Páginas

sábado, 29 de fevereiro de 2020


Continuação da tradução livre d'O Evangelho Segundo o Espiritismo, terceira edição francesa.
Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira



Sábado, 29 de fevereiro de 2020.

8.4 Escândalos: Se sua mão é motivo de escândalo, corte-a

Ai do mundo, por causa dos escândalos. Porque é necessário que sucedam escândalos, mas ai daquele homem por quem vem o escândalo (Mateus, 18:7).[1]
Se alguém escandalizar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma dessas mós que um asno faz girar e o lançassem ao fundo do mar (Mateus, 18:6).
Tenha muito cuidado em não desprezar um desses pequeninos. Declaro-lhe que seus anjos no Céu veem incessantemente a face de meu Pai, que está nos Céus. Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido (Mateus, 18:10,11).
Se sua mão ou seu pé é objeto de escândalo, corte-os e lance-os longe de você; é bem melhor para você entrar na vida tendo um só pé ou uma só mão do que ter dois e ser lançado no fogo eterno. Se seu olho é objeto de escândalo, arranque-o e lance-o longe de você; será melhor para você entrar na vida tendo só um olho do que tendo dois e ser precipitado no fogo do inferno (Mateus, 18:8,9).

No sentido vulgar, escândalo é tudo aquilo que choca a moral ou a decência  de maneira ostensiva. O escândalo não está na ação em si mesma, mas na repercussão que ela possa ter. A palavra escândalo implica sempre a ideia de um certo estrondo. Muitas pessoas se contentam com evitar o escândalo, porque seu orgulho sofreria com ele e sua consideração entre os homens diminuiria. Desde que suas torpezas sejam ignoradas, é o que basta para a consciência repousar. Esses são, segundo as palavras de Jesus: "Sepulcros brancos por fora, mas cheios de podridão por dentro; vasos limpos no exterior, mas sujos no interior".
No sentido evangélico, a acepção da palavra escândalo, tão frequentemente empregada, é muito mais geral, motivo por que não se compreende seu significado em certos casos. Escândalo não é somente o que choca a consciência alheia, mas tudo o que resulta dos vícios e das imperfeições humanas, todas as más ações de indivíduo para indivíduo, com ou sem repercussões. O escândalo, nesse caso, é o resultado efetivo do mal moral.
(Continua na próxima semana.)



[1] A sequência invertida deste primeiro versículo está como consta na terceira edição francesa.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020




A FAMÍLIA NA VISÃO DAS TRÊS REVELAÇÕES DIVINAS
Jorge Leite de Oliveira


Allan Kardec explica-nos que há três Revelações Divinas: a primeira está no Decálogo, recebido por Moisés no monte Sinai; a segunda é a do Cristo, que não veio destruir a Lei, porém cumpri-la, isto é, a Lei de Deus, inscrita nos Dez Mandamentos; e a terceira é a do Espiritismo, que também “não veio destruir a lei cristã, mas dar-lhe cumprimento”[1].
O Espiritismo, ao contrário das revelações de Moisés e de Jesus, não está personificado numa só pessoa, mas sim, nos Espíritos emissários do Cristo, em cumprimento à sua promessa contida em João, 14:15-17:

Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele dar-vos-á outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.

Tudo que contém os Dez Mandamentos foi desenvolvido pelas leis morais de Jesus, que precisou, muitas vezes, usar de alegorias, parábolas e simbolismos para ser entendido, não segundo a letra, que mata, mas consoante o espírito, que vivifica (Paulo, II Coríntios, 3:6). Coube ao Espiritismo, terceira e última revelação, esclarecer o sentido oculto das palavras do Senhor, que presidiu todas as manifestações mediúnicas, codificadas por Allan Kardec, e foi representado pelo Espírito de Verdade.
Analisando o que o Decálogo nos expõe, percebemos que todos nós fazemos parte de uma só família espiritual, que tem Deus por Pai. É importante não perdermos isso de vista, pois foi dito pelo Cristo à samaritana, assim como em seu ensinamento da prece Pai Nosso e, mais claramente, nas palavras do Senhor ressuscitado a Maria Madalena: “Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João, 20:17).
Os Dez Mandamentos, recebidos por Moisés, que o Messias Divino jamais modificou, são orientações de Nosso Pai Eterno, segundo, Jesus. Entretanto, o que eram leis mosaicas, “Ele, ao contrário, as modificou profundamente, quer na substância, quer na forma”[2].
A metade dos dez mandamentos refere-se, direta ou indiretamente, à família espiritual e humana, a começar pelo primeiro mandamento, que nos mostra a Paternidade Divina:

I. Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do Céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano[3].

