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sábado, 15 de fevereiro de 2020




Continuação da tradução livre da terceira edição francesa d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.


8.2 Pecado por pensamento. Adultério 

 Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: Não cometam adultério. Mas Eu digo-lhes que já, no seu coração, cometeu adultério aquele que olhar  uma mulher com mau desejo para com ela (Mateus 5:27,28)[1].

A palavra adultério não deve ser entendida aqui no sentido exclusivo de sua acepção própria, mas num sentido mais geral. Jesus a empregou, por extensão, para designar o mal, o pecado, e todo mau pensamento, como, por exemplo, nesta passagem: "Porque, se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras, nesta raça adúltera e pecadora, o Filho do Homem também se envergonhará dele, quando vier acompanhado dos santos anjos na glória de seu Pai" (Marcos 8:38).
A verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, pois aquele que tem o coração puro nem sequer pensa no mal. Foi isso que Jesus quis dizer. Ele condena o
pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.
Esse princípio leva-nos naturalmente a esta questão: sofrem-se as consequências de um mau pensamento que não surtiu efeito?
Há aqui uma importante distinção a fazer. À medida que a alma, comprometida no mau caminho, avança na vida espiritual, se esclarece e despoja, pouco a pouco, de suas imperfeições, segundo a maior ou menor boa vontade que emprega, em virtude do seu livre arbítrio. Todo mau pensamento resulta, portanto, da imperfeição da alma. Mas, conforme o desejo que alimenta de se depurar, mesmo esse mau pensamento torna-se para ela uma ocasião de adiantar-se, porque o repele com energia. É o indício de uma mancha que ela se esforça por apagar. Não cederá, se surgir a ocasião de satisfazer um mau desejo, e após haver resistido, sentir-se-á mais forte e contente com sua vitória.
Aquela que, ao contrário, não tomou boas resoluções, procura a ocasião de praticar o mau ato, e, se não o fizer, não será devido à sua vontade, mas apenas por falta de oportunidade.
Ela é, portanto, tão culpada, como se o houvesse cometido.
Em resumo: a pessoa que nem sequer concebe o pensamento mau   progrediu; aquela em quem ainda surge esse pensamento, mas o repele, está em vias de realizar o progresso; e, por fim, naquela  que tem esse pensamento e nele se compraz o mal ainda existe com toda a sua força. Numa, o trabalho está feito, na outra, está por fazer. Deus, que é justo, leva em conta todas essas diferenças, na responsabilidade dos atos e dos pensamentos da pessoa.





[1] Obs.: a partir da tradução acima, as referências bíblicas serão feitas de acordo com o proposto, neste dia 14 fev. 2020, com a coordenação da Ed. FEB sobre abreviações de textos bíblicos.
Ex.: Mateus, 5:1; Mt 5:1; Mateus, 5:27,28; Mt 5:27,28; Mateus, 5:21,26 e 27; Mt 5:21,26 e 27; Mateus, 5:20-28; Mt 5:20-28 etc. (Se abrev., o nome não é destacado em itálico).


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