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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 608:

Deus, Jesus Cristo e Espírito Santo (Irmão Jó)


 

A Igreja Católica, desde o Concílio de Niceia, instituiu a santíssima trindade em 325 da Era Cristã: Deus, Jesus e Espírito Santo. Segundo o Vaticano (www.vatican.va)[2], em A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ, no item 253, “A trindade é una. Nós não conhecemos três deuses, mas um só Deus em três pessoas. [...] cada uma dessas pessoas é ‘Deus por inteiro”.

No item 254, somos informados de que “As pessoas divinas são distintas entre si [...]: ‘O Pai gera, o Filho é gerado, o Espírito Santo procede [...]. A unidade divina é trina”. E, no item 255, para concluir nosso entendimento, temos a seguinte informação: “Por causa desta unidade, o Pai está todo no Filho e todo no Espírito Santo; o Filho está todo no Pai e todo no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo no Pai e todo no Filho”.

Essa ideia é resumida por São Gregório de Nazianzo, também chamado o Teólogo: “[...] É de três infinitos a infinita conaturalidade. Deus integralmente, cada um considerado em Si mesmo [...] Deus, os Três considerados juntamente [...]”. Esse raciocínio é baseado em que Deus, Jesus e Espírito Santo são eternos, desde os primórdios da criação.

As conclusões dessas ideias encontramos nos itens 259: “[...] Por isso, toda vida cristã é comunhão com cada uma das pessoas divinas, sem de modo algum as separar. Todo aquele que dá glória ao Pai, fá-lo pelo Filho no Espírito Santo; todo aquele que segue Cristo, fá-lo porque o Pai o atrai e o Espírito o move”; e 260: “O fim último de toda a economia divina é o acesso das criaturas à unidade perfeita da bem-aventurada Trindade. Mas já desde agora nós somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: “Quem me tem amor, diz o Senhor, porá em prática as minhas palavras. Meu Pai amá-lo-á; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada (Jo 14, 23)”. 

Interessante é que a conclusão dessa “Profissão da fé cristã” cita apenas o Filho e o Pai, mas somos informados de que para nosso acesso “à unidade perfeita da bem-aventurada Trindade” basta que amemos a Jesus Cristo.

A Doutrina Espírita, baseada nos esclarecimentos dos Espíritos elevados, sob a coordenação e supervisão de Jesus, informa-nos que o Espírito Santo é a manifestação dos espíritos santificados, segundo o Espírito Emmanuel[3], que colaboram com o Cristo na direção da Terra.

 Sem a ideia de separação e união trina eternas, como informa o texto do Vaticano, o Espiritismo diferencia Deus de Jesus em duas questões d’O Livro dos Espíritos: “Que é Deus?” Resposta: “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”(1.ª questão) e “Qual é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e de modelo?”  Resposta: “Jesus” (questão 625).

Acabando de vez com a ideia de que é “filho único” de Deus, a não ser em perfeição relativamente a nós, disse Jesus a Madalena, quando lhe apareceu na sua visão junto a seu sepulcro: “[...] vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João, 20:17).  

Fica claro assim que Deus é único e não se confunde com suas criaturas, mesmo as mais perfeitas que existam na Terra e em todos os mundos do universo. Tanto é assim, que Jesus respondeu ao jovem que lhe chamara bom Mestre: “Por que me chamas  bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus” (Marcos, 10:18). Ou seja, a bondade absoluta somente Deus possui.

Em suma, segundo o próprio Cristo, que nos transmitiu a Doutrina Espírita, pelos espíritos superiores e por seu representante na Terra, Allan Kardec, todos somos filhos de Deus. Jesus é o nosso modelo de perfeição a ser imitado e o Espírito Santo é cada um dos seus  emissários iluminados, por ter usado seu livre-arbítrio com sabedoria e amor, enquanto esteve encarnado e no plano espiritual.

Finalizo com o poema: Finalidade da Vida

 

Deus é a universal inteligência,

Que a todas as coisas deu origem

E como Pai nos quer plenos de luz

Como também é nosso irmão Jesus.

 

Com residência em nossa consciência, 

Suas leis puras nada nos exigem,

O nosso livre-arbítrio é que traduz

As trevas  ou a alma que reluz.

 

Em Deus nos movemos e existimos,

Em Jesus está nosso irmão divino

E seu mensageiro é o Espírito Santo

Que com sua luz nos enche de encanto.

