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quarta-feira, 8 de março de 2023

 

 


Pelos espíritos endurecidos

 

(75) Prefácio

 

            Os maus espíritos são os que ainda não foram tocados pelo arrependimento; que se comprazem no mal e não sentem nenhum pesar por isso; que são insensíveis às repreensões, repelem a prece e frequentemente blasfemam contra Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens pelos sofrimentos que suportam e perseguem com o seu ódio aqueles a quem odiaram durante a vida, seja obsidiando-os, seja perturbando-os com uma influência nociva qualquer (caps. 10, itens 6 e 12, itens 5 e 6).

            Entre os espíritos perversos, há duas categorias bem distintas: aqueles que são francamente maus, e aqueles que são hipócritas. Os primeiros são infinitamente mais fáceis de serem conduzidos ao bem, do que os segundos. Estes são, na maioria das vezes, de natureza bruta e grosseira, como podemos ver entre os homens, e como estes, fazem o mal mais por instinto do que por cálculo, e não pretendem passar por melhores do que são. Mas há neles um germe latente, que é necessário fazer surgir, o que se consegue quase sempre com perseverança, firmeza aliada à benevolência, através de conselhos, da argumentação e da prece. Na mediunidade, a dificuldade que têm para escrever o nome de Deus é sinal de um medo instintivo, de uma voz íntima da consciência que lhes diz que são indignos. Aquele que está ali está no limiar da conversão, e dele tudo podemos esperar: basta encontrar o ponto vulnerável do coração.

            Os espíritos hipócritas são quase sempre muito inteligentes, mas não têm no coração nenhuma fibra sensível. Nada os toca. Fingem todos os bons sentimentos para ganhar a confiança, e ficam felizes quando encontram tolos que os aceitam como espíritos bons, pois então podem governá-los à vontade. O nome de Deus, longe de lhes inspirar o menor temor, serve-lhes de máscara para cobrirem suas torpezas. No mundo invisível, como no mundo visível, os hipócritas são os seres mais perigosos, porque agem na sombra, e deles não se desconfia. Eles têm as aparências da fé, mas esta não é sincera.

 

(76) Prece

 

            Senhor, digne-se lançar um olhar de bondade aos espíritos imperfeitos, que estão ainda nas trevas da ignorância e que o desconhecem, principalmente ao espírito fulano.         

            Bons espíritos, ajudem-nos a fazê-lo compreender que, induzindo os homens ao mal, obsidiando-os e atormentando-os, ele prolonga seus próprios sofrimentos; façam que o exemplo

da felicidade de que vocês desfrutam seja um encorajamento para ele.

            Espírito que se compraz ainda na prática do mal, você ouviu a prece que fizemos por você; ela deve prová-lo que desejamos fazer-lhe o bem, embora você faça o mal.

            Você é infeliz, porque é impossível ser feliz praticando o mal. Por que então permanecer sofrendo, quando depende de você sair dele? Observa os bons espíritos ao seu lado, veja como são felizes e se não lhe seria mais agradável desfrutar também dessa mesma felicidade.

            Você dirá que isso lhe é impossível, mas nada é impossível para aquele que o quer, porque Deus lhe deu, como a todas as criaturas, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, isto é: entre a felicidade e a infelicidade, e ninguém está condenado a fazer o mal. Se você tem a vontade de o fazer, pode ter também a de fazer o bem e ser feliz.

            Eleva seus olhos a Deus; eleva seu pensamento a ele, apenas por um instante, e um raio de sua divina luz virá esclarecê-lo. Diga conosco estas simples palavras: Meu Deus, eu me arrependo, perdoe-me. Tente arrepender-se e fazer o bem em lugar do mal, e verá que prontamente sua misericórdia descerá sobre você, e um bem-estar desconhecido virá substituir suas angústias.

            Desde que tiver dado um passo no caminho do bem, o resto lhe ser fácil. Compreenderá, então, quanto tempo perdeu de felicidade por sua própria culpa. Mas um futuro radioso e cheio de esperanças se abrirá diante de você, fazendo-o esquecer seu miserável passado, cheio de perturbações e de torturas morais, que seriam para você um inferno, se tivessem de durar eternamente. Um dia chegará em que essas torturas serão tais, que a todo custo quererá fazê-las cessar; porém, quanto mais esperar para tomar uma decisão, mais difícil lhe será escapar delas.

            Não creia que ficará sempre nesse estado. Não, porque isso é impossível. Você tem duas alternativas pela frente: uma, é a de sofrer muitíssimo mais do que até agora; outra, a de ser feliz como os bons espíritos que estão a seu redor. A primeira é inevitável, se persistir na obstinação; para a segunda, basta um simples esforço da sua vontade que o afastará do mau caminho. Apresse-se, portanto, pois cada dia de atraso é um dia perdido para sua felicidade.

            Bons espíritos, façam que estas palavras encontrem acesso nessa alma ainda atrasada,  a fim de ajudá-la a se aproximar de Deus. Nós pedimos-lhes isso em nome de Jesus Cristo, que teve tão grande poder sobre os espíritos maus.


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