EM
DIA COM O MACHADO Nº 471:
Marx,
Espiritismo e Cristianismo (Jó)
jojorgleite@gmail.com
Salve, leitores amigos!
Neste tempo de pandemia, como jamais ocorreu, as ideias
cristãs espíritas vêm-se expandindo mundo afora. Então, creio que chegou a hora
de esclarecer certos equívocos cometidos por espíritas bem-intencionados, mas
influenciados por ideologias aprendidas nos meios acadêmicos ou mesmo por
autodidatas.
Como as ideias marxistas têm sido apoiadas por alguns adeptos
espíritas que se autodenominam "espíritas progressistas" e outros
inovadores, certamente bem-intencionados, creio que seria bom conhecermos o
pensamento de Marx sobre a Doutrina Espírita. Segundo João Alberto Vendrani Donha, estão no
Facebook "Imagens e registros históricos do Espiritismo" e
"Allan Kardec.online", dos pesquisadores Carlos Seth Bastos e Adair
Ribeiro, informações de algumas cartas de Karl Marx enviadas a Maurice Lachâtre,
em 11 de fevereiro de 1873, com o conteúdo abaixo:
Quanto à sua última obra, não posso
julgá-la, porque dela só tive um primeiro contato. Mas ela está infestada, como
o Socialismo francês, de sua época, de sentimentalismo. Ela mistura isso ao
Espiritismo que eu detesto (DONHA. Marx e o Espiritismo. In: Blog do
Bruno Tavares, de 23 nov. 2020).
As informações de Donha são bem mais profundas do que o
abordado aqui, e recomendo sua leitura no blog citado. Na França da época,
socialistas e espíritas tinham pontos em comum. Alguns Espíritos expressam
ideias de justiça social, no que têm de afinidade com o Cristianismo, como
Lammenais, Charles Fourier, Eugene Sue e Jean Reynaud. Essas entidades transmitiram
mensagens citadas por Kardec na Revista Espírita. No século XIX, diversas
pessoas espíritas simpatizavam com o Socialismo francês, chamado
"Socialismo utópico", rejeitado por Marx. Uma delas foi Léon Denis,
autor da obra Cristianismo e Espiritismo. Mas entre o Socialismo francês
e o pregado por Marx há grande diferença. O primeiro é espiritualista; o
segundo, materialista.
O articulista do texto, a nosso ver bem documentado,
explica-nos ainda que:
Além de Marx, seu parceiro Engels
também hostiliza o Espiritismo. Com mais acidez ainda. Em sua "Dialética
da Natureza", no último capítulo, depois de discorrer sobre o que
considera a inutilidade da pesquisa psíquica, chega a dizer, citando Huxley,
que o Espiritismo é o maior antídoto contra o suicídio, porque o sujeito vai
preferir varrer a gare da estação a morrer e ser condenado a dar consultas a um
xelim a hora por uma médium.
Ao contrário do que muitos religiosos cristãos pregam, o
Espiritismo não rejeita a revelação bíblica. Kardec demonstra, mesmo, no
capítulo primeiro d'O Evangelho Segundo o Espiritismo, que Deus enviou à
humanidade três revelações: a primeira está simbolizada em Moisés, o que não
exclui tudo o que nos é revelado no Antigo Testamento; embora Jesus, o portador
da segunda revelação, tenha dito que "A lei e os profetas duraram até João
[...]" (Lucas, 16:16); e o Espiritismo, que não é obra de uma cabeça
e, sim, dos Espíritos, sob a coordenação e supervisão do Cristo, é mais cristão
do que muitos dos que comercializam a religião, pois sua máxima é a caridade
como principal virtude a ser observada por todos nós, a quem o próprio Cristo
chamou de irmãos e filhos de Deus.
Quanto às ideias de Marx, são contrárias à religião, e
nelas predomina a concepção ateia e materialista, defendida por ele, Engels e
seus seguidores. Não há, portanto, a nosso ver, compatibilidade entre o
Espiritismo e o Materialismo marxista, desde suas origens. O primeiro, revelação
divina; o segundo, concepção humana que, seguida à risca, leva à destruição da
sociedade.
Lamentavelmente, porém, diz Allan Kardec que o
Espiritismo tem entre os seus inimigos, além dos materialistas, os próprios
religiosos contrários às suas ideias, que não se fundam em teorias humanas, mas
na revelação dos Espíritos emissários do Cristo.
Segundo afirmam alguns
estudiosos das religiões cristãs, entre outras infâmias, foram os adeptos do
Espiritismo que adotaram o Cristianismo como crença para escaparem das
perseguições da Igreja. Puro desconhecimento do que seja o Espiritismo, ou má-fé.
Todos eles são refutados pela Doutrina Espírita, que nos esclarece ter sido o
próprio Cristo que a prometera aos seus apóstolos e, simbolicamente, à
humanidade, como lemos nos capítulos 14 e 16 do Evangelho escrito por João. E,
no capítulo sexto d'O Evangelho Segundo o Espiritismo, é ele mesmo,
Jesus que, por meio de seu emissário espiritual, O Espírito de Verdade, nos
confirma essa condição em quatro mensagens.
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