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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

 


RESPOSTA DE IRMÃ
 
“— Que fazer para entrar em serviço do Mestre?” 
Eis a tua pergunta, irmã querida, 
“— Peço orientação, preciso renovar-me 
Buscando nova vida”.
 
E acrescentas: “— De tudo na existência 
Que já tenho notado, ouvido e visto, 
Não encontrei ensino que supere 
A grandeza do Cristo”.
 
Irmã, nada me cabe responder-te. 
O esplendor de Jesus fala por si, 
E depois de aceitá-lo interiormente, 
Tudo, no mundo, nos sorri.
 
Isso, porém, exige que o sigamos,
Das veredas da Terra aos fulgores do Além,
Consagrando-lhe o sonho, o amor e a vida
Na exaltação do Bem.
 
Sai de ti mesma, irmã, e estende algum amparo
Aos que gemem, ao léu, na noite fria,
Ouve a dor no lugar que apelidamos:
Periferia da periferia.
 
Em casebres de lata, enfermos vários
Rogam um caldo quente que os conforte
Ou um cobertor que lhes resguarde o corpo
E lhes evite a morte.
 
Vem até nós, pelas asas da prece.
Ninguém te pedirá prodígios em ação...
Aguardamos de ti paz e esperança
E um pedacinho de cooperação.
 
Vem até nós, buscando o Cristo Amado.
Em nossa legião há constante lugar...
Com Ele aprenderemos, cada dia,
A amar e compreender, servir e trabalhar. 
 
DOLORES, Maria (Espírito). Dádivas de amor. Psicog. Chico Xavier. 1. ed. Brasília: FEB: São Paulo, SP: IDEAL, 2022.


domingo, 29 de janeiro de 2023

 


Tempo e vida
 
Depois da morte é que vemos,
Quando a luz se nos revela,
Quanta sombra e bagatela
Guardamos no coração.
Quantos lamentos inúteis
Complicavam-nos a vida,
Quanta palavra perdida,
Quanto tempo gasto em vão!...
 
Quantas horas desprezadas,
De espírito desatento
Nos enganos de um momento
Que o próprio tempo desfaz!
Quanta contenda improfícua,
Quanto disfarce no rosto
Que se transforma em desgosto
Furtando a esperança e a paz.
 
Alma querida, não creias
Seja a morte o fim de tudo,
O tempo, esse sábio mudo,
Concede-nos voz e vez,
Acompanha-nos o passo,
Age, segundo a segundo,
E nos conhece no mundo
Tudo aquilo que se fez.


Ama, esclarece, abençoa,
Sofre e luta, mas não temas!
Ninguém vive sem problemas,
Onde estiver e aonde for;
Vida é lavoura perfeita,
Morte é o braço que a preserva,
Que só replanta ou conserva
O que se faz por amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Coração e vida. Psicog. Chico Xavier. Brasília: FEB; São Paulo, SP: IDEAL, 2022, item 24.


 


28.2 Preces por quem ora 

Aos anjos da guarda e aos espíritos protetores 

Prefácio 

            Todos nós temos um bom Espírito, ligado a nós desde nosso nascimento, que nos tomou sob sua proteção. Desempenha junto a nós a missão dum pai para com seu filho: a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provas da vida. Ele fica feliz quando correspondemos à sua solicitude, e sofre quando nos vê sucumbir.

            Seu nome pouco importa, pois que ele pode não ser nenhum nome conhecido na Terra. Invocamo-lo, então, como nosso anjo guardião. Podemos mesmo invocá-lo com o nome de um Espírito Superior; pelo qual sintamos uma particular simpatia.

            Além do nosso anjo guardião, que é sempre um Espírito Superior, temos os espíritos protetores que, por serem menos elevados, não são menos bons e benevolentes. São espíritos de parentes ou amigos, ou, algumas vezes, de pessoas que não conhecemos na atual existência. Eles ajudam- nos com seus conselhos e frequentemente com sua intervenção nos atos de nossa vida.

            Os espíritos simpáticos são os que se ligam a nós por alguma semelhança de gostos e de tendências. Podem ser bons ou maus, segundo a natureza das inclinações que os atraem para nós.

            Os espíritos sedutores esforçam-se para nos desviar do caminho do bem, sugerindo-nos maus pensamentos. Aproveitam-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes dão acesso à nossa alma. Há os que se agarram a nós como a uma presa, mas afastam-se quando reconhecem sua impotência para lutar contra nossa vontade.

