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sábado, 29 de abril de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 573
SÓS, MAS NEM TANTO... (Jó)

 


Alma amiga, há um brocardo que diz: “Quando nasceste, todos sorriam, só tu choravas. Vive de tal modo que, quando morreres, todos chorem, só tu sorrias”. Evidentemente, não devemos esperar tanto... Há até mesmo artistas renomados que pedem aos amigos e fãs a realização de uma festa durante as suas exéquias. Algumas religiões admitem até que se cantem músicas, especialmente, após sete dias do enterro do falecido, qual ocorre com algumas correntes budistas.

A morte ou despedida de alguém querido é também homenageada em belas músicas de nossos cantores, como Tim Maia, que gravou Gostava tanto de você, composição de Edson Trindade. Segundo uma versão da origem da música, ela teria sido feita em homenagem a uma filha do cantor, falecida quando jovem. Outra bela música, também entoada como despedida de alguém muito querido, é a versão em português, pelo compositor Fernando Brandt, da música Canção da América, escrita em inglês por Milton Nascimento sob o título de Unencounter. Considerada popularmente como hino da amizade, a música foi composta em homenagem a Ricky Fataar, amigo de Milton Nascimento, e também foi cantada nas despedidas de personalidades famosas falecidas, como Airton Senna e Leandro, cantor de dupla famosa com seu irmão Leonardo. Epitáfio, cantada pelo grupo Titãs, lembra-nos que a morte é o fim de todas as ilusões e que, portanto, precisamos ocupar bem os momentos vividos com aqueles que amamos.

Outras músicas que relatam a dor do luto e a necessidade de continuar a aproveitar bem nossa vida, guardando com carinho a lembrança de quem partiu para o mundo invisível, são as seguintes: Sonhando, música cantada por Bruno e Marrone, composta por Anderson Richards em homenagem a seu pai falecido; O anjo mais velho, música escrita por Fernando Anitelli em homenagem ao seu irmão falecido.

Com a letra de Fita amarela, escrita e cantada por Noel Rosa e regravada por Zeca Pagodinho, encerro essa mostra, que você pode ouvir em letras.mus.br, site https://letras.mus.br/noel-rosa-mus: 

Quando eu morrer,
Não quero choro, nem vela,           Bis
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.
 
Se existe alma,
Se há outra encarnação,
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão
Sapateia, sapateia...
 
Quando eu morrer,
Não quero choro, nem vela,         Bis
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.
 
Não quero flores,
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Com violão e cavaquinho!
 
Quando eu morrer...
 
Quando eu morrer,
Não quero choro, nem vela,         Bis
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.
 

Sobre o tema morte, o Espírito Emmanuel, antes de sua mensagem intitulada Autolibertação (extraída da obra Fonte Viva, psicografada por Chico Xavier), cita este versículo de carta de Paulo, que lemos em I Timóteo, 6:7: “Nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”. Em seguida, diz Emmanuel: “Se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do ‘eu’, começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver como possuindo tudo e nada tendo, com todos e sem ninguém”.

Prosseguindo, diz: “Se chegaste à Terra na condição de um peregrino necessitado de aconchego e socorro e sabes que te retirarás dela sozinho, resigna-te a viver contigo mesmo, servindo a todos, em favor do teu crescimento espiritual para a imortalidade”.

Entre outras frases, para nossa reflexão, recomenda-nos consagrarmo-nos ao bem por amor ao próprio bem, antes de qualquer coisa. E que ser “realmente grande” é reconhecer “nossa pequenez ante a vida infinita”. Por isso mesmo, sugere-nos não nos impormos a ninguém, “afugentando a simpatia” doutrem, pois nem sempre prescindiremos do concurso alheio na execução de nossos trabalhos.

Também nos lembra que não devemos imaginar nossa dor como sendo maior que a dor do nosso vizinho, e que nem tudo o que nos agrada agradará àqueles que nos seguem. Entretanto, ainda segundo esse elevado Espírito, é muito importante combatermos nossa tendência ao melindre pessoal, pois magoar-se com “o sarcasmo ou o insulto dos outros” é semelhante a “cultivar espinhos alheios em nossa casa”.

