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segunda-feira, 31 de maio de 2021

 Cantinho da poesia


Em homenagem ao meu poeta predileto, fiz-lhe este acróstico:



JOÃO DA CRUZ E SOUSA


João tangia sublimada lira
Olhando um ponto acima do horizonte;
Antevia a escalada desse monte
Onde pairava o vulto que ele vira.

Da planície em que então se extasia
Agradeceu João essa estesia.

Crucificada estrela solidária
Rezava apiedada prece em versos
Ungindo lá do alto com sua ária
Zeus ou Jeová ou  Deus dos Universos.

E seus sons  sibilantes ciciaram...

Sacros, sublimes sons, singularmente,
Ouvimos, de repente, alcandoradas,
Unidas vozes de maviosas mentes:
Sousa e Jesus, subindo de mãos dadas,
Além de nossas vistas se elevaram.




domingo, 30 de maio de 2021

 O Céu e o Inferno

 

Allan Kardec

Por: Astolfo Olegário Oliveira Filho 

Parte 5

 

Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Eis as questões de hoje:

 

33. Há incoerências na doutrina da Igreja acerca dos demônios?

Sim, incoerências há e são inúmeras.

Eis algumas delas:

1ª - Se Satã e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? A conclusão é óbvia: Deus quis criar seres perfeitos, porquanto os favorecera com todos os dons, mas enganou-se; logo, segundo a Igreja, Deus não é infalível.

2ª - Pois que nem a Igreja nem os sagrados anais explicam a causa da rebelião dos anjos para com Deus e apenas dão como problemática a relutância deles no reconhecimento da futura missão do Cristo, que valor pode ter o quadro tão preciso e detalhado da cena então ocorrente? A que fonte recorreram, para inferir se de fato foram pronunciadas palavras tão claras e até simples colóquios?

3ª - As palavras que a Igreja atribui a Lúcifer revelam uma ignorância admirável num arcanjo. Com efeito, como poderia Lúcifer ter dito que fixaria residência acima dos astros, dominando as mais elevadas nuvens? (O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. IX, itens 9 a 19.)

34. Segundo o Espiritismo, há demônios? 

No sentido que a Igreja dá a essa palavra, não há demônios. Melhor dizendo: os anjos e os demônios não são entidades distintas. Trata-se tão somente de Espíritos que, quando unidos a corpos materiais, constituem a Humanidade que povoa a Terra e outras esferas habitadas, e que, libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual e assim povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por meta a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Em todos os graus existem, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e que se comprazem com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à ideia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem. Aqueles a quem chamamos anjos conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum pela qual todos haveremos de passar. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, itens 20 e 21.)

35. Os Espíritos realizam alguma missão na obra da Natureza? 

Sim. Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, item 22.)

36. As manifestações espíritas são atribuídas pela Igreja a qual agente? 

A Igreja as atribui à intervenção dos demônios. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 a 6.)

37. Como foi que a Igreja deduziu que as manifestações espíritas são provocadas não por Espíritos, mas por demônios? 

A Igreja entende que são os demônios que se manifestam porque, segundo o dogma católico, as almas dos mortos demoram no lugar que lhes designa a sua justiça, e não podem colocar-se às ordens dos vivos. Assim, os seres misteriosos que acodem ao primeiro apelo do herege, do ímpio ou do crente não são enviados de Deus, nem apóstolos da verdade e da salvação, porém fatores do erro e agentes do inferno. Trata-se, como se vê, de uma conclusão baseada numa premissa jamais comprovada pelos fatos e desmentida pelos inúmeros fenômenos registrados na própria Bíblia. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 e 5.)

38. Como a Doutrina Espírita responde à tese da Igreja de que as manifestações espíritas são provocadas por demônios?

A melhor resposta a tais ideias é o exame das mensagens espíritas, que recomendam invariavelmente aos homens rogar a Deus, submeter-se à vontade do Pai, renunciar ao mal e praticar o bem. Ora, que espécie de demônio é esse que labora contrariamente aos seus próprios interesses? Como compreender que exalte ele, nas mensagens, a vida deliciosa dos bons Espíritos e pinte a horrorosa posição dos maus? Jamais se viu negociante realçar aos seus fregueses a mercadoria do vizinho em detrimento da sua, aconselhando-os a ir à casa dele. Nunca se viu um arrebanhador de soldados depreciar a vida militar, decantando o repouso da vida doméstica!

Dessa forma, atribuir ao demônio tão benéfica propaganda e salutar resultado é conferir-lhe diploma de tolo. E, como não se trata de simples suposição, mas de fato experimental contra o qual não há argumento, havemos de concluir que o demônio ou é um desazado de primeira ordem, ou não é tão astuto e mau como se pretende e, conseguintemente, tão temível quanto dizem, ou, então, que as manifestações espíritas não partem dele. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 7 a 9.)

39. Para evocar os Espíritos, quais as condições necessárias?

Não há fórmulas sacramentais para evocar Espíritos. Quem quer que pretendesse estabelecer uma fórmula poderia ser tachado de usar de charlatanismo, visto que para os Espíritos puros a fórmula nada vale. A evocação deve ser feita sempre em nome de Deus. A mais essencial de todas as disposições para evocar é o recolhimento, quando desejarmos tratar com Espíritos sérios. Com a fé e o desejo do bem, mais aptos nos tornamos para evocar Espíritos superiores. Elevando nossa alma por alguns instantes de concentração no momento de evocá-los, identificamo-nos com os bons Espíritos, predispondo a sua vinda. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 10.)

40. Como se pode saber qual a categoria de um Espírito comunicante se não podemos vê-lo nem tirar informações a seu respeito?

A categoria do Espírito se reconhece por sua linguagem: os verdadeiramente bons e superiores têm-na sempre digna, nobre, lógica, imune de qualquer contradição. Sua linguagem revela sabedoria, modéstia, benevolência e a mais pura moral. Além disso, é concisa, clara e sem redundâncias inúteis. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 13.)


Acesse quando quiser:  

1.  blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/

2.  revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  

3.  editora EVOC - http://www.oconsolador.com.br/editora/evoc.htm  

 

sábado, 29 de maio de 2021

 


Fora da Caridade não há salvação - Instruções dos Espíritos

Paulo, Paris, 1860

 

     Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão contidos os destinos da humanidade na Terra e no Céu. Na Terra, porque, à sombra dessa bandeira, eles viverão em paz; no Céu, porque aqueles que a tiverem praticado encontrarão graça diante do Senhor. Essa divisa é a tocha celeste, a coluna luminosa que guia a humanidade pelo deserto da vida, para conduzi-la à Terra Prometida. Ela brilha no Céu como auréola santa na fronte dos eleitos, e na Terra está gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: "Passem à direita, benditos de meu Pai". Vocês podem reconhecê-los pelo perfume de caridade que espargem ao seu redor.