            Deus nos deu um guia principal e superior em nosso anjo da guarda, e como guias secundários os nossos espíritos protetores e familiares. Mas é um erro crer que tenhamos forçosamente um mau Espírito junto a nós, para contrabalançar as boas influências. Os maus espíritos nos procuram voluntariamente, desde que achem possível dominar- nos, em razão da nossa fraqueza ou da nossa negligência em seguir as inspirações dos bons espíritos.  Somos nós, portanto, que os atraímos. Disso resulta que não somos nunca privados da assistência dos bons espíritos, e que depende de nós o afastamento dos maus. Por suas imperfeições, sendo o homem a primeira causa das misérias que o atingem, somos quase sempre nosso próprio mau gênio (cap. 5 n.º 4).

            A prece aos anjos guardiães e aos espíritos protetores deve ter como objetivo solicitar sua intervenção junto a Deus, pedir-lhes força para resistir às más sugestões e auxílio nas necessidades da vida. 

Prece 

            Espíritos sábios e benevolentes, mensageiros de Deus, cuja missão é assistir aos homens e conduzi-los pelo bom caminho, amparem-me nas provas desta vida; deem-me a força de sofrê-las sem lamentações; desviem de mim os maus pensamentos e façam que eu não dê acesso a nenhum dos maus espíritos que tentariam induzir-me ao mal. Esclareçam minha consciência sobre meus defeitos e afastem dos meus olhos o véu do orgulho, que poderia impedir-me de percebê-los e de confessá-los a mim mesmo.

            Você, sobretudo, meu anjo da guarda, que vela mais particularmente por mim, e vocês todos, espíritos protetores, que se interessam por mim façam que eu me torne digno da sua benevolência. Vocês conhecem minhas necessidades; que elas sejam satisfeitas segundo a vontade de Deus. 

Outra 

            Meu Deus, permita que os bons espíritos que me assistem ajudem-me, quando me achar em dificuldades, e amparem-me nas minhas vacilações. Faça, Senhor, que eles me inspirem a fé, a esperança e a caridade; que sejam para mim um apoio, uma esperança e uma prova da sua misericórdia. Faça, enfim, que eu neles encontre a força que me faltar nas provas da vida e, para resistir às sugestões do mal, a fé que salva e o amor que consola. 

Outra 

            Espíritos bem-amados, anjos da guarda, vocês a quem Deus, pela sua infinita misericórdia, permite  que velem sobre os homens, sejam nossos protetores nas provas de nossa vida terrena. Deem-nos força, coragem e resignação; inspirem-nos na senda do bem, detenham-nos do declive do mal; que sua doce influência impregne nossas almas; façam que sintamos a presença, ao nosso lado, dum amigo devotado, que assista os nossos sofrimentos e participe das nossas alegrias. E você, meu anjo bom, nunca me abandone. Necessito de toda a sua proteção, para suportar com fé e amor as provas que Deus me quiser enviar.


sábado, 28 de janeiro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 560
CRIANÇA DE FUTURO INCERTO (Irmão Jó)



            Quando criança, fui um dos sete filhos de família muito pobre, como já relatei noutra ocasião. Ficamos órfãos de pai quando eu mal completara 11 anos. Morávamos ao pé do morro da Igreja da Penha, no Rio de Janeiro, e quase todos estudamos no Colégio Nossa Senhora da Penha, administrado pela paróquia da igreja.

            Embora muito pobres, pois nossa mãe ficara viúva aos 40 anos e precisava alimentar e vestir sete crianças, das quais os mais novos eram gêmeos com três anos de idade, vivíamos com dignidade, na pequena casa de tijolos que foi construída por um mutirão de parentes piedosos. A pensão que recebia a dona da casa era de apenas um salário mínimo e, com muita dificuldade, ela completava a renda familiar com os trocados obtidos dos trabalhos de costura, que fazia pedalando uma antiga máquina de costura da marca Singer.

            Entretanto, era envergonhados que recebíamos, de vez em quando, auxílio de algumas pessoas religiosas, representado por leite em pó e, talvez, um ou dois pacotes de fubá, farinha, feijão e arroz. Em nosso lar, praticamente só havia uns poucos móveis antigos, bicamas para os irmãos, que compartilhávamos com algumas pulgas, uma pequena mesa e fogão a gás, além de uma prateleira para guardar pratos e talheres na cozinha. O material escolar era repassado de irmão para irmão...