 

Deus é nosso Pai, Jesus nosso irmão

E o Espírito Santo nosso irmão é

Que evoluiu no amor, no bem e na fé,

Pois Deus nos criou para a perfeição.

 

 

 

 

 

 

 



[1] Acesso em 28 dez. 2023.

[2] Acesso em 28 dez. 2023.

 

[3] EMMANUEL (Espírito). O Consolador. Psicografado por Chico Xavier, item 312.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023


EM DIA COM O MACHADO 607
A folhinha poética e dois poemas (Irmão Jó)





Alma irmã, recebi de um xará português, que anualmente publica em seu blog uma folhinha poética, em geral com um ou outro poema nosso, novo trabalho que prestigia poetas famosos e meros flecheiros do amor e do espírito, como é o nosso caso. Releve, pois, a pretensão deste insignificante escrevinhador, por vezes metido a poetar, que resolveu compartilhar com você os links do amigo, que tem promovido eventos poéticos aos quais nos convida a participar.

Acesse o link abaixo para visualizar a Folhinha Poética 2024, elaborada pelo Jorge Carlos Amaral. Um poema a cada dia do ano. Depois é só imprimir e encadernar:   

https://drive.google.com/file/d/1jR5KIttSTz9ZMEN6Xs4IomoWbBPUwL0L/view

“Se estiver com dificuldade para baixar a Folhinha, dê uma olhadinha no tutorial no link abaixo”, propõe-nos seu autor.

https://www.youtube.com/watch?v=ry8cjdEmv2c

Em seguida, convida-nos a interagir diariamente neste link. Quem sabe com a proposta de seus belos poemas, alma amiga, para fazer parte de futuras folhinhas:

https://folhinhapoetica.blogspot.com/

 

O poema do dia do meu aniversário, inserido na folhinha 2024, é de autoria de Adriano Correia de Oliveira e tem por título AS MÃOS. E o poema do seu dia, alma querida, quem escreveu e qual é o título dele?

 

AS MÃOS

 

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.

Com mãos tudo se faz e se desfaz.

Com mãos se faz o poema - e são de terra.

Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

 

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.

Não são de pedras estas casas, mas

de mãos. E estão no fruto e na palavra

as mãos que são o canto e são as armas.

 


E cravam-se no tempo como farpas

as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas.

 

De mãos é cada flor, cada cidade.

Ninguém pode vencer estas espadas:

nas tuas mãos começa a liberdade.

 

                            Adriano Correia de Oliveira

 

Como não gosto de ficar para trás, embora minha competição seja comigo mesmo, completo o soneto de Adriano com minha homenagem seguinte intitulada OS PÉS.

 

Os pés conduzem-nos por toda parte.

Servem-nos para caminhar em vão,

Como também para correr com arte

Atrás da bola ou do rabecão.

 

Com pés atrofiados, ninguém parte

Para lugar algum com pés no chão.

E isto aqui na Terra ou lá em Marte.

 

Senão fazendo de seus pés as mãos...

Mas pés ligeiros como os de Pelé,

E em pernas tortas como as de Garrincha,

 

Não podem ser os de qualquer mané,

Pois têm que ser quais lavas de vulcões,

Como se diz na língua de Camões.

 

                                               Irmão Jó

 

        Palmo a palmo e pé ante pé, desejo a todos os meus leitores e leitoras um Natal com muitas castanhas, rabanadas, um pouco de vinho e muita saúde, viralizando por todo o ano de 2024.

 

 

 


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 606:
Que é Deus e que somos? (Irmão Jó)

 


Alma irmã, quando eu era criança, meus pais matricularam-me numa escola católica, como já lhe falei um dia. Morávamos na Penha, e a entidade que abrigava a escola chamava-se Irmandade Nossa Senhora da Penha. Quem a administrava era a Paróquia da Igreja Nossa Senhora da Penha, no bairro Penha, do Rio de Janeiro.

Ali cursei o antigo primário, e os conceitos cristãos que recebi, ainda que fazendo parte de remotas lembranças dessa época, ficaram impregnados de amor e gratidão em minha alma. Fiz a primeira comunhão na igreja, que frequentei com meus irmãos durante alguns anos. Confessei-me algumas vezes com o padre local e aprendi, entre outros ensinamentos católicos, que “Deus é o Espírito perfeitíssimo, criador do Céu e da Terra”.

