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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 503:
a proposta (Jó)

 


Nestes dias em que estamos em Floripa, amigos leitores, estivemos refletindo sobre a época do nascimento de Jesus Cristo e suas promessas de envio do Espírito de Verdade. Daí surgir a ideia de escrever um soneto alexandrino, sob a inspiração do Alto.

Alexandrino é o poema que contém doze sílabas métricas em cada verso, ou seja, em cada linha do poema. E soneto é o poema de quatro estrofes: dois quartetos (estrofes de quatro versos cada uma) e dois tercetos (três versos em cada estrofe). Por fim, para conhecimento do leigo que me lê, o que não é o caso do presente leitor, o soneto contém 14 versos. Ei-lo:

 

Proposta
 
Ante alertas antigos atendamos às
Profecias proferidas pelos profetas,
Pois se os há verdadeiros também os há falsos,
Porém suas mentiras serão descobertas.
 
Somente Jesus é o caminho de verdade.
Às almas amorosas de rotas incertas
Prometeu proteção pelo perfeito Pai
Para quem não existem verdades secretas.
 
E veio para sempre o Espírito Verdade
Nos confortar na dor, trazer felicidade,
Reviver o Ano Bom e enfim nos consolar.
 
E veio nos propor a vencer a maldade,
Pois ser fiéis a Deus é agir com lealdade
E, como bons irmãos, a todos nos amar.
 
            Florianópolis, SC, 24 de dezembro de 2021.

     Aos meus fiéis seguidores, desejo um 2022 de plena paz, prosperidade e paciência, no enfrentamento de novos desafios, além de muito discernimento na escolha de nossos governantes. Que o lema febiano: “Deus, Cristo e Caridade” nos mostre o caminho da fidelidade à mensagem de Jesus. Que a caridade nos reúna ao seu amor e este ao amor de Deus, nosso querido Pai.

       Feliz Ano Novo!

domingo, 26 de dezembro de 2021

 


18.3 Aqueles que dizem: Senhor! Senhor!

 

          Nem todos os que me dizem: Senhor, Senhor entrarão no Reino dos Céus, mas somente entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em seu nome, e em seu nome não expulsamos os demônios, e em seu nome não realizamos muitos milagres? E eu então lhes direi, em voz alta: Afastem-se de mim, vocês que praticam obras de iniquidade (Mateus, 7:21-23).

          Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras, e as pratica, será comparado ao homem sábio, que edificou sua casa sobre a rocha. E quando a chuva caiu, os rios transbordaram e sopraram os ventos sobre aquela casa ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será comparado a um homem insensato, que edificou sua casa na areia. E quando a chuva caiu, e transbordaram os rios, e sopraram os ventos sobre ela, ela caiu, e foi grande a sua ruína. (Mateus, 7:24- 27 e Lucas, 6:46-49).

          Aquele, pois, que violar um destes menores mandamentos, e assim os ensinar aos homens, será considerado o último no Reino dos Céus; mas aquele que os cumprir e ensinar será grande no Reino dos Céus. (Mateus, 5:19).

 

          Todos os que confessam a missão de Jesus, dizem: Senhor, Senhor! Mas de que serve chamá-lo Mestre ou Senhor, se não seguem seus preceitos? São cristãos esses que o honram através de atos exteriores de devoção, e ao mesmo tempo sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? São seus discípulos esses que passam os dias em preces e não se tornam melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com os seus semelhantes? Não, porque assim como os fariseus, eles têm as preces nos lábios e não no coração. Pela forma, podem impor-se aos homens, mas não a Deus.