     Nada exprime melhor o pensamento de Jesus, nada resume melhor os deveres do homem do que essa máxima de ordem divina. O Espiritismo não poderia provar melhor a sua origem, do que oferecendo-a por regra, porque ela é o reflexo do mais puro Cristianismo. Com tal guia, o homem jamais se transviará. Esforcem-se, portanto, meus amigos, a compreender-lhe o sentido profundo e as consequências, a procurar por vocês mesmos todas as suas aplicações.

        Submetam todas as suas ações ao controle da caridade, e sua consciência lhes responderá; não somente ela evitará que façam o mal, mas ainda os levará a fazer o bem. Porque não basta uma virtude negativa, é necessária uma virtude ativa. Para fazer o bem, é preciso sempre a ação da vontade;  para não fazer o mal, bastam frequentemente a inércia e a indiferença.

    Meus amigos, agradeçam a Deus, que lhes permitiu gozar da luz do Espiritismo. Não porque somente os que a possuem possam salvar-se, mas porque, ajudando-os a melhor compreender os ensinamentos do Cristo, ela os torna melhores cristãos. Façam, pois, que  os vendo, se possa dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa, porque todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

 

Espiritualidade no Estado Laico

Espiritualidade no Estado Laico

por Alexsandro M. Medeiros

lattes.cnpq.br/6947356140810110

postado em jan. 2018

            Ao longo da História sempre houve uma relação muito próxima entre Religião e Política ou, os assim chamados, poder espiritual e poder temporal. No ocidente o exemplo mais concreto é o da religião Católica, mas atualmente a chamada bancada evangélica também exerce uma forte influência na política brasileira. No oriente temos como exemplo as religiões de origem mulçumanas que em muitos casos impõem seus dogmas e exercem uma influência dominante, como é o caso de países como Irã, onde não seria tão absurdo dizer que o país adota um modelo praticamente teocrático de governo, onde se misturam o Estado e a religião. Outro exemplo marcante é a Turquia que

se divide entre uma população retrógrada e apegada a valores religiosos radicais, com objetivos de construção de um estado teocrático, segundo o modelo de outros vizinhos, e uma população realista, que deseja encurtar sua distância até a Europa por meio da manutenção e aprofundamento do laicismo já preconizado pelo fundador da Turquia moderna, Mustafah Kemal Ataturk (TUPINAMBÁ, 2008, p. 2).

            Historicamente um dos processos mais significativos de laicização – ato de tornar laico, neste caso, o Estado, que não adota uma religião oficial – teve início com a Revolução Francesa, em 1789, que defendia, entre outras coisas, a liberdade de consciência e a liberdade de cultos. Todavia o desenvolvimento histórico da ideia de laicidade é ainda mais anterior. Kintzler (2008 apud LACERDA, 2014, p. 185-187) ressalta o pensador inglês John Locke (1632-1704) e sua obra Carta sobre a tolerância no século XVII, além das teorias de Pierre Bayle (1647-1706) e o Marquês de Condorcet (1743-1794) como contributos do processo de laicização.

NOTA

Procurando definir o que é um Estado Laico, temos que a expressão laicidade deriva do termo latino laicus que quer dizer laicoleigo. O termo latino laicus, por sua vez, se origina do grego laós, que significa povo ou gente do povo, de onde deriva a palavra grega laikós de onde surgiu o termo latino laicus. A partir desta análise, Catroga (2006) define os termos laico e leigo em oposição ao religioso e clerical. Para Lacerda (2017, p. 181) a “idéia básica da laicidade é bastante simples: grosso modo, ela consiste em que o Estado não professa nem favorece (nem pode professar ou favorecer) nenhuma religião [...] o Estado não possui doutrina oficial”.

 

Estado Laico no Brasil

            No Brasil a laicidade do Estado começou a se desenhar com a Constituição de 1891 e, um ano antes, em 1890, quando Rui Barbosa redigiu o Decreto 119-A, separando definitivamente Igreja e Estado (MAGACHO, 2010 – veja uma cópia do decreto em ZYLBERSZTAJN, 2012, Anexo I). “Na Constituição republicana de 1891 é estabelecida oficialmente a liberdade de culto, e reafirmado o postulado do Decreto 119-A” (SOUZA, 2017, p. 87).

            Mas nem sempre foi assim. Borges e Alves (2013, p. 242) ressaltam o que chamam de associação e dissociação entre a Igreja e o Estado que, no caso dos textos constitucionais brasileiros, o regime constitucional do período do Brasil Império (1824) foi o único que adotou a associação entre o Estado e o poder religioso. “Todos os demais textos, embora apresentem variações da forma de redação dos textos normativos, consagram a liberdade religiosa e a dissociação entre o Estado e o poder religioso”.

            Apesar da garantia da laicidade do Estado brasileira, ocorre que o catolicismo, como destaca Della Cava (1975 apud SOUZA, 2017, p. 86)

continuou a exercer grande influência na política nacional, especialmente durante as décadas de 1920 e 1930, na figura do Cardeal Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, defensor da interpretação do Brasil como Nação Católica e do reestabelecimento da união Igreja-Estado. Em suma, o Cardeal Leme defendia a recatolização do país e o retorno aos privilégios da Igreja. 

            A relação da igreja católica com o Estado é regrada em vários países do mundo e um exemplo disto é o acordo firmado entre o Brasil e a Santa Sé através do Decreto 7.107/2010. Uma cópia do acordo, composto de 20 artigos, e assinado por Celso Amorim, então Ministro das Relações Exteriores, e por Dominique Manberti, Secretário para Relações com os Estados pela Santa Sé, encontra-se em Fischmann (2012, p. 127-142) e Zylbersztajn (2012, Anexo V).

            Considerando a grande diversidade religiosa que predomina no nosso país e, a despeito da influência das religiões de origem cristã, a nossa Constituição Federal estabelece a laicidade do Estado, ou seja, o Estado brasileiro respeita todas as formas de religiosidade, defende a liberdade religiosa e não defende nenhuma religião em detrimento de nenhuma outra. Isso não significa que o Estado brasileiro seja ateu. Mas tão somente que o Estado brasileiro assegura o livre exercício de cultos religiosos e garante, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias (art. 5º), sem que ele próprio, o Estado, represente alguma religião específica, pois, como determina o art. 19, é vedado ao poder público estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relação de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, colaboração de interesse público.

