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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Em dia com o Machado 123 (jlo)

Que lástima! amiga leitora, que catástrofe, meu caro leitor!
O que ocorreu em Brasília é tão terrível quanto o é a escolha equivocada de nossos representantes na política. Em países que valorizam a educação, a informação e, consequentemente, a cultura, tal absurdo não ocorre jamais.
A coisa está preta.
Pergunto a Shakespeare, o que acha da situação e eis que ele repete:
To be or not to be: that's the question.
— Como assim, ó grande dramaturgo? Ó criador de Otelo, ó meu nobre inspirador de Dom Casmurro!
E o imortal a mim me responde:
— Qual de vós criastes a frase: "Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê"?
— Essa é do Monteiro Lobato...
— Faltou completar: e não existe... Pois se as autoridades de vosso país não valorizam o acesso à informação, certamente desejam manter sua população ignorante. E o ignaro desconhece até mesmo a própria existência.
— Verdade pura, meu prezado bardo. Também não escreve e nem digita quem não tem acesso à informação.
Continuemos, porém, a informar ao leitor o que nos causa espécie. Por vezes, algumas propostas na área do incentivo à produção intelectual, com vistas a proporcionar à sociedade mais cultura e arte, é algo que passa despercebido e até mesmo não prospera, por não gerar rendimentos políticos de vulto.
Atualmente, até mesmo iniciativas relacionadas a concursos literários, por exemplo, não são confiáveis, dado à tendenciosidade dos seus organizadores que, muitas vezes, fraudam os concursos e elegem, entre seus ganhadores, os nepotes.
Mas já houve tempo em que se podia acreditar em alguns concursos. Refiro-me aqui aos concursos literários que distribuíam prêmios, diplomas e publicavam as melhores produções literárias.
Exemplo disso ocorreu há vinte anos, aproximadamente, em concurso promovido pela Biblioteca Pública do Cruzeiro, aqui em Brasília, que premiou, em dinheiro vivo, os três melhores poemas. Sim, fomos três os vencedores. Não sei se todos vivos...
Na época, o prêmio foi bom, seiscentos reais para cada um: uma senhora, que escreveu um longo poema lírico; um jovem, que escreveu um poema pornográfico e eu, que fui representado por meu secretário com um soneto.
Um dos avaliadores das centenas de poemas inscritos afirmou-me que a banca avaliadora ficara na dúvida se premiaria "meu soneto" ou se só daria o prêmio aos outros dois...
Afinal, dizia ele, a poesia contemporânea praticamente aboliu os poemas de forma fixa de suas produções literárias. Enfim...
"Mas afinal, o que aconteceu de tão horrível?" Perguntas-me tu, leitor estranhado, estranhando já que eu use a segunda pessoa do singular e não a segunda do plural.
Ao que te explico que, nos dias atuais, o vós só é usado nas orações: "Perdoai, vós, as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos nossos ofensores. E não nos deixeis, vós, cair em tentação, mas livrai-nos, vós, do mal. Amém".
Fecharam a Biblioteca Demonstrativa da 506 Sul! Oh! Céus, oh! Lua, oh! Terra...
Se assim fazem com nossa amiga silenciosa que nos faz ouvir e ver um mundo de fantasias, o que não farão com a realidade? Oh! Céus etc. etc. etc.
O fechamento da biblioteca demonstra, sobejamente, o pouco caso de nossos governantes com a educação de nossa gente.
Se isso acontece em Brasília, o que não ocorrerá no restante do país?
Mas, contudo, todavia dentro de poucos dias haverá eleições para a escolha dos novos representantes do Executivo e do Legislativo.
Só não será eleita a nova direção da biblioteca que já não existe, assim como não é cidadão quem não sabe ler, escrever e votar...
Por isso, meu amigo Shakespeare sai de cabeça baixa, triste, desiludido mesmo com o futuro de um povo cuja biblioteca é fechada: "Fecham-se as bibliotecas e mata-se um povo!" É o que ainda brada o bardo, antes de escafeder-se.
Vou passar uns dias em Portugal, contrariamente à minha antiga índole bairrista do Rio de Janeiro, o qual é o espaço universal do meu mundo físico e mental, pois dali não me afastava fisicamente, mas viajava, pelas asas da imaginação, graças às obras de Camões, Garrett, Cervantes, Shakespeare, Hugo, Voltaire, Poe, Dickens, Sterne, Shopenhauer, Allan Kardec, Jorge Leite de Oliveira, entre algumas das produções literárias de muitas outras pessoas d'antanho, as quais me permitiram conhecer os continentes sem jamais me afastar de minha terra natal.
Saudades da Biblioteca Nacional, saudades do Club Beethoven, saudades dos eventos literários, saudades da rua do Ouvidor, saudades de Dom Pedro II, amigo das artes e da cultura... Saudades das bibliotecas, tão caras à minha formação literária.
Quando retornar com Carola, prometo-lhes trazer ares novos e um cálice do vinho do Porto.
Por ora, só me resta pegar do lenço e enxugar esta lágrima que insiste em cair: snif...