É em vão que dirão a Jesus: "Senhor, nós profetizamos, ou seja, ensinamos em seu nome; nós expulsamos os demônios em seu nome; nós comemos e bebemos com você!" Ele lhes responderá: "Não sei quem são. Afastem-se de mim, vocês que cometem iniquidade, que desmentem suas palavras pelas ações, que caluniam seu próximo, que espoliam as viúvas e cometem adultério! Afastem-se de mim, vocês, cujo coração destila ódio e fel, vocês que derramam o sangue de seus irmãos em meu nome, que fazem correrem as lágrimas em vez secá-las! Para vocês, haverá pranto e ranger de dentes, pois o Reino de Deus é para os que são mansos, humildes e caridosos. Não esperem dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade de suas palavras e de suas genuflexões. O único meio de vocês alcançarem graça diante dele é o da prática sincera da lei de amor e de caridade."

          As palavras de Jesus são eternas, porque elas expressam a verdade. Não são somente a salvaguarda da vida celeste, mas também a garantia da paz, da tranquilidade e da estabilidade do homem nas coisas da vida terrestre. Eis porque todas as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas que se apoiarem nas suas palavras serão estáveis como a casa construída sobre a rocha. Os homens as conservarão, porque nelas encontrarão sua felicidade. Mas aquelas que se apoiarem na sua violação, serão como a casa construída na areia: o vento das revoluções e o rio do progresso a arrastarão.

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 502:
AS MENSAGENS SIMBÓLICAS DO NATAL DE JESUS (JÓ)


 
            A interpretação da história do Natal oferece algumas lições universais que podem ser aprendidas e exercitadas por nós, irmãos menores de Jesus.  A seguir, comentamos alguns significados do Natal que são importantes para nós:
Humildade
            Jesus, governador espiritual da Terra, não escolheu nascer num palácio, embora, se o quisesse, poderia... A história do nascimento de Jesus ensina a todos o valor da humildade. O símbolo representado pela manjedoura destaca essa virtude. Jesus era esperado pelos judeus como seu rei, mas escolheu nascer na manjedoura  dum estábulo.
Esperança
            Os tempos eram difíceis e sua família foi perseguida, quando Herodes mandou matar todas as crianças com menos de dois anos de idade. O nascimento do Cristo foi um sinal de luz em meio às trevas da ignorância humana. Portanto, no significado do Natal também se destaca o valor da esperança. Aprendamos com a família de Jesus a não desistir e esperar por um bem, mesmo quando tudo pareça difícil.
Despojamento
            Aprendemos que Jesus, embora pudesse nascer muito rico, se quisesse, por ser o responsável pela formação da Terra e também ser seu governador espiritual, nasceu pobre. Destaca-se aqui o valor dos bens não materiais, dos bens que forjam o ser de uma pessoa pelo que ela é, e não pelo que ela tem.
Amor e família
            A humanidade observa o amor envolvido em toda a narrativa sobre o nascimento e vida de Jesus. O amor que move Jesus Cristo a descer das alturas a favor dos homens e viver como filho do carpinteiro José e de Maria, em lar harmonioso e feliz, é exemplar. O amor dos homens que buscam a Deus para honrá-lo, com base na moral proposta pelo Cristo, inicia-se na família. O amor da família unida e educada é o modelo básico para uma sociedade melhor.
            Que neste Natal nos lembremos das palavras de Jesus, expressas nesta regra áurea: "Tudo o que deseje que o próximo lhe faça, faça-lhe igualmente". Mas não nos limitemos a fazê-lo nesse dia. Façamo-lo em cada dia da presente existência física. Somente assim estaremos ajuntando tesouros no céu.
            Feliz Natal!    

domingo, 19 de dezembro de 2021

 


18.2 A porta estreita

 

Entrem pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição, e o caminho que leva a ela é espaçoso, e muitos são os que entram por ela. A porta da vida é pequena. Estreito é  o caminho que leva a ela, e poucos são os que a encontram (Mateus, 7:13-14).