Estado Democrático, Laicidade e Espiritualidade

            Segundo Tupinambá (2008, p. 2), “Há um clamor social pela separação das forças estatais e eclesiásticas em nome da viabilidade de um Estado moderno e que cumpra o dever de possibilitar o acesso dos cidadãos a informações e a pontos de vista diversos, a uma gama variada de escolha”.

            Um Estado Laico não significa que o Estado é inimigo da fé, mas que leva em consideração os sentimentos religiosos e sistema de crenças de cada manifestação religiosa. A laicidade não implica no descaso estatal com as religiões, mas sim na consideração com as diferenças.

            Se o Estado fosse inimigo da fé então muitas coisas teriam que ser revistas na sociedade brasileira, como por exemplo, discutir a retirada da estátua do Cristo Redentor do morro do Corcovado, por simbolizar a influência cristã em nosso país, ou a extinção de feriados como o de Nossa Senhora de Aparecida ou até mesmo a alteração dos nomes dos estados como São Paulo, Santa Catarina, Espírito Santo.

            Tomando como base a laicização francesa, dentro do processo de separação entre o Estado e a Religião, em que a organização religiosa estaria restrita à esfera da sociedade civil, Tupinambá (2008, p. 6) fala de uma espiritualidade laica, que seria a base “de uma nova ética humanista e laica própria das sociedades secularizadas atuais. Falamos de um laicismo ou laicidade que não significam necessariamente anticlericalismo, agnosticismo ou ateísmo”.

            Podemos falar então da laicidade como projeto político, filosófico e democrático, baseado no princípio que

sustenta que nenhuma igreja, confissão ou instituição religiosa deve desfrutar de privilégios políticos, econômicos ou culturais no âmbito público e que os governantes não devem atuar na elaboração de leis sob os ditames de nenhum clero ou igreja, uma vez que os Estados e os poderes públicos devem ser neutros em matéria de crenças religiosas (TUPINAMBÁ, 2008, p. 6).

            Com base no princípio da liberdade de consciência e na liberdade religiosa, é inadmissível que o Estado faça prevalecer as crenças de qualquer confissão religiosa. Ao definir a liberdade religiosa como uma norma constitucional, o Estado deve garantir a possibilidade de que cada cidadão escolha ou não professar uma fé, associar-se ou não a uma instituição religiosa, garantir “a cada um, a própria possibilidade da liberdade de escolher em que e como crer, ou simplesmente não crer” (FISCHMANN, 2012, p. 16-17).

            E quando se fala em Espiritualidade e Política, não se pretende defender o estabelecimento de uma religião como critério de legitimação do poder político. A ideia de uma espiritualidade laica parte do princípio de que um governante pode pertencer a qualquer confissão religiosa, mas não poderá, com base em suas crenças, interferir na gestão dos assuntos do Estado e que até mesmo um ateu pode ter um comportamento ético-social necessário ao bom exercício da gestão da coisa pública. A gestão da coisa pública depende muito mais de uma ética pessoal e uma ética pública do que de uma profissão de fé.

Isso não significa que religião e política não possam se misturar. Uma pessoa pode ingressar na política com inspiração da fé que professa e, com isso, defender determinadas propostas. A política pode ser confessional, mas o Estado não pode se misturar com a religião (MAGACHO, 2010, p. 4).

            Desta forma acreditamos que não há incompatibilidade entre democracia e religião no Estado laico, desde que sejam respeitadas todas as formas de manifestações religiosas e até mesmo não religiosas. A laicidade se refere ao Estado e por isso trata-se de um fenômeno político, em que este deve ser neutro e imparcial quando o assunto for manifestação religiosa. A neutralidade deve permitir todas as formas de manifestações religiosas ao passo que a imparcialidade determina que o Estado deve tratar com igualdade os diferentes sistemas de crenças. Como pondera Fischmann (2012, p. 16), a laicidade do Estado “oferece à esfera pública e à ordem social a possibilidade de convivência da diversidade e da pluralidade humana”. Ora, não há nada mais plural do que a nossa sociedade e a nossa democracia, por isso, qualquer forma de manifestação religiosa ou espiritual, que não leve em consideração essa diversidade, limita as condições de possibilidade de existência do Estado Democrático.

            Para finalizar podemos concluir, citando Lacerda (2014, p. 179), que a questão da laicidade em um Estado democrático “é o problema fundamental de uma sociedade livre, pois põe em questão exatamente a possibilidade de os membros de uma coletividade terem a liberdade de pensar aquilo que quiserem e de expressar, sem constrangimentos, aquilo que pensam”.

 

Referências

BORGES, Alexandre W.; ALVES, Rubens V. O estado laico e a liberdade religiosa na experiência constitucional brasileiraRevista Brasileira de Estudos Políticos, n. 107, p. 227-265, jul./dez. 2013. Acesso em 08/01/2017.

CATROGA, Fernando. Entre deuses e césares: secularização, laicidade e religião civil. Coimbra: Almedina, 2006.

DELLA CAVA. Ralph. Igreja e estado no Brasil do século XX: sete monografias recentes sobre o catolicismo brasileiro, 1916-64. Novos Estudos, São Paulo, n. 12, p. 5-52, abr./jun. 1975. Disponível em: . Acesso em: 06 out. 2015.

FISCHMANN, Roseli. Estado Laico, Educação, Tolerância e Cidadania: para uma análise da concordata Brasil – Santa Sé. São Paulo: Factash Editora, 2012.

KINTZLER, C. Qu’est-ce que la laïcité? 2. ed. Paris: Vrin, 2008.

LACERDA, Gustavo B. de. Sobre as relações entre Igreja e Estado: Conceituando a laicidade. In: CONSELHO NACIONAL DO MISNISTÉRIO PÚBLICO. Ministério Público em Defesa do Estado Laico. Brasília: CNMP, 2014. Vol. 1.

MAGACHO, Natália Gomes da S. Princípio da Laicidade. Artigo Científico apresentado à Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, como exigência para obtenção do título de Pós-Graduação. Rio de Janeiro, 2010. Acesso em 11/01/2017.

SOUZA, Mailson Fernandes C. de. Laicidade e liberdade religiosa no Brasil: situando a discussão entre religião e política. Interações, v. 12, n. 21, p. 77-93, jan./jul., 2017. Acesso em 10/01/2017.

TUPINAMBÁ, Antonio Caubi R. Laicismo e atualidade: relações entre Religião e Estado-Nação. Psicologia Política, 14(7), p. 1-8, 2008. Acesso em 08/01/2017.