Ah!, sim, o soneto... Para muitos, não lhes é desconhecido, mas como talvez a amiga leitora ainda aprecie versos medidos e rimados, aqui vai...  

Elegia à biblioteca

             "Quem bebe de minha caneca tem sede de liberdade." — Frei Caneca

Um dia, em sonho, vi 4 palavras
Que 1 sábio escriba me pediu p'ra ler
E me rogou também para escrever...
Fechou a porta e lhe baixou as travas:

... Asteca
... Biblioteca
... Caneca
... Dantesca

O que fez destacar o Império asteca
Está narrado em minha biblioteca,
Junto à revolução de Frei Caneca

O mundo gira em torno das palavras
Só nesta biblioteca é que encontravas
A execução do frei, que foi dantesca.

Agora que me leste, paciente leitora, concluído teu espanto, leitor amigo, peço-te acompanhar-me a prece e o choro em prol da alma da biblioteca da 506 Sul, que nem encapuzada foi, como Frei Caneca, ao ser assassinada:
Oremos...  Snif, snif, snif...


terça-feira, 16 de setembro de 2014

Em dia com o Machado 122 (jlo)

Amiga leitora e camarada leitor, revelar-lhes-ei um segredo que, até hoje, guardei comigo a sete chaves sobre minha polêmica obra Dom Casmurro. É uma verdadeira bomba o que lhes direi: afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Coragem, prossigam lendo até o fim, e vocês saberão a verdade.
Vamos aos fatos: Bentinho, ao sair do seminário, após conhecer ali seu amigo Escobar, com a ajuda deste, conseguiu convencer d. Glória, mãe daquele, a adotar um jovem e interná-lo no seminário para pagar sua dívida, com Deus e a Igreja, de lhes dedicar um filho sacerdote. Resolvido o imbróglio, Bento Santiago foi estudar direito em São Paulo, e Escobar ficou no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao comércio de café e prosperava visivelmente com a ajuda da mãe de Bentinho...
Alguns anos depois, Escobar casou-se com Sancha e Bentinho desposou Capitu, a namorada de infância. Escobar e Sancha tiveram uma linda menina, mas Bento e Capitu não conseguiam engravidar...
Eis que, pouco tempo após, nasceu o filho único de Capitu e Bento Santiago: Ezequiel. Mas também Escobar e Sancha só tiveram uma filha, que virou companheira de brinquedos do menino, o qual amava e era amado por seus pais.
Ezequiel, aos seis anos de idade, tinha a mania de imitar todo o mundo e, certo dia, Bentinho observou-lhe, além da mania de imitar prima Justina e José Dias, "até um jeito dos pés de Escobar e dos olhos..." (cap. CXII). Mas eram gestos... Ezequiel era muito amigo de Capituzinha (filha de Sancha e Escobar que recebera o mesmo nome de Capitu).
Certo dia, José Dias brincou com Ezequiel, pedindo-lhe para imitar seu modo de andar na rua, o que foi reprimido pela mãe da criança. O agregado então lhe afirmou que o menino imitava muito bem, e até d. Glória o beijara como paga por sua mimese perfeita.
Foi quando Bentinho comentou que os gestos do filho iam ficando cada vez "mais repetidos, como os das mãos e pés de Escobar; ultimamente, até apanhara o modo de voltar a cabeça deste, quando falava e o de deixá-la cair, quando ria" (cap. CXVI). No entanto, enquanto Escobar vivera, nada empanava a amizade entre suas famílias.
Como suas "mulheres viviam na casa uma da outra" e "os dois pequenos passavam dias, ora no Flamengo, ora na Glória", Bento comentou que eles também poderiam se apaixonar e casar, futuramente, como ocorrera entre ele e Capitu...
Sancha acrescentou que os meninos até se pareciam; entretanto, Bentinho respondeu-lhe que não era isso e, sim, porque Ezequiel imitava os gestos alheios. Escobar concordou com ele e "insinuou que alguma vez as crianças que se frequentam muito acabam parecendo-se umas com as outras". Pura verdade, não é mesmo, amiga leitora?