            Ainda assim, lembro-me de certa ocasião ter recebido carnê destinado a contribuição para a manutenção da igreja. Com ele, a solicitação para, no domingo, antes da missa, arrecadar contribuição para as obras sociais.  Deveríamos destacar cada tíquete com o nome da pessoa doadora, após anotar seu nome, endereço e, ao final da arrecadação, entregar, na administração da escola, o valor total obtido. Saí com dois irmãos e abordamos alguns fiéis aos quais solicitamos a doação para a paróquia, em local abaixo do início das escadas de cimento que antecipavam a subida da escadaria para a igreja. Uma senhora, penalizada de nós, descalços e  maltrapilhos, fez uma doação extra de pequeno valor, afirmando que era para pagar um lanche para nós. Quase sem entender direito o gesto nobre daquela bondosa alma, recebemos envergonhados, mas agradecidos, a pequena espórtula. Entretanto, jamais pedimos qualquer ajuda financeira para uso pessoal na rua. O feijão e arroz, com bastante água no feijão e farinha, eram-nos suficientes...

            Com todas as dificuldades socioeconômicas, os sete filhos de Seu Sebastião e Dona Cely, mineiros muito amados, cresceram, estudaram, alcançaram modestos, mas dignos empregos, constituíram família e ainda hoje estão todos vivos. Os caçulas gêmeos nasceram em 1960, mesmo ano da inauguração de Brasília, para onde eu e minha família viemos 20 anos depois. Volto a este assunto apenas para exemplificar o que ocorre com milhões de famílias dignas...

            Hoje, fiquei sabendo da história de irmão de pessoa querida que teve nove filhos e, mesmo com toda a dificuldade familiar financeira, estes cresceram, estudaram, obtiveram razoáveis empregos, casaram e vivem bem em seus modestos, mas dignos lares. A mãe, certo dia disse que, durante alguns anos, receberam auxílio material de uma instituição espírita. Ao crescerem os filhos, como ocorreu conosco, estes passaram a contribuir financeiramente com a família e não mais precisaram dessa ajuda, muito comum em todo o país.

            Algumas pessoas, porém, parece que estacionam, não digo na pobreza, mas na dependência financeira de instituições socioassistenciais ou de outrem para si e familiares. Consideram-se eternamente na condição de “vítimas sociais”, entretanto, quando se fala em estudo, leitura edificante, trabalho digno, não querem nem saber disso.

            Fiquei ainda ciente, pela mesma pessoa citada acima, diretora duma instituição espírita de assistência social, que ao longo de 30 anos de trabalho com as pessoas sociovulneráveis, ela vê com prazer o crescimento socioeconômico, pessoal e familiar, de alguns assistidos. Entretanto, salvo as situações por nós mesmos comprovadas de famílias em expiação dolorosa, como é o caso de crianças, idosos e jovens necessitados de cuidados permanentes, muitos assistidos, de geração em geração, vivem basicamente do assistencialismo. É o caso citado de avó que pedia enxoval de bebê para a filha que, por sua vez, vem pedir enxoval para o neto daquela, e este também, ao crescer, já é “iniciado” no peditório de avó e mãe. Esse é apenas um exemplo, mas há muitos, infelizmente.

            As políticas públicas precisam investir mais na autoestima dessas pessoas. Não basta o socorro assistencialista, é preciso ver e ajudar as criaturas em seu aspecto individual material e, sobretudo, espiritual, para que  aproveitem suas vocações em trabalho digno que as dispense do profissionalismo da esmola, salvo as situações comprovadamente verdadeiras de extrema pobreza, que precisam da ajuda do Estado.

            Citei em crônica passada o cuidado que devemos ter, nos dias atuais, até mesmo para prestarmos um serviço caritativo a alguém, pois podemos ser vítimas de pessoas cruéis que nos assaltem e matem. Foi o que ocorreu recentemente com senhora espírita nossa conhecida e sua filha, assassinadas barbaramente, assim como seus oito parentes dentre os quais gêmeos de 6 anos de idade: uma menina e um menino lindos, além de seu irmão pouco mais velho e uma adolescente dedicada à evangelização, tal como a mãe.