ZYLBERSZTAJN, Joana. O Princípio da Laicidade na Constituição Federal de 1988. Tese (Doutorado em Direito). Faculdade de Direito. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

Espiritualidade e Política → Espiritualidade no Estado Laico



Leia mais: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/espiritualidade-e-laicizacao/

terça-feira, 25 de maio de 2021

 

  • EM DIA COM O MACHADO 472
  • DEVANEIOS DO DIÁLOGO COM DELANNE (Jó)
  • jojorgeleite@gmail.com


 


Dia desses, sonhei que tomava um café com brioche num dos cafés de Place de Terreaux, de Lyon, cidade francesa onde nasceu Allan Kardec. Enquanto contemplava a fonte Bartholdi, sentou-se, à mesa ao lado, ninguém menos do que Gabriel Delanne.

Ao reconhecê-lo, identifiquei-me e logo iniciamos uma conversa fraterna que reproduzo abaixo:

— Delanne, o que lhe parece a onda materialista que grassa sobre a Terra atualmente?

— Jó, fique certo de uma coisa: o Espiritismo renasce com força, não somente na França como em toda a Europa, além de outros países de diversas partes do mundo. Com relação ao materialismo, até hoje, nenhum dos grandes clássicos espíritas perdeu sua atualidade e deixou de nos proporcionar um roteiro para o conhecimento da verdade, como a obra Fatos espíritas, de Willian Crookes; Pensamento e vontade; A crise da morte, entre outras obras de Ernesto Bozzano; A alma é imortal; A reencarnação etc. de minha autoria, entre outras, complementadas por todas as obras da codificação de Allan Kardec. Essa é a base para todo aquele que deseja conhecer O Consolador Prometido por Jesus. Mas não podemos parar aí. Temos que estudar as obras dos médiuns brasileiros e estrangeiros, dos cientistas e filósofos comprometidos seriamente com a verdade, como Buda, Gandhi, Pietro Ubaldi, Huberto Rohden, C. Torres Pastorino etc., além de conhecer e praticar tudo aquilo que Jesus nos legou como tesouro maior, contido nos Antigo e Novo Testamento.

         Foi então que lhe objetei:

         — Mas para isso uma existência no corpo é insuficiente, irmão... — E Delanne concluiu:

         — E você acha que a ciência do infinito pode ser conhecida numa só existência? Selecione, por enquanto, aquilo que melhor satisfaça seu espírito... Há quem prefira a ciência espírita; outros já se identificam melhor com sua filosofia; por fim, existem aqueles que enfocam a moral. Todos esses conhecimentos, porém, se não forem secundados pela práxis, no cultivo diário do amor a Deus e ao próximo, serão como o sino que tange, donde só sairão sons sonoros...  sem seriedade... secos... sacripantas...

         Ouvindo essas últimas palavras, em forma de aliteração, lembrei-me de grandes poetas brasileiros como Castro Alves, Cruz e Sousa, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Deste último, dois versos do seu belo poema intitulado O Lutador vieram-me à memória: "Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã..." – Foi quando, registrando meu pensamento, Delanne concluiu, despedindo-se de mim:

         — Mas a verdadeira e melhor luta, caro Jó, é contra nossas próprias imperfeições. Au revoir!

 

domingo, 23 de maio de 2021

 O Céu e o Inferno

 Allan Kardec

Por: Astolfo Olegário Oliveira Filho  

Parte 4

 

Continuamos o estudo metódico do livro O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

25. Em que se fundamentam os princípios espíritas acerca das penas futuras? 

A Doutrina Espírita, no que respeita às penas futuras, não se baseia numa teoria preconcebida; não é um sistema substituindo outro sistema: em tudo ela se apoia nas observações, e são estas que lhe dão plena autoridade. Ninguém jamais imaginou que as almas, depois da morte, se encontrariam em tais ou quais condições. São elas, essas mesmas almas, partidas da Terra, que nos vêm hoje iniciar nos mistérios da vida futura, descrever-nos sua situação feliz ou desgraçada, as impressões, a transformação pela morte do corpo, completando, em uma palavra, os ensinamentos do Cristo sobre esse ponto. (O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. VII, Princípios da Doutrina Espírita sobre as Penas Futuras.)

26. O arrependimento é, segundo o ensino espírita, suficiente para a regeneração do homem e sua salvação? 

Não. Conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, o arrependimento não basta por si só; são necessárias a expiação e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. (Obra citada, Primeira Parte, cap. VII, Código Penal da Vida Futura, itens 16 e 17.)

27. O Código Penal da Vida Futura, de conformidade com o ensino espírita, pode ser sintetizado em três princípios. Quais são eles?  

Eis os três princípios que resumem o Código Penal da Vida Futura:

1º - O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º - Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º - Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade. A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra – tal é a lei da Justiça Divina. (Obra citada, Primeira Parte, cap. VII, item 33.)

28. Quem são os anjos segundo a doutrina da Igreja? 

De acordo com a doutrina da Igreja, os anjos são seres puramente espirituais, anteriores e superiores à Humanidade, criaturas privilegiadas e votadas à felicidade suprema e eterna desde a sua formação, e dotadas de todas as virtudes e conhecimentos, nada tendo feito, aliás, para adquiri-los. Estão, por assim dizer, no primeiro plano da Criação, contrastando com o último onde a vida é puramente material. (Obra citada, Primeira Parte, cap. VIII, item 2.)

29. Segundo a Igreja, os anjos dividem-se em três grandes hierarquias. Quais são elas? 

Os da primeira e mais alta hierarquia designam-se conformemente às funções que exercem no céu: são os Serafins, os Querubins e os Tronos.

Os anjos da segunda hierarquia recebem nomes consentâneos com as operações que se lhes atribuem no governo geral do Universo: são as Dominações, as Virtudes e as Potências ou Potestades.

Os da terceira hierarquia têm por missão a direção das sociedades e das pessoas: são os Principados, os Arcanjos e os Anjos de guarda. (Obra citada, Primeira Parte, cap. VIII, item 2.)

30. O Espiritismo admite a existência de anjos? 

Sim. Não há dúvida de que existam seres dotados de todas as qualidades atribuídas aos anjos. A revelação espírita neste ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem e natureza de tais seres.

As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, mas aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir.

Os anjos são, assim, as almas dos homens chegados ao grau de perfeição que a criatura comporta, fruindo em sua plenitude a prometida felicidade. Antes, porém, de atingir o grau supremo, gozam de felicidade relativa ao seu adiantamento, felicidade que consiste nas funções que a Deus apraz confiar-lhes, não na ociosidade. (Obra citada, Primeira Parte, cap. VIII, itens 3, 12 a 14.)