Um dia, após os casais fazerem plano para viajarem à Europa, dentro de dois anos, dia de ressaca marítima, Escobar morreu afogado. Momentos antes de saber a notícia, Bento contemplava o retrato que o amigo lhe dera com a seguinte dedicatória: "Ao meu querido Bentinho o seu querido Escobar 20-4-70".
Bentinho era tão ciumento que, no dia do enterro do amigo, ficou reparando os gestos de saudades por parte de Capitu àquele, como se esta não tivesse o direito de sofrer a perda de amigo tão querido do casal. Lembrou-se da expressão "olhos de ressaca", atribuída por ele à esposa, na adolescência desta, após José Dias ter-lhe dito que os olhos de Capitu pareciam os de "cigana oblíqua e dissimulada" (cap. XXXII).
Desse dia em diante, a partir de uma observação de Capitu sobre a semelhança dos olhos de Ezequiel com os de Escobar, Bentinho, que de início vira graça na observação da mulher, passou a observar estranha transformação no filho, que, a seu ver, se parecia cada vez mais com o amigo morto. Começava ali a obsessão...
Houvesse, à época, exame de DNA e tudo ficaria esclarecido.
— Mas então, Machado, qual é a "bomba" a que você se refere?
— Sim, em verdade, Bentinho sentia um ciúme doentio por Capitu, a quem amava e nisso era correspondido por ela. Até aqui, nenhuma novidade. Entretanto, como explicar o ciúme dirigido a um morto tido, até então, por irmão muitíssimo querido?
Como explicar a desconfiança da traição da mulher idolatrada, apenas por ela chamar a atenção do marido para o olhar do filho semelhante ao do amigo; se, capítulos atrás, fora explicado que Ezequiel imitava com perfeição as pessoas?
Como explicar o esquecimento por Bentinho de que Escobar era quem mais influenciava Ezequiel, que passava o dia brincando com Capituzinha, enquanto seus pais jogavam, conversavam e riam felizes, por serem tão amigos?
Agora a bomba, mui caros leitores e leitoras: Bento foi vítima de obsessão espiritual.
Ele renegara o cumprimento da promessa materna de torná-lo sacerdote, e, em consequência, atraíra para si terrível obsessor, que o fez se sentir traído por Capitu. Ele fora tão vítima quanto ela... Vítima dos ciúmes próprios e da inveja alheia.
O culpado de toda a tragédia familiar fora este obsessor: o leproso que morrera quando Bentinho ainda era seminarista.
Afastado da Igreja, Bentinho, influenciado, tomou como provas de traição da esposa as mimeses perfeitas do filho Ezequiel e a identificação psicológica do menino com o amigo, em vista da convivência íntima diária de suas famílias...
Senão assim, como se explica alguém amar tanto um amigo e, somente após a morte deste, passar a odiá-lo e ao próprio filho, devido a simples reflexos miméticos e de semelhança puramente psicológica entre este e aquele?
Como justificar Bento Santiago se deixar levar por um ciúme doentio exatamente quando o melhor amigo, Escobar, jazia morto, sem poder se defender?
É que, por trás de tudo isso, havia um gênio mau, um espírito das trevas que passara despercebido a todos os críticos e leitores de meu romance. Esse espírito fora Manduca, o leproso pobre, que falecera magoado com Bentinho, por este não ter ido ao seu enterro (cap. LXXXIV- XC). Sete capítulos... E eis que Manduca mandou mal...
Este é o grande segredo, amigo leitor; este é o grande enigma, bondosa leitora, que lhes desvendo com prioridade e privilégio, pois ninguém, senão eu, havia antes pensado nisso. Mistério que o mundo ainda não compreende, por estar sobejamente envolvido com as teorias literárias niilistas, ateias, materialistas e desprezar outras teorias, muito mais profundas, mais intensas e verdadeiras que a dos mitos olímpicos.
Esta é a bomba fatal que infelicitou Capitolina e Bento Santiago, por não entenderem os processos espirituais que lhes devastaram a vida, lhes destruíram a felicidade conjugal e   transformaram Bentinho em Casmurro.
Houvera este ido à missa com Capitolina e Ezequiel... E o mistério continua...