Ao que alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos, então, os que se salvam? Ele lhe respondeu: Esforce-se por entrar pela porta estreita, porque lhe digo que muitos procurarão entrar por ela não o conseguirão. E quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, vocês estarão de fora, e começarão a bater à porta, dizendo: Abra-nos, Senhor. Ele lhes responderá, dizendo: Não sei de onde vocês são. – Então vocês começarão a dizer: Nós somos aqueles que, em sua presença, comemos e bebemos, a quem ensinou nas nossas praças. E ele lhes responderá: Não sei donde vocês são. Apartem-se de mim todos os que cometem iniquidade.

Ali será o choro e o ranger de dentes, quando vocês virem que Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas estão no Reino de Deus e que vocês ficam fora dele. E virão do oriente e do ocidente e do setentrião e do meio dia, muitos que se assentarão à mesa no Reino de Deus. Então os que forem os últimos serão os primeiros, e os que forem os primeiros serão os últimos (Lucas, 13:23-30).

 

         A porta da perdição é larga, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado pela maioria das pessoas. A da salvação é estreita porque quem deseje transpô-la deve fazer grandes esforços sobre si mesmo para vencer suas más tendências, e poucos se resignam a isso. Completa-se a máxima: Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.

         Tal é o estado atual da humanidade terrena, porque, sendo a Terra um mundo de expiação, nela o mal predomina. Quando estiver transformada, o caminho do bem será o mais frequentado. Essas palavras devem ser entendidas, portanto, em sentido relativo e não absoluto. Se tal houvesse de ser o estado normal da humanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição a imensa maioria das criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e todo bondade.

         Mas de quais delitos esta humanidade seria culpada, para merecer uma sorte tão triste, no presente e no futuro, se toda ela estivesse na Terra e a alma não tivesse outras existências? Porque tantos entraves semeados no seu caminho? Por que essa porta tão estreita, que apenas a um pequeno número é dado transpor, se a sorte da alma está definitivamente fixada após a morte? É assim que, com a unicidade da existência, estamos incessantemente em contradição com nós mesmos e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga, a luz se faz sobre os pontos mais obscuros da fé, o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então podemos compreender toda a profundidade, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

 


18 MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

 

Parábola da festa de casamento - A porta estreita – Nem todos os que dizem: Senhor, Senhor! entrarão no Reino dos Céus. Muito será pedido a quem muito recebeu. Instruções dos Espíritos: Ao que tem ser-lhe-á dado. Reconhece-se o cristão pelas suas obras.

 

18.1 Parábola da festa de casamento

 

Falando novamente em parábolas, Jesus lhes disse: — O Reino dos Céus é semelhante a um rei que, desejando fazer o casamento de seu filho, mandou os seus servos chamar os convidados para as bodas, mas eles recusaram ir. Enviou novamente outros servos, com ordem de dizer de sua parte este recado: Preparei meu jantar, mandei matar  meus bois e  todos os meus cevados; tudo está pronto; venham às bodas. Mas eles desprezaram o convite, e se foram, um para a sua casa de campo, e outro para seu negócio. Os outros pegaram os servos e os mataram, após lhes haverem feito muitos ultrages. O rei, sabendo disso, tomou-se de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou aqueles assassinos e lhes queimou a cidade.

Então disse a seus servos: — A festa de casamento está toda pronta; mas os que foram para ele convidados não eram dignos. Vão, pois, às saídas das ruas e a quantos acharem convidem para o casamento. Seus servos saíram então pelas ruas e levaram todos os que acharam, maus e bons; e a sala das bodas ficou cheia de convidados que se puseram à mesa.  

O rei entrou, em seguida,  para ver os que estavam à mesa e, percebendo ali que um homem não estava vestido com a túnica nupcial, disse-lhe: Amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? E o homem emudeceu. Então, disse o rei à sua gente: Atem suas mãos e pés  e lancem-no nas trevas exteriores: aí é que haverá pranto e ranger de dentes; porque muitos são chamados e poucos são escolhidos (Mateus, 22:1- 14).

        

        O incrédulo ri desta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, pois não admite que haja tantas dificuldades para realização duma festa, e ainda menos que os convidados cheguem a ponto de massacrar os enviados do dono da casa. "As parábolas – diz ele – são sem dúvida imagens, mas não devem passar os limites do verossímil".