31. Qual é a origem da doutrina relativa à existência dos demônios?

O duplo princípio do bem e do mal foi, durante muitos séculos, e sob vários nomes, a base de todas as crenças religiosas. Vemo-lo assim sintetizado em Ormuz e Arimane entre os persas, em Jeová e Satã entre os hebreus. Todavia, como todo soberano deve ter ministros, as religiões geralmente admitiram potências secundárias, ou bons e maus gênios. Os pagãos fizeram deles individualidades com a denominação genérica de deuses e deram-lhes atribuições especiais para o bem e para o mal, para os vícios e para as virtudes. Os cristãos e os muçulmanos herdaram dos hebreus os anjos e os demônios. A doutrina dos demônios tem, por conseguinte, origem na antiga crença dos dois princípios. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, itens 5 e 6.)

32. Quem são os demônios segundo o ensino da Igreja? 

Por muito tempo se ensinou no âmbito da Igreja que os demônios eram seres votados exclusiva e eternamente ao mal, e Satanás, o seu rei ou chefe. Na época da codificação da doutrina espírita, conforme texto contido na pastoral de Monsenhor Gousset, cardeal-arcebispo de Reims, para a quaresma de 1865, tal pensamento alterou-se um pouco, a saber: Deus não os teria criado perversos e maus, mas os fizera iguais aos Espíritos sublimes de glória e felicidade. Subdivididos por todas as suas ordens e adstritos a todas as classes, eles tinham o mesmo fim e idênticos destinos e seu chefe era o mais belo dos arcanjos. Mas eles se revoltaram e desde então, sem que se saiba exatamente o porquê, dedicam-se ao mal. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, itens 7 e 8.)

  

ACESSE QUANDO PUDER:  

1.  blog Espiritismo Século XXI – http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/

2.  revista O Consolador - http://www.oconsolador.com  

3.  editora EVOC - http://www.oconsolador.com.br/editora/evoc.htm  

 

sábado, 22 de maio de 2021

 


Fora da igreja não há salvação - Fora da verdade não há salvação

 

            Enquanto a máxima: Fora da caridade não há salvação se apoia num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus o acesso à felicidade suprema, o dogma: Fora da Igreja não há salvação se apoia, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade da alma, fé comum a todas as religiões, mas na fé especial em dogmas particulares. É exclusivista e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os. Em vez de incitá-los ao amor fraterno, mantém e acaba por legitimar a animosidade entre os sectários dos diversos cultos, que se consideram reciprocamente malditos na eternidade, sejam embora parentes ou amigos neste mundo; e desconhecendo a grande lei de igualdade perante o túmulo, separa-os também no campo de descanso.

            A máxima Fora da caridade não há salvação é a consagração do princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Com esta máxima por regra, todos os homens são irmãos, e seja qual for a sua maneira de adorar o Criador, eles se dão as mãos e oram uns pelos outros. Com o dogma: Fora da Igreja não há salvação, anatematizam-se e perseguem-se mutuamente, vivem como inimigos; o pai não ora mais pelo filho, nem o filho pelo pai, nem o amigo pelo amigo, desde que se julguem reciprocamente condenados, sem remissão. Esse dogma é, portanto, essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e à lei evangélica.

            Fora da verdade não há salvação seria equivalente a Fora da Igreja não há salvação, e também seria exclusivista, porque não existe uma única seita que não pretende ter o privilégio da verdade. Qual é dos homens que pode vangloriar-se de possuí-la integralmente, quando a área do conhecimento aumenta sem cessar, e cada dia que passa as ideias são retificadas?

            A verdade absoluta só é acessível aos Espíritos da mais elevada categoria, e a humanidade terrena não pode pretendê-la, pois que não lhe é dado saber tudo, e ela só pode aspirar a uma verdade relativa, proporcional ao seu adiantamento. Se Deus houvesse feito da posse da verdade absoluta, a condição expressa da felicidade futura, isso equivaleria a um decreto de proscrição geral, enquanto que a caridade, mesmo na sua mais ampla acepção, pode ser praticada por todos.

            O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que a salvação independe da forma de crença, contanto que a lei de Deus seja observada, não estabelece: Fora do Espiritismo não há salvação. E como não pretende ensinar toda a verdade, também não diz: Fora da verdade não há salvação, máxima que separaria em vez de unir, e que perpetuaria os antagonismos.

            Tradução livre do prof. dr. Jorge Leite de Oliveira

quinta-feira, 20 de maio de 2021

 


Cruz e Sousa: O Dante Negro da Poesia Brasileira

Cruz e Sousa: O Dante Negro da Poesia Brasileira

por Alexsandro M. Medeiros

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postado em set. 2018

            Filho de escravos alforriados, João da Cruz nasceu em 1862 na cidade de Desterro (hoje Florianópolis), Santa Catarina, e recebeu uma educação refinada por parte dos antigos proprietários de seus pais, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, de quem adotou o nome de família, Sousa. “A despeito do grande talento poético, sofreu com o preconceito por ser negro, sendo preterido em várias oportunidades, como quando foi nomeado promotor público em Laguna, deixando de assumir o cargo por causa de sua cor” (BILAC; SOUSA; ANJOS, 2010, p. 118).

            Na década de 1880 Cruz e Sousa trabalhou e colaborou em diferentes jornais. “O primeiro jornal em que Cruz e Sousa colaborou chamava-se ‘Colombo’, fundado em 1881 por ele e seus conterrâneos amigos Virgílio Várzea e Manuel dos Santos Lostada, definido pelos autores como ‘Periódico Crítico e Literário’” (BARROS, 2017, p. 1572).

Capa do jornal O Moléque, ano 1, nº 43, 12 de outubro de 1885. Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina. Arquivo Pessoal.

 Ainda em 1881, dirigiu em conjunto com Virgílio Várzea o jornal Tribuna Popular, combatendo a escravidão e o preconceito racial.

Posteriormente assumiu o cargo de redator do jornal O Moleque, na sua cidade natal Desterro, de viés crítico, literário e humorístico. Cruz e Sousa colaborou ainda no Jornal do ComércioCidade do Rio e Novidades.