Mas a pergunta do catecismo era: “Quem é Deus?”. O que nos remete a uma figura humana, cuja foto era a de um ancião cabeludo e barbudo, cercado de anjos que voejavam à sua volta.

O que diz a Bíblia sobre Deus podemos ler no primeiro dos dez mandamentos recebidos por Moisés no monte Sinai: “Eu Sou o Senhor vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito”. No entanto, Moisés não consegue ver Deus, na sarça, senão como a manifestação de um grande clarão, uma luz intensa.

No versículo 26 desse livro, lemos a seguinte informação: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...]”. Daí ter dito Jesus que somos filhos de Deus.

Observamos, porém, que Deus jamais foi visto pelos homens ou mulheres. No capítulo 15:1 de Gênesis, é dito que “[...] veio a palavra do Senhor a Abraão [...]. Em 16:7 desse livro é informado: “[...] E o Anjo do Senhor a achou junto a uma fonte de água no deserto [...]”, referindo-se a Agar, serva de Sarai...

No capítulo 18 desse livro, é dito que o Senhor aparece a Abraão na forma de três anjos. Daí por diante, toda vez que Deus deseja manifestar-se aos hebreus, toma a forma de um ou mais anjos, conforme vemos no capítulo 19 de Gênesis.

Passemos, agora, para Êxodo, 3:1 e 2, em que é narrada a fala de Deus a Moisés do meio da sarça ardente: “1E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. 2E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou; e a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia”. E do meio da sarça, disse Deus a Moisés: “6Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés cobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus”.

Diz João, em 1:18 “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer”. Ou seja, somos filhos de Deus e irmãos de Jesus, o nosso modelo e guia, conforme consta na questão 625 d’O Livro dos Espíritos.

Eis o que disse Jesus à samaritana, segundo o relato de João, 4:24 “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. Pronto, cheguei aonde queria, ou seja, à pergunta número 1 d’O Livro dos Espíritos: “Que é Deus?” Resposta: “Deus é a Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas.

E onde podemos encontrá-lo? Onde reina Deus?

Estando Deus em toda a parte, seu reino está dentro de nós, como afirmou Jesus aos fariseus, segundo relato de Lucas, 17:21.

Sendo Deus Espírito, e, tendo-nos criado à sua imagem e semelhança, como seus filhos, também nos cabe entender que o aspecto material de nossos corpos é apenas temporário. Somos, portanto, alma irmã, Espíritos encarnados, filhos de Deus, que nos criou para a perfeição, conforme nos propõe o modelo que Ele nos deu, Jesus Cristo: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai”.

Vivamos, pois, pela paixão, mas não a dos vícios materiais e sim a paixão do Cristo, que nos ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, sintetizando, assim, os Dez Mandamentos recebidos por Moisés. Essa paixão está na máxima espírita de que “Fora da caridade, não há salvação”.

E que é caridade? A resposta está na questão 886 d’O Livro dos Espíritos: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

Na questão 88 d’O Livro dos Espíritos somos informados de que o Espírito é “[...] uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea”.  

Somos, pois, filhos da Luz. Por isso, disse Jesus Cristo. “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus, 5:16). Ou seja, enquanto não vivenciarmos os ensinamentos morais que Jesus nos deixou, e o Espiritismo esclarece plenamente, estaremos longe de fazer brilhar nossa luz...

Concluo com a questão 11 e sua resposta d’O Livro dos Espíritos:

“— Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

— Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

 O abençoado preço do autoconhecimento

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cinthiacortegoso@gmail.com

É muito intrigante como há uma sede por vida melhor e mais feliz, no entanto é necessário mudança e isso é o suficiente para muitos nem começarem. Não é segredo que o progresso se deve iniciar pelo autoconhecimento, porém muitas pessoas fogem disso, pois da mesma maneira que se autoconhecer liberta, há também a natural troca por uma decisão, uma renovação que significa deixar o antigo e iniciar o novo, sair da situação, aparentemente, confortável, mas limitada, para o horizonte libertador. Essa aceitação é esplêndida para o espírito porque a humildade é grandeza e a felicidade verdadeira é alimento para a eternidade.