Antes de concluir sua bela mensagem, Emmanuel demonstra que, mesmo afastados da companhia dos seres amados e da sociedade humana, em geral, a cada manhã, devemos manter o propósito de seguir para “diante, na certeza de que acertaremos as nossas contas com quem nos emprestou a vida, e não com os homens que a malbaratam”.


quarta-feira, 26 de abril de 2023

 



SONHO E TRABALHO

Alcei ao Alto o olhar, um dia,
 Como quem desejasse adivinhar
 Que prodígio de sóis encontraria
 No celeste esplendor do Eterno Lar...
 Vendo constelações e nebulosas
 Lançando irradiações maravilhosas,
 Indaguei do mentor que seguia a meu lado:
 "— Na faixa de trabalho a que me abrigo,
 Quereria saber, prezado amigo,
 Se todo este Universo que entrevemos,
 Astros e luzes pelos Céus supremos,
 Vem a ser limitado ou iluminado...
 Onde se ocultaria a rútila nascente,
 A luz primeira da primeira fonte
 Do Universo esplendente,
 A vibrar e a fulgir, acima do horizonte?"
 
 Na bondade que marca os grandes instrutores,
 Ele apenas me disse: "— Irmã Dolores,
 Conhecimento exige gradação,
 Não faças do porvir um ponto de aflição...
 Sigamos, passo a passo,
 Sem antecipações do Tempo, ante as forças do Espaço.
 Aprimora-te, estuda, informa e ensina,
 Mas fitando as Alturas,
 Não tentes alcançar em visões prematuras,
 Todo o excelso fulgor da Grandeza Divina..."
 
 Interrompeu-se um tanto, ao pisarmos na Terra,
 E prosseguiu depois, em tom profundo:
 "— Nota, irmã, este nosso antigo mundo...
 Quantas lições encerra!
 Quem nos explicará, conscientemente,
 O segredo interior de uma simples semente?
 Que força existirá na flor que desabrocha,
 Como entender a formação do mar
 E a gênese da rocha?
 É preciso, porém, caminhar, caminhar,
 E servir por dever...
 Outros pesquisarão na luz da inteligência
 Os princípios celestes da existência...
 Quanto a nós, entretanto,
 Vendo tantos irmãos em dura prova,
 Sem mágoa e sem espanto,
 Cabe-se acender a luz da vida nova
 E construir o bem ao suprimir a dor.
 Busquemos o trabalho que nos chama,
 Não há tempo a perder...
 Vemos, por toda parte, o mundo que reclama:
 — Quanta cousa a fazer! ...
 Por agora, é impossível
 Definimos, por nós, os mundos de alto nível;
 Mas podemos ouvir, do palácio à choupana,
 Toda a tribulação que atinge a vida humana...
Quantas mães, temos hoje a confortar,
 Marcadas pela dor que lhes aflige o lar?
 Quantos homens leais aguardam fortaleza,
 A fim de prosseguir na luta que os retém
 Sustentando no mundo a batalha do bem?
 Quantos irmãos doentes sem defesa?
 Quantos pedintes amargando crises?
 Quantas crianças tristes e infelizes?
 Quantos amigos jazem mutilados?
 Quantos deles se arrastam desprezados?
 Quantos barracos tombam sob o vento?
 Quantas mansões guardando o sofrimento?
 Quantos homens, tentando a deserção da vida?
 Como paralisar tanto impulso suicida?”
 
Na pausa do instrutor que silencia, atento,
 Fitei de novo, a luz do firmamento
 E de olhar retornando à vastidão do mundo,
 Eis que em meditação e em prece me aprofundo...
 E concluí, de mim para comigo:
 — Deus de Infinito Amor, por tudo te agradeço,
 Não me deixes, porém, pensar em céus que ainda não mereço! ...
 Dá-me forças na estrada em que prossigo,
 A Terra que nos deste é o nosso imenso lar...
 Faze-me trabalhar!...
 Ajuda-me, Senhor,
 A espalhar a esperança, a cultivar amor
 E deixa-me aceitar e compreender
 Tanta gente a lutar, tanta cousa a fazer!...
 
DOLORES, Maria; MEIMEI. (Espíritos). Somente amor. 1. ed. – Impressão pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


terça-feira, 25 de abril de 2023

 


ORAÇÃO
 
Abençoa, Senhor,
A casa que nos deste
Para exaltar o bem
E, amparados à fé,
Que saibamos servir
Sem perguntar a quem.
 
Não nos deixes sozinhos
Perguntando
Nossos deveres como são...
Desejamos doar,
Na bênção de Teu Nome,
Alegria, socorro,
Auxílio, inspiração...
 
No apoio do trabalho
A que nos levas,
Queremos reencontrar-te
Nos mais necessitados
Do caminho,
Sejam de qualquer parte.
 
Que em tua proteção
Sejamos todos
Em nossas provações
Lutando embora,
Um refúgio de calma
A quem se desespera,
Um recanto de paz
Que alivie a quem chora.
 
