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sábado, 20 de outubro de 2012



Em dia com o Machado 21 (jlo)

            Amigo leitor, alguns dizem que literatura é mentira; outros, que esta arte não tem utilidade para nada. Hoje, falar-te-ei da mais valia das obras literárias, a começar das crônicas, que a partir do meu século ganharam status de boa literatura. Começarei citando a influência de algumas de nossas crônicas na sociedade brasileira atual.
            Exemplo 1: Em 21 de julho de 1878, propus o nome Guanabara para a cidade do Rio de Janeiro.  Pois não é que, com a transferência da Capital para Brasília, em 21 de abril de 1960, não somente aquele nome foi dado à cidade, como esta se tornou outro estado? Durante cerca de quinze anos, tivemos dois estados. Desmembrou-se o segundo da região fluminense, área do antigo Distrito Federal do país, no Rio, que se passou a chamar Guanabara, rico economicamente e em grandes obras, que não cabe a este articulista relatar.
            O então reduzido estado do Rio de Janeiro, porém, tornou-se uma entidade da Federação pobre, com poucos recursos econômicos e escassos investimentos. Até que o ilustre presidente Ernesto Geisel aprovou a fusão dos dois estados, com a volta da denominação única de estado do Rio de Janeiro à nossa extensão territorial rica em petróleo.
            — Quando foi isso?
            — Amigo leitor, isso ocorreu em 15 de março de 1975. Até hoje, porém, volta e meia, tenta-se a recriação do Estado da Guanabara em função de suposto prejuízo econômico causado pela fusão... Mas isso é briga de políticos, que não nos cabe entrar no mérito...
            Como disse Juan Bosh Navarro: La riqueza del diálogo es no haber dicho la última palabra, sino que han comprendido mejor el razonamiento de los demás.
            Exemplo 2: Noutra data, 30 de março de 1889, aludi à denominação de nossa moeda, que propus chamar-se cruzeiro, em substituição ao real (réis). Depois disso, as cédulas monetárias do Brasil tiveram várias denominações, até voltarem ao real, como era há quase quatro séculos e meio. Quem sabe esta última troca de nome não terá sido motivada pela saudade do meu tempo, em que a realeza era pouco dada aos escândalos monetários, a vida era simples e qualquer criança acreditava na Cegonha e em Papai Noel?
            Apenas por curiosidade, elenco abaixo o nome de nossa moeda, desde o período colonial aos seus dias, leitor amigo:
Real (réis): de 1500 a 1942;
Cruzeiro: de 1942 a 1967;
Cruzeiro novo: de 1967 a 1970;
Cruzeiro (de novo): de 1970 a 1986;
Cruzado: de 1986 a 1989;
Cruzado novo: de 1989 a 1990;
Cruzeiro (olha ele aí de novo!): de 1990 a 1993;
Cruzeiro real: de 1993 a 1994;
Real: de 1994 aos seus dias, excelentíssimo leitor. Voltamos à época colonial...
            Exemplo 3: Sobre o significado de política, informei alhures, em 8 de julho de 1885, o resultado duma pesquisa que fiz e suas respostas, atualizadas ao teu tempo:
para um barbeiro, a política é a arte de lhe pagarem os cabelos;
para um comerciante, a política verdadeira é não comprar nada no comércio do concorrente;
para uma dama, a política é o cumprimento literal do evangelho de Mateus, cap. 7, versículo 7, que agora completo: “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á”.
            Nenhum político opinou, salvo o Deputado Zama. E o que disse, acrescido de novos comentários alheios, indubitavelmente, levou a sociedade contemporânea a abominar o nepotismo e qualquer outra forma de ismo:  favoritismo, banditismo, oportunismo, vigarismo, quadrilhismo... Não adianta perguntar o que foi dito, não vou repetir... Leia na op. cit. supra, ou pergunte ao meu secretário que te escreve estas linhas.
            Já leu? Perguntou? Então? A Literatura, como as artes em geral, é ou não é uma fonte poderosa de informação e de transformação social, meu caro leitor?
            Boas noites!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012