De fato, ninguém pode ser pleno sem o autoconhecimento; o Universo está em nós e vice-versa. É fundamental a nossa própria compreensão já que a culpa alheia não é aceita para as nossas falhas. Somos completamente responsáveis por quem somos e como estamos, ninguém mais. Nossas dores e dificuldades apenas nos alertam sobre os nossos pensamentos, sentimentos e atitudes. E não querer observá-las é equivalente a não desejar crescer. Já passou o tempo das lamentações, é hora de agradecer infinitamente ao Criador a vida. Ainda, assim, com algum sofrimento real ‒ a mente cria inumeráveis absurdos ‒, as virtudes são em números maiores incomparáveis, basta querer vê-las.

Ao contrário do que muitos pensam, o autoconhecimento é uma luz amorosa iluminando o caminho. Ele mostra, com sabedoria, as melhores direções, aviva a intuição e em nenhum momento prejudica, mas, sempre, contribui para o crescimento. E, ainda, se houver resistência à renovação agarrando-se ao ranço antigo e estéril, talvez seja apenas o orgulho dominante apavorado com o seu enfraquecimento e a abertura para a visão do infinito. O autoconhecimento é a paz, a humildade, a bondade, o amor, a luz, a prosperidade, a consciência abençoada da compreensão. Quando entendemos que tudo está em nós e temos uma admirável capacidade de realização, o Céu começa a se aproximar.

Muitas pessoas fogem do autoconhecimento e livram-se momentaneamente das decisões, mas autoconhecer-se é a maneira mais libertadora para o espírito, pois quando o interior está em boas condições, tudo está bem, ao passo que mesmo no lugar mais esplêndido se o coração e a mente estiverem em desalinho nada no exterior terá alegria e brilho.

Temos o Universo em nós e a eternidade. Somos os responsáveis por nossa vida, ou seja, a nossa conquista ou apatia depende de nós. O nosso coração quer ser feliz e para isso necessita autoconhecer-se.

Nunca se ouviu dizer que o autoconhecimento trouxesse desventura, mas constantemente se observa que quanto mais se demora para iniciar esse processo, mais incompreensão e dor poderão visitar quem se recusa a mudar.

Autoconhecer-se nada mais é que perceber a grandeza da vida em nós.

Disponível em: https://contoecronica.wordpress.com/2023/12/12/o-abencoado-preco-do-autoconhecimento/ Acesso em 13/12/2023.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 605:

Passe Somente no Centro Espírita? Que é isso? (Jó) 


 

Ainda hoje, alma irmã, recebi ligação de Porto Alegre, RS. Era um sobrinho querido, que aderiu ao Espiritismo há anos e frequenta um centro espírita onde é passista.

Diz ele que sua sogra, a quem quer muito bem, está hospitalizada com problema cardíaco e que ele irá fazer-lhe companhia por dois ou três dias, em revezamento com a esposa dele, que já acompanhou a mãe em período semelhante e precisa descansar. Estava com uma dúvida atroz, como passista, se podia ou não orar e aplicar passes na doente. O motivo da pergunta devia-se a ter sido recomendado, na casa espírita que frequenta, para nenhum dos seus passistas aplicar passes fora daquele local.

Provavelmente, disse-lhe eu, a recomendação devia-se aos cuidados que devemos ter com os adeptos de outras crenças ou descrentes, quando estamos fora do local destinado aos passes, na casa espírita. Mas o passe é uma terapêutica espiritual aplicada pelo próprio Cristo, nas curas que realizou, em diversos locais.

O que é preciso é perguntar se a pessoa aceita ou não a imposição simples da mão, sem contato, sobre sua cabeça enquanto oramos por ela. Caso percebamos que a pessoa se sente incomodada, devemos nos abster de impor-lhe as mãos e nos contentarmos em orar em seu benefício, mas em geral raras são as pessoas que rejeitam o passe.

Expliquei-lhe que eu mesmo já apliquei diversos passes em minha cunhada católica em sua casa. E ela, embora sendo católica, sempre manifestou interesse nesse tratamento magnético, acompanhado de oração.

Acredito mesmo que até os ateus, no momento de grave doença, “pelo sim, pelo não”, não rejeitariam o passe. Caso o dispensem, podemos orar por eles à distância do local. Costuma-se dizer que, no momento de risco de sua vida, ninguém é ateu.

Esta orientação de Gurgel ao passista iniciante é muito importante, por isso a cito abaixo:

“O passista não é, e não poderia ser, uma exceção a esta lei maior de responsabilidade individual. Também aqui, ao habilitar-se à condição de obreiro da fraternidade e do auxílio, ele torna-se devedor, perante o próximo, da sua contribuição de paz, amor e luz, em especial junto dos que padecem a desesperança, a angústia, a descrença, a dor física e o sofrimento moral[1].”

