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terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 499:

UM PEDIDO A JESUS (Jó)



 Bom dia, amigos!

Contrariamente ao meu hábito de descanso noturno e despertamento matinal, ontem à noite, dormi cedo e hoje acordei quando o Sol ainda não aparecera no céu. Despertei, porém, refletindo sobre a brevidade de nossa existência na Terra e quanto precisamos conversar com Jesus, no dia a dia de nossas vidas, para que exercitemos sua Boa-Nova com segurança. Então, fui intuído a escrever o poema abaixo, em forma de pedido ao nosso amado Mestre:

Oração a Jesus (Jó)

Salve, Jesus!
irmão maior
e amado guia
perante Deus,
o Nosso Pai...
 
Oferecido
à humanidade
como modelo
de amor, perdão
e humildade.
 
Ora por nós!
 
Este é o pedido
do teu irmão
e servidor,
que se aprimora,
dia após dia...
 
Pela alegria,
pela humildade,
perdão e amor,
muito obrigado,
meu bom Senhor.




domingo, 28 de novembro de 2021

 


17.5 Instruções dos Espíritos

 

17.5.1 O dever

Lázaro

Paris, 1863

 

O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e em seguida para com os outros. O dever é a lei da vida. Encontramo-lo nos menores, como nos mais elevados atos. Quero falar aqui somente do dever moral, e não daquele as profissões impõem.

Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque ele se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não têm testemunhas, e suas derrotas não sofrem repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre-arbítrio. O aguilhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e sustenta, mas ele se mostra frequentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas como determinar exatamente esse dever? Onde começa ele? Onde ele acaba? O dever começa precisamente no ponto em que vocês ameaçam a felicidade ou a tranquilidade do seu próximo, e termina no limite que não desejam que ninguém ultrapasse o seu.

Deus criou todos os homens iguais para a dor; pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um pese judiciosamente o mal que pode fazer. O mesmo critério não existe para o bem, infinitamente mais variado em suas expressões. A igualdade perante a dor é uma sublime previdência de Deus, que deseja que seus filhos, instruídos pela experiência comum, não cometam o mal alegando ignorância dos seus efeitos.

     O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma bravura da alma, que enfrenta as angústias da luta. É austero e suave, pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, permanece inflexível diante de suas tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo. É, ao mesmo tempo, juiz e escravo em sua própria causa.

O dever é o mais belo galardão da razão; ele nasce dela, como o filho nasce de sua mãe. O homem deve amar o dever, não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele dá à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.

O dever se engrandece e irradia, sob uma forma mais elevada, em cada uma das etapas superiores da humanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus não cessa jamais. Ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, porque deseja que a beleza de sua obra resplandeça diante dele.

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

 


17.4 Parábola do Semeador
 
Naquele mesmo dia, Jesus tendo saído de casa, sentou-se à beira do mar, e reuniu-se em torno dele muita gente. Então ele, entrando numa barca, se assentou; e todas as pessoas permaneceram à margem. E Ele lhes falou muitas coisas por parábolas:

Aquele que semeia saiu a semear. E quando semeava, uma parte das sementes caiu ao longo do caminho; vieram os pássaros do céu e comeram-nas. Outra parte caiu em pedregulhos, onde não tinha muita terra, e logo nasceu, porque não era muito profunda a terra. Mas levantando-se o sol as queimou, e porque não tinham raízes secaram. Outra parte caiu entre espinheiros, os espinhos cresceram e a abafaram. Outra, por fim, caiu em terra boa e deu frutos, havendo grãos que rendiam cem por um, outras sessenta, outras trinta. Quem tem ouvidos de ouvir ouça (Mateus, 13:1- 9).
Escutem, pois, vocês, a parábola do semeador. Quem quer que escute a palavra do Reino e não lhe dá atenção, vem o Espírito maligno e arrebata aquilo que foi semeado no seu coração. Esse é o que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebe a semente no meio das pedras é o que escuta a palavra, e a recebe com alegria no primeiro momento; mas ele não tem em si raiz, e ela dura pouco tempo. E quando lhe sobrevêm reveses e perseguições por causa da palavra, ele tira daí motivo de escândalo e de queda. Aquele que recebe a semente entre espinhos é o que entende a palavra, mas em quem os cuidados deste mundo e a ilusão das riquezas sufocam a palavra e a tornam infrutífera. Porém aquele que recebe a semente em boa terra é quem escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela dá frutos que rendem cem, ou sessenta, ou trinta por um (Mateus, 13:18- 23)

A parábola do semeador representa perfeitamente os diversos modos pelos quais podemos aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Quantas pessoas há, de fato, para as quais ele não passa de letra morta, que, à semelhança da semente caída sobre pedras, não produz nenhum fruto!