            Flávia, nome fictício, havia vendido um modesto imóvel, e uma quadrilha ficou ciente de que ela e outros familiares possuíam em conta cerca de 400 mil reais. Sequestraram toda a família e obrigarem-na, sob tortura, a lhes fornecerem as senhas bancárias para roubo. Em seguida, mataram todos, mas acabaram sendo descobertos e, agora presos, respondem pelos crimes hediondos cometidos. Um desses criminosos é um adolescente. Esses assassinos são cidadãos que preferem viver do crime, apropriando-se do alheio, a executar qualquer trabalho simples.

            Pessoas há que infestam os semáforos, supermercados, restaurantes e logradouros públicos de Brasília, pedindo esmolas. Algumas delas, com esse objetivo, mostram cartazes aos motoristas parados, com informações de que a mulher está grávida e tem filhos menores passando fome etc. Vemos, quase diariamente, uma senhora que ostenta um cartaz onde se lê: “Sou diarista e estou desempregada. Aceito qualquer valor”. Os dias e as semanas passam, e ela não consegue emprego, o que é estranho, pois há muitas famílias necessitadas de bons empregados, além de agências de emprego que cadastram os que as procuram...

            A sofisticação chegou a tal ponto que hoje, em grande supermercado, ao nos dirigirmos ao caixa com carrinho de compras, incluindo nelas algumas cestas básicas para doação, fomos abordados por uma senhora com um litro de óleo na mão. Então, pediu-nos para pagar seu óleo, alegando dificuldade financeira. Assim que fizemos isso, ela ficou do lado de fora com o óleo, de botuca numa menina de cerca de dez anos que, em seguida, procurou-nos na fila do caixa também pedindo para lhe pagarmos diversos produtos alimentícios trazidos num carrinho.

            Ao lhe ser dito que já havíamos auxiliado sua mãe, ela  disse-nos que a senhora não era sua mãe. Em seguida afastou-se à procura de outra pessoa que pagasse suas mercadorias.         Ao observar isso, perguntamo-nos intimamente:

— Que futuro aguarda uma criança como essa?


quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

 



Todos ricos
 
Não digas, alma irmã, que nada tens
Ante a dificuldade em que te recriminas,
Na grandeza do mundo em que Deus nos resguarda,
Olha o valor das cousas pequeninas.
 
Reflete na semente diminuta
Na terra áspera e seca que se enfresta,
Apesar do deserto que a rodeia
Pode ser o princípio da floresta.
 
Pensa na gota medicamentosa
Na convulsiva dor de impacto violento,
Simples gota, lembrando pétala de orvalho,
Suprimindo o poder do sofrimento.
 
Fita a mansão moderna alçada ao brilho
Da Terra enobrecida e renovada,
Quanto é pobre de força e segurança
Sem a presença humilde da tomada.
 
Se, um dia, atravessaste a noite espessa,
Tateando sem rumo dentro dela,
Conheces quanto aflige a escuridão
E quanto vale a chama de uma vela.


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 


PAZ E AMOR
 
Escuta, coração!
Se buscas atingir a vitória do bem,
Se desejas que a paz se te instale nas horas,
O programa é servir sem desprezar ninguém...
 
Contempla a terra em derredor,
E reconhecerás com nitidez,
Que em base de ação e tolerância,
Nada de bom se fez!
 
O chão que suportou enxada e golpe,
É sempre aquele chão
Onde a vida se dá e depois se retoma,
Em láureas de verdura e tesouros de pão...
 
A fonte que te ampara não se oculta,
Em descanso vulgar,
É aquela que não teme pedra e lodo,
E cede apoio ao rio à procura do mar.
 
Observa mais longe:
No anseio de progresso a que o tempo te induz,
Sem força ou combustível que se gastam,
Pereceria a Terra, ante a morte da luz.
 
Se sonhas com mundo novo, serve e segue,
Não pares, nem te deixes combalir,
O trabalho presente aproveita o passado,
Para tornar mais alta a bênção do porvir!
 
Não te prendas à sombra da tristeza,
Nem te entregues à queixa amarga e vã,
Auxilia, perdoa e eleva hoje,
E encontrarás mais bela a vida de amanhã!...
 
Examina conosco, alma querida!
Seja onde seja e seja com quem for,
Deus, em tudo, é a presença da bondade,
Que a tudo envolve e guarda, em cascatas de amor!...
 