Com relação ao local do passe, embora confirmando que o melhor local para ele é o Centro Espírita, Jacob Melo[2] esclarece que é preciso usar o bom senso e a razão, mas que também tanto o Espírito André Luiz quanto Philomeno de Miranda nos esclarecem, o primeiro, que “as necessidades físicas e morais” devem ser atendidas “dentro dos recursos ao nosso alcance”; o segundo, que o espírita, realmente consciente [...] armado do escudo da caridade e protegido pela superior inspiração que haure na prece, [parte] para o serviço no lugar em que se faz necessário, onde dele precisam”[3].

Jacob Melo[4] diz que fora da casa espírita o passista deve, em primeiro lugar, estar certo de que o ambiente seja calmo, sem agitação de pessoas e que haja recolhimento silencioso. Esclarecer aos envolvidos, quando for o caso, quando o passe for na casa do necessitado, que sua situação é excepcional, mas que o local ideal para o benefício do passe é o centro espírita.

Em síntese, embora se recomende local apropriado, na casa espírita, para o passe, “Guardar-se da tarefa abençoada de servir é mais que egoísmo, é irresponsabilidade que, com certeza, trará, mais tarde, consequências dolorosas e tristonhas”[5].

O que não se deve, também, é aplicar o passe com movimentos bruscos, espalhafatosos, respiração ofegante. Basta que se faça uma oração, se possível acompanhada pelo paciente, ao tempo em que se impõem as mãos a cerca de 10cm sobre sua cabeça, que não deve ser tocada.

Termino com a frase de André Luiz, citada por Jacob Melo: “Proibir ruídos quaisquer, baforadas de fumo, vapores alcoólicos, tanto quanto ajuntamento de gente ou a presença de pessoas irreverentes e sarcásticas, nos recintos para assistência espiritual”[6]. No momento do passe, passista e doente devem manter-se mentalmente em prece que não seja muito longa. Um Pai Nosso já é suficiente.

Paz e luz!



[1] GURGEL, L. C. de Melo. O Passe Espírita. 6. ed. Brasília: FEB, 2015, p. 152. 

[2] MELO, Jacob. O passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992, p. 163.

[3] GURGEL, L. C. de Melo. Op. cit., loc. cit.

[4] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.

[5] GURGEL, L. C. de Melo. Op. cit., loc. cit.

[6] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 604:

O MARAVILHOSO É SER NATURAL (Irmão Jó) 

 


Alma amiga, lembrei-me agora duma frase dita por Jesus: “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto que não haja de ser sabido(Lucas, 12:2). Palavras que dirigiu aos “fariseus” de seu tempo, mas também se aplicam aos da época atual.

Explicando sobre a inexistência, na natureza, de nada sobrenatural, Allan Kardec publica um artigo na Revista Espírita de setembro de 1860, que no ano seguinte fará parte do capítulo 2, primeira parte d’O Livro dos Médiuns. Seu título é “Do Maravilhoso e do Sobrenatural”. É pelo pensamento, diz Kardec, que os espíritos se comunicam conosco, haja vista ser esse um dos seus atributos.

O Codificador do Espiritismo, obra dos espíritos, como ele bem admite, embora sua contribuição ímpar, em função de sua alta capacidade de análise e síntese, explica-nos que o Espiritismo rejeita o título de “maravilhosos ou sobrenaturais” aos fenômenos espíritas, que ele resume em oito itens:

1.º O princípio das manifestações fenomenológicas espíritas é o da existência e sobrevivência da alma à extinção do corpo;

2.º Tais manifestações não são maravilhosas, nem sobrenaturais. Fazem parte da lei natural;

3.º A designação de muitos fatos como sobrenaturais deve-se à ignorância das leis da natureza;

4.º São supersticiosas as crenças em fatos sobrenaturais cujas realidades o Espiritismo demonstra serem impossíveis;

5.º Ainda que haja “um fundo de verdade” em muitas crenças populares, o Espiritismo não ratifica as que se baseiam em ficções;

6.º Somente os ignorantes julgam o Espiritismo com base em fatos que este não admite;

7.º A ciência e filosofia espírita baseiam-se em fatos naturais, pouco conhecidos, mas agora revelados pelos espíritos, que resultam em nossa elevação moral, após estudo sério, perseverante e profundo;

8.º Por fim, diz Allan Kardec ser necessário observar, estudar com profundidade, paciência e perseverança, por longo tempo, para se emitir uma crítica séria ao que o Espiritismo nos vem revelar, por meio da espiritualidade superior.