Também somos deuses, confirma Jesus em João, 10:34 o que disse Davi no Salmo, 82:6 “Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo”. Assim como o Cristo, puro em relação a nós, é Filho de Deus, também somos filhos desse Pai Altíssimo. Nessa condição, temos de amá-Lo sobre todas as coisas, e nos conscientizarmos de que fazemos parte da família espiritual, cujo Pai é a “Inteligência Suprema, causa primeira de todas as coisas”[4].
O segundo mandamento de nosso Pai Eterno a nós, seus filhos, criados para a perfeição, é o seguinte: “Não pronunciareis em vão o nome do Senhor, vosso Deus”.
Como todo bom filho tem o dever de respeitar seus pais, jamais lhes fazendo qualquer crítica ou comentário maldoso, muito maior é o dever de todos nós, filhos de Deus, em somente pronunciar seu nome com toda a veneração, submissão e amor. A nossa família é universal e o Amor Divino rege nossas vidas.
Somos filhos do Eterno. Criados para a imortalidade e a perfeição, como já a alcançou Jesus, também chamado Filho unigênito de Deus, em relação a nós, seus irmãos imperfeitos, pelos quais o Cristo vela e trabalha em prol do aperfeiçoamento. Não somos, portanto, um amontoado de células e neurônios, mas sim, Espíritos, temporariamente no corpo físico, aos quais Jesus recomenda fazer brilhar a nossa luz. Para isso, conquistamos o livre-arbítrio, que nos torna responsáveis por tudo de bom ou de mau que façamos, na Terra ou no Mundo Espiritual. Não pronunciar em vão o nome de Nosso Pai Eterno é, pois, agir em consonância com sua Lei e nos esforçarmos para atender ao apelo de seu Enviado Maior: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos Céus” (Mateus, 5:48).
O quarto mandamento, terceiro relacionado à família, é uma Advertência Divina diretamente relacionada ao dever dos filhos para com seus pais: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará”.
Comenta Allan Kardec que esse mandamento

[...] é uma consequência da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe, mas o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Deus, dessa forma, quis mostrar que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que implica a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo que a caridade ordena em relação ao próximo em geral. Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe [...] [5].

Kardec esclarece-nos ainda de que não é somente respeitando nossos pais e, sim, assistindo-os em suas necessidades espirituais e materiais que os honramos. “É sobretudo para com os pais sem recursos que se demonstra a verdadeira piedade filial” (id., p. 192), mas não quando se lhes dá o estritamente necessário para que não morram famintos e se lhes reserva os piores cômodos da casa, enquanto para si os filhos desfrutam do que há de melhor no lar.
Honrar a seu pai e a sua mãe não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância. Nossa ingratidão e desprezo aos nossos pais pode ser punida com os mesmos males que lhes fizermos, ainda mesmo na existência atual.
Em seguida, somos informados pelo sábio Codificador do Espiritismo que não cabe aos filhos censurar seus pais por não serem bons, pois

Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não se diga mal do próximo, se esqueçam e perdoem as suas faltas, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações em relação aos pais! Os filhos devem, pois, tomar como regra de conduta para com esses últimos todos os preceitos de Jesus relativos ao próximo e ter em mente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, é ainda mais censurável em relação aos pais, e que o que talvez não passe de simples falta no primeiro caso pode tornar-se um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão [6].

Na época em que Moisés recebeu os Dez Mandamentos, “[...] a expressão a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará” era apropriada à terra prometida por Moisés aos hebreus em fuga do Egito. A linguagem fora adequada àquele povo inculto e sem noção precisa sobre a vida no mundo espiritual. Quando Jesus esteve no Mundo, no seio daquele povo, suas ideias já estavam mais claras, o que permitiu ao Cristo esclarecê-lo sobre a pátria espiritual para onde iremos todos nós: “Meu Reino não é deste mundo; é lá e não na Terra, que recebereis a recompensa das vossas boas obras” [7]. Isso porque a verdadeira vida é a espiritual e não a material. O apego às riquezas do mundo, onde “a traça rói, a ferrugem corrói e o ladrão rouba” custará caro aos fascinados pelas coisas materiais, pois devemos juntar “tesouros no Céu”, onde nada disso ocorre, como disse Jesus (Mt 6:19-20).
Na questão 207 d'O livro dos espíritos, Kardec pergunta se os pais transmitem aos filhos, junto com a semelhança física, a identidade moral. Em resposta, é-lhe informado que tal não ocorre, pois, o Espírito não procede do Espírito, como ocorre com o corpo.
Na questão 209, ao ser perguntado pelo Codificador o porquê de “nem sempre” um Espírito bondoso ser atraído pelas “boas qualidades dos pais”, Kardec recebe a seguinte resposta: “Um Espírito mau pode pedir bons pais, na esperança de que seus conselhos o dirijam por um caminho melhor, e muitas vezes Deus o atende” [8]. 
Conclui Kardec sobre a existência de

