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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Em dia com o Machado 146 (jlo)

Amigo leitor, hoje retomamos um tema que sempre me atraiu: “Fé e vida”, o mesmo de obra inédita de Chico Xavier, publicado recentemente pela Federação Espírita Brasileira.
O que é a fé? Na visão das religiões, é a crença em dogmas e “artigos de fé”. Ela pode ser cega ou raciocinada. A fé cega, diz Allan Kardec, “produz o fanatismo”. Mas, “não basta ver”, explica Kardec, “é preciso, sobretudo, compreender. Por fim, o codificador da Doutrina Espírita afirma que “Fé inabalável é somente a que pode enfrentar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.
Segundo um espírito protetor, no capítulo 19 d’O Evangelho segundo o Espiritismo, a fé é humana e é divina. Como já disse em crônica pretérita, somos vontade. O que faz a diferença em nossa vida é o querer. Por isso, “querer é poder”, ou seja, precisamos nos manter sempre motivados, pois quando se perde a motivação, pouco a pouco vamos perdendo tudo, até mesmo a vontade de viver. Isso, porém, é simples perda de tempo, pois viveremos eternamente, e a evolução é nosso objetivo.
Esta é a fé humana: a confiança em si mesmo... Como disse o espírito supracitado: “O Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quanto tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação”.
Se o homem se esforça na conquista de um objetivo, e sente em si mesmo que possui as forças necessárias para alcançá-lo, isso o torna confiante na vitória. Assim também ocorre com quem possui fé na vida post-mortem e resolve dedicar sua existência corporal ao bem. Essa fé divina permite a quem a possui realizar prodígios de devotamento e de abnegação ao próximo, o que caracteriza o verdadeiro entendimento do que seja a caridade, ou amor em ação.
O espírito Emmanuel demonstra o poder da fé e do amor humanos quando diz: “Compreendendo-se que a Justiça divina ignora privilégios, todos aqueles que se decidem a servir são escolhidos por efeito da própria escolha”. (op. cit. cap. 3).
Como acabais de ler, amiga, Deus não privilegia quem diz ter a fé religiosa e, sim, aquele em quem a fé se expressa em obras. A diferença está apenas na vontade. Se esta é a de César, permanecerá com ele, na Terra; se é a de Deus, realizará prodígios não só na Terra como também no Céu, onde as “almas gêmeas” se encontram e usufruem da felicidade dos justos.
Vinde, pois, à luz da fé em vossa vida imortal.
A música interpretada na bela voz de Elizabete Lacerda, composição de Saray Lacerda, representa o sentimento de quem encontrou em Cristo a bênção da luz, resultante de sua “fé e vida”. Clique aqui e ouça-a: http://youtu.be/G2Cs9UK9DNA.



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Em dia com o Machado 145 (jlo)