Ela traz outra aplicação, não menos justa nas diferentes categorias de espíritas. Não será ela o símbolo dos que se apegam apenas aos fenômenos materiais, não tirando destes nenhuma consequência, pois que neles só veem objeto de curiosidade? Dos que não buscam senão o lado brilhante das comunicações dos Espíritos, interessando-se apenas enquanto satisfazem-lhes a imaginação, mas que, após ouvi-las, continuam frios e indiferentes como antes? Que acham muito bons os conselhos, e os admiram, mas para aplicá-los aos outros e não a si mesmos? E aqueles, por fim, para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e produz frutos?
 
Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira
http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

terça-feira, 23 de novembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 498

AVE, CRISTO! (Jó)

 


 

Ao norte de Israel, na região da Galileia, numa linda primavera, ele subiu  a um monte e começou a pregar:

 

— Aventurados os pobres
que vivem sem ambições,
por já terem aprendido
que só se vive feliz
fazendo boas ações.
 
Benditos são os humildes,
por já terem percebido
que toda alma orgulhosa,
caniço pensante da Terra,
ficará só e chorosa.
 
Felizes estão os justos,
porém não os justiceiros;
aqueles terão justiça,
e estes, nem travesseiro
pra pôr a cabeça em paz.
 
Aventurados os puros,
quem no mal não se compraz,
pois os puros herdarão
os reinos celestiais,
e os maus perderão a paz.

 

Quando ele terminou de falar, as mães se ajoelharam com seus filhinhos no colo, louvaram a Deus e agradeceram àquele jovem por tão consoladoras palavras. Os moços e anciãos, filhos e pais, filhas e mães choraram comovidos, e um deles, dentre os mais idosos, perguntou-lhe:

— Senhor, que devemos fazer para alcançar as bênçãos dos reinos celestiais?

Ele olhou para o alto e respondeu-lhe com estas duas palavras: — Ama e perdoa.

Em seguida, saiu de Nazaré a demonstrar como se deve semear essas virtudes, deambulando por toda a Galileia, além de Jerusalém: Cafarnaum, Corazim, Betsaida, Cesareia... Por onde passava, curava leprosos, restituía visão a cegos, fazia andar paralíticos e "ressuscitava" mortos do corpo e da alma.

Com ele, seguiam doze apóstolos e multidões... Como sói acontecer com os virtuosos, ele sofria ameaças diversas de mercadores do templo, fariseus, sacerdotes e escribas orgulhosos. Não aceitavam que ele produzisse tantos prodígios sem nada cobrar e, despeitados, ameaçavam matá-lo.

Um dia, ele olhou para o templo de Jerusalém e disse-lhes:

— Destruam este templo e, em três dias, eu o reconstruirei.

Todos riram de Jesus de Nazaré, pois não perceberam que ele se referia ao templo do seu corpo.

Dias depois, inventaram diversas calúnias sobre ele e o crucificaram entre dois ladrões. No terceiro dia, porém, de seu assassinato infame, quando dois guardas vigiavam sua sepultura, ouviram um estrondo e viram a pedra que selava o túmulo toda quebrada. Então, saindo do túmulo, o Cristo lhes apareceu em toda a sua glória, e os guardas caíram como mortos ao solo.

A partir de então, novos discípulos do Senhor também passaram a pregar seus ensinamentos evangélicos e realizar curas por toda a parte. E, onde chegavam, eram saudados com estas palavras: Ave, Cristo!

 

domingo, 21 de novembro de 2021


 


17.3 OS BONS ESPÍRITAS

 

         O Espiritismo bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, conduz forçosamente aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pois um e outro são a mesma coisa. O Espiritismo não cria uma nova moral, facilita ao homem a compreensão e a prática da moral do Cristo, ao dar uma fé sólida e esclarecida aos que duvidam ou vacilam.

         Muitos, porém, dos que creem nos fatos das manifestações não compreendem as suas consequências nem o seu alcance moral, ou, se compreendem, não os aplicam a si mesmos. A que se deve isso? A uma falta de clareza da doutrina? Não, pois ela não contém alegorias, nem figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A clareza é sua própria essência, e é isso que lhe dá força, porque vai diretamente à inteligência. Nada tem de misterioso, e seus iniciados não possuem nenhum segredo que se oculte ao povo.

         Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora do comum? Não, pois veem-se homens de notória capacidade que não a compreendem, enquanto inteligências vulgares, até mesmo de jovens que mal saíram da adolescência, aprenderem com admirável justeza os seus mais delicados detalhes. Isso ocorre porque a parte, por assim dizer, material da ciência não requer mais do que os olhos para ser observada, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade que podemos chamar de maturidade do senso moral, que independe da idade e do grau de instrução, porque é inerente ao desenvolvimento, num sentido especial, do Espírito encarnado.

         Em algumas pessoas, os laços materiais são ainda muito fortes, para que o espírito se desprenda das coisas da terra. O nevoeiro que as envolve impede-lhes a visão do infinito. Eis porque não conseguem romper facilmente com os seus gostos e os seus hábitos, não compreendendo que possa haver nada melhor do que aquilo que possuem. A crença nos Espíritos é para elas um simples fato, mas que pouco ou nada modifica suas tendências instintivas. Numa palavra, não veem mais do que um raio de luz, insuficiente para orientá-las e dar-lhes uma aspiração profunda, capaz de modificar-lhes as tendências. Apegam-se mais aos fenômenos do que à moral, que lhes parece banal e monótona. Pedem incessantemente aos Espíritos que as iniciem em novos mistérios, sem indagarem se se tornaram dignas de penetrar os segredos do Criador. São os espíritas imperfeitos, alguns dos quais estacionam no caminho ou se distanciam dos seus irmãos de crença, porque recuam ante a obrigação de se reformarem, ou porque preferem a companhia dos que participam das suas fraquezas ou das suas prevenções. Entretanto, a aceitação do princípio da doutrina é um primeiro passo, que lhes facilitará o segundo, numa outra existência.

         Aquele que podemos, com razão, qualificar de verdadeiro e sincero espírita, encontra-se num grau superior de adiantamento moral. O Espírito que domina mais completamente a matéria dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da doutrina fazem vibrar-lhe as fibras que nos outros permanecem mudas. Numa palavra: é tocado no coração. Por isso a sua fé é inabalável. Um é como o músico que se comove com os acordes; ao passo que o outro apenas ouve os sons. Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações. Enquanto um se compraz no seu horizonte limitado, o outro, que compreende a existência de algo melhor, esforça-se para se libertar, e sempre o consegue, quando dispõe de uma vontade firme.

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira 
http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

sábado, 20 de novembro de 2021

 

Pátria Negra

 


Viemos todos da África.

Não há quem neste Brasil,

deixe de ter no seu corpo

gene negro em DNA.

 

Viemos do Continente

dum povo alegre e viril,

que riu um riso estridente

ao ser tornado servil.

 

Lá, a pigmentação

escureceu sua pele,

mas a miscigenação

espalhou aqui seu gene.

 

Riu-se o negro, descontente,

irônico, revoltado,

trincando seus fortes dentes,

por ter sido escravizado.

 

Pois a crueldade humana

é cega, surda, insensível,

e prossegue indiferente

em sua atitude insana.

 

A lei porém é mui dura

e ao som da risada franca

dará luz à pele escura

e câncer à pele branca.

 

20 de novembro de 2021 – DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Autor: Jorge Leite de Oliveira.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

 


17.2 O homem de bem

 

O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade na sua maior pureza. Se ele interroga sua consciência sobre os próprios atos, se pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele, enfim, se fez aos outros tudo aquilo que gostaria que eles lhe fizessem.

Tem fé em Deus, em sua bondade, em sua justiça e em sua sabedoria. Sabe que nada acontece sem sua permissão e se submete, em todas as coisas, à sua vontade.

Tem fé no futuro; por isso coloca os bens espirituais acima do bens temporais.

Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas a decepções são provas ou expiações, e as aceita sem lamentos.

Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre seu interesse à justiça.

Encontra sua satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros, antes que em si, de cuidar do interesse dos outros, antes que do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.

É bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque vê todos os homens como seus irmãos.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança o anátema aos que não pensam como ele.

Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Diz a si mesmo que aquele que prejudica os outros com palavras malévolas, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e seu desprezo, que não recua à ideia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não tem ódio, nem rancor, nem desejo de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios, porque sabe que lhe será perdoado, conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas doutrem, porque sabe que também tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: "Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra".

Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem em os evidenciar. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.

Estuda suas próprias imperfeições e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, no dia seguinte, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.