[...] duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corpóreos. As primeiras são duráveis e se fortalecem pela purificação, perpetuando-se no mundo dos Espíritos através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual [...] [9].

Em longa mensagem n’O evangelho segundo o espiritismo, Santo Agostinho explica-nos que “A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos, mas a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso”[10].
O sexto mandamento, a nosso ver, corresponde à quarta lei divina relacionada à família que, originalmente, dizia respeito à necessidade de fidelidade mútua entre homem e mulher na constelação familiar: “Não cometereis adultério” [11]. Ao lhe ser apresentada “uma mulher apanhada em adultério”, Jesus propôs aos escribas e fariseus que ameaçavam apedrejá-la, de acordo com lei mosaica, a atirar a primeira pedra quem dentre eles estivesse sem pecado. Não houve quem se atrevesse a lapidá-la, mas o Cristo, após dizer à pecadora que não a condenava, recomendou-lhe ir e não mais pecar (João, 8:3-11).
Em seu comentário à sentença de Jesus: Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver sem pecado”, diz Kardec que a indulgência às faltas alheias é um dever de consciência de cada um de nós, pois, antes de julgarmos alguém, devemos observar se também nós não estamos sujeitos à censura por falta semelhante. Entretanto, se a crítica feita a outrem tem por objetivo “desacreditar a pessoa cujos atos se criticam”, essa atitude é indesculpável, pois nela só há maldade. O mesmo não ocorre quando o objetivo é a repressão do mal, quando a censura “pode ser louvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque daí pode resultar um bem e porque, a não ser assim, jamais o mal seria reprimido na sociedade”. E conclui Kardec:

Jesus não podia proibir que se censurasse o mal, uma vez que Ele próprio nos deu o exemplo, tendo-o feito em termos enérgicos. Quis, porém, dizer que a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que censura [...]. Aos olhos de Deus, a única autoridade legítima é a que se apoia no exemplo que dá do bem. É o que, igualmente, ressalta das palavras de Jesus [12].
             O nono mandamento censura a paixão masculina em relação à beleza feminina, quando tal arrebatamento do homem viola o direito do seu semelhante à mulher que ama e com a qual já forma família: “Não desejeis a mulher do vosso próximo”. É o quinto dos dez mandamentos que dizem respeito à base familiar, iniciada por nosso Pai eterno: o respeito à união por amor entre o homem e a mulher, da qual decorre, em regra, a procriação.
Não faltará quem nos critique, alegando que a lei e os costumes se modificam com o tempo e que, o que se aplicava na época de Moisés e, mesmo, de Jesus, já não cabe em nosso tempo. Entretanto, respondemos aos que alegam tais coisas que nos baseamos no que está contido na Lei Divina, imutável e aplicável a todos os tempos e a todos os países, conforme assegura Allan Kardec [13]. Ninguém foge à Lei de Deus, pois ela está inscrita na consciência de cada um [14]. Jamais nos esqueçamos de que Jesus revogou as leis temporais mosaicas, mas manteve fidelidade às Leis eternas de Deus.
Tudo o que foi dito não nos impede de exercitar o respeito e a tolerância àqueles que pensam diversamente, ainda que nada dissemos que não possa ser confirmado nas obras das três revelações cristãs, e que decorre de nossos humildes estudos e esforços em lhes sermos fiéis. Desse modo, sem sermos coniventes com o que consideramos não fazer parte das Leis imutáveis de Deus, nosso Pai, Senhor da família universal, mas com todo o respeito aos que ainda não as aceitam, ou desconhecem, oferecemos aos nossos leitores, para reflexões finais, a mensagem do Espírito de Verdade: “Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. Todas as verdades encontram-se no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana. E eis que do Além-Túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos conclamam: “Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade” [15]. O Espiritismo, Cristianismo redivivo, nos ensina que todos somos irmãos, independentemente de crenças, e fazemos parte da grande família universal, cujo Pai é Deus.

