Em dia com o
Machado 21 (jlo)
Amigo leitor, alguns dizem que
literatura é mentira; outros, que esta arte não tem utilidade para nada. Hoje,
falar-te-ei da mais valia das obras
literárias, a começar das crônicas, que a partir do meu século ganharam status de boa literatura. Começarei citando
a influência de algumas de nossas crônicas na sociedade brasileira atual.
Exemplo 1: Em 21 de julho de 1878,
propus o nome Guanabara para a cidade do Rio de Janeiro. Pois não é que, com a transferência da Capital
para Brasília, em 21 de abril de 1960, não somente aquele nome foi dado à
cidade, como esta se tornou outro estado? Durante cerca de quinze anos, tivemos
dois estados. Desmembrou-se o segundo da região fluminense, área do antigo
Distrito Federal do país, no Rio, que se passou a chamar Guanabara, rico
economicamente e em grandes obras, que não cabe a este articulista relatar.
O então reduzido estado do Rio de
Janeiro, porém, tornou-se uma entidade da Federação pobre, com poucos recursos
econômicos e escassos investimentos. Até que o ilustre presidente Ernesto
Geisel aprovou a fusão dos dois estados, com a volta da denominação única de
estado do Rio de Janeiro à nossa extensão territorial rica em petróleo.
— Quando foi isso?
— Amigo leitor, isso ocorreu em 15
de março de 1975. Até hoje, porém, volta e meia, tenta-se a recriação do Estado
da Guanabara em função de suposto prejuízo econômico causado pela fusão... Mas
isso é briga de políticos, que não nos cabe entrar no mérito...
Como disse Juan Bosh Navarro: La riqueza del diálogo es no haber dicho la última palabra, sino que han comprendido
mejor el razonamiento de los demás.
Exemplo 2: Noutra data, 30 de março
de 1889, aludi à denominação de nossa moeda, que propus chamar-se cruzeiro, em substituição ao real (réis).
Depois disso, as cédulas monetárias do Brasil tiveram várias denominações, até
voltarem ao real, como era há quase quatro séculos e meio. Quem sabe esta última
troca de nome não terá sido motivada pela saudade do meu tempo, em que a
realeza era pouco dada aos escândalos monetários,
a vida era simples e qualquer criança acreditava na Cegonha e em Papai Noel?
Apenas por curiosidade, elenco
abaixo o nome de nossa moeda, desde o período colonial aos seus dias, leitor
amigo:
Real
(réis): de 1500 a 1942;
Cruzeiro:
de 1942 a 1967;
Cruzeiro
novo: de 1967 a 1970;
Cruzeiro
(de novo): de 1970 a 1986;
Cruzado:
de 1986 a 1989;
Cruzado
novo: de 1989 a 1990;
Cruzeiro
(olha ele aí de novo!): de 1990 a 1993;
Cruzeiro
real: de 1993 a 1994;
Real:
de 1994 aos seus dias, excelentíssimo leitor. Voltamos à época colonial...
Exemplo 3: Sobre o significado de política, informei alhures, em 8 de
julho de 1885, o resultado duma pesquisa que fiz e suas respostas, atualizadas
ao teu tempo:
para
um barbeiro, a política é a arte de lhe pagarem os cabelos;
para
um comerciante, a política verdadeira é não comprar nada no comércio do concorrente;
para
uma dama, a política é o cumprimento
literal do evangelho de Mateus, cap. 7, versículo 7, que agora completo: “Pedi
e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á”.
Nenhum político opinou, salvo o
Deputado Zama. E o que disse, acrescido de novos comentários alheios, indubitavelmente,
levou a sociedade contemporânea a abominar o nepotismo e qualquer outra forma
de ismo: favoritismo, banditismo, oportunismo,
vigarismo, quadrilhismo... Não
adianta perguntar o que foi dito, não vou repetir... Leia na op. cit. supra, ou pergunte ao meu secretário que te escreve estas linhas.
Já leu? Perguntou? Então? A
Literatura, como as artes em geral, é ou não é uma fonte poderosa de informação
e de transformação social, meu caro leitor?
Boas noites!