Em dia com o Machado 132
(jlo)
Amiga leitora e prezado leitor, sem querer criar polêmicas com
minhas crônicas, e já criando, parodiando Jô Soares, ao deparar-me com um blog cujo
objetivo principal do seu autor é tentar descobrir fraudes e plágios em obras
espíritas, resolvi responder-lhe.
A última crítica do blogueiro, cujo nome e sítio não vêm ao caso
divulgar, foi a de que, com base em algumas coincidências nas mensagens
psicografadas por Chico Xavier e Divaldo Franco, este teria plagiado aquele. Até
palavras idênticas, o polemista destacou nas mensagens para induzir o leitor a acreditar
em plágio. Ora, se assim for, praticamente tudo o que se pesquisa e escreve é
plágio. Nesse caso, cem por cento das monografias escolares.
Vejamos, a seguir, alguns trechos selecionados das mensagens,
com destaques do cético, lembrando que os textos de Divaldo costumam ser
psicografados na presença de várias pessoas. Este, nove anos após o anterior,
escrito pelo Chico:
Mensagem do Espírito Isabel de Castro, psicografada por Chico Xavier.
Obra: Falando à Terra. Rio de
Janeiro: FEB, 1951.
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Espírito Vianna de Carvalho, noite, 15 set. 1960, em Salvador, BA, public.
na revista Reformador, mar. 1962. Médium:
Divaldo Franco.
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UM DIA
[...]
Um dia, Colombo resolveu empreender a viagem
ao Mundo Novo e desvelou o caminho para a América.
A gloriosa missão de Jesus começou para os homens no dia da
Manjedoura.
[...]
Das resoluções de uma hora podem sobrevir
acontecimentos para mil anos.
[...]
Se acreditas no bem e a ele atendes, cedo atingirás a messe da
felicidade perfeita; mas se agora mofas do dia, entre a indiferença e o
sarcasmo, guarda a certeza de que, a seu turno, o dia se rirá de ti.
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UM DIA
[...]
Um dia, resolvendo lutar contra o pessimismo
das cortes europeias e do povo, Colombo descobriu a América.
[...]
Um dia mentiste e todo um programa nefando teve início.
Um dia prometeste, olvidando logo mais a palavra empenhada, e o
caráter foi afetado.
Um dia, na vida, pode constituir-se início
de um milênio diferente para tua alma.
Como a reflexão é a mãe de todas as virtudes, pensa bem e o teu
caminho atravessará o portal de luz para a imortalidade.
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Não estamos defendendo que tudo o que se nos apresenta como
mensagem do Além deve ser aceito cegamente por nós. Ao contrário, o espírita
consciente, examina tudo e retém o bem, como aconselha o Evangelho de Jesus.
Além disso, são os próprios Espíritos superiores que nos aconselham separar
atentamente o bom trigo do joio das mensagens. N'O livro dos médiuns há uma mensagem do
Espírito Erasto que nos sugere ser preferível rejeitar dez verdades a aceitar
uma única informação falsa, supostamente provinda de Espírito elevado (cap. XX,
it. 230).
Por fim, nunca é demais lembrar que o Espírito lança a ideia e o
médium a capta de acordo com os seus conhecimentos e possibilidades, quase
sempre havendo algo de animismo involuntário na comunicação mediúnica,
principalmente quando o médium é estudioso assíduo, como é o caso do Divaldo
Franco e também como ocorria com o Chico Xavier. "Espíritas! amai-vos, este
o primeiro mandamento; instruí-vos, este o segundo" (O Espírito de Verdade,
cap. VI d'O evangelho segundo o
espiritismo). Por vezes, imaginamos estar dizendo algo inédito que já foi
dito por outra pessoa. Ora, o que são os Espíritos senão nós mesmos, em outra
dimensão da vida eterna?