Amigos, como já lhes dissemos alhures, o carnaval veio para o Brasil com o nome de entrudo e aqui foi introduzido por nossos irmãos galegos. Interessante é que a palavra é formada pelas sílabas de car (carne), na (nada) e val (vale): carne nada vale.
Mas será que a carne nada vale, mesmo? Vá a um açougue, amiga, e peça um quilo de filé mignon, depois me diga quanto pagou pela carne. E aí, a carne nada vale mesmo ou vale o olho da cara?
Por falar em "olho da cara", dizem que, no carnaval, as pessoas se mascaram, mas há controvérsia. Um filósofo cujo nome não me lembra, no momento, garante que é o contrário, elas se desmascaram.
Sei que muitas pessoas vão ficar furiosas com este "médium psicógrafo", por externar meu pensamento a respeito dessa festa pagã, mas a verdade tem que ser dita. Para o país, pesados os prós e os contra desses dias, que na Bahia e no Nordeste, em geral, se transformam em semanas, os contra falam muito mais alto. E ainda mais agora, que a PETROBRAS, o BNDS, a Vale sambaram antes mesmo do carnaval e agora, também, nada valem. Que tragédia!
O que se gasta com a festa não compensa a vinda dos "gringos" para o Brasil, mesmo que o real tenha caído na real ante o dólar e agora pouco valha. O perigo de morrer esfaqueado, nas avenidas cariocas e outras mais, por este Brasil a fora é enorme. Assim, até mesmo as boas famílias desta terra tupiniquim ou vão para os salões sambar, onde há relativa segurança, ou ficam em casa, curtindo o desfile da Mangueira, da Beija-Flor, da Vai-Vai (campeã paulista), da Vila Izabel e até da rebaixada Mancha Verde (Que pena! Ainda bem que não sou palmeirense).
Então, meu caro amigo, não se iluda com a festa de rua, que de rua não tem mais nada, em nossos dias, a não ser trombadinhas, estupradores, bêbado, homens e mulheres despudorados. Mas isso nós vemos no Big Brother, como já dissemos crônica atrás.
Feito o balanço do que se gastou com o que foi arrecadado, avaliadas as consequências familiares para as dezenas de pessoas assassinadas, roubadas ou mortas em acidentes violentos, o que sobra do carnaval é mais lamento do que alegria.
A alegria real é a da família unida, que se reúne com outras famílias e participam de agradáveis encontros, nos quais as crianças brincam em segurança e os adultos conversam animadamente sobre diversos assuntos, inclusive... carnaval.
Este ano, o Brasil não vai crescer economicamente, já está certo, na previsão dos mais otimistas contadores e agentes econômicos. Para infelicidade maior, é o ano em que a seca nordestina se transferiu, de mala e cuia, para São Paulo; e o Rio de Janeiro, além do Centro Oeste, correm idêntico perigo.
Ainda assim, o povão brasileiro, em seu incorrigível otimismo e escracho com os usurpadores das nossas empresas e salários, cai na folia, como se nada visse, nada ouvisse e, consequentemente, nada soubesse. Se é que sabe de alguma coisa...
Mas, como diria Vítor Hugo, cuidado com as manifestações de revolta popular. Mais cuidado ainda com o grito de um povo que, durante séculos, vem sendo usurpado pelo coronelismo, voto de cabresto e urna eletrônica, cosa nostra.
Como ninguém é cabra, a não ser o paraibano, que, como todo nordestino, além de "cabra da peste", é "paraíba masculina, muié macho, sim senhor", uma hora dessas o "rebanho" estoura. Principalmente, sem a bolsa-família, que garante o leite das crianças.
Depois não digam que não avisei!
Boa Quaresma para todos.

Saudações do Machado.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Em dia com o Machado 144 (jlo)


Muito prazer em vos rever! Vós estais bonita, muito elegante, mais jovem e tão cheia de vida... Eu ainda falo de flores e declamo vosso nome...
— O que é isso, meu caro M., estais tão romântico hoje!... Ainda pareceis o mesmo poeta de outrora, exceto na aparência física, um pouco encanecida...
É minha cara, eu mudei minha cara, mas por dentro eu não mudo. O sentimento não para, a doença não sara, pois vosso amor ainda é tudo, tudo...
— Desculpai-me, amigos, a intromissão em vossa conversa, mas, dizei-me, M., o que ocorreu nos últimos quinze anos em que entrastes na política?
— Saí de lá, Machado, sem qualquer chance de arrumar ocupação, na mídia, que tantas glórias me havia proporcionado. Um dia, porém, após uma apresentação circense, no interior de Minas Gerais, um jovem alto, todo encharcado pela chuva grossa que caía a rodo, veio a mim e me perguntou:
— Senhor, M., somos de uma dupla sertaneja e gostaríamos muito de gravar uma composição sua. O senhor nos autoriza?...
Naquele momento, autorizaria qualquer coisa, como até hoje ainda o faço.
— E daí?
— Daí, Machado, ele saiu saltitando numa alegria imensa. Foi quando percebi, no gesto de gratidão daquele homem, acender-se uma luz no final do circo.
— Ora, M., o que essa história tem a ver com o nosso passado?
— Tem a ver, Afrodite, com algumas conclusões tiradas por mim, a partir dali, e também com o imenso sucesso, em minha carreira profissional, desde então.
— A que conclusões chegastes, M.?
— A primeira delas, "Frô" é a de que "quando a noite está mais escura é porque o dia está para amanhecer"; e a segunda é que "o mais importante no ser humano não é o cérebro, nem o coração..."
— Seria o fígado, amigo M.?
— Não, meu caro Machado, é o ombro. Um ombro amigo pode mudar muitas vidas, inclusive a nossa.
— Mas M., por que o direito autoral de uma simples música mudaria tantas vidas?
— Porque a letra musical cedida àquela dupla vendeu mais de 2,5 milhões de discos; e até hoje faz sucesso, quando gravada por outros cantores. Depois disso, amada "Frô", a dupla conquistou oito discos de ouro cantando minhas músicas. Minha vida profissional havia recomeçado naquele dia...
— Genial artista, M. F., qual é essa dupla sertaneja que tanto sucesso fez com vossa música e vos tirou o pé da lama?
— João Mineiro, de saudosa memória, e Marciano, grande Machado...
— E qual é a vossa melodia tão bela que vendeu mais de três milhões de discos, se os somarmos às gravações de Bruno e Marrone e outros cantores, ó amado Moacir Franco?
— Após a citação do nome completo deste compositor da música, até o pronome de tratamento desta crônica muda... Anote aí, Afrodite: "Seu Amor Ainda é Tudo"!
— Queremos ouvi-la... Queremos ouvi-la...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Em dia com o Machado 143 (jlo)