Ampara-nos, Jesus,
No dever de ajudar,
De compreender, lenir,
Confortar, recompor...
Aspiramos a ser contigo,
Onde estivermos,
O abrigo da esperança
E a presença do amor.
 
(Ambulatório Espírita Irmã Scheilla - Catanduva – São Paulo 08.03.1976.)
 
DOLORES, Maria (Espírito). In: Marcas do caminho. Espíritos diversos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. – 1.ª impr. por demanda (P.O.D.). Brasília: FEB, São Paulo: IDEAL, 2021.


segunda-feira, 24 de abril de 2023


 


AMPARO OCULTO
 
Não lamentes, alma boa,
Contratempo que aconteça,
Que a luta não te esmoreça,
Nada existe sem valor;
Aquilo que te parece
Um desencanto de vulto
É sempre socorro oculto
Que desponta em teu favor.
 
Uma viagem frustrada,
Uma festa que se adia,
Uma palavra sombria
Que encerra uma diversão;
O desajuste num carro,
Um desgosto pequenino,
Alteram qualquer destino
Em forma de salvação.
 
Não chores por bagatelas,
Guarda a fé por agasalho,
Deus te defende o trabalho,
Atuando em derredor;
Contrariedades no tempo,
Quase sempre, em maioria,
É amparo que o Céu te envia
Por bênção do mal menor.
 
DOLORES, Maria; MEIMEI. (Espíritos). Somente amor. 1. ed. – Impressão pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


sábado, 22 de abril de 2023

 
EM DIA COM O MACHADO 572:
A NOVA ORDEM ESPIRITUAL PARA O MUNDO (Irmão Jó)


 
            No dia 18 de abril, comemora-se no Brasil o Dia Nacional do Espiritismo. Então, alma irmã, vou relembrar, em poucas linhas, o motivo da escolha dessa data ante os acontecimentos marcantes presenciados e anotados por aquele que é considerado o codificador da Doutrina Espírita: Allan Kardec.
            Os pais de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nome de batismo de Kardec, quando este estava com 10 anos de idade,  matricularam-no no Instituto Yverdun, fundado por Johann Henrich Pestalozzi, na Suíça. Ali, com o passar dos anos, até a conclusão de seus estudos no instituto, o jovem Rivail observou não existir bom relacionamento entre os professores protestantes e católicos. As divergências e lutas político-religiosas tornaram-se tão grandes que Pestalozzi, cujo método de ensino adotado fora revolucionário, na época, precisou fechar a instituição em 1825.
            Rivail observava com muita tristeza as infindáveis polêmicas entre católicos e protestantes, as mais das vezes baseadas em dogmas, e refletia, desde muito jovem, sobre quanto seria importante surgir no mundo uma filosofia que, respaldada pela ciência, se aliasse às religiões e acabasse com suas controvérsias, instituindo uma “verdadeira fé”, ou seja, aquela que “enfrentasse a razão em todas as épocas da humanidade”, como diria muitos anos depois. Para ele, como para Pestalozzi, os ensinos morais dos evangelhos de Jesus eram o que não admitia controvérsias, dúvidas  e disputas religiosas.
            Ao chegar a Paris, com 18 anos, e já com invejável capacidade intelectual, como ex-colaborador de Pestalozzi, Rivail tratou de aprofundar seus conhecimentos. Um ano depois, também se interessou pelo estudo do magnetismo, matéria importante em sua época. Assim, quando ouvia alguma notícia sobre aparições de fantasmas, dizia sorrindo: “Isso é fogo-fátuo, não existe manifestação de almas do outro mundo”. Sua preocupação principal, então, fora criar algumas obras e cursos de francês, matemática e outras disciplinas. Algumas de suas obras foram premiadas, e seus livros foram adotados pelas escolas da época.
            Em 1854, contando com reputação social, inclusive por participar como membro da Academia Francesa e outras academias, certo dia ouviu de um amigo, o magnetizador Fortier, as primeiras notícias sobre os fenômenos das mesas girantes. Respondeu-lhe que isso não seria impossível, graças aos fenômenos magnéticos. Num segundo encontro com Fortier, este disse a Rivail que a mesa, quando interrogada, respondia. Positivista, ele respondeu a esse amigo que só acreditaria no fenômeno se lhe provassem que “mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que se pudesse tornar sonâmbula”. Caso contrário, isso para ele nada mais seria do que conto da carochinha.
            No ano seguinte, encontrou o Sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos, que também não o convenceu sobre a intervenção dos espíritos nos fenômenos. Manteve-se ainda cético, mesmo após ouvir, de Carlotti, o relato de mais de uma hora. Meses depois, em maio de 1855, o Sr. Pâtier o levou à casa da senhora Plainemaison, onde presenciou extraordinários fenômenos, por diversas vezes, inexplicáveis pelo magnetismo. Então começou a anotar, atentamente, o que via e ouvia, num bloco com diversas questões formuladas, previamente, sempre em busca da verdade. Menos de dois anos depois, publicou a obra que  mudara não somente o seu entendimento sobre a realidade da manifestação dos espíritos dos mortos, como também instauraria uma Nova Era para a humanidade.  
            Foi quando surgiu a primeira edição d’O Livro dos Espíritos, lançada em 18 de abril de 1857, data esta também escolhida para se comemorar, em nosso país, o Dia Nacional do Espiritismo. Pode-se dizer que a obra, sob a supervisão do Espírito de Verdade, com sua manifestação e de diversos espíritos iluminados, a serviço do Cristo, inaugura uma nova e definitiva ordem espiritual para a humanidade, por nos trazer aquele Consolador que Jesus nos prometeu enviar para ficar eternamente entre nós, como lemos em João, capítulo 14, versículos 15 a 18: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,  o Espírito de verdade, que o mundo não o vê, nem o conhece, mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós”.
            Ou seja, o Espírito de Verdade é o próprio Jesus Cristo que, falando por si mesmo, ou sendo representado por seus apóstolos, retorna em Espírito e acompanha, sem susto, todos os movimentos atuais do mundo que ele, como nosso Divino condutor, rege eternamente. Estudemos, pois, o Espiritismo, mas comecemos pela leitura atenta, refletida, comentada, sentida e vivida d’O Livro dos Espíritos!