         O mesmo se pode dizer de todas as alegorias, das fábulas mais engenhosas, se não lhes despojarmos de seus envoltórios, a fim de procurarmos-lhes o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais simples da vida, e as adaptava  aos costumes e ao caráter do povo a quem se dirigia. A maioria delas tinha por objetivo fazer penetrar nas massas populares a ideia da vida espiritual, e seu sentido só parece ininteligível aos que não se colocam  sob esse ponto de vista.

         Nesta parábola, Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é felicidade e alegria, a uma festa de casamento. Pelos primeiros convidados ele faz alusão aos judeus, que Deus havia chamado em primeiro lugar para o conhecimento da sua Lei. Os enviados do Senhor são profetas, que convidaram os judeus a seguir o caminho da verdadeira felicidade, mas cujas palavras foram pouco ouvidas, suas advertências eram desprezadas, e muitos deles foram mesmo massacrados como os servos da parábola. Os convidados que deixam de comparecer, alegando que tinham de cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas do mundo que, absorvidas pelas coisas terrenas, mostram-se indiferentes às coisas celestiais.

     Era crença comum entre os judeus de então que sua nação devia conquistar a supremacia sobre todas as outras. Deus não havia prometido a Abraão que sua posteridade cobriria a Terra inteira? Mas sempre tomando a forma pelo fundo, eles acreditavam tratar-se duma dominação efetiva e material.

         Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a ideia da unidade divina, essa ideia  permaneceu no estado de sistema pessoal, pois em nenhuma parte foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados, que ocultavam seus conhecimentos sob formas misteriosas, impenetráveis à compreensão das massas. Os judeus foram os primeiros que praticaram publicamente o monoteísmo. Foi a eles que Deus transmitiu sua Lei; primeiro por Moisés, depois por Jesus. É desse pequeno foco que partiu a luz que devia expandir-se pelo mundo inteiro, triunfar do paganismo e dar a Abraão uma posteridade espiritual "tão numerosa como as estrelas do firmamento". Mas os judeus, embora repelindo a idolatria, haviam negligenciado a lei moral, para se dedicar à prática mais fácil do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, dominada pelos romanos, estava esfacelada pelas facções, dividida pelas seitas; a própria incredulidade havia penetrado o santuário. Foi então que Jesus apareceu, enviado para chamá-los à observação da lei e para abrir-lhes os novos horizontes da vida futura. Primeiros convidados ao banquete da fé universal, eles repeliram, porém, as palavras do celeste Messias, e o sacrificaram. Foi assim que perderam o fruto que deviam colher da sua própria iniciativa.

    Seria injusto, entretanto, acusar o povo inteiro por tal estado de coisas. A responsabilidade coube principalmente aos fariseus e aos saduceus, que puseram a nação a perder, pelo orgulho e fanatismo de uns e  pela sua incredulidade de outros. São eles, sobretudo, que Jesus compara aos convidados que se negaram a comparecer ao banquete de núpcias. Depois acrescenta: O Senhor, vendo isso, mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus. Fazia entender assim que a palavra seria pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e que estes, aceitando-a, seriam admitidos à festa de núpcias em lugar dos primeiros convidados.

        Entretanto não basta ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para participar do banquete celeste. É necessário, antes de tudo, e como condição expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a Lei segundo o espírito. Ora, essa Lei está toda inteira nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Mas entre os que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e aplicam proveitosamente. Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! É por isso que Jesus disse: Muitos serão os chamados, e poucos os escolhidos.


Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

 

EM DIA COM O MACHADO 501:

Fidelidade à Doutrina do Cristo: o Espiritismo cristão (Jó)

  


         Em mais uma bela mensagem, dentre as centenas que nos trouxe pela mediunidade do inolvidável Chico Xavier, o Espírito Emmanuel propõe-nos fidelidade à Doutrina do Cristo, que nos é transmitida por seus missionários encarnados e desencarnados. Esta e outras lindas mensagens de Emmanuel, o leitor encontrará, na íntegra, no livro Plantão da paz, publicado pela Editora GEEM.