Em dia com o Machado 20 (jlo)
            Amiga  leitora, hoje vamos recomendar a receita da felicidade a você, seu marido, namorado, amiga ou amigo, mãe, pai e toda a família encarnada ou desencarnada. Enfim, aos mais de sete bilhões de viajantes desta pequena nave que se chama Terra, sem contar os insetos e outros animais, como, por exemplo, seu cachorro, cachorra, gatinho, gatinha, papagaio, etc.
            Sejamos sempre bons e só teremos Espíritos bons ao nosso lado, como diz Allan Kardec em O livro dos médiuns, p. 224, trad. Evandro Noleto, Editora FEB, 2009.
            Tudo o que nos acontece é reflexo de nós mesmos, e o corpo é a tela onde se projetam nossas emoções. Todas as nossas emoções negativas são projetadas em nosso corpo somático em forma de doenças.
            Quando sentimos raiva, mágoa, desgosto, ressentimento ou infelicidade, por muito tempo, damos vazão às mais graves doenças
            Nosso cérebro possui dois hemisférios: esquerdo e direito. É necessário haver um equilíbrio entre esses hemisférios, para que possamos ter uma vida harmoniosa. A seguir, ordenamos as qualidades desses hemisférios, segundo Cristina Cairo em A linguagem do corpo, Editora Mercuryo:

  Hemisfério esquerdo

análise
   Hemisfério direito

síntese
cautela
aventura
ceticismo
receptividade
detalhe
amplo
fechado
aberto
intelectual
emocional
linguagem
meditação
lógico
artístico
mecânico
criativo
memória
espacial
preto e branco
colorido
repetição
novos caminhos
substância
essência
verbalização
intuição

            Se percebermos que uma das qualidades de um dos lados acima predomina, devemos trabalhar a qualidade do outro lado, para que haja um equilíbrio e, consequentemente, bem-estar em nossa vida.
            Segundo estudos recentes da Psicanálise, informa Cristina Cairo (op. cit.), “doenças e infelicidades têm como causa a consciência de culpa e contrariedades profundas”. Então, evitemos tudo aquilo que nos infelicita e causa mal, para que tenhamos uma vida físico-mental sadia. Recomenda ainda a Cristina para que paremos imediatamente de julgar e criticar negativamente as pessoas. Em vez disso, passemos a elogiá-las e nossa vida será melhor.
            E o perdão? O perdão é o meio de provarmos a nós mesmos que as emoções negativas estão sob o nosso controle mental. Ninguém nos agride sem que o mereçamos. Quando nos sentimos agredidos, algo fizemos a outrem, consciente ou inconscientemente. O livre-arbítrio é uma realidade, ainda que alguns filósofos o tenham negado. Ele nos traz consequências boas ou más de nossas atitudes e pensamentos. “Orai e vigiai!”, recomenda-nos o Mestre com imensa sabedoria.
            Por fim, para que possamos dormir em paz, lembramos-lhe, bondosa amiga, que há duas leis universais: a) semelhantes se atraem; b) tudo tem uma compensação.
            Façamos o bem infatigavelmente e estaremos sempre bem.
            Pense nisso ao acordar e ao dormir. And live the dream!
            Boas noites!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Em dia com o Machado 19 (jlo)