Oh! dúvida cruel...

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Em dia com o Machado 121 (jlo)

Boa-tarde, leitora amiga e paciente leitor. Falar-lhes-ei hoje sobre um assunto nada burlesco: a diferença entre o Estado laico e o Governo ateu.
Houve um tempo, aqui na Terra, que o Estado era a Igreja. Tudo o que infringia as normas sacras era considerado sacrílego. O Papa era a lei suprema; e ai de quem contrariasse os dogmas da religião católica apostólica universal. Anátema!
Alguns atrevidinhos e algumas ousadinhas, tais como Galileu Galilei, João Huss e Joana d'Arc meteram-se a contrariar as ordenações, dogmas e leis vigentes na santa Igreja. Resultado, o primeiro foi submetido à prisão perpétua domiciliar; os outros dois foram reduzidos a cinzas nas fogueiras da inquisição.
Antes disso, quando o Governo era de César e os cristãos eram os inimigos do Estado, dizem que Joana de Cusa foi levada a "julgamento", por professar a fé em Jesus Cristo, juntamente com seu jovem filho, ainda adolescente. Havia uma condição para que ambos não fossem queimados vivos, após serem amarrados a um poste: Joana renegar Jesus. Assim, quando o carrasco lhes deu uma última oportunidade para trair sua crença e confirmar a lealdade a César, o filho dela suplicou-lhe chorando:
 — Renega, mãe, esse Jesus que nos desampara e nos deixa morrer queimados. Sou jovem, quero viver...
Ao que ela respondeu:
— Cala-te, meu filho, você não sabe o que está dizendo. Vamos cantar, para que nossas almas não sintam o calor do fogo e se iluminem com o amor do Cristo de Deus.
E começaram a cantar...
Diante disso, o carrasco ainda lhe perguntou:
— Esse seu Jesus só lhes ensina a morrer queimados por amor a Ele?
E Joana responde-lhe:
— Não somente a morrer por amor a Ele, mas também a vos perdoar e amar.
Dizem que foram recebidos, com a glória de heróis, diretamente por Jesus Cristo, na vida real, que é a do Espírito imortal, como está comprovado pelo Espiritismo, o Consolador cristão prometido por Jesus que respeita todas as crenças, mas esclarece os descrentes sem lhes violentar as consciências.
Veja quem tem olhos para ver, creia quem tem juízo... Não sem razão, Ele nos afirmou: "E conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará".
O tempo passou, a Igreja tornou-se a religião do Estado. Conquistou o poder temporal na Terra e, de perseguida, passou a perseguidora. Seu poder era tal que coroava ou depunha reis e rainhas.
Mas isso também mudou. Fez-se a separação entre a Igreja e o Estado. Foi um divórcio dolorido, mas com juras de amor e de respeito mútuo...
O fato de o Estado tornar-se laico, entretanto, enquanto o ateísmo não se impôs na Terra, permitia uma convivência pacífica com todas as religiões, quando a ditadura estatal intolerante não se interpunha, pela força, aos direitos de crença.