Ou seja, nenhuma crítica aos fenômenos mediúnicos existe que não seja originária da negação a priori e da ignorância de sua ciência, que não se funda em fenômenos observáveis em laboratórios, mas em nossa observação espiritual criteriosa, atenta e perseverante, com respeito ao livre-arbítrio dos espíritos, cuja voz sopra onde quer, como já afirmara Jesus.

O maravilhoso está em tudo se encadear na natureza, com base na matéria e no espírito, dois dos elementos universais, como foi revelado a Allan Kardec na questão 27 d’O Livro dos Espíritos, regidos por Deus, nosso Pai e “criador de todas as coisas”, cujo Espírito paira soberano no universo e cuja Lei é a Lei Natural, escrita em nossa consciência, conforme lemos nas questões 614 e 621 da obra citada.

Paz e luz!

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

 EM DIA COM O MACHADO 603:

Moutinho e o Bom Senso na Prática Mediúnica (Irmão Jó)


 

No dia 21 de novembro de 2022, faleceu em Brasília o Sr. João de Jesus Moutinho em avançada idade. Mineiro de Araguari, o Sr. Moutinho, como era conhecido, estava na faixa dos 96 anos, quando desencarnou de madrugada.

Ele começou sua atividade espírita aos 20 anos, como palestrante e pesquisador. Então, foram 76 anos de prolífica atuação na seara espírita.

Conforme lemos no site da Federação Espírita Brasileira (FEB), que publicou resumidamente sua atuação, aqui em Brasília, desde 1973, Moutinho atuou nessa casa. E, em 1978, foi eleito seu diretor, ficando no cargo até 1986, quando assumiu a direção da Federação Espírita do Distrito Federal, permanecendo nessa função até 2004.

Moutinho publicou, pela FEB, quatro obras: Notícias do Reino, Os profetas, Respigas de Luz e O Evangelho sem Mistérios nem véus.

Em crônica irônica, publicada na Gazeta de Notícias, em 5 de outubro de 1885, Machado de Assis afirma que esteve na Federação Espírita Brasileira e, entre outras coisas, disse que ia fundar uma “igreja espírita” em Santo Antônio de Pádua, mas foi impedido pelo código de posturas da Câmara Municipal da cidade, onde se lia, no artigo 113 do código: “Fica proibido fingir-se de inspirado por potências invisíveis, ou predizer cousas tristes ou alegres”.

E você pergunta, alma amiga: O que isso tem a ver com o Sr. Moutinho? Até o final desta crônica ficará sabendo...

Allan Kardec afirmou que o Espiritismo é uma ciência de observação que não se aprende em poucos anos. Para ser um sábio, diz o Codificador, é necessário três quartas partes da existência dedicada à pesquisa teórica e prática. Como ¾ de 96 dá 72, e Moutinho dedicou 76 anos de sua vida ao estudo e divulgação do Espiritismo, podemos dizer que ele foi autêntico sábio.

Pois bem, quando cheguei a Brasília em 1980, Moutinho era o coordenador das reuniões de estudo e prática mediúnica na FEB. Eu viera de Barreiras, BA, onde o Espiritismo começava a ocupar seu espaço e, mesmo sendo bastante jovem aos 28 anos, como Moutinho, desde os 20 anos, eu atuava na seara espírita. Após cerca de oito anos de estudo e prática da Doutrina Espírita, por já tentar alguns ensaios na área mediúnica, ingressei no curso coordenado por Moutinho, e a lição que recebi dele serviu-me como parâmetro por toda a atual existência.

Juntamente com outros irmãos e irmãs, tentei a psicografia, no curso oferecido pela FEB, mas, como já ocorrera antes, ao invés de ser influenciado por uma entidade estranha, tudo o que eu escrevia era fruto de minhas leituras acendradas, como verdadeiro “devorador” de obras espíritas. Já havia lido as obras do chamado “pentateuco kardequiano” diversas vezes, além de Chico, Divaldo Franco, Yvonne Pereira etc. Por outro lado, como dizem que “em terra de cego, quem tem um olho é rei”, na Bahia, a cadeira de palestrante das reuniões públicas era quase cativa minha. Também dirigia reuniões mediúnicas, mas atuava como “doutrinador”...