Em 1885, lançou o primeiro livro, Tropos e Fantasias, em parceria com Virgílio Várzea, pouco conhecida e estudada. Perto de completar 30 anos se mudou para o Rio de Janeiro onde trabalhou como arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil e colaborou com diversos jornais. Em 1893, publicou Missal (prosa poética baudelariana) e Broquéis (poesia). A primeira “constitui-se de 45 poemas em prosa, em sua maioria bastante curtos. O título do livro refere-se, como era praxe na estética simbolista, à liturgia católica, ou seja, o livro em que são reunidas as orações da missa” (PIRES, 2013, p. 91). Já Broquéis fez dele um dos precursores do simbolismo no Brasil: “escrita nos anos iniciais de chegada do poeta à capital (logo, de 1890 a 1893)” (DE PAULA, 2013, p. 7). Todas as demais obras de Cruz e Sousa foram publicadas postumamente: “Evocações, que estava no prelo e foi publicada em 1898, ano de sua morte; Faróis, em 1900; Últimos Sonetos em 1905; tendo vindo a lume O Livro Derradeiro somente em 1944” (CAPOBIANCO, 2013, p. 184). Righi (2006, p. 27) acrescenta ainda a esta lista de obras: Julieta dos Santos – Homenagem ao Gênio Dramático Brasileiro, de 1883 (em parceria com Virgílio dos Reis Várzeas e Manoel dos Santos Lostada); Histórias Simples, de 1887; Outras Evocações e Dispersos, publicadas em 1961.

 

Fac-símile de manuscrito do poema Dupla Via-lactea. Acervo: Museu Histórico de Santa Catarina (ASSIS; INÁCIO; SANTANA, 2015, p. 26)

 

Evocações foi o segundo livro de poemas em prosa do poeta catarinense (SILVA, 1999). “Rompendo com o aparato brilhante e precioso de Missal, os poemas de Evocações, além de delinearem a arte poética cruciana, aprofundam os problemas humanos e sociais vividos pelo poeta, ou seja, seu próprio drama, em todas suas complexidades” (ALSELMI, 2013, p. 2). Evocações “oferece páginas em que a escavação dos meandros inconscientes e do universo onírico se dá por meio da deformação expressiva, da análise psicológica e da consciência da Dor metafísica” (PIRES, 2013, p. 95). Eis alguns trechos da obra.

REGIÃO AZUL. Evocações

As águias e os astros abrem aqui, nesta doce, meiga e miraculosa claridade azul, um raro rumor d’asas e uma rara resplandecência solenemente imortais.

As águias e os astros amam esta região azul, vivem nesta região azul, palpitam nesta região azul. E o azul, o azul virginal onde as águias e os astros gozam, tornou-se o azul espiritualizado,

a quintessência do azul que os estrelejamentos do Sonho coroam...

Músicas passam, perpassam, finas, diluídas, finas, diluídas, e delas, como se a cor ganhasse ritmos preciosos, parece se desprender, se difundir uma harmonia azul, azul, de tal inalterável

azul, que é ao mesmo tempo colorida e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo tempo som...

E som e cor e cor e som, na mesma ondulação ritmal, na mesma eterificação de formas e volúpias, conjuntam-se, compõem-se, fundem-se nos corpos alados, integram-se numa só onda

de orquestrações e de cores, que vão assim tecendo as auréolas eternais das Esferas...

E dessa música e dessa cor, dessa harmonia e desse virginal azul vem então alvorando, através da penetrante, da sutil influência dos rubros Cânticos altos do sol e das soluçadas lágrimas noturnas da lua, a grande Flor original, maravilhosa e sensibilizada da Alma, mais azul que toda a irradiação azul e em torno à qual as águias e os astros, nas majestades e delicadezas das asas e das chamas, descrevem claros, largos giros ondeantes e sempiternos... (apud ASSIS; INÁCIO; SANTANA, 2015, p. 29).

            A publicação póstuma da maioria de suas obras explica-se pela tentativa frustrada de Cruz e Sousa se estabelecer no meio literário da então capital da República, o Rio de Janeiro. “Tendo recebido negativa recepção dos principais críticos da época e indiferença da grande imprensa, Cruz e Sousa continuou produzindo [...] [depois de Missal e Broquéias], vindo a falecer em 1898, sem nunca mais publicar obras em prosa ou em verso” (DE PAULA, 2013, p. 6).

            Seus restos mortais se encontram no Palácio Cruz e Sousa, antigo palácio de governo do estado de Santa Catarina e atual Museu Histórico de Santa Catarina, no centro de Florianópolis. O prédio fica próximo à Praça XV de Novembro e é um ponto turístico da cidade. Pela grandiosidade de sua obra, Cruz e Sousa ficou conhecido como o Dante Negro (ALSELMI, 2013; ALVES, 2008; OLIVEIRA, 2014) ou Cisne Negro (OLIVEIRA, 2014; PIRES, 2002) da poesia brasileira.

 

Simbolismo

            Em 1890 surgiu um movimento estético chamado Decadentismo, fruto da crise do final do século XIX em que o homem toma conhecimento de sua decadência social e cultural, diante da bruteza da sociedade industrial, do desgosto face ao modelo positivista de um universo material e mecânico. Esse movimento “depois, renomeado Simbolismo, foi, primeiramente, uma reação ao Realismo, ao Naturalismo e ao Positivismo, e contra o Parnasianismo na poesia, tornando-se uma revolta contra o espírito positivista na arte, na moral e na filosofia (SANTOS, 2014, p. 181). O Simbolismo ganha evidência a partir dessa reação e coloca para si como tarefa o alcance metafísico de decifrar o mistério da vida para fugir desse velho mundo: “os simbolistas, buscavam a representação por meio de uma linguagem transcendente, que se opunha ao costume de transparecer a referencialidade” (OLIVEIRA, 2014, p. 28).

O Simbolismo representou uma reação contra a mentalidade cientificista e o materialismo que moldaram o pensamento e a maneira de ver o mundo na segunda metade do século XIX. Opôs igualmente ao descritivismo e frieza dos parnasianos, resgatando o primado da subjetividade sobre a razão e afirmado-se como uma estética fundada na dimensão transcendente da vida, na intuição, no misticismo (BILAC; SOUSA; ANJOS, 2010, p. 112).

            A importância de Cruz e Sousa pra o Simbolismo no Brasil é destacada por Moisés (2004, p. 269) e Cesco (2011, p. 1): “é consensual que Cruz e Sousa é a figura mais importante do nosso Simbolismo”. A herança do Simbolismo de Cruz e Sousa irá aparecer em vários autores como “Manuel Bandeira, Murilo Mendes e ao surrealismo” (DE PAULA, 2013, p. 30).

            Em Cruz e Sousa encontramos a tematização e representação artística do mal, da morte (ver o poema Visão da morte: Sousa, 2002) relacionando-a ao tema do abismo profundo (BASTIDE, 1973), do satanismo, remetem-nos a uma aproximação metafísica com o espiritual e com a subjetividade da alma humana, a busca pelas grandes verdades humanas e divinas (PEIXOTO, 1999). Sua poesia traz uma reflexão de conteúdo existencial, onde o sofrimento e as angústias humanas fazem parte do núcleo do seu fazer poético e busca consolo no sagrado e na espiritualidade, fazendo com que sua poesia seja classificada dentro da estética simbolista “expressiva do esforço de integração do homem com os valores transcendentais, com o sagrado e com os aspectos simbólicos da vida [...] A poesia é concebida como uma ponte para a ligação do homem com a esfera cósmica da existência” (BILAC; SOUSA; ANJOS, 2010, p. 116).