DOLORES, Maria (Espírito). Estrelas no chão. In: ESPÍRITOS Diversos. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel — GEEM, 2010.

 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 


EXCURSÃO CURATIVA
 
Dizes-te triste e sem forças,
Em desânimo profundo,
Por bagatelas do mundo
Que somam inquietação!...
Sofrestes vários reveses...
No tédio que te procura,
Trazes farpas de amargura
Gravadas no coração.
 
Deixa, porém, alma boa,
O fel que te desconsola,
Vem conosco à grande escola.
Do amor unido a Jesus!...
Lerás, ao vivo, ainda hoje,
As laudas do desengano
Nas mágoas do hanseniano,
No cego que vai sem luz...
 
Sigamos. Neste barraco,
Pobre mulher se consome,
Deu aos filhinhos com fome
O pão que o lixo lhe deu...
Contempla os filhos que dormem,
E, ouvindo o clamor do vento,
Relembra, com desalento,
O esposo que faleceu!...
 
Mais adiante, eis um telheiro...
Sem que a penúria lhe importe,
Um velhinho aguarda a morte,
Com sede, chamando alguém!...
Olha em vão a porta aberta,
Quer água fria do poço,
Chora, ao pensar que foi moço...
Não aparece ninguém!...
 
Visitemos os que moram
Sob pontes desprezadas,
Nota, ao longe, nas estradas,
Doentes vagando ao léu!...
Alguns caem no caminho,
No mal-estar que os alcança,
Morrendo sem esperança,
Embora fitando o Céu!...
 
Alma querida, recorda,
Os que vão de alma ferida,
São, entre as pedras da vida,
Nossos irmãos teus e meus!...
De volta ao teu lar feliz,
Que de flores se entretece,
Dirás, bendizendo em prece:
— Muito obrigado, meu Deus!...
 
DOLORES, Maria (Espírito). Estrelas no chão. In: ESPÍRITOS Diversos. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel — GEEM, 2010.


domingo, 22 de janeiro de 2023

 


Para os médiuns

           

            E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu espírito sobre toda a carne; seus filhos e suas filhas profetizarão, seus jovens terão visões, e seus idosos sonharão. Nesses dias derramarei do meu espírito sobre meus servos e sobre minhas servas, e eles profetizarão. (Atos, 2:17-18).

 

Prefácio

 

            Quis o Senhor que a luz se fizesse para todos os homens e que a voz dos espíritos penetrasse por toda a parte, a fim de que cada um pudesse obter a prova da imortalidade. É com esse objetivo que os espíritos se manifestam hoje por toda a Terra, e que a mediunidade se revela em pessoas de todas as idades e de todas as condições, nos homens e nas mulheres, nas crianças e nos idosos. É um dos sinais de que os tempos preditos chegaram.

            Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu ao homem a vista corporal, os sentidos e os instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha seu olhar nas profundezas do espaço, e com o microscópio descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar o mundo invisível, deu-lhe a mediunidade. Os médiuns são os intérpretes encarregados de transmitir aos homens o ensino dos espíritos, ou melhor, são os órgãos materiais pelos quais os espíritos se expressam, tornando-se inteligíveis os homens. Sua missão é sagrada, porque tem por fim abrir-lhes os horizontes da vida eterna.

            Os espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos futuros, a fim de o conduzirem ao caminho do bem e não para o pouparem do trabalho material que lhe cabe neste mundo, visando ao seu próprio adiantamento, nem para favorecerem sua ambição e  sua cupidez. Eis do que os médiuns devem compenetrar-se bem, para não fazerem mau uso de suas faculdade. Aquele que compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, cumpre-o religiosamente. Sua consciência lhe censuraria, como ato sacrílego, utilizar como divertimento ou distração, para si ou para outros, as faculdades que lhe foram dadas com uma finalidade séria, pondo-o em relação com os seres de além-túmulo.

            Como intérpretes do ensinamento dos espíritos, os médiuns devem desempenhar um papel importante na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar estão na razão da boa orientação que derem às suas faculdades, pois os que seguem o mau caminho são mais prejudiciais do que úteis à causa do Espiritismo; pela má impressão que eles produzem retardam mais de uma conversão. É por isso que eles terão de prestar contas do uso que fizeram das faculdades que lhes foram dadas para o bem de seus semelhantes.