terça-feira, 18 de abril de 2023

 


PROSSEGUIR
 
Escuta, alma querida!
As tragédias do mundo, longe ou perto,
São lâminas ao ar como açoites ao vento...
Lutas entre as nações e outras do sofrimento
Dentro do próprio lar,
Quais golpes a explodir;
Rugem conflitos, clamam desacertos,
Mas enquanto a violência se encastela,
A palavra da fé nos roga clara e bela:
“Trabalhar e esquecer, prosseguir, prosseguir...”
 
Perdes almas queridas pela estrada
Que se marginalizam sob a escolta
Da tristeza, da mágoa e da revolta,
Descrentes do porvir...
Quanto a ti, age, lida e continua...
O Tempo há de buscá-las no futuro
E a Lei já te alinhou sob o esquema a seguir:
“Trabalhar e esquecer, prosseguir, prosseguir...”
 
Não contes desenganos e pesares.
Consome qualquer dor na chama ardente
Da confiança em Deus que te mantém buscando a frente,
Para que possas
Compreender e elevar...
Mãos na gleba do amor!... Aprende a construir!...
E escutarás, então, de ânimo atento
A mensagem de Luz do próprio firmamento:
“Trabalhar e esquecer, prosseguir, prosseguir...”
 
DOLORES, Maria (Espírito). Dádivas de amor. Psicog. Chico Xavier. 1. ed. Brasília: FEB: São Paulo, SP: IDEAL, 2022.

segunda-feira, 17 de abril de 2023



MENSAGEM DE MAIS ALTO
 
Ao Espírito Sábio que encontrara
Nas Alturas Imensas,
Porque me perguntara
Se vinha para a Terra,
Dei a resposta, afirmativamente,
E indaguei, reverente,
Se ele algo queria que eu fizesse
Algum aviso, alguma prece,
Algum recado salvador...
 
Mas aquele Celeste Mensageiro
Fitou, ao longe, as paisagens terrenas
Abraçou-me, fraterno e disse apenas:
 
— Se vais de novo ao mundo,
Dize aos nossos irmãos
Para unirem as mãos
No serviço do bem.
Irmã Dolores, vai! Onde encontres problemas,
Fala em Jesus e nada temas.
Onde escutes a voz que amaldiçoa,
Pronuncia com Cristo a frase que perdoa...
Dize aos nossos irmãos que o ódio tudo atrasa,
 
Quando nos empenhamos à melhora,
Impondo a nós, em nossa própria casa,
Em formas diferentes,
Pela reencarnação,
Inimigos ousados e doentes,
Aos quais não desculpamos noutras eras...
Recorda aos companheiros ofendidos
Que mais vale chorar, com feridas abertas
Que alardear poder ao pé dos agressores
Que passam sobre a Terra, esmagando os vencidos
Nas estradas incertas,
Se alguém clama que sofre
Não vaciles dizer
Que mais vale aguentar e padecer
Pedrada, provação, calúnia e insulto,
Qualquer espécie de suplício oculto
Que condenar alguém,
Porque a Justiça nasce Mais Além
E tudo acertará, de segundo a segundo,
Sem que ninguém precise
Aumentar no caminho as tristezas do mundo...
 