            Sobre a manifestação do mal na obra de Cruz e Sousa, Santos (2014, p. 177) ressalta que ela surge “não apenas em sua forma simbólica, mas, especialmente no que diz respeito ao que poderíamos considerar como o seu sentimento de inadaptação ao seu mundo”. A poesia de Cruz e Sousa é marcada pelo uso de metáforas, figurações, composições ficcionais, neologismos.

            Vejamos um pouco da sua obra Missal que, segundo Oliveira (2014, p. 32), além de inovadora, iniciou “as reflexões simbolistas no Brasil”.

            Todo o Missal está repleto de elementos da estética decadentista-simbolista “como o suntuarismo, o aristocratismo, o panteísmo, o orientalismo à Baudelaire, a presença de elementos litúrgicos do Catolicismo, a torre de marfim, o idealismo, a espiritualidade, o arranco para o alto, a visão positiva da existência e da arte” (PIRES, 2013, p 93). O livro inicia com o poema Oração ao Sol e termina com o poema Oração ao mar. O título de ambos já revela o entrelaçamento com o próprio título da obra. A oração ao Sol evoca uma espécie de benção a este grande astro, para que possa iluminar a obra do artista. Na oração ao mar o poeta roga ao poderoso Leviatã, com sua força e poder supremo e do qual ninguém se iguala na terra, que guarde o seu Missal.

O poema “Oração ao mar” tem um papel crucial no livro, porque é o poema de fechamento do livro e um apelo ao mar em relação ao próprio Missal. O objetivo do eu-lírico é pedir ao mar que guarde no fundo de suas águas os pensamentos contidos no Missal para que ele não seja corrompido por mãos brutas (OLIVEIRA, 2014, p. 84).

 

A Questão Social e Racial na Obra do Poeta Negro

            Embora a questão social e racial não seja a tônica dominante da poesia do simbolismo e, por conseguinte, de Cruz e Sousa, o poeta retratou em alguns de seus poemas metaforicamente a condição do escravo. Todavia Cruz e Souza militou contra a escravidão principalmente através dos jornais e periódicos para os quais colaborou, e proferindo palestras. Cruz e Sousa produziu várias matérias de crítica social sobre a condição do negro no fim do século XIX, como neste trecho sobre o abolicionismo:

Se a humanidade do passado, por uma falsa compreensão dos direitos lógicos e naturais, considerou que podia apoderar-se de um indivíduo qualquer e escravizá-lo, compete-nos a nós, a nós que somos um povo em via de formação, sem orientação e sem caráter particular de ordem social, compete-nos a nós, dizíamos, fazer desaparecer esse erro, esse absurdo, esse crime. Trecho de O abolicionismo, 1887 (apud ASSIS; INÁCIO; SANTANA, 2015, p. 33)

            Sua atuação através de jornais e periódicos e a ausência dessa temática em suas poesias rendeu-lhe inúmeras críticas. As poucas referências a questão racial em sua obra não foram suficientes para evitar tais críticas.

            Apesar das críticas, não se pode dizer que a questão socia e racial não esteja presente na obra do poeta. Righi (2006, p. 19), por exemplo, analisa a estrutura da obra Evocações “no ambiente social da segunda metade do século XIX e com os conflitos vividos pelo autor em sua época”, procurando demonstrar a relação “entre aquela sociedade, a história, o mito, a forma literária e o momento autal”. Amancio, Miranda e Siqueira (2013, p. 9), por sua vez, procuram demonstrar a presença do discurso de autoafirmação e resistência aos problemas sofridos pelos afros brasileiros através do poema Emparedado, do livro Evocações, onde o poeta “se apropriou de suas vivências individuais para produzir um discurso de luta coletiva em prol dos afrodescendentes, tornando, por conseguinte, seu poema em obra singular e instrumento de desmascaramento do preconceito velado da sociedade elitista”. Vale ressaltar que o poema Emparedado também foi objeto de análise de Righi (2006, p. 80-99), Nestor Vítor (apud COUTINHO, 1979, p. 133), segundo o qual Emparedado retrata não apenas uma “revolta pessoal, mas de toda uma raça proscrita pela Civilização inteira, que desdenha quanto pretenda em tais homens ser manifestação de vida superior”

            Portanto, também no campo poético, o poeta explorou e deu voz ao grito libertário dos povos afrodescendentes. A própria ideia de emparedado já revela a intenção do autor, ou seja, alguém ou algo que foi enclausurado, encerrado entre paredes. Embora metaforicamente a ideia de emparedado possa significar as paredes que cercavam o próprio autor,

com seu discurso de resistência, enuncia as paredes que cercam todos os afrodescendentes. Desse modo, essas paredes que o emparedam são formadas por dados hipotéticos de conceitos infundados de superioridade e inferioridade das raças humanas, dos preconceitos, racismos e escravismos da sociedade do século XX (AMANCIO; MIRANDA, SIQUEIRA, 2013, p. 17).

            Cruz e Sousa, o Dante Negro da poesia brasileira, fala do negro, como negro e mostra ao leitor sua indignação com a maneira como os brancos tratavam o negro. Mas como ser ouvido sendo negro, em uma sociedade onde prevalece o status quo da cor branca? “Por isso o poeta Dante, se sente o tempo todo emparedado, encurralado, tendo que negar sua cor, sua identidade afro para poder, através de sua arte, denunciar a elite branca” (id., ibidem, p. 17). Emparedado tem, portanto, um sentido metafórico tanto individual quanto coletivo. Refere-se às paredes que enclausuravam o próprio autor e os povos afrodescendentes. Ao expressar sua individualidade através da poesia, Cruz e Sousa faz da sua subjetividade uma defesa de classe, do coletivo. A referência à África transparece no texto do poeta não apenas como um lugar de origem de seus ancestrais, mas como uma metáfora que simboliza o lugar do negro afro brasileiro que sofre por não ser aceito como homem e como artista.

Artista! pode lá isso ser se tu és d'África, tórrida e bárbara, devorada insaciavelmente pelo deserto, tumultuando de matas bravias, arrastada sangrando no lodo das Civilizações despóticas, torvamente amamentada com o leite amargo e venenoso da Angústia! A África arrebatada nos ciclones torvelinhantes das Impiedades supremas, das Blasfêmias absolutas, gemendo, rugindo, bramando no caos feroz, hórrido, das profundas selvas brutas, a sua formidável Dilaceração humana! A África laocoôntica, alma de trevas e de chamas, fecundada no Sol e na Noite, errantemente tempestuosa como a alma espiritualizada e tantálica da Rússia, gerada no Degredo e na Neve — pólo branco e pólo negro da Dor!