Não procura valorizar nem seu espírito, nem seus talentos, à custa dos outros; ao contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar as vantagens alheias.

Não se envaidece de sua riqueza, nem com seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser-lhe retirado.

Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial que lhes poderá dar é utilizá-los a serviço da satisfação de suas paixões.

Se a ordem social colocou alguns homens sob sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para levantar-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa sua posição subalterna.

O subordinado, por sua parte, compreende os deveres de sua posição e tem o escrúpulo de cumpri-los conscienciosamente (ver cap. 27, n° 9).

O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes dão as leis da natureza, como gostaria que os seus fossem respeitados.

Esta não é a enumeração de todas as qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem se esforce para possuí-las estará no caminho que conduz a todas as outras.

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira 

http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

terça-feira, 16 de novembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 497:

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS...(Jó)

 


Bom dia, leitores!

Há poucos dias, eu disse a um jovem que é, principalmente, quando ultrapassamos a casa dos 50 janeiros que a ficha cai para nós, em relação ao que vimos fazendo ao longo dos anos. Refletindo nisso, adentro novo devaneio da terceira entrevista com o nosso inesquecível Allan Kardec.

Vejo-me, agora, no Jardim de Luxemburgo, em Paris, recostado numa das cadeiras, em frente ao palácio,  e contemplo as belas flores primaveris. Estamos no período vespertino, e a tarde está um pouco nublada. Repentinamente, vejo um vulto se aproximando. É ele, penso com emoção, e não me engano.

Kardec aproxima-se de mim, estendo-lhe a mão que ele aperta e cumprimenta-me cordialmente.

— Como vai, Jó, pensativo?

— Penso no rumo que o mundo vem tomando nos últimos dias. A pandemia, não somente do vírus material, como também do vírus moral, leva à ânsia em lesar os que atravancam nossos caminhos... Tudo isso me deixa triste. Outro dia, porém, Allan, assisti a uma live de premiação aos vencedores de concurso de contos, crônicas e poemas que me deu a certeza de que ainda há muita gente honesta no mundo. Não vou citar aqui a cidade em que ocorreu o evento, pois não desejo ser injusto com outras instituições éticas como a Prefeitura de Tatuí, cidade bucólica de São Paulo, que anualmente, em seu Museu Paulo Setúbal, institui um prêmio cultural.

— Não se preocupe com os ignorantes, antes que maus, Jó. Como disse Jesus, pelo seu porta voz, o Espírito de Verdade: "Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da humanidade."

— E quem merecerá viver nesse mundo transformado?

— Jó: "Felizes os que houverem trabalhado no campo do Senhor com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade. Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado", já afirmara o Espírito de Verdade em 1862.

— Isso é possível, num mundo tão competitivo, como o atual, mestre?

— Amigo Jó, Jesus nos esclarece ser preciso que nos vejamos e tratemos como irmãos, trabalhando juntos, unindo esforços na prática do bem.

— E o que nos dirá o Senhor, quando acabarmos essa sublime obra em prol de um mundo justo e feliz?

— Sem dúvida, repetirá as palavras do Espírito de Verdade, que você poderá reler no capítulo 20, item 5 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.

— Que palavras são essas, amigo Kardec?

— "Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!"

— Assim será feita a tal separação entre os bodes e as ovelhas a que Jesus se refere em Mateus, 25:31 a 46?

— Exatamente. Ainda repetindo as palavras do Espírito de Verdade: "Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores corajosos, pois é aos que não recuaram diante de suas tarefas que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: 'Os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus."

— Quantos belos ensinamentos, querido Kardec. Preciso relê-los, meditar neles e praticá-los com mais frequência... Ei, Kardec! Kardec! Cadê você?

Olho para o alto de olhos lacrimosos, pois vejo, numa nuvem, o sublime Codificador do Espiritismo cristão despedir-se de mim, com o abano de uma das mãos. Acordo e passo a refletir...

 

Lembrete: história fictícia baseada no cap. 20, it. 5 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.

domingo, 14 de novembro de 2021

 


17 SEDE PERFEITOS


        Os seguintes temas serão abordados neste capítulo: características da perfeição; o homem de bem; os bons espíritas; parábola do semeador; instruções dos Espíritos: o dever; a virtude; os superiores e os inferiores; o homem do mundo; e cuidar do corpo e do espírito.