Quem não conhece o processo de comunicação da mediunidade e a
questão da sintonia sempre vai duvidar de tudo o que ouve ou lê atribuído aos
Espíritos, embora haja, realmente, pseudos médiuns que, sem qualquer preparo e
estudo, atribuem aos Espíritos tudo o que sua imaginação exaltada aprove. Não é
o caso dos médiuns aqui citados.
Então, o bom espírita nem é totalmente incrédulo, nem aceita o
que supostamente venha dos Espíritos, pois, conforme diz também Allan Kardec, "fé
verdadeira" é a que se submete ao crivo da razão e da lógica "em
todas as épocas da humanidade". Desse modo, com todo o respeito ao
polemista cético, dissemos-lhe o seguinte:
Seu
problema e de outros internautas que se empenham em combater o Espiritismo está
num detalhe único: ideias preconcebidas. Allan Kardec nunca disse que o
Espiritismo fosse essa “ciência” que você conhece e, sim, “ciência do
espírito”, baseada em experimentações e observações. Quanto ao pseudo plágio do
Divaldo, repudio veementemente tal conclusão. Existem 6,5 bilhões de mentes no
mundo. Se apenas um por cento delas resolver falar sobre um assunto, a
possibilidade de haver coincidências é enorme. Kardec também explicou que aos
céticos sistemáticos é inútil tentar convencer de coisa alguma, pois mesmo que
vissem não acreditariam. Por que você não se preocupa com outros assuntos, ao
invés de ficar especulando sobre a vida de cidadãos que dedicaram toda uma
existência ao bem da humanidade e, desde criança, aprenderam a distinguir o que
era seu do que não o era? A pessoas como você, se referem as palavras do
próprio Jesus Cristo, em quem, aliás, também não acreditam: "Não atireis
vossas pérolas aos porcos e nem deiteis as coisas santas aos cães". Agora
procure no Evangelho onde se encontra essa passagem e discorde dela… [...].
Conhecedor da absoluta perda de tempo em se tentar convencer aos
ateus sistemáticos sobre a sobrevivência do Espírito após a morte do corpo
físico, o próprio Allan Kardec já nos orientava sobre o que postamos acima.
Aliás, dirigindo-se ao apóstolo Tomé, Jesus, após sua
ressurreição, convida-o a colocar o dedo num dos furos de suas mãos e faz-lhe a
seguinte advertência: "Bem-aventurados os que não precisam ver para crer"
(João, 20:29).
Igualmente, são inumeráveis as obras sérias que tratam sobre as
conclusões positivas dos sábios de todos os tempos e os depoimentos de pessoas
idôneas sobre comprovações da imortalidade da alma, por meio de reuniões de
materializações. Por que, então, não convencem a tais ateus? Por que eles não
querem se convencer e substituem as ideias lidas, os fenômenos vistos, por
teorias estapafúrdias. Alguns, até mesmo sendo médiuns, passam a vida tratando-se
exclusivamente com psiquiatras e negam a existência de sua própria alma. Desse
modo, cavam o próprio abismo.
Os fenômenos estão aí, os médiuns também, os testemunhos são
inumeráveis: sábios como William Crookes, Ernesto Bozzano, Gustave Jung,
Alexandre Aksakof, e muitos outros, viram e creram. Escritores como Victor
Hugo, Arthur Conan Doyle e Vergílio Ferreira também... Uma nuvem de
pesquisadores, muitos deles antes incrédulos, examinaram, observaram,
experimentaram e creram. Outros, nem tanto, pois diversas causas podem estar
presentes na incredulidade pessoal, como a do interesse próprio em continuar
esta efêmera vida sem a preocupação com as consequências post-mortem dos seus atos. Sua filosofia é a do laissez faire, laissez
aller, laissez
passer, não se importando com as consequências de seus
atos, por que, para eles, o futuro é agora.
Não devemos nos preocupar com tais céticos, pois um dia
confirmarão, a seu pesar, as palavras de Vergílio Ferreira, que já citamos em
outra crônica: "Deus existe, sim, infelizmente". Ao que
acrescentamos: assim como somos imortais, felizmente.