            O médium que deseja conservar a assistência dos bons espíritos deve trabalhar pela sua

própria melhoria. O que deseja que  sua faculdade cresça e se desenvolva deve engrandecer-se moralmente  e se abster de tudo o que possa desviá-la da sua finalidade providencial.

            Se os bons espíritos, às vezes, se servem de instrumentos imperfeitos, é para dar-lhes bons conselhos e encaminhá-los ao bem; mas se encontram corações endurecidos e se os seus conselhos não são ouvidos retiram-se, e os maus têm então o campo livre (cap. 24, nos 11 e 12).

            A experiência demonstra que, entre os que não aproveitam os conselhos que recebem dos bons espíritos, as comunicações, após haverem revelado certo brilho, durante algum tempo, degeneram pouco a pouco e acabam por cair no erro, no palavrório e no ridículo, sinal incontestável do afastamento dos bons espíritos.

            Obter a assistência dos bons espíritos e livrar-se dos espíritos levianos e mentirosos deve ser o objetivo dos esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a mediunidade é uma faculdade estéril, que pode mesmo tornar-se prejudicial àquele que a possui, podendo degenerar em obsessão perigosa.

            O médium que compreende o seu dever, em vez de orgulhar-se de uma faculdade que não lhe pertence, pois que lhe pode ser retirada, atribui a Deus o que de bom consegue obter. Se as suas comunicações recebem elogios, ele não se envaidece com isso, por saber que elas independem do seu método pessoal, e agradece a Deus haver permitido que os bons espíritos se manifestem por ele. Se elas dão motivo a crítica, não se ofende, pois sabe que elas não foram produzidas pelo seu próprio espírito. Ao contrário, reconhece não ter sido um bom instrumento e que não possui todas as qualidades necessárias para impedir a intromissão dos maus espíritos. É por isso que ele procura adquirir essas qualidades e pede, pela prece, a força que lhe falta.

 

Prece

 

            Deus Todo-Poderoso, permita que os bons espíritos me assistam na comunicação que solicito. Preserve-me da presunção de me crer ao abrigo dos maus espíritos; do orgulho que poderia me enganar sobre o valor do que obtenha; de todo sentimento contrário à caridade para com outros médiuns. Se for induzido ao erro, inspire a alguém a ideia de me advertir, e a mim, a humildade que me faça aceitar a crítica com reconhecimento e aceitar para mim, e não para os outros, os conselhos que os bons espíritos queiram dar-me.

            Se me sentir tentado a enganar, seja no que for, ou a tirar vantagem da faculdade que lhe aprouve conceder-me, peco-lhe que a retire de mim, antes que permita seja ela desviada de sua finalidade providencial, que é o bem de todos e o meu próprio adiantamento moral.


sábado, 21 de janeiro de 2023


EM DIA COM O MACHADO 559:

GUARDAI-VOS DOS MAUS OBREIROS (Irmão Jó)




 

As pessoas sentem quando estão diante de um autêntico servidor espírita, seja pela sua aura, pela sua disposição de ajudar, ou pela sua alegria interior que se irradia. Seu propósito é sempre o de harmonizar. Juvanir B. de Sousa. Amai-vos e instruí-vos, cap. 34.

 

No capítulo 15, da obra de autoria de Juvanir Borges de Souza: Amai-vos e instruí-vos. Ed. FEB, após a informação de que em todas as atividades da humanidade encontramos maus obreiros, lemos o seguinte: “O Cristo advertiu contra esses aproveitadores ambiciosos, aos quais denominou falsos profetas:

 

Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelhas e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore produz maus frutos,  e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-las-eis, pois, pelos seus frutos (Mateus, 7:15 a 20).

 

       É a ambição desvairada, pelo poder e pelas riquezas que leva o ser humano a atitudes cruéis para com seu semelhante. Sabendo disso, recomendou Jesus: “Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça rói, a ferrugem corrói e os ladrões minam e roubam. Ajuntai-os no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam; pois onde está vosso tesouro aí estará também vosso coração” (Mateus, 6:19 a 21).