REFERÊNCIAS



[1] KARDEC, A. O evangelho segundo o espiritismo. 2. ed. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, cap. 1, p. 37- 40.
[2] Id., cap. 1, p. 38.
[3] Id., p. 37.
[4] KARDEC, A. O livro dos espíritos. 4. ed. 4. imp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, p. 53, q. 1.
[5] KARDEC, A. O evangelho segundo o espiritismo. 2. ed. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, cap. 14, p. 191.
[6] Id., p. 192.
[7] Id., p. 193.
[8] KARDEC, A. O livro dos espíritos. 4. ed. 4. imp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, p. 133- 134.
[9] KARDEC, A. O evangelho segundo o espiritismo. 2. ed. 4. imp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, cap. 14, it. 8.
[10] Id., cap. 14, it. 9.
[11] Id., cap. 1, p. 38.
[12] Id., cap. 10, it. 13.
[13] KARDEC, A. O evangelho segundo o espiritismo. 2. ed. 4. imp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, cap. 1, it. 2.
[14] KARDEC, A. O livro dos espíritos. 4. ed. 4. imp. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Brasília: FEB, 2017, q. 621.
[15] Id., cap. 6, it. 5.  

Pub. em Reformador/FEB: jul. 2018.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020




EM DIA COM O MACHADO 408:
o que somos: kardecistas ou espíritas? (Jó)

Brasília, terça-feira, 25 de fevereiro de 2020.

Segundo meu irmão espírita R., no "meio espírita" existe uma confusão sobre o que seja Espiritismo e Kardecismo, pois este último termo designa os adeptos dos ensinos de Allan Kardec, enquanto o anterior se refere à Doutrina dos Espíritos superiores, cujos adeptos são os espíritas. R. deduz que, nas obras codificadas por Kardec, há posições deste, como também há a dos Espíritos superiores, que "destoam indubitavelmente". Daí, conclui haver, sim, Kardecismo e Espiritismo...
Em seguida, cita o exemplo da questão 540 d'O Livro dos Espíritos (LE), primeira obra espírita publicada por Kardec. Aqui, diz, os Espíritos superiores afirmam que a evolução espiritual ocorre do átomo ao arcanjo, mas Kardec, em seus comentários à questão 613 da obra citada, alega que "a questão da evolução espiritual do homem está nos segredos de Deus".
Permita-me discordar de você, meu caro irmão. Kardec refere-se, nos comentários à questão 613, sobre "o ponto de partida do Espírito" e não à questão de nossa evolução espiritual. Os próprios Espíritos superiores já o haviam esclarecido sobre esse assunto, quando disseram que "[...] no homem, a inteligência passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal" (questão 606-a do LE). E, na questão 607-b, afirmam que "o ponto de partida da primeira encarnação humana" é iniciado, em geral, "em mundos ainda mais inferiores à Terra", embora possa acontecer que o homem, excepcionalmente, "desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra".
Como na questão 608 somos informados de que mal nos lembramos de nossas "primeiras existências humanas", e na questão 610 é dito que o homem é, de fato, "um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino", foi ao "ponto de partida do Espírito", esquecido no tempo, como foi dito na questão 609, que Kardec quis referir-se, em nosso modesto entendimento. Em que momento isso ocorre é o que o Codificador diz que está nos desígnios de Deus.
Kardec jamais se enganou em seus comentários ao que os Espíritos superiores nos transmitiram? Isso não se pode afirmar. Não vem ao caso aqui citar os pontos em que ele mesmo reconheceu ter-se enganado. Outros, ele não teve tempo de aprofundar melhor, mas também não vale a pena citar neste espaço quais, para não criar polêmicas totalmente contrárias ao espírito de tolerância recomendado por ele e pelos Espíritos superiores.
Divergências à parte, concordo com o que R. me disse ter sido afirmado pelo tribuno espírita de nossa mais alta estima e consideração, Divaldo Pereira Franco: "Não somos kardecistas, e sim espíritas". Isso, porém, em nada diminui o mérito de Allan Kardec, e muito menos o de outros missionários da revelação dos Espíritos. O que precisamos, antes de mais nada, é ser espíritas cristãos, ou seja, adeptos da Doutrina Espírita à luz da Boa Nova trazida à Terra por aquele que o Espírito Emmanuel denominou "Luz do Mundo", o Cristo de Deus, "Caminho, Verdade e Vida". Esse é o verdadeiro espírita...
                                                                                             

sábado, 22 de fevereiro de 2020


Continuação da tradução livre da terceira edição francesa d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Prof. dr. Jorge Leite de Oliveira