Como não era médium, na acepção verdadeira da palavra, e não percebia a influência de entidades espirituais enfermas ou desequilibradas, tudo o que eu psicografava, bem como minhas poucas manifestações psicofônicas, refletia a vontade anímica de ser “influenciado por potências invisíveis”, como dizia Machado de Assis. E essas supostas entidades, refletindo meu parco conhecimento espírita, só produziam textos ou falas que eu, o pretenso médium, considerava de grande elevação.

Percebendo isso, nosso saudoso irmão Moutinho, agora no plano espiritual, alertou-me na época: “Tudo isso é seu. Não há Espírito, a não ser o seu em suas mensagens”. E eu me convenci definitivamente que, embora Allan Kardec tenha dito que, de certa forma, todos somos médiuns, seria hipocrisia de minha parte atribuir minhas ideias aos espíritos.

Precisa-se observar atentamente o que é falado ou escrito numa reunião mediúnica, bem como submeter ao “consenso universal”, proposto por Allan Kardec, as mensagens mediúnicas, sejam elas escritas ou faladas. Por outro lado, assim como o médium que não estuda pode ser vítima de fraude espiritual, o que estuda muito pode também ser transmissor de mensagens anímicas. Principalmente quem só “recebe” mensagens de “espíritos elevados”.

Por esse motivo, é raro o médium autêntico, como Chico Xavier, a pouco lembrada Zilda Gama, Yvonne Pereira e Divaldo Franco. Mas há inumeráveis médiuns simples e pouco badalados no movimento espírita que nos trazem preciosas informações dos espíritos, sejam eles perturbados e inferiores, sejam de grande elevação, como venho observando ao longo de cinco décadas de estudo e divulgação do Espiritismo. Alguns dos fenômenos transmitidos por eles já pude observar em meu próprio meio familiar, cuja comprovação seria fastidioso expor aqui. Fenômenos raros, pois, como disse Chico Xavier, “o telefone toca de lá para cá”. E os espíritos não estão à nossa disposição para se manifestarem quando exigimos e como queremos.

Igualmente raro é alguém como João de Jesus Moutinho, a quem tive o privilégio de conhecer e beber da água cristalina de seus ensinamentos. Moutinho fora também, como Allan Kardec, de muito bom senso e sabedoria. Por esse motivo, não aceito cegamente tudo que é atribuído a uma “potência invisível”, mas continuo observando, estudando, aprendendo e praticando...

Obrigado, Sr. Moutinho!  

    Paz e luz! 

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

 

VOCÊ PODE

 


Carregando nos próprios ombros as aflições que fustigam a Terra, o Senhor acreditou nas promessas de fidelidade que você lhe fez, enviando-lhe ao caminho aqueles irmãos necessitados de mais amor. 

Chegam eles de todas as procedências... 

É a esposa fatigada esperando carinho; é o companheiro abatido implorando, em silêncio, esperança e consolo. 

De outras vezes, é o filho desorientado suplicando compreensão ou o parente, na hora difícil, aguardando braços fraternos. 

Agora é o amigo transviado, esmolando compaixão e ternura, depois, talvez, será o vizinho atormentado em problemas esfogueantes, pedindo bondade e cooperação. 

Isso acontece, porquanto você pode compartilhar com Ele a tarefa do auxílio. 

Não desdenhe, desse modo, apoiar o bem. 

Acendamos a luz, onde as trevas se adensem; articulemos tolerância, ao pé da agressividade; envolvamos as farpas da cólera em algodão de brandura; conduzamos a paz por fonte viva sobre a discórdia, toda vez que a discórdia se faça incêndio destruidor... 

Deixe que Ele, o Mestre, se revele por sua palavra e por suas mãos. Não impeça a divina presença, através de seu passo, no amparo às humanas dores. 

E, nessa estrada bendita, depois da luta cotidiana, sentirá você no imo da própria alma, o sol da alegria perfeita repetindo, de coração erguido à verdadeira felicidade: — Obrigado, Jesus, porque na força de tua bênção, consegui esquecer-me, procurando servir. 

ANDRÉ LUIZ (Espírito). In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Ideal Espírita (Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira). Brasília: FEB; Uberaba: IDEAL, 2023.


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 602:
A DIFÍCIL VIDA DE ESCRITOR (Jó)


 

Nos últimos dias, tenho refletido na questão do fracasso e do sucesso em atividades realizadas nas nossas vidas. Ainda hoje, vi a atleta Rebeca Andrade, num canal de TV, afirmar que a vitória passa também pelo fracasso.