         Ser fiéis à Doutrina do Cristo é conservar conosco seus preceitos iluminativos baseados no amor, que devemos expressar com "dedicação e vida". Deus é Amor e, como somos seus filhos, fomos criados para, no exercício pleno do amor, sermos felizes onde e com quem estivermos, sem nos contaminarmos com a pandemia moral, muito pior do que a do vírus que tomou toda a Terra nos últimos anos.

         Alerta-nos, pois, Emmanuel, para nos precatarmos contra os cantos das sereias sobre a "falsa emancipação". E mesmo que líderes humanos nos digam que podemos "conciliar indisciplina e sublimação", devemos ser fiéis à Doutrina de Jesus à luz do Espiritismo cristão. Honremos esse tesouro divino com abnegação e devotamento ao próximo. É o que esse Espírito amoroso e cristianizado quer dizer, quando nos propõe a ser "mensagem viva" do Evangelho onde estivermos e com quem estivermos, transmitindo-lhe "o ensinamento, especialmente em forma de exemplo".

         Por fim,  incita-nos a suportar a incompreensão  e perseguição dos que "[...] até mesmo em nome da ciência e da filosofia, aspiram a implantar sobre a Terra o trânsito livre das paixões desgovernadas". Encoraja-nos a manter "a paz da consciência" e finaliza dizendo:

         "— Consciente de que o Senhor te chamou, acima de tudo, para compreender e servir, abençoarás os espinhos da cruz renovadora que te caiba, e, toda vez que o Mestre te busque o testemunho de fidelidade à Verdade Imutável ou ao Bem Imperecível, que possas responder de alma tranquila:

— Pronto, Senhor! Eu estou aqui."

domingo, 12 de dezembro de 2021

 


17.5.5 Cuidar do corpo e do espírito
Georges
Espírito Protetor, Paris, 1863

 

         Consistirá a perfeição espiritual na maceração do corpo? Para resolver esta questão, apoio-me em princípios elementares e começo por demonstrar a necessidade de cuidar do corpo que, segundo as alternativas de saúde e doença, influi sobre a alma de maneira muito importante, pois temos de considerá-la como cativa  na carne. Para que esta prisioneira viva, movimente-se e conceba mesmo a ilusão da liberdade, o corpo deve estar são, disposto, forte. Façamos uma comparação: eis que ambos se encontram em perfeito estado; que se deve fazer para manter o equilíbrio entre suas aptidões e suas necessidades tão diferentes?

         Dois sistemas se defrontam aqui: o dos ascetas, que querem abater o corpo, e o dos materialistas, que querem rebaixar a alma: duas violências, quase tão insensatas uma quanto a outra. Ao lado desses dois grandes sistemas, fervilha a multidão dos indiferentes que, sem convicção nem paixão, são mornos no amor e moderados no desfrutar. Onde, então, está a sabedoria? Onde, então, está a ciência de viver? Em parte alguma; e esse grande problema ficaria inteiramente por resolver, se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores, para demonstrar-lhes as relações existentes entre o corpo e a alma, dizer-lhes que, desde que são reciprocamente necessários, é indispensável cuidar de ambos.

         Ame, pois, sua alma, mas cuide também do corpo, instrumento da alma. Ignorar as necessidades que a própria natureza indica, é desconhecer a Lei de Deus. Não castigue o corpo pelas faltas que seu livre-arbítrio o fez cometer, e pelas quais ele é tão responsável como o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que cause. Você será, por acaso, mais perfeito se, martirizando o corpo, não se tornar menos egoísta, menos orgulhoso mais caridoso para com seu próximo? Não, a perfeição não está nisso, mas inteiramente nas reformas a que submeter seu Espírito. Dobre-o, subjugue-o, humilhe-o, mortifique-o: esse é o meio de o tornar dócil à vontade de Deus, e o único que conduz à perfeição.