8.3 Verdadeira pureza. Mãos não lavadas 

Então, os escribas e fariseus  que tinham chegado de Jerusalém aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: Por que seus discípulos violam a tradição dos antigos? pois não lavam as mãos quando fazem suas refeições.
Mas Jesus respondeu-lhes: Por que vocês violam o mandamento de Deus, para seguir sua tradição? Porque Deus fez este mandamento: Honre seu pai e sua mãe, e este outro: Aquele que disser a seu pai ou a sua mãe palavras ultrajantes seja punido de morte. Entretanto vocês dizem: Aquele que haja dito a seu pai ou a sua mãe: Toda a oferenda que faço a Deus  aproveitará a você, satisfaz a lei, ainda que depois o tal não honre nem assista seu pai ou sua mãe. Assim, tornam  inútil o mandamento de Deus, pela sua tradição.
Hipócritas, Isaías bem profetizou de vocês, quando disse: Esse povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe de mim. E é em vão que me honram, ensinando máximas e ordenações humanas.
Depois, havendo chamado o povo, disse-lhe: Ouçam e compreendam bem isto. Não é o que entra pela boca  que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. O que sai da boca procede do coração, e é o que torna o homem impuro, pois é do coração que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos testemunhos, as blasfêmias e as maledicências.  Essas são as coisas que tornam o homem impuro, mas comer sem lavar as mãos não é o que o torna impuro.
Então, seus discípulos aproximaram-se dele e lhe disseram: Sabe que os fariseus, depois que ouviram suas palavras, ficaram escandalizados? Mas Ele respondeu-lhes: Toda planta que meu Pai não plantou será arrancada. Deixem-nos; são cegos que conduzem cegos. E se um cego guia  outro cego, ambos caem no fosso (Mateus, 15:1-20).
Enquanto Jesus estava falando, pediu-lhe um fariseu que fosse jantar com ele, e havendo entrado, sentou-se à mesa. O fariseu começou então a dizer consigo mesmo: Por que Ele não lavou as mãos antes de jantar? Porém, o  Senhor lhe disse: Vocês outros, fariseus, limpam o que está por fora do copo e do prato, mas seu interior está cheio de rapina e de maldade. Insensatos! Quem fez o exterior não faz também o interior? (Lucas, 11:37-40).

Os judeus haviam negligenciado os verdadeiros mandamentos de Deus, para apegarem-se à prática de regulamentos estabelecidos pelos homens e da rígida observância desses regulamentos faziam casos de consciência. O fundo, muito simples, acabara por desaparecer sob a complicação da forma. Como era mais fácil observar os atos exteriores do que se reformar moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens iludiram-se, acreditando-se quites para com Deus, por se habituarem a essas práticas, mantendo-se tais como eram, pois lhes ensinavam que Deus não exigia nada mais do que isso. Eis porque o profeta disse: "É em vão que esse povo me honra com os lábios, ensinando máximas e mandamentos dos homens".
Assim também aconteceu com a Doutrina moral do Cristo, que acabou por ser relegada a segundo plano, o que tem levado muitos cristãos, à semelhança dos antigos judeus, a consideraram mais  garantida a salvação por meio de práticas exteriores, do que pelas da moral. É a essas adições feitas pelos homens à Lei de Deus que Jesus se refere, quando diz: "Toda planta que meu Pai Celestial não plantou será arrancada".
O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus. Ora, o homem só chega a Deus   quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não melhorar o homem, não atinge  seu objetivo. Aquela em que ele pensa poder apoiar-se para fazer o mal, ou é falsa ou está falseada em seu princípio. Tal é o resultado de toda religião em que a forma supera o fundo. A crença na eficácia dos sinais exteriores é nula, se não impede que se cometam assassínios, adultérios, espoliações, de dizerem calúnias, e de fazerem mal ao próximo, seja no que for. Ela faz supersticiosos, hipócritas e fanáticos, mas não faz homens de bem.
Não basta ter as aparências da pureza, é necessário, antes de tudo, ter a pureza do coração.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020




ALLAN KARDEC E A MÚSICA ESPÍRITA
Jorge Leite de Oliveira (Brasília, 20/02/2020.)