Tanto isso é verdade que meu amigo Joteli, de 71 anos, ficou em terceiro lugar, em sua faixa etária, numa competição matinal de tênis de mesa há poucos dias. Porém, no mesmo dia, à tarde, foi desclassificado noutra competição, quando perdeu para uma menina de cerca de 10 anos e para um jovem de 30...

O detalhe é que esses já treinam há alguns anos, e aquele há alguns meses. Por isso, o “velhinho” não desiste do esporte que, em sua idade, segundo informação do diretor de tênis de mesa do clube, auxilia na prevenção e combate ao Alzheimer.

Meu amigo ficou muito entusiasmado com as duas vitórias matutinas, que lhe deram o terceiro lugar dentre quatro competidores. Por isso, nem ligou para as duas derrotas vespertinas. Já se inscreveu para novo desafio, no próximo sábado, noutro clube de Brasília.

Como se diz no Japão: “O importante é competir”. Mas que nosso maior adversário sejamos nós mesmos e tenhamos todo o respeito ao oponente. Para sair-se vitorioso, em qualquer torneio, além do talento, é preciso muito treino.

E nas letras, como se dá o sucesso? Machado de Assis recomendava aos jovens que jamais fossem açodados na difusão a outrem daquilo que escreviam. A pressa não nos assegura bons textos, afirmava o Bruxo do Cosme Velho. Daí a necessidade de ler muito sobre um assunto, antes de escrever sobre ele e, na produção textual, ler, reler, cortar, acrescer, inovar quanto puder e, se possível, contar com um bom revisor, como o que eu tenho: o amigo Astolfo.

Inda hoje li interessante frase dum bloguista. Ele afirmou ter ouvido dizer que somente após sua morte os escritores ganham fama na publicação de seus livros. Será verdade? Nem sempre. Entretanto, alguns escritores só ganharam fama post mortem. Exemplos:

Anne Frank, jovem judia, escreveu a famosa obra intitulada O Diário de Anne Frank, que só foi conhecida no mundo após sua morte num campo de concentração. Seu relato foi escrito entre 1942 e 1944, quando estava escondida dos alemães nos fundos dum prédio, em Amsterdã, na Holanda. Ela morreu de tifo e inanição no campo de concentração nazista dessa cidade. Consta que a obra, antes de ser publicada, foi rejeitada por 15 editoras. Depois de publicada, foi traduzida em mais de 70 idiomas e vendeu mais de 35 milhões de livros.

Emily Dickinson, poetisa americana do século XIX, embora tenha escrito milhares de poemas, em vida, somente doze haviam sido publicados. É considerada uma das mais destacadas poetisas dos Estados Unidos. Além da influência bíblica, Shakespeare a influenciou...

Franz Kafka, também escritor judeu, é considerado um dos grandes pensadores do século vinte. Entregou sua obra literária, antes de morrer, ao amigo Max Brod, ao qual pediu que a destruísse, mas Brod publicou-a sob o título de Metamorfose, que imortalizou Kafka como grande escritor.

Lima Barreto, um dos romancistas mais conhecidos hoje, no meio escolar e acadêmico, sofreu rejeição em vida e mal pôde pagar para publicar sua obra enquanto viveu.

Tudo isso vem à baila no momento em que meu amigo Joteli, o mesatenista citado, que pouco faz questão de divulgar suas obras literárias, constata quão difícil é o reconhecimento popular de seu trabalho. Após ter escrito cerca de 600 crônicas, resolveu publicar 60, dez por cento delas, a convite de uma editora acadêmica. Para tal, fez algumas modificações e classificações temáticas, melhorou o que já havia sido aprovado, mudou algo e publicou o livro, depois de pagar por sua edição.

Dois meses depois de publicada, conferiu a venda de sua obra, em aplicativo fornecido pela editora, que não comercializa o livro em livrarias e só imprime o que lhe é pedido: três livros seus foram vendidos: um comprado por um amigo e dois por uma filha.

Força, meu amigo. Quem sabe se, após sua desencarnação, sua obra não seja reconhecida? Enquanto isso não ocorre, continue praticando tênis de mesa...


  Propriedade Intelectual (Irmão Jó) Houve época em que produzir Obra de arte legal Era incerto garantir Direito intelectual.   Mas com tant...