Atualmente, porém, no Brasil, a Ética e a Moral foram postas de cabeça para baixo; e a mentira, o roubo, a caça impiedosa às pessoas que atravessam o caminho dos poderosos passou a ser a norma governamental.
Hoje em dia, o cidadão é quase obrigado a se tornar hipócrita, sensual, depravado e mentiroso, porque, se deseja ser respeitado e aprovado pelo sistema, essas são suas principais credenciais aceitas. E ai de quem não fizer parte do grupo do poder. É defenestrado do seu posto, por meio de armadilhas quase insuperáveis.
Dependendo do interesse do Estado, o culpado pode virar inocente e este ser transformado em criminoso.
Estado laico significava a não imposição religiosa, neutralidade dos governantes em relação às crenças dos governados, mas também a valorização do comportamento ético, o respeito às crenças alheias em Deus e na vida espiritual, fosse qual fosse a religião adotada pelas pessoas.
Até mesmo respeitava-se o direito de não se ter crença alguma...
Estado materialista, ateu, é aquele que não mais respeita as tradições morais e as religiões de seu povo, por julgar que tudo se acaba com a morte do corpo material.
Essa é a grande diferença entre um Governo laico e um Governo ateu. O laico não precisa ser necessariamente ateu, simplesmente não interfere nas questões religiosas. O ateu aproveita-se da laicidade para impor suas teorias materialistas e ridicularizar quem tem sua fé em Deus.
O Estado laico respeita as crenças do povo governado, não permite a imposição de ideias profanas e a violação dos costumes ético-morais da sociedade. O Estado ateu faz a apologia de tudo o que considera válido em função de uma vida materialista: a sensualidade exacerbada, com fornecimento gratuito de preservativos; o casamento gay, a distribuição de cartilhas a crianças, na escola, com histórias de inversões de condutas sexuais, a apologia ao consumo de certas drogas consideradas inofensivas, as novelas com a exaltação dos personagens de atitudes violentas ou depravadores dos costumes cristãos, etc. etc. etc. O anormal virou normal e vice-versa...
Até mesmo o envio de fortunas roubadas do povo a paraísos fiscais, o crime e o assalto a bancos sob o pretexto de angariar recursos para campanhas políticas são perdoados no Estado ateu, que não tem quaisquer escrúpulos para atingir seu programa pessoal e o de seus amigos, familiares, gatos, cachorros, papagaios...
Agora que estamos nos aproximando das eleições, no Brasil, é tempo de refletir: é isso que desejamos para nosso país, para nossa família, para nós?
Depois... ainda nos resta uma esperança: tirar Dom Pedro II do exílio e restaurar a Monarquia brasileira, o mais democrático, cristão e ético Governo que já tivemos, pois a República caminha para um estado em que nossa visão futurista será uma triste realidade.