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

 


17.5.4 O homem no mundo

Um Espírito protetor

Bordeaux, 1863

 

         Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração daqueles que se reúnem sob o olhar do Senhor, implorando a assistência dos bons Espíritos. Purifiquem, portanto, seus corações. Não deixem que neles se alojem pensamentos mundanos ou fúteis. Elevem seus espíritos àqueles a quem vocês apelam, a fim de que eles possam, encontrando em vocês as disposições favoráveis, lançar em profusão as sementes que devem germinar em seus corações, para neles produzir os frutos da caridade e da justiça.

         Não creiam, porém, que ao exortá-los incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levá-los a viver uma vida mística, que os mantenha fora das leis da sociedade em que estão condenados a viver. Não, vivam com os homens de sua época, como devem viver os homens. Sacrifiquem-se às necessidades, às frivolidades mesmo de cada dia, mas façam-no com um sentimento de pureza que as possa santificar.

         Vocês foram chamados ao contato de espíritos de naturezas diversas, de caracteres opostos; não melindrem a nenhum daqueles com quem se encontrarem. Sejam alegres e felizes, mas seja a sua alegria a de uma boa consciência e a felicidade do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.

         A virtude não consiste numa aparência severa e lúgubre, em repelir os prazeres que a condição humana permite. Basta reportar todos os seus atos ao Criador que lhes deu  vida. Basta, ao começar ou acabar uma tarefa, que elevem o pensamento ao Criador, pedindo-lhe, num impulso da alma, a sua proteção para executá-la ou a sua bênção para a obra acabada. Ao fazerem qualquer coisa, voltem seus pensamentos à fonte suprema; nada façam sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar seus atos.

         A perfeição, como disse o Cristo, está inteiramente na prática da caridade absoluta, mas os deveres da caridade estendem-se a todas as posições sociais, desde a mais ínfima até a mais elevada. O homem que vivesse isolado não teria como exercer a caridade. Somente no contato com seus semelhantes, nas lutas mais penosas, ele encontra a ocasião de praticá-la. Aquele que se isola, portanto, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de perfeição; só tendo de pensar em si, sua vida é a de um egoísta. (Ver cap. V, n" 26).

         Não imaginem, portanto, que para viver em constante comunicação conosco, para viver sob o olhar do Senhor, seja preciso entregar-se ao cilício e cobrir-se de cinzas. Não, não, ainda uma vez lhes dizemos. Sejam felizes no quadro das necessidades humanas, mas que em sua felicidade não entre jamais um pensamento nem um ato que o possa ofender ou faça velar a face dos que os amam e os dirigem. Deus é amor e abençoa aqueles que amam santamente.

        

        Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

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terça-feira, 7 de dezembro de 2021

EM DIA COM O MACHADO 500:

110 ANOS DA INAUGURAÇÃO DA SEDE HISTÓRICA DA FEB... (Jó)

 


A Federação Espírita Brasileira (FEB), como é sabido pelos estudiosos da Doutrina Espírita, foi inaugurada no dia 1º de janeiro de 1884, ou seja, um ano após a criação, por Augusto Elias da Silva, da revista Reformador, que se tornou seu órgão inicial de divulgação. Entretanto, a inauguração da sede histórica somente ocorreu 27 anos depois.

Há 110 anos, Reformador de dezembro de 1911 anunciou a inauguração da sede da FEB, situada na avenida Passos, nº 30 – centro -  Rio de Janeiro.  O administrador da revista era Pedro Richard, e o endereço da revista, na data da publicação da inauguração da sede febiana, era a rua do Rosário, nº 133, 1º and., Rio de Janeiro. Na época, a revista era publicada quinzenalmente.