       No Espiritismo, explica Juvanir, também  não faltam os ambiciosos os enganadores, os que desrespeitam as opiniões alheias e impõem as suas e os que se consideram “enviados”. Isso ocorre tanto entre os encarnados como entre os espíritos.         Cabe-nos manter a vigilância e orar sempre, sejamos médiuns produtivos nos trabalhos das reuniões mediúnicas ou não, pois todos somos influenciados espiritualmente, onde quer que estejamos.

       Adiante, diz o articulista que:

 

Pregar o divisionismo nas hostes espíritas, destruir sem oferecer coisa melhor, julgar-se único portador da verdade, mostrar-se ambicioso e pretensioso a ponto de querer transformar a base moral da própria Doutrina Espírita, desvinculando-a do Evangelho de Jesus, são evidências, dentre outras, de falsidades e de seduções perigosas, capazes de afastar o adepto de boa-fé do caminho certo (SOUZA, op. cit., loc. cit.).

 

Lembra-nos ainda Souza as palavras de Jesus sobre o reconhecimento das boas ou más pessoas, ao nos dizer que é pelo fruto que reconhecemos a árvore. E prossegue com seus argumentos citando esta frase de Pasteur que nos faz refletir sobre a importância do conhecimento pautado no amor: “[...] a ciência nos aproxima de Deus, mas a pouca ciência nos afasta dele”. É o que ocorre com os pseudossábios, que se embebedam de teorias materialistas e causam verdadeiras catástrofes morais e físicas no mundo.

Acrescento a essas reflexões estes versículos de Salomão:

 

Amai a justiça, vós que julgais a Terra,

pensai no Senhor com retidão,

procurai-o com simplicidade de coração,

porque ele se deixa encontrar por aqueles que não o tentam, ele se revela aos que não lhe recusam a fé.

Pois os pensamentos tortuosos afastam de Deus

e o Poder, posto à prova, confunde os insensatos.

A sabedoria não entra numa alma maligna,

ela não habita num corpo devedor ao pecado. (Sabedoria de Salomão, 1:1 a 4).

 

       É preciso que nos empenhemos em adquirir o conhecimento da Verdade que o Espiritismo em sua Doutrina Consoladora nos traz, há 166 anos, desde o lançamento d’O Livro dos Espíritos por Allan Kardec, estudando, meditando e nos esforçando cotidianamente para pô-lo em prática. Somente com o nosso trabalho, voltado para a cooperação na educação integral humana e na correção das injustiças sociais, atrairemos as pessoas sinceramente desejosas de colaborar na edificação de um mundo melhor.

       Entretanto, nunca é demais lembrar a recomendação de Paulo aos Filipenses, 3:3, com que Souza também encerra seu capítulo: “Guardai-vos dos maus obreiros”. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

NOTÍCIA PARA JESUS


Senhor Jesus, se me consentes,
Quero comunicar-te
Que a Terra continua construindo
O teu reino de amor em toda parte.
 
Mencionaste moradas diferentes,
Sustentadas por Deus nos Céus profundos,
E os homens voam dominando o Espaço
Procurando entender a vida noutros mundos.
 
Aliviaste a dor no socorro aos enfermos
E o hospital, seguindo-te, hoje em dia,
Além da intervenção operatória,
Fez a vacina, o soro, a anestesia...
 
Ensinaste o perdão por vida e segurança
E a Ciência atual demonstra claramente
Que a presença do ódio, em qualquer fase,
É peçonha mortal envenenando a mente.
 
Disseste que a verdade nos liberta
Pelo conhecimento da razão
E hoje sabemos que a pessoa é livre,
Tanto quanto se ajuste à obrigação.
 
No mesmo abraço uniste as criaturas,
Jamais diferenciando os crentes dos ateus,
E agora os templos que te honorificam
Buscam a mesma fé e o mesmo Deus.
 
Corrige-nos os erros que ainda temos
Na generosa luz com que nos guias,
Ansiamos viver fraternalmente
Na bênção do Natal, todos os dias.
 
Grande é o progresso com que nos amparas,
Entretanto, concede-nos, Senhor,
A fim de sermos sempre mais felizes,
A força da humildade e a prática do amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). In: ESPÍRITOS Diversos. Os dois maiores amores. Psicografado por Chico Xavier. 4. ed. São Bernardo do Campo, SP: Grupo Espírita Emmanuel (GEEM), 2010.


  Propriedade Intelectual (Irmão Jó) Houve época em que produzir Obra de arte legal Era incerto garantir Direito intelectual.   Mas com tant...