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Em dia com o Machado 120 (jlo)

Pois é, meu caro leitor, “bem-aventurado é quem ri de si mesmo, pois sempre terá do que rir”. Essa frase foi colocada no vidro traseiro de um Gol em Brasília.
Por falar em gol, ainda está entalada a maior goleada sofrida pelo Brasil na história de um jogo de Copa do Mundo em nosso país. Dizem que los hermanos argentinos não perderam o ensejo para nos perguntar: — Como te sientes torcedor brasileño?
Como costumamos rir até de nós mesmos, não perdemos a ocasião para nos vingar. Quando eles foram derrotados pela Alemanha, na decisão desse mundial, lhes devolvemos a pergunta: — Como te sientes, torcedor argentino?
Apenas o gosto deles não foi tão amargo quanto o nosso, pois perder de 1 a 0, numa final, não é o mesmo que tomar um “chocolate” histórico como o que tomamos...
O importante é que perdemos o jogo, mas não perdemos o “rebolado”. Continuamos achando que somos os melhores do mundo, embora nuestros hermanos não concordem com isso, pois lá está Maradona, o melhor jogador do mundo de todos os tempos e um dos melhores da Argentina...
Nesta quarta-feira, 3 de setembro, a partir das 15h30, eles nos provarão que, por justiça, os últimos campeões do mundo são eles. Campeões morais, rs... (Nada a ver com a conhecida marmelada do mundial da Argentina, em que fomos desclassificados sem perder um único jogo, e o Peru aceitou uma goleada histórica para que os hermanos não nos substituíssem na eliminação).
Os alemães vão jogar sem cinco titulares, embora um deles seja seu artilheiro Ozil, mas isso não tem a menor importância para eles. Já os argentinos vão jogar com um sério desfalque: Lionel Messi...
Cá entre nós, amanhã, eu não acredito numa vitória argentina, sem Messi, nem se o jogo fosse contra o Brasil sem Neymar, quanto mais contra nossos carrascos alemães.
Não sou profeta, mas embora o futebol não tenha lá muita lógica, se a Argentina conseguir ao menos um empate com a Alemanha, eu desaconselharei o Dunga a desistir do amistoso brasileiro contra a Colômbia, que, em seu último jogo contra a Argentina empatou por 0 a 0 (7 jun. 2013)...
Quem sabe, um jogo amistoso entre Brasil e Cuba, por exemplo, não nos faria um bem enoooooorme...
Ah, sim, jogo de futebol e não de beisebol...
Mas como disse Johnny Cash, “A distância mais curta entre duas pessoas é um sorriso”.
Alguns ainda conseguem o impossível, mesmo sem ser Brás Cubas, o defunto-autor de meu romance que revolucionou a literatura brasileira: fazer rir o leitor com sua história post-mortem.
Foi o que fez um amigo nosso que, após morrer, para nos fazer rir, ainda publicou o seu caso nas Seleções Reader’s Digest de dezembro de 2012, p. 56. Eis o que ele disse:

Entrei num bar e vi meu amigo sentado com um copo cheio. Cheguei perto dele e, sem mais nem menos, tomei sua bebida. Ele começou a chorar e eu disse:
— Calma, não se preocupe, eu te pago outra bebida.
— Não estou chorando por isso. Eu fui demitido porque fiz minha empresa perder 4,5 milhões de reais, e eles ainda querem que eu pague.
— Nossa! Complicado...
— E minha mulher me botou para fora de casa porque eu não arranjo emprego.
— Coitado...
— E agora nem me matar eu posso.
— Por quê?
— Você bebeu meu veneno (Luca Rocha, Fortaleza – CE).

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Em dia com o Machado 119 (jlo)