Na primeira página da publicação, somos informados sobre a atividade de auxílio aos necessitados e a livraria no pavilhão térreo da casa. Sua biblioteca ficava no primeiro andar, assim como a secretaria, a tesouraria e o serviço de expedição da revista. Preveem-se ali salas destinadas a aulas de "instrução elementar e secundária", além doutros serviços à sociedade.

A grande atração foi a destinação de grande salão, no segundo andar, para palestras espíritas a serem proferidas às terças e sextas-feiras. No alto da fachada do prédio, foi colocado, em letras grandes, o lema da casa: "Deus, Cristo e Caridade". O autor do texto informa que esse lema expressa a síntese de nossa união com o Cristo, que nos levará a Deus, nosso Pai amantíssimo e sábio.

Nas páginas seguintes, fez-se "esboço histórico" do edifício, quando foram informados nomes de pioneiros de sua inauguração, e manifestaram-se agradecimentos por doações altruístas, que permitiram à casa levantar os recursos econômicos para a edificação do prédio. Este, atualmente, é designado como sede histórica, uma vez que a sede definitiva veio para Brasília em 3 de outubro de 1967.

Para encerrar, dedico à sede histórica da FEB, no Rio de Janeiro, um poema em homenagem aos 110 anos de sua inauguração, a se completar em 10 de dezembro de 2021:

 

Homenagem à sede histórica da FEB
 
Dez de dezembro de 1911:
inaugurava-se na avenida Passos
a Federação Espírita Brasileira.
Tudo era festa, tudo era alegria e abraços!
 
Ali se reuniam almas generosas
sob bandeira augusta a lhes guiar os passos,
sintetizada assim: Deus, Cristo e Caridade!
que à união dos crentes fortalece os laços.
 
Arautos do Evangelho ainda estão ali,
e é dali que a FEB se expande também
incentivando a Terra à prática do bem.
 
A todos acresceu Elias oração
rogando ao Cristo amado sua proteção,
e a FEB, humilde e Boa, doa-se ao Brasil.

 

 

 


domingo, 5 de dezembro de 2021


 

17.5.3 Os superiores e inferiores
François-Nicolas-Madeleine
Cardeal Morlot, Paris, 1863

 

         A autoridade, da mesma maneira que a fortuna, é uma delegação de que se pedirá contas a quem dela foi investido. Não creiam que ela seja dada para satisfazer ao vão prazer de mandar, nem tampouco, com um direito ou uma propriedade, segundo pensa falsamente a maioria dos poderosos da Terra. Deus, aliás, lhes prova constantemente que ela não é nem uma nem outra coisa, pois a retira quando lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente à personalidade, seria inalienável. Ninguém pode dizer, entretanto, que uma coisa lhe pertence, quando lhe pode ser tirada sem o seu consentimento. Deus concede autoridade a título de missão ou de prova, quando julga conveniente e da mesma forma a retira.

         Quem quer que seja o depositário da autoridade, seja qual for sua extensão, desde a do senhor sobre o servidor, até a do soberano sobre o seu povo, não deve esquecer que tem almas a seu encargo, que responderá pela boa ou má direção que der aos seus subordinados, e que sobre ele recairão as faltas que estes venham a cometer, os vícios a que forem arrastados em consequência dessa orientação ou dos maus exemplos, do mesmo modo  que recolherá os frutos de sua solicitude, por conduzi-los ao bem.

         Todo homem tem, na Terra, uma pequena ou uma grande missão. Qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem. Desviá-la, pois, do seu sentido, é fracassar no seu cumprimento.

         Se Deus pergunta ao rico: Que você fez da fortuna que devia ser em suas mãos uma fonte espalhando a fecundidade à sua volta? Também perguntará ao que possui alguma autoridade: Que uso você fez dessa autoridade? Que males impediu? Que progressos facultou? Se lhe dei subordinados, não foi para torná-los escravos de sua vontade, nem dóceis instrumentos de seus caprichos e de sua cupidez; se lhe fiz forte e lhe confiei os fracos, foi para que os amparasse e os ajudasse a subir até mim.