             Minha prezada leitora e caríssimo leitor, comemoramos, neste 15 de outubro, o dia do(a) professor(a).
            Lembro-me das artes que fazia com meus professores do chamado curso científico na juventude. Era costume meu não estudar para as provas. Tinha o hábito de, nos dias de avaliação, chegar quinze minutos antes do teste e dar uma lida no que o(a) professor(a) dera em aula e eu copiara. Em seguida, pegava um lápis, anotava na carteira de madeira tudo o que fora destacado pelo(a) mestre(a) nas aulas, até então, e... pronto, estava pronto para a prova. O resto era confiar na memória...
            Nessa época, nunca fui um bom aluno, estava mais para medíocre, pois minhas notas giravam em torno de 5 e 6 de um máximo de 10. Também não era muito assíduo. Se houvesse uma pelada no dia da prova, bem vinda, pelada, adeus prova! Achava uma desculpa e pedia ao(à) professor(a) para marcar uma segunda chamada noutro dia e tudo acabava bem; se é que é bem ficar com cinco ou seis numa prova; por vezes, menos de cinco; esta, minha média mais frequente.
            Também costumava levar umas anotações em pequenos papéis e, quando o(a)  professor(a) se distraía um pouco, lá estava eu com a mão no bolso...
            Num dia de prova, foram tantas as dúvidas que, por fim, passei a abrir os papéis com as colas na frente do professor, sem a menor cerimônia. Observei-o sentado em sua mesa a olhar-me, complacentemente, como a pedir-me, pelo amor de Deus, discrição na colação, mas resolvi ignorá-lo e continuei a cola escancarada.
            Não deu outra, o professor levantou-se, veio em minha direção e, ó vergonha, simplesmente pegou minha prova e, educadamente, a pôs sobre sua mesa, dispensando-me, em seguida, da aferição de conhecimentos naquele dia.
            Pois não é que com tudo isso, no final do ano, ainda fui aprovado com a meritória nota 5? Pouco me lixava para isso, o que me importava era saber que, diariamente, passaria horas jogando uma pelada com bolas murchas como o meu futebol e o dos meus colegas de esporte.
            O tempo passou, amadureci, deixei as colas no bolso do passado, graduei-me, fiz pós-graduação e também passei a lecionar. Inspirado na sabedoria daquele professor, descobri que alguns alunos ainda não estão maduros, mas são inteligentes... E, sem necessidade de criarmos um escândalo público e vexatório com eles, devemos dar-lhes todas as chances do mundo para aprenderem, nem que seja com base em anotações discretas e inteligentes, sem, logicamente, fazermos disso uma apologia.
            Caso exorbitem da condição de pescadores de última hora e resolvam pescar escancaradamente, na prova, uma primeira providência, que também costuma ser a última, é trocar o lugar do(a) aluno(a) com um(a) dos(as) seus(suas) colegas distanciados(as) na sala. A única imposição é a de que só levem consigo a folha da prova, a folha para respostas e uma caneta (assim ninguém fica sabendo quem colava de quem).
            Chegamos ao absurdo, porém, de um professor doutor, que leciona na universidade particular de nossas atividades acadêmicas, informar-nos de que os alunos universitários de nossos dias são muito mais criativos do que o fomos no passado. Eles simplesmente pedem ao professor para, na aula anterior à da prova, passar-lhes o conteúdo da avaliação e não cobrar deles nada além do que ali está escrito.
            Em geral, diz-nos o ilustre pedagogo, ele passa todo o conteúdo no quadro branco (agora até a cor do quadro mudou, ficou branco de vergonha...), pede a algum aluno um pouco mais letrado para ler o que ali está contido e dá um ultimato:
­            — Há alguma dúvida? Nada havendo contra, anotem tudo direitinho. Se no dia da prova, alguém copiar qualquer coisa diferente do que aqui está, essa pessoa vai ter pontos descontados em sua nota de prova.
            Ah, que saudades do meu tempo de aluno secundário! Quanto trabalho tinha para elaborar as colas... quanta imaginação para burlar a atenção do(a) professor(a)... Agora, em universidades, basta saber copiar o que já foi escrito pelo(a) professor(a)...
            Talvez por isso, a tese dos oito por cento seja tão verdadeira. É o seguinte: de todos os funcionários de uma empresa, somente oito por cento se destacam por espírito de iniciativa, interesse no aumento de produção e, consequentemente, no futuro da empresa;  de todos os alunos de uma sala de aula, somente oito por cento assimilará o conteúdo, participará com interesse da aula e, de repente, aprenderá...
            Mas, ó idealismo sublime! de todos os professores, somente oito por cento não entenderam o verdadeiro sentido da palavra Mestre. A maioria, 92%, mesmo recebendo vil remuneração, humilhações, ameaças, busca dar o melhor de si para que aqueles oito por cento de seus verdadeiros aprendizes possam tornar-se cidadãos preparados para o mercado de trabalho. Sobretudo, para a vida em sociedade, com respeito aos direitos alheios e total empenho em espelharem-se no exemplo dos bons profissionais, tais como seu (sua) professor(a).
            Sabem estes que terão de travar uma luta, por ora, perdida com os demais 92% dos discípulos que ainda não amadureceram e aguardam, pacientemente, que o tempo e o fracasso façam por eles (elas) o que, em seu trabalho parece ser um esforço inútil.
            Sabem, também, que, se a alma é grande, tudo virá no momento certo, pois, como diz o grande vate Fernando Pessoa, “(...) tudo vale a pena, se a alma não é pequena!”
            Aos (Às) verdadeiros(as) mestres(as), os nossos parabéns pelo Dia do(a) Professor(a)!
            Boas noites!