As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo (O Espírito de Verdade. In: KARDEC, 2013. Prefácio d’O evangelho segundo o espiritismo).

A música espírita não é somente a que é composta por pessoas encarnadas, como também a que é recebida mediunicamente e que foi composta pelos Espíritos, desde que seu conteúdo esteja de acordo com os princípios da Doutrina Espírita. Tendo em vista seu caráter de revelação cristã, todos os temas do evangelho, à luz do Espiritismo, podem ser abordados pelas composições musicais, quer sejam ou não mediúnicas.
Para melhor compreensão do assunto ao qual se refere o título deste artigo, sugerimos a leitura do tema intitulado Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos n’O livro dos espíritos, Livro II, cap. VI, onde somos informados de que, no mundo espiritual, o Espírito possui mais percepções do que as manifestadas pelos sentidos físicos. Na questão nº 249 dessa obra, somos informados de que até mesmo aqueles sons imperceptíveis para nós são percebidos pelos Espíritos, que já não têm os sentidos limitados pela matéria. Kardec (2006b), então, pergunta, na questão nº 251 d’O livro dos espíritos, se existe, nos Espíritos, a sensibilidade à música. A resposta é a seguinte:

Referi-vos à vossa música? Que é ela comparada à musica celeste? a esta harmonia de que nada na Terra vos pode dar ideia? Uma está para a outra como o canto do selvagem para uma suave melodia. Não obstante, Espíritos vulgares podem experimentar certo prazer em ouvir a vossa música, por não lhes ser dado ainda compreender outra mais sublime. A música possui infinitos encantos para os Espíritos, em razão de terem muito desenvolvidas as suas qualidades sensitivas. Refiro-me à música celeste, que é tudo o que de mais belo e suave a imaginação espiritual pode conceber.   
            Como podemos perceber, Allan Kardec também apreciava a boa música. Desse modo, ao saber que a percepção dos Espíritos era muito mais ampla do que a nossa, indagou aos Espíritos superiores não somente se os Espíritos possuem sensibilidade à música, como também nos esclareceu sobre a existência de música no mundo espiritual.
            Diz o Codificador do Espiritismo que uma jovem “musicista”, ao ouvir de seu pai a informação sobre a “música celeste”, logo pensou que isso era impossível. Na noite desse dia, a moça recebeu uma comunicação mediúnica confirmando o que está na pergunta 251 de Kardec, acima citada. Explicou-lhe o Espírito que a música celestial é “muito mais bela do que a da Terra”.
            Como a jovem tivesse duvidado de que o Espírito Bellini lhe pudesse aconselhar sobre música, a nova entidade espiritual assegurou-lhe que os sons dos instrumentos terrenos e “as mais belas vozes” eram incapazes de fornecer-lhe “a menor ideia da música celeste e da sua suave harmonia” (KARDEC, 2009, p. 230).
            Em seguida, a moça ficou em êxtase e disse a seu pai, antes de pedir que ele a despertasse: “Oh, papai, papai, que música deliciosa!...” (id.)
            Na Revista Espírita de maio de 1858, Kardec publica, sob o título “Conversas Familiares de Além-Túmulo”, a seguinte conversa com o Espírito Mozart, que afirma estar habitando em Júpiter:

2. O que é melodia? Resp. – Para ti muitas vezes é uma lembrança da vida passada; teu Espírito recorda aquilo que entreviu num mundo melhor. No planeta em que habito – Júpiter – há melodia em toda parte: no murmúrio da água, no crepitar das folhas, no canto do vento; as flores sussurram e cantam; tudo torna os sons melodiosos. Sê bom; conquista esse planeta por tuas virtudes; bem escolheste, cantando a Deus: a música religiosa auxilia a elevação da alma. Como gostaria de vos poder inspirar o desejo de ver esse mundo onde somos tão felizes! Todos somos caridosos; tudo ali é belo e a Natureza é tão admirável! Tudo nos inspira o desejo de estar com Deus. Coragem! Coragem! Acreditai em minha comunicação espírita: sou eu mesmo que aqui me encontro; desfruto do poder de vos dizer o que experimentamos; possa eu vos inspirar bastante o amor ao bem, para vos tornardes dignos desta recompensa, que nada é ao lado de outras a que aspiro! 3. Nossa música é a mesma em outros planetas? Resp. – Não; nenhuma música poderá vos dar uma ideia da música que temos aqui: é divina! Oh! Felicidade! Faz por merecer o gozo de semelhantes harmonias: luta! coragem! Não possuímos instrumentos: os coristas são as plantas e as aves; o pensamento compõe e os ouvintes desfrutam sem audição material, sem o auxílio da palavra, e isso a uma distância incomensurável. Nos mundos superiores isso é ainda mais sublime (KARDEC, 2014, p. 218).