         O superior que está compenetrado das palavras do Cristo não despreza nenhum dos que lhe estão abaixo, porque sabe que as distinções sociais não prevalecem diante de Deus. O Espiritismo lhe ensina que, se eles hoje o obedecem, podem já tê-lo comandado, ou poderão comandá-lo mais tarde, e que então será tratado como os tratou.

         Se o superior tem deveres a cumprir, o inferior também os tem, e não são menos sagrados. Se este também é espírita, sua consciência lhe dirá, melhor ainda, que não está dispensado de cumpri-los, ainda mesmo que seu chefe não cumpra os dele, porque sabe que não deve pagar o mal com o mal, e que as faltas de uns não justificam as de outros. Se sofre na sua posição, dirá que sem dúvida o mereceu, porque ele mesmo talvez tenha abusado outrora de sua autoridade, devendo agora sentir os inconvenientes de que fez os outros sofrerem. Se é forçado a suportar essa posição na falta de outra melhor, o Espiritismo lhe ensina a resignar-se a isso como uma prova à sua humildade, necessária ao seu adiantamento.

         Sua crença o guia na sua conduta; ele age como desejaria que seus subordinados agissem com ele, caso ele fosse o chefe. Por isso mesmo é mais escrupuloso no cumprimento das obrigações, pois compreende que toda negligência no trabalho que lhe foi confiado será um prejuízo para aquele que o remunera, e a quem deve seu tempo e seus esforços. Numa palavra, ele é guiado pelo sentimento do dever que sua fé lhe dá, e pela certeza de que todo desvio do caminho reto será uma dívida, que terá de pagar mais cedo ou mais tarde.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

 


17.5.2 A virtude

François-Nicolas-Madeleine

Paris, 1863

 

         A virtude, no seu mais alto grau, abrange todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, trabalhador, sóbrio, modesto são as qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, elas são muitas vezes acompanhadas de pequenas doenças morais, que lhes tiram a graça, as atenuam. Aquele que ostenta sua virtude não é virtuoso, pois lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e sobra-lhe o vício que lhe é mais contrário: o orgulho. A virtude verdadeiramente digna desse nome não gosta de exibir-se. Nós a adivinhamos, mas ela se esconde na obscuridade e foge à admiração das multidões. Vicente de Paulo era virtuoso; o digno Cura d'Ars era virtuoso, assim como muitos outros pouco conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam  que fossem virtuosos; eles deixavam-se ir na corrente de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos. Deixavam-se levar pela corrente de suas aspirações, e praticavam o bem com absoluto desinteresse e completo esquecimento de si mesmos.

         É à virtude, assim compreendida e praticada que os convido, meus filhos. É a essa virtude realmente cristã e verdadeiramente espírita, que os convido a consagrar-se. Mas afastem de seus corações o sentimento de orgulho, de vaidade, de amor próprio, que sempre tiram o encanto das mais belas qualidades. Não imitam essa pessoa que se apresenta como modelo e se gaba das próprias qualidades a todos os ouvidos tolerantes. Essa virtude ostentada esconde, quase sempre, uma porção de pequenas torpezas e odiosas covardias.

         Em princípio,  quem se exalta, quem levanta uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples ato, todos os méritos que efetivamente podia ter. Mas que direi daquele cujo valor  está em parecer o que não é? Admito perfeitamente que quem faz o bem sente uma satisfação íntima no fundo do coração, mas desde que essa satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.

         Oh, todos vocês, a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabem quanto a humanidade está longe da perfeição, nunca cedam a isso! A virtude é uma graça, que desejo para todos os espíritas sinceros, mas com esta advertência: mais vale poucas virtudes com modéstia, do que muitas com orgulho. É pelo orgulho que as humanidades sucessivamente se têm perdido; é pela humildade que elas deverão redimir-se um dia.

 

Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

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