17.1 Características da perfeição

 

         Amem seus inimigos, façam bem aos que os odeiam e orem pelos que os perseguem e caluniam; porque se vocês não amam senão os que os amam, que recompensa terão disso? Os publicanos não fazem também assim? E se vocês saudarem somente os seus irmãos, que fazem nisso mais que os outros? Os gentios não fazem também assim? Sejam então vocês perfeitos, como seu Pai celestial é perfeito (Mateus, 5:44, 46- 48).

 

         Visto que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta máxima: "Sejam perfeitos, como seu Pai celestial é perfeito", interpretada literalmente, pressuporia a possibilidade de atingirmos perfeição absoluta. Se fosse dado à criatura ser tão perfeita quanto seu Criador, ela se tornaria igual a ele, o que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam compreendido essa sutileza. Ele se limita, portanto, a lhes apresentar um modelo e lhes diz para se esforçarem em alcançá-lo.

         Devemos portanto entender por essas palavras a perfeição relativa, a de que a humanidade é suscetível e que mais pode aproximá-la da Divindade. Em que consiste essa perfeição? Jesus o diz: “Amem seus inimigos, façam bem aos que lhes têm ódio, e orem pelos que os perseguem”. Ele mostra, assim, que a essência da perfeição é a caridade, no seu mais amplo significado, porque ela implica a prática de todas as outras virtudes.

         Com efeito, se observarmos o resultado de todos os vícios mesmo dos simples defeitos, reconheceremos que não há nenhum que não altere mais ou menos o sentimento de caridade, porque todos se originam do egoísmo e do orgulho, que são a sua negação. Porque tudo o que excita exageradamente o sentimento da personalidade destrói ou pelo menos, enfraquece os elementos da verdadeira caridade, que são: a benevolência, a indulgência, o sacrifício e o devotamento.

         O amor ao próximo, estendido até o amor aos inimigos, não podendo aliar-se com nenhum defeito contrário à caridade, é sempre, por isso mesmo, o indício de uma maior ou menor superioridade moral. Disso resulta que o grau de perfeição está na razão da extensão desse amor. Foi por isso que Jesus, depois de haver dado a seus discípulos as regras da caridade, no que ela tem de mais sublime, lhes disse: "Sejam perfeitos, como seu Pai celestial é perfeito".

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira 
http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

Aviso: a partir desta data, as postagens do evangelho serão feitas aos domingos e às quintas-feiras, salvo motivo impeditivo de força maior.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

 

16.8.7 Transmissão da riqueza

Ainda sobre o tema desprendimento dos bens terrenos, o elevado Espírito Luís, em Paris, 1860, trouxe-nos novos esclarecimentos à pergunta abaixo sobre o direito de herança.

O princípio segundo o qual o homem é apenas o depositário da fortuna que Deus lhe permite desfrutar, durante sua vida, tira-lhe o direito de transmiti-la a seus descendentes?

O homem pode perfeitamente transmitir, por sua morte, o que ele desfrutou durante a vida, porque o efeito desse direito está sempre subordinado à vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir os descendentes de usufruí-lo. É assim que vemos desmoronar as fortunas que parecem solidamente estabelecidas. A vontade do homem de conservar sua fortuna com seus descendentes, é portanto impotente, o que não lhe tira o direito de transmitir o empréstimo recebido, uma vez que Deus o retirará quando julgar conveniente.


Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira 
http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

            

terça-feira, 9 de novembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 496:

A CASA ESPÍRITA FECHADA É UM HOSPITAL VAZIO (Jó)

 


 

Bom dia, leitores amigos!

Outro dia, ao sair de consulta médica de rotina numa clínica em Brasília, encontrei, na sala de espera, um casal amigo que me reconheceu, embora todos estivéssemos de máscara, e disse que sente muita saudade das reuniões públicas presenciais na Federação Espírita Brasileira (FEB), em Brasília. Senti-lhes a vibração fraterna, mas também a tristeza por ver fechada a Casa de Ismael, cujo lema, estampado na fachada de sua entrada é: "Deus, Cristo e caridade".

Agradeci-lhes o cumprimento e reconhecimento amigo e informei-lhes que, brevemente, as portas da FEB serão reabertas e poderemos ver-nos sem máscara. Os abraços, por enquanto, só em espírito. As palestras, estudos e reuniões mediúnicas, só on-line, e os passes, só a distância.

Hoje, entretanto, 5 nov. 2021, reiniciou on-line a reunião anual do Conselho Federativo Nacional (CFN), que, desde o ano passado vem sendo realizada pela plataforma virtual. E enquanto eu trabalho num dos quartos do nosso apartamento, Lourdes, minha esposa amada, participa da reunião, como responsável pelo Departamento de Assistência Social de nossa querida casa.