Ainda ontem, chorei de saudade.
Sequestraram Madonna, e, mesmo agora, choro amargamente sua ausência; mas lamento ainda mais o sumiço de Janira, por quem não preciso pagar resgate, se ela me quiser de novo...
Janira foi meu primeiro amor, que não aceitou, de modo algum, a presença da Madonna em minha vida.
Um dia, pôs-me em xeque: "Ou eu, ou ela!".
Respondi-lhe que ficava com ambas, pois a outra era diferente...
Não sabia eu que era xeque-mate...
Janira, então, retrucou ser impossível dividir seu amor com tal criatura. Por fim, disse-me que melhor é sonhar na verdade, que amar na mentira. E se foi...
No dia seguinte, enviou-me um e-mail pedindo que eu desaparecesse de sua vida.
Após isso, nunca mais a vi. Até mesmo meus correios eletrônicos voltaram com a notícia de endereço inexistente.
Agora, nova triste notícia: fiquei também sem Madonna.
Perguntei a este meu amigo Machado se suspeitava de alguém.
Ele respondeu-me que viu um vulto peludo rondando minha casa, horas antes do sequestro; mas achou normal aquilo, pois é comum a presença, ali, de paparazzos e fãs vindos de todas as partes em busca de uma foto, ou algo parecido, com Madonna.
Antes que indagues sobre suspeitos, leitora amiga, fica sabendo que recebi um bilhete com a informação sobre o sequestro de Madonna e o preço do resgate: dez mil... que deveriam ser envelopados e colocados sob a ponte de Jundiaí, aqui em São Paulo, onde resido.
Então, não tive dúvida, procurei a polícia local e registrei o fato, que agora é notícia internacional, pois a Globo divulgou o sequestro de minha tão amada ovelha.
Como não tenho dinheiro para pagar o resgate, apelei para uma amiga de Janira, que ficou de procurá-la e pedir-lhe que volte aos meus braços, pois, na impossibilidade das duas, viver sem ao menos um amor dói demais.
Algumas pessoas criticam-me o amor doentio... Mas esquecer é bobagem, é tempo perdido...
Em resposta, enviou-me, Janira, uma dolorida carta, que respondo cantando, com João Mineiro e Marciano.
Seja solidário(a) à minha dor. Ouça e cante com essa dupla seu inesquecível sucesso, como o faço em minha melancólica saudade...
E receba o abraço e a gratidão de John Lennon, o bode solitário...

  Um grande teatrólogo brasileiro (Irmão Jó) Arte de interpretar o sentimento, surgiu na Grécia antiga sua peça como eficaz e útil instrumen...