            A Revista Espírita de setembro de 1864, traz curiosas informações sobre o poder calmante e terapêutico da música sobre criminosos, loucos e retardados mentais. Allan Kardec cita artigo da revista musical Siècle, de 21 de junho de 1864, que aborda esses três casos, com excelentes resultados pela influência musical. Ambos foram narrados pelo Sr. de Pontécoulant.
            No primeiro caso, o narrador diz que o diretor de um presídio, em Melun, pessoa distinguida por seu sentimento humanitário, introduziu música nas celas dos condenados. Os detentos de bom comportamento eram selecionados para fazer parte de uma escola de canto. “O efeito foi muito grande sobre o moral desses infelizes. Uma infração dos regulamentos poderia excluí-los da escola, puseram-se de acordo para respeitar as obrigações, que até então desdenhavam” (KARDEC, 2004, p. 348). Aquela era, também, uma oportunidade para eles ouvirem vozes, pois ficavam proibidos de falar enquanto estivessem nas celas.
            No caso seguinte, é narrado que, numa casa de saúde para doentes mentais, um interno era levado a participar de um tratamento com ducha; em consequência disso, debatia-se desesperado e ameaçava os enfermeiros que o conduziam, sem que nada o acalmasse. De repente, ouviu-se uma música, cantada por cantora de outra ala, que enlouquecera, devido a desventuras. Imediatamente, o “louco furioso” parou de debater-se e acalmou-se. Ficou comprovado, desse modo, que a música fazia mais efeito calmante do que as duchas.
            O último exemplo narrado foi o de pessoas que sofriam de grave retardo mental, na época chamadas de idiotas, por terem a inteligência de crianças, mesmo já sendo adultas. Após inúmeras repetições de letras musicais cantadas, aprenderam a cantar. Assim é narrado o efeito da música sobre esses retardados mentais:

Então vocalizaram notas em sua presença, até que as repetissem maquinalmente. Ensinaram-lhes a cantar motivos simples e curtos, que eles repetiam. Agora cantam. Para eles cantar é uma festa. Pelo canto mantêm o domínio sobre eles: é a sua punição ou a sua recompensa; obedecem; têm consciência de suas ações. Ocupam-nos nos mesmos trabalhos. Ei-los a caminho de uma espécie de reabilitação intelectual (KARDEC, 2004, p. 351).

            Na Revista Espírita de janeiro de 1969, Kardec publica uma mensagem do Espírito Rossini, que respondeu à pergunta, feita em 9 de dezembro de 1968, pelo presidente do Grupo Desliens, situado em Paris, sobre o estado atual da música e sobre as modificações que a ela poderia trazer a influência das crenças espíritas". O médium foi o Sr. Desliens e a pergunta, precedida de algumas considerações particulares sobre os músicos, esclarece que a "música celeste" ainda está fora do alcance do espírito humano, que copia, imperfeitamente, do "grande livro da Natureza" suas sublimes harmonias.

Uma dissertação sobre a música celeste!... Quem  poderia encarregar-se disto? Que Espírito sobre-humano poderia fazer vibrar a matéria em uníssono com essa arte encantadora? Que cérebro humano, que Espírito encarnado poderia captar-lhe os matizes, variados ao infinito?... Quem possui a esse ponto o sentimento da harmonia?... Não, o homem não foi feito para tais condições!... Mais tarde!... muito mais tarde!...