            Observação: para evitar a salada de letras acima (o (a), do (da), etc.), ocorrida em grande parte desta, a partir da próxima crônica, volto a revezar o tratamento para o padrão ora feminino, ora  masculino. Fica o(a) leitor(a) à vontade para fazer as substituições de gênero, quando for o caso.
           

domingo, 7 de outubro de 2012


Em dia com o Machado 18 (jlo)

             As eleições estão aí novamente. Posso, pois, pôr as mangas de fora. O certo é que, desde o meu século, ó século! tod@s @s cidad@s corret@s têm um almoço diferente. Não sei, portanto, se serei lido pelas minhas fiéis leitoras ou leais leitores como ocorria d’antanho.
            Vem a propósito imaginar alguém tomar sua ducha quente, ingerir alguns goles de café apressadamente, botar sua calça..., calçar sua bota enquanto reflete em que chapa eleitoral deve votar. Sim, minha amiga, é neste domingo que seu voto, o do seu marido, o da vizinha e o do vizinho vão decidir quem administrará seu município. Não é o caso do Distrito Federal, por enquanto, onde agora está a Capital. Aqui não há prefeitos... Em tese... 
            O tempo passa, o tempo voa... dizia antiga canção publicitária. Realmente, tudo passa, até mesmo a uva, diria algum engraçadinho, mas o fato é que, se o chronus arrasta os seres e as coisas, também deixa suas marcas. Quando transita por ele alguma alma elevada, as benfeitorias que deixa produzem frutos a mil por um; todavia, quando quem deambula é de baixo estofo, destrói as avenidas, carcome os frutos...
            Por isso, pense bem antes de votar. Investigue a ficha de registro do passado de seu/sua candidat@. Com os extraordinários avanços dos meios de comunicação, só é ludibriado quem quiser ou for preguiçoso. Basta, em geral, digitar o nome de alguém num site de busca e uma montanha de informações surgirão sobre @ pesquisad@.
            No entanto, volto a dizer que uma página de crônica, em meio às preocupações de momento é o que menos importa. É como o pio de um pássaro preto em torno ao elevado canto de uma orquestra regida pelo maestro Isaac Karabtchevsky. Passará o pio do pássaro sem ser percebido, ficará o som da filarmônica.
             Quem sabe um(a) nefelibata que passe sob a árvore não olhe para cima?  Ao ver o pássaro e seu pio surdo esboçado no abrir e fechar o bico poderá quedar-se a pensar no provérbio de que um pássaro só não faz verão, mas muitos...
             Então, corre a sua casa, pega um amplificador de som e atrai outras aves, para que todas cantem, na mesma voz, este mesmo som: ­­­­- Candidat@,  candididat@, candidat@ eu estou aqui!
             Como disse alhures, em primeiro lugar, que haja ideias. Em segundo, apresente-as com clareza... Quanto ao seu implemento...
             Olho vivo, pois, amig@ eleitor(a)!
             Um pio amplificado pode mudar os destinos de um povo!

terça-feira, 2 de outubro de 2012


Em dia com o Machado 17 (jlo)  -  A seca e os ipês

 

     Meu excelentíssimo amigo, hoje vamos conversar sobre os ipês. Sim, é sobre essa “árvore cascuda”, segundo os nossos índios tupis, que iremos tratar na crônica desta noite. São 253 espécies do gênero Tabebuia, segundo fui informado em consulta idônea. Não me peça para citar a fonte, que lhe mando ir fuçar a internet, o Aurélio e obras especializadas no assunto.

Perto do inverno, entre os meses de maio a setembro, dizem que o ipê sofre terrivelmente com a seca e, por consequência, a falta de água. Então reage dando flores!

Os ipês rosas e roxos, no início de junho, são os primeiros a florir.

Aqui em Brasília, quando nós já estamos desesperados com a baixa humidade do ar, florescem os ipês amarelos em sua exuberante imponência. Já quando a primavera desponta e chegam as águas, brotam os ipês brancos com sua floração de apenas dois dias, geralmente em agosto, e se repete em setembro, em plena primavera.

É a natureza a nos ensinar como reagir ante as adversidades da vida. Nas primeiras contrariedades da falta d’água, as flores vêm rubras, em seguida, arroxeiam-se mudamente contrastando com o azul do céu. Sofre sem deixar de nos fornecer sua sombra amiga e a beleza do seu ser.

Outro dia, conversei com um ipê que me dizia:

— Veja como reajo ante a inclemência do sol, ocupo-me em colorir-me e proporcionar a todos os seres um espaço refrescante, para que a Natureza se embeleze e, emocionada, derrame sobre nós o refrigério de suas lágrimas.

E eu não soube o que lhe responder, senão que lhe ficava grato por nos fornecer aquela lição de humildade e esperança em dias melhores, sejamos nós políticos, filósofos ou poetas.

Boa noite!

  O livro   (Irmão Jó)   D esde cedo é importante I ncentivar a leitura A os nossos filhos infantes.   M ais tarde, na juventude, U ma vont...