Meus caros leitores e leitoras, em minha época, eu imaginava que, ainda que os seres humanos não evoluíssem, as sociedades evoluiriam. Parece até que eu tinha razão. A modernidade trouxe um avanço nas comunicações que jamais, em tempo algum, houve na Terra. Mas ainda há muito que avançarem as relações humanas.
Hoje em dia, qualquer criança sabe comunicar-se por um iPhone, iPad ou em sites de relacionamentos da internet. O neto de Joteli, com 1 ano e 5 meses, não pode ver um desses aparelhos que já tenta apertar as teclas com seus dedinhos. O iPhone ele põe no ouvido e fica aguardando alguém falar com ele, quando não digita, antes, alguns números aleatórios... Enquanto isso, no iPad, seu irmão mais velho, de 6 anos, baixa uns joguinhos ou a Galinha pintadinha, para o caçulinha brincar ou ouvir, enquanto ele joga futebol, um dos poucos jogos que ainda não mudou, com seus amiguinhos.
Enquanto isso, seu pai assiste a um jogo de futebol profissional no qual diversos torcedores, dentre os quais se destaca uma jovem, alcunham o goleiro negro adversário de macaco. Mais tarde, seríamos informados por uma emissora de TV que outra jovem, negra, fora ofendida pela internet, por ter postado ali a foto com seu namorado branco, em virtude da diferença de pigmentação de suas peles.
Após grande repercussão na imprensa escrita, falada ou televisiva, aquela mesma TV, ao final de seu programa dominical, posta várias manifestações provindas de vários estados brasileiros: “o Brasil é formado por uma mistura de raças”, “somos todos iguais”, “não ao racismo”, “todos somos macacos”...
Upa lelê, vamos com calma. Se é verdade que os animais, atualmente, estão sendo vistos, cada vez mais, como nossos irmãos, se é certo que alguns cães vêm sendo homenageados post-mortem como heróis, se macacos e outros animais são, por vezes, mais civilizados do que muitas pessoas, precisamos respeitá-los e deixá-los ser como eles são e continuarmos a ser como nós somos. Homem é homem, mulher é mulher, cachorro é cachorro, gato é gato e macaco é macaco...
Deixemos, pois, o macaco em paz e cuidemos da paz entre nós... Não os maltratemos comparando-o a nós, eles não fazem a guerra, eles não se ofendem mutuamente, e, principalmente, não querem ser como nós, que não nos respeitamos e destruímos a natureza, sua e nossa mãe.
Ainda agora, passou por mim o grande Martin Luther King e pediu-me para lembrar-lhes, leitores amigos, um pequeno trecho de seu discurso: “Eu tenho um sonho em que as pessoas sejam julgadas, numa nação, não pela pele do seu corpo, mas pelo seu caráter”.
E por que essa nação ainda não é o Brasil, se aqui não há um só nativo que não seja a mistura de todas as raças? Desse modo, ofender um cidadão ou cidadã por ter a pigmentação da pele negra é, além de grande estupidez, demonstração de completa ignorância de sua própria descendência, pois os primeiros habitantes da Terra tiveram origem na África, como já está comprovado cientificamente por biólogos, arqueólogos, paleontólogos e historiadores.
Qual era mesmo a cor de César, aquele que incendiou Roma e colocou a culpa nos cristãos? E a de Napoleão Bonaparte? E a de Hitler?
Não é a cor que define o caráter, nem mesmo a beleza de uma pessoa e sim sua alma. Se esta é pura, sua essência é sublime. No corpo físico, todos proviemos do barro e a ele voltaremos, até quando, libertos de todas as misérias morais, nos tornemos luz, como nos esclareceu o Mestre de Nazaré.
O extraordinário “Cisne negro”, alma de grande elevação que introduziu o Simbolismo no Brasil, o nosso Cruz e Sousa, pede licença para relembrar-lhes um dos seus belos sonetos, que nos mostra a tolice de cultuarmos a matéria, em geral, e o corpo físico, em particular, acima do cultivo ao espírito, meus fiéis leitor e leitora. Ei-lo:

LONGE DE TUDO (Cruz e Sousa)

É livres, livres desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos,
Que havemos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.

Cá nesta humana e trágica miséria,
Nestes surdos abismos assassinos
Teremos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.

O baixo mundo que troveja e brama
Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! Só a lama e movimentos lassos...

Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
Hão de trocar, nas regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!

E, como canta Renato Russo, o que importa “é só o amor”. Quer ouvi-lo? Clique no link e na música Monte Castelo: http://www.ouvirmusica.com.br/legiao-urbana/22490/


  Dia do Índio?  (Irmão Jó) Quando Cabral chegou neste país, quem dominava a terra eram tupis; Mas não havia autoridade aqui, predominava a ...