Também Léon Denis publica cinco artigos, na Revista Espírita de 1922, fundada por Allan Kardec, que nos oferecem valiosa contribuição sobre a importância da música nos planos espiritual e físico. Esse conteúdo faz parte da obra intitulada O espiritismo na arte, que referenciamos ao final deste artigo. Todos os artigos foram publicados em 1922. Em julho, Denis escreve sobre “a música nas esferas superiores”. Em agosto, trata sobre “O poder terapêutico da arte musical”. Em setembro relata as “apresentações das comunicações do Espírito Massenet. Em outubro, escreve sobre “Ser espiritual: meios de alcançar a esfera musical desejada”. Os temas “A música humana e as notas harmônicas” e “Os sons e as cores” são abordados por Denis em novembro. Por fim, em dezembro, esse grande filósofo espírita relata-nos os seguintes temas: “O Espírito e as sensações harmônicas”, “As fileiras ou correntes de ondas harmônicas” e “A música terrestre e a música do espaço”.
Esclarece Denis que, pela influência da música, todo o nosso “ser fluídico” pode ser levado ao êxtase, levando-nos a experimentar toda uma sensação de alegria, emoção e paz. E acrescenta, sobre a música celestial que:
Por ocasião das grandes festas no espaço, dizem nossos guias espirituais, quando as almas se reúnem aos milhões para prestar homenagem ao Criador, na irradiação de sua fé e de seu amor, delas escapam eflúvios, radiações luminosas, que se colorem de cores combinadas e se convertem em vibrações melodiosas. As cores se transformam em sons e, dessa comunhão dos fluidos, dos pensamentos e dos sentimentos, emana uma sinfonia sublime, à qual respondem os acordes longínquos vindos das esferas, dos astros inumeráveis que povoam a imensidão (DENIS, 2008, cap. VI).

            Também o Espírito André Luiz, na obra Nosso lar, pela psicografia de Chico Xavier, no capítulo 45, esclarece-nos sobre a existência do local chamado Campo da Música, destinado aos mais fascinantes acordes musicais. Encantado com a beleza do lugar e a sublime harmonia dos sons, André ouve os seguintes esclarecimentos do Espírito Lísias:

Nossos orientadores, em harmonia, absorvem raios de inspiração nos planos mais altos, e os grandes compositores terrestres são, por vezes, trazidos às esferas como a nossa, onde recebem algumas expressões melódicas, transmitindo-as, por sua vez, aos ouvidos humanos, adornando os temas recebidos com o gênio que possuem. O universo, André, está cheio de beleza e sublimidade. O facho resplendente e eterno da vida procede originariamente de Deus (XAVIER, 2016, cap. 45, p. 264).

            Ranieri (1970, p. 155), conta-nos que, certo dia, Chico Xavier ouviu, emocionado, em Uberaba, MG, algumas músicas mediúnicas recebidas pelo médium Cabetti (sic), muito conhecido no meio espírita da época, por suas belas composições musicais espíritas. Chico aproveitou o momento para dizer aos amigos presentes que gostava muito das músicas do cantor Roberto Carlos. Ranieri perguntou-lhe, então, o que o Chico achava das músicas modernas. A resposta do grande médium mineiro foi que, “[...] no fim, quem vencerá é o Beethoven mesmo”.
            Em conclusão a esses nossos modestos comentários, acrescento estas palavras de Léon Denis: “Toda a ascensão da vida em direção aos fastígios eternos, todos os esplendores das leis universais se resumem em três palavras: beleza, sabedoria e amor!” (DENIS, 2008, frase final). Ao que acrescenta Kardec (2009, p. 245) o ditado do Espírito Rossini, cuja penúltima frase, que é a seguinte:

Oh! Sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como não seria assim? Seu advento mudará a arte, depurando-a. Sua fonte é divina, sua força a conduzirá por toda parte onde haja homens para amar, para elevar-se e compreender. Tornar-se-á o ideal e objetivo dos artistas [...].

Referências
CRUZ, Rodrigo Félix. A música na casa espírita. São Paulo: Publicação digital, 2010.
DENIS, Léon. O espiritismo na arte. São Paulo: Ed. LD, 2008.
KARDEC, Allan. O espiritismo em sua expressão mais simples e outros opúsculos de Kardec. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2006a.
______. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Ed. espec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006b.
______. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. (ed. histórica). Brasília: FEB, 2013.
______. Revista Espírita 1858 – Ano I.  Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2014.
______. Revista Espírita 1864 – Ano VII. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
______. Revista Espírita 1869– Ano XII.  Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2005.
______. Obras póstumas. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
RANIERI, R. A. Chico Xavier, o santo dos nossos dias. Rio de Janeiro: Eco, 1970.
XAVIER, Francisco Cândido. Nosso lar. Pelo Espírito André Luiz. 64. ed. Brasília: FEB, 2016.
(In: Reformador, revista mensal da FEB - maio de 2017. Adaptações do autor.)


  Contador e ciência contábil (Irmão Jó)   Contador, tu não contas dor, Mas no balanço das contas O crédito há que ser superior.   Teu saldo...