Ao saber que Raul Teixeira iria falar, sabedora que é de minha amizade a ele desde a juventude, Lourdes fechou a imagem e o som para que eu, discretamente, ouvisse nosso irmão espírita. A isso, fico-lhe imensamente grato, graças ao carinho que sempre tive por Raul. E o que ele disse me fez lembrar o encontro que tive durante a semana com o casal espírita: "O centro espírita fechado é um hospital sem doentes, é um templo vazio."

Minha memória já não é tão boa, mas em essência foram essas as suas palavras, que abono. É muito bom assistir a palestras espíritas on-line, que pipocam Brasil afora e até no exterior. No meu entendimento, elas vieram para ficar, pois auxiliam a difusão da terceira revelação divina judaico-cristã por todo o mundo. Entretanto, é face a face, tête-à-tête, por vezes, que podemos ser esclarecidos, esclarecer, ser consolados e consolar...

Presencialmente, podemos esclarecer as dúvidas de quem chega, pela primeira vez, à casa espírita, o que nem sempre é possível ao palestrante on-line. Presencialmente, o passe é potencializado, pela transmissão instantânea dos fluidos energéticos e espirituais. Presencialmente, podemos avaliar melhor os irmãos e irmãs em condições de colaborar com a casa espírita em seus diversos setores. Presencialmente, os estudos das obras da Codificação de Allan Kardec são mais produtivos, por possibilitar a participação de todos sem as restrições dos trabalhos on-line...

Então, meus queridos leitores, sem qualquer desprezo ou encerramento das palestras on-line, que muito contribuem na expansão do conhecimento cristão-espírita, roguemos a Deus que inspire as direções das casas espíritas para que procedam, com todos os cuidados higiênicos, à reabertura de suas portas ao público. Pois este está sedento de esclarecimentos e do contato pessoal com nossos irmãos dedicados ao aprendizado e prática em comum dos conhecimentos desta filosofia, ciência e fé do Infinito.

 




 

 

sábado, 6 de novembro de 2021

 

Cantinho da poesia

Marília Sofrência Mendonça

 


Por: Jorge Leite de Oliveira (Jó)
 
Nunca pensei que um dia
fosse chorar pela morte
de alguém que eu não conhecia.
De repente, inopinadamente,
eis que um avião caiu
com cinco pessoas dentro.
Uma delas era cantora,
e as demais, seus amigos.
 
Por certo, eu já ouvira
seu canto em alguma rádio
sem saber que se tratava
de um fenômeno raro...
Logo eu, que amo cantar
e ouvir tantos cantores,
urbanos ou sertanejos,
fiquei fulo nesse pejo...
 
Agora, eu que admiro
tantas cantoras canoras,
tantos cravos, tantas rosas,
emito triste suspiro
A u'a mulher que compôs
tantas letras musicais
pra cantores e cantoras
e cedo nos deixa sós
ao som de suas mensagens.
 
Uma jovem a serviço
da cantiga feminil,
uma musa empoderada
genial desde menina...
Um dia, seu professor,
na impaciência da hora,
perguntou-lhe, de inopino,
o que desejava ser.
 
E ela não perdeu tempo
pra logo lhe responder
que almejava ser cantora,
mas não cantora qualquer.
E nisso ele não quis crer.
 
Tempos após, a Marília
foi por todo o mundo vista
em live de três milhões,
numa estupenda conquista...
 
Até o craque Neymar
recebeu, com muito encanto,
a homenagem do canto
e o encanto de Marília.
 
Só eu não a conhecia...
 
A Globo então dedicou
tarde, noite e todo um dia
como justa homenagem
à despedida de Marília.
 
Agora que eu a conheço,
eu também sofro, Sofrência.
Despreze-me, não mereço
desfrutar de sua presença,
 
Mas perdoe-me, Marília,
pois aprendi com você
a dar valor à mulher
que, mesmo com pandemia,
não deixou de florescer
em todo lugar que ia.
 
E, também somente lido
por poucos gatos pingados,
este sofrido escritor,
nem por paixão ou sofrência,
jamais foi um bom cantor...
 
Mas nunca, amigo da onça,
enquanto choro na Terra,
canta e dança no Céu,
Canta! Marília Mendonça!
 
 
Brasília, DF, 6 de novembro de 2021.

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