Em
dia com o Machado 130 (jlo)
— Meu nome é Dickens,
Charles Dickens.
— Prazer, Machado...
Mas o que tendes a nos dizer, grande escritor britânico? What can I get for you?
—
I met a new chapter for my story.
— Como assim, Charles?
— Vós estais lembrado
de que, antes de minha desencarnação, eu havia iniciado o romance O mistério de Edwin Drood, que não
concluí, pois a indesejada de todas as
gentes me surpreendeu primeiro e me levou a morar nos campos santos?
— É verdade, até hoje não
sei o que ocorreu depois do capítulo...
— Pois agora já podeis
saber. Conheci, daqui onde nós estamos agora, um jovem que, desde os 13 anos,
não mais estudara e não gostava de literatura; porém, possuía perfeita sintonia
espiritual comigo. Seu nome era Thomas P. James. Trabalhava numa oficina
mecânica, mas quando lhe apareci e perguntei se poderia ser meu
"escrivão", na continuação dessa obra, ele ficou entusiasmado e
aceitou na hora o desafio.
Desse modo, passou
alguns meses escrevendo cerca de 1200 páginas que, digitadas, dão umas
quatrocentas. Com isso, dou por concluído meu romance, o qual, antes de minha
desencarnação estava com um terço das 624 páginas atuais...
— Mas qual a causa do
entusiasmo de James, se ele nem ao menos gostava de literatura?
— Imaginai alguém que,
até a juventude, nunca escrevera mais de meia dúzia de páginas, com inúmeros
erros de concordância, ortografia e pontuação e, "de repente, não mais que
de repente", como diria o vosso poetinha
Vinícius de Moraes, se vê diante de vós, que lhe pedis para escrever quinze,
vinte páginas, sem nenhum erro gramatical, diariamente, após o expediente dele
em sua oficina, onde trabalha dez horas por dia?
— Essa pessoa sairia
correndo, pois jamais ouvira meu nome antes...
— No século XIX, não,
certamente, mas hoje, que sois tão conhecido como eu, no mundo...
— Nem tanto, Dickens,
nem tanto... Entretanto, deixai comigo os originais, para uma análise
estilística entre o que escrevestes antes e o que, supostamente, concluístes,
mediunicamente. Como crítico que sou, pouco condescendente com amadores,
certamente não esperareis confirmação ao mundo de que fostes vós quem
concluístes a obra.
— Não façais cerimônia,
Machado amigo, lede a obra, do começo ao fim. Após isso, emiti a vossa abalizada
opinião. We met again in your blog.
—
I hope so! Good bye!
—
Good bye!
Esta foi a conversa que
tive, leitor amigo, com Charles Dickens, há um mês. Agora, o espanto! Nada no
texto post-mortem desmerece esse
grande escritor, nas 400 páginas psicografadas. Na dúvida sobre minhas próprias
impressões, consultei Sir Arthur Conan Doyle, o simplesmente autor de Sherlock Holmes, sobre o que achara da
obra. Eis o que ele me disse:
— Sendo este o que
seria o primeiro romance policial de Dickens, consagrado romancista inglês, talvez
o maior deles, segundo alguns críticos, após atenta leitura de todo o livro,
fiz minuciosa investigação do estilo do autor, continuação e conclusão da obra,
em sua segunda parte, que julguei coerente com a primeira.
— E o jovem médium,
continuou psicografando obras de grandes escritores?
— Nunca mais.
— Agradeci a Conan
Doyle, e agora, ante a confirmação de minhas impressões por esse que é um dos
maiores escritores mundiais no gênero, desafio o leitor a ler, sem pausa, o
romance policial de Dickens, continuado por ele daqui e psicografado daí por
James.
Tentai dizer, antes de
ver a resposta no final do livro, onde termina o escrito de Charles por ele
mesmo e onde continua Dickens escrevendo pelas mãos de James. Se conseguirdes
isso sem "cola", amigo leitor e inteligente leitora, indico-vos para
a Academia de Letras...
Nenhum comentário:
Postar um comentário