por meio de evocações particulares, feitas no interesse da sua educação moral. Então, pode-se ter a dupla satisfação de libertar um encarnado e converter um Espírito imperfeito.

            A tarefa se torna mais fácil, quando o obsidiado, compreendendo sua situação, oferece o concurso da sua vontade e da prece. Não se passa assim quando, aquele que é seduzido pelo Espírito embusteiro, se mantém iludido quanto às qualidades daquele que o domina, e se compraz nas suas mistificações, porque então, em vez de ajudar, ele mesmo repele toda assistência. É o caso da fascinação, sempre infinitamente mais rebelde do que a subjugação mais violenta. (Ver O livro dos médiuns, cap. 23).

            Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar da ação contra o Espírito obsessor.

 

1. (82) Prece (para o obsidiado dizer)

 

— Meu Deus, permita aos bons Espíritos me livrarem do Espírito malfazejo que se ligou a mim. Se é uma vingança que ele exerce, devido aos males que eu lhe teria feito no passado,  o Senhor permitistes, meu Deus, para minha punição, e eu sofro a consequência de minha falta. Possa meu arrependimento me fazer merecer seu perdão e minha liberdade! Mas, seja qual for o motivo, suplico para ele sua misericórdia. Digne-se facilitar-lhe, Senhor, a senda do progresso, de que se desviou pelo pensamento de fazer o mal. Possa eu, de meu lado, retribuindo-lhe o mal com o bem, encaminhá-lo a melhores sentimentos.

            Mas sei também ó! Meu Deus, que são as minhas imperfeições que me tornam acessíveis às influências dos Espíritos imperfeitos. Dê-me a luz necessária para as reconhecer; e afaste sobretudo meu orgulho, que me torna cego para os meus defeitos.

            Como deve ser grande minha indignidade, para que um ser malfazejo me possa dominar!           Faça, oh! Meu Deus, que este golpe desferido na minha vaidade me sirva de lição para o futuro; que ele me fortaleça na decisão de me depurar pela prática do bem, da caridade e da humildade, a fim de que possa opor, daqui por diante, uma barreira ao ataque das más influências.

            Senhor, dê-me força de suportar esta prova com paciência e resignação! Compreendo que, como todas as demais provas, ela deve contribuir para meu adiantamento, se eu não comprometer seus resultados com as minhas lamentações, pois ela me oferece uma oportunidade de demonstrar minha submissão e de praticar a caridade para com um irmão infeliz, perdoando-lhe o mal que me tenha feito (caps. 12, itens 5 e 6; cap. 28, item 15 e segs. 46-47).

 

2. (83) Prece (Pelo obsidiado)

 

            — Deus Todo-Poderoso, digne-se dar-me o poder de livrar fulano do Espírito que o obsidia. Se está nos seus desígnios pôr um fim a esta prova, concede-me a graça de falar a esse Espírito com a necessária autoridade.

            Bons Espíritos que me assistem, e você, anjo da guarda de fulano, deem-me seu concurso; ajudem-me a libertá-lo do fluido impuro que o envolveu.

            Em nome de Deus Todo-Poderoso, conjuro o Espírito malfazejo que o atormenta a se afastar.

 

3. (84) Prece (pelo Espírito obsessor)

 

— Deus, infinitamente bom, suplico sua misericórdia para o Espírito que obsidia fulano! Faça que ele perceba as divinas claridades, a fim de que reconheça o falso caminho que está seguindo. Bons Espíritos, ajudem-me a fazê-lo compreender que ele tem tudo a perder na prática do mal, e tudo a ganhar na prática do bem!

            Espírito que se compraz em atormentar fulano ouça-me, pois, que lhe falo em nome de Deus!

            Se quiser refletir, compreenderá que o mal não pode levar ao bem, e que você não pode ser mais forte do que Deus e os bons Espíritos.

            Eles poderão preservar fulano de qualquer atentado de sua parte. Se não o fizeram, foi porque ele tinha uma prova a sofrer. Mas quando essa prova terminar, eles o impedirão de agir sobre ele. O mal que lhe tiver feito, em vez de prejudicá-lo, terá servido para seu adiantamento, tornando-o mais feliz. Assim, sua maldade terá sido em vão, mas se voltará contra você.

            Deus, que é Todo-Poderoso, e os Espíritos superiores, seus servidores, que são mais poderosos do que você, poderão então pôr um fim a essa obsessão, quando quiserem, e sua tenacidade se quebrará contra essa autoridade suprema. Mas, por ser bom, Deus quer deixar-lhe o mérito de interrompê-la pela vossa própria vontade. É uma concessão que lhe faz, e se não a aproveitar, terá de sofrer deploráveis consequências, pois grandes castigos e duros sofrimentos o esperam. Será forçado a implorar sua piedade e as preces da sua vítima, que já o perdoou e ora por você, o que é um grande mérito aos olhos de Deus e apressará a sua libertação.             Reflita, pois, enquanto é tempo, porque a justiça de Deus pesará sobre você, como sobre todos os Espíritos rebeldes. Lembre-se de que o mal que faz neste momento terá forçosamente um fim, enquanto que, se persistir no seu endurecimento, seus sofrimentos aumentarão sem cessar.

            Quando esteve na Terra, não considerava estúpido sacrificar um grande bem pela satisfação de um momento? O mesmo ocorre agora que você é Espírito. O que ganha com o que está fazendo? O triste prazer de atormentar alguém, o que não o impedirá de ser infeliz, diga o que disser, e o deixará ainda mais infeliz!

            Ao lado disso, veja o que perde; observe os bons Espíritos que o cercam e diga se a sorte deles não é preferível à sua. A felicidade que desfrutam será também sua, quando o quiser. Que é necessário para tanto? Implorar a Deus seu auxílio, e fazer o bem em vez de fazer o mal. Bem sei que não pode transformar-se de um momento para outro; mas Deus não quer o impossível; o que ele deseja é apenas a boa vontade. Tente, portanto, e nós o ajudaremos. Faça que bem logo possamos dizer em seu benefício a prece pelos Espíritos arrependidos, (item 73), e não mais o classificar entre os maus Espíritos, enquanto esperarmos contá-lo entre os bons (Ver acima, o item 75: Prece pelos espíritos endurecidos).

 

Observação

 

            A cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento. Exige também tato e habilidade, para a condução ao bem de espíritos quase sempre muito perversos, endurecidos e astuciosos, pois que os há rebeldes até o último grau. Na maioria dos casos, devemos guiar-nos pelas circunstâncias. Mas, seja qual for a natureza do Espírito, o certo é que nada se obtém pelo constrangimento ou pela ameaça. Toda a influência depende do ascendente moral. Outra verdade, igualmente verificada pela experiência, e que a lógica comprova, é a completa ineficácia de exorcismos, fórmulas, palavras sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores ou quaisquer símbolos materiais.

            A obsessão por longo tempo pode ocasionar desordens patológicas, e exige por vezes um tratamento simultâneo ou consecutivo, seja magnético ou médico, para o restabelecimento do organismo. A causa estando destruída, ainda resta combater os efeitos (Ver O livro dos médiuns, cap. 23, sobre a obsessão: e a Revista Espírita, números de fevereiro de 1864 e abril de 1865: exemplos de curas de obsessões).

           

 

FIM

  Propriedade Intelectual (Irmão Jó) Houve época em que produzir Obra de arte legal Era incerto garantir Direito intelectual.   Mas com tant...