Artista?! Loucura! Loucura! Pode lá isso ser se tu vens dessa longínqua região desolada, lá no fundo exótico dessa África sugestiva, gemente, Criação dolorosa e sanguinolenta de Satãsrebelados, dessa flagelada África, grotesca e triste, melancólica, gênese assombrosa de gemidos, tetricamente fulminada pelo banzo mortal; dessa África dos Suplícios, sobre cuja cabeça nirvanizada pelo desprezo do mundo Deus arrojou toda a peste letal e tenebrosa das maldições eternas! A África virgem, inviolada no Sentimento, avalanche humana amassada com argilas funestas e secretas para fundir a Epopéia suprema da Dor do Futuro, para fecundar talvez os grandes tercetos tremendos de algum novo e majestoso Dante negro! (CRUZ E SOUSA, 1995, p. 389 apud AMANCIO; MIRANDA, SIQUEIRA, 2013, p. 21).

            O lado abolicionista de Cruz e Sousa pode ser visto ainda no livro Tropos e Fantasias (1885) e em outras poesias, como ressalta Oliveira (2016, p. 14): “na prosa poética O Padre e na poesia Crianças Negras (O Livro Derradeiro, 1945-1961) [...] Dor negra (de Evocações, 1898), Consciência Tranquila (inédito, arrolado em Outras evocações), um dos mais violentos textos brasileiros sobre os horrores da escravidão”. Constituem também de feição abolicionista “poemas Na senzalaGrito de guerra, Entre luz e sombra Sete de setembro” (id., ibidem, p. 14). Para encerrar, vejamos aqui um trecho de Da Senzala.

DA SENZALA...

“Cambiantes” em O Livro Derradeiro – Primeiros Escritos

 

De dentro da senzala escura e lamacenta

Aonde o infeliz

De lágrimas em fel, de ódio se alimenta

Tornando meretriz


A alma que ele tinha, ovante, imaculada

Alegre e sem rancor,

Porém que foi aos poucos sendo transformada

Aos vivos do estertor...


De dentro da senzala

Aonde o crime é rei, e a dor – crânios abala

Em ímpeto ferino;


Não pode sair, não,

Um homem de trabalho, um senso, uma razão...

E sim um assassino!

(apud ASSIS; INÁCIO; SANTANA, 2015, p. 35)

 

Referências Bibliográficas

ALSELMI, André Luiz. Revisitando as Evocações, de Cruz e Sousa: um olhar para o poema em prosa. Vocábulo – Revista de Letras e Línguas Midiáticas, vol. V, p. 1-10, 2013. Acesso em 18/09/2018.

ALVES, Uelinton Farias. Cruz e Sousa: Dante Negro do Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2008.

AMANCIO, Arlete M.; MIRANDA, Joanna S. de; SIQUEIRA, Kárpio M. de. Cruz e Sousa: o negro como sujeito encurralado – um diálogo de resistência em “Emparedado”. Opará - Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, ano 1, vol. 2, p. 10-24, jun./dez. 2013.

ASSIS, Renilton Roberto da S. M. (coord.); INÁCIO, Júlia Farias; SANTANA, Poliana Silva (orgs.). Cruz e Sousa: o poeta da ilha. Florianópolis, FCC, 2015. (Catálogo de Exposição)

BARROS, Alice Vieira. Os obstáculos ao cânone: Cruz e Sousa e a crítica literária do século XIX. Anais da XV ABRALIC, Rio de Janeiro, 7 a 11 de agosto de 2017.

BASTIDE, Roger. Estudos afro-brasileiros. São Paulo: Perspectiva, 1973.

BILAC, Olavo; SOUSA, Cruz e; ANJOS, Augusto dos. Poesia e Poetas do Parnasianismo, Simbolismo e Pré-Modernismo. Manaus: Editora Valer, 2010.

CAPOBIANCO, Juan Marcello. Cruz e Sousa e a poesia do século XX: por dentro do versoSOLETRAS, n. 26, jul./dez., 2013. Acesso em 18/09/2018.

CESCO, Andréa. Cruz e Sousa: emparedado em seu poemaRevista Literatura em Debate, v. 5, n. 9, p. 01-45, ago./dez., 2011. Acesso em 18/09/2018.

COUTINHO, Afrânio (dir.). Coleção Fortuna Crítica 4 – Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; MEC/INL, Brasília 1979.

CRUZ E SOUSA, João da. Obra Completa. Organização de Andrade Murici. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995.

DE PAULA, Douglas F. Mescla estilística e ambiguidade em Broquéis de Cruz e Sousa. Dissertação (Mestrado em Letras). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira. Realismo e Simbolismo. 5. ed. São Paulo: Cultrix, 2004. Vol. II.

OLIVEIRA, Allyne Fiorentino de. Aspectos do poema em prosa de Cruz e Sousa e Ruben Darío. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários). Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Campus de Araraquara, Araraquara-SP, 2014.

OLIVEIRA, Elisângela Medeiros de. Cruz e Sousa: literatura e a questão “racial” na poesia simbolista. Trabalho de Conclusão de Curso (Departamento de História). Curso de Especialização em História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó-RN, 2016.

PEIXOTO, Sérgio Alves. A consciência criadora na poesia brasileira: do Barroco ao Simbolismo. São Paulo: Annablume, 1999.

PIRES, Antônio Donizeti. Imagem e epifania nos poemas em prosa de Cruz e Sousa. Revista Texto Poético, vol. 14, n. 1, p. 84-103, 2013. Acesso em 19/09/2018.

____. Pela volúpia do vago: a contribuição simbolista ao poema em prosa no Brasil e em Portugal. Tese (Doutorado em Letras). Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, Universidade Estadual Paulista, Campus de Araraquara, Araraquara-SP, 2002.

RIGHI, Volnei José. O poeta emparedado: tragédia social em Cruz e Sousa. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira). Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

SANTOS, Rita de Cássia S. D. “Visão da morte”: o lirismo noturno de Cruz e SousaRevista Estação Literária, , vol. 12, p. 176-185, jan. 2014. Acesso em 18/09/2018.

SOUSA, Cruz e. Broquéis; Faróis. São Paulo: Martin Claret, 2002.

A Política e suas Interfaces → Arte e Política → Poesia e Política  → Cruz e Sousa: O Dante Negro da Poesia Brasileira



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