Onde encontres o espinho da amargura
Fala em trabalho, a força da esperança,
Que olvida o lodo e fita, além, na Altura,
A presença de Deus no Sol que não descansa
E ampara a qualquer um sem se deter no mal...
Vai, Dolores, e dize a toda angústia humana,
Que a vida, além da morte, brilha soberana,
Sempre justa e sublime, amorosa e imortal.
 
Nisso, desci à Terra, entre os amigos,
A fim de repetir, repleta de alegria:
Alma irmã, prossigamos, dia a dia,
Pela fé viva e ardente caminhemos,
Procurando servir e compreender
Como simples dever,
Porque nos Páramos Supremos,
Alguém nos vê, alguém nos fala e vela,
Para que a nossa estrada
Venha a ser cada vez mais brilhante e mais bela,
E que, um dia, por fim, a nossa própria dor
Há de se converter em divina alvorada,
Entre a bênção da Paz e a grandeza do Amor.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier. 1. ed. Imp. pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022. 

sábado, 15 de abril de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 571:
DEUS ESPERA POR NÓS... (Irmão Jó)


 

 

            Alma querida, o médium psicógrafo da obra do Espírito Honoré de Balzac  intitulada Cristo espera por ti, que recomendo, foi Waldo Vieira. Li esse livro há algumas décadas e fiquei encantado com a beleza de sua mensagem. Balzac, cujo nascimento foi em Tours, em 20 maio de 1799, e seu falecimento ocorreu em Paris, em 18 de agosto de 1850, foi um grande romancista francês. Autor de diversos livros, entretanto sua obra mais conhecida foi A comédia humana, na qual em 89 romances e diversos contos, ele retrata a vida burguesa francesa do século XIX e inaugura a escola literária realista. Balzac influenciou escritores renomados como Charles Dickens, Fiódor Dostoiévski, Émile Zola e Machado de Assis, entre outros grandes literatos.

            Realmente, Cristo, cujo significado é o Ungido, bem como o Messias, o Redentor, espera por nós, assim como Deus, como lemos na última frase do capítulo 16 da obra Encontro marcado, psicografada por Chico Xavier: “Sem dúvida, em lugar algum e em tempo algum, nada conseguiremos, na essência, organizar, conduzir, instituir ou fazer sem Deus; no entanto, em atividade alguma, não nos é lícito olvidar que Deus igualmente espera por nós”.

            Essa última frase está também na obra Palavras de Luz, bela compilação de frases manuelinas de obras psicografadas por Chico Xavier. Mas, como disse Jesus Cristo, “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (João, 14:6), ou seja, a não ser seguindo seus ensinamentos e praticando a caridade para com todos, pois Ele é o tipo mais perfeito que Deus nos concedeu, para nos servir de guia e modelo, conforme lemos na questão 625 d’O Livro dos Espíritos de Allan Kardec.

            Selecionei do site Pensador algumas frases, que comento em seguida, como comprovação de que, assim como esperamos por Cristo e por Deus, Eles esperam por nós:

1.      De Balzac: “Toda a felicidade depende de coragem e trabalho”. Foi isto mesmo que Jesus demonstrou aos judeus, após ser criticado por curar num sábado, ao afirmar: “Meu Pai trabalha até hoje, e eu trabalho também” (João, 5:17). A felicidade das almas elevadas está no trabalho a serviço do próximo...

2.      De Machado de Assis: “Bem diz o Eclesiastes: ‘Algumas vezes tem o homem domínio sobre outro homem para desgraça sua’. O melhor de tudo, acrescento eu, é possuir-se a gente a si mesmo”. Mas Jesus convida: “Se alguém quer vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me” (Lucas, 9:23).

3.      De Fiódor Dostoievsky: “O segredo da existência humana reside não só em viver, mas também em saber para que se vive”. Como também o Cristo espera por nós, eis que ele nos propõe: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis tanto quanto eu vos amo”(João, 13:34).

4.      De Émile Zola: “Se você calar a verdade e enterrá-la, ela ficará por lá. Mas pode ter certeza que, um dia, ela germinará”. Isto mesmo disse Jesus: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João, 8:32).

5.      De Charles Dickens: “Se alguém me ofender, procurarei elevar tão alto a minha alma, de forma que a ofensa não consiga me alcançar!” E Jesus inda incentiva, com esta frase sublime: “Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mateus, 5:38).

 

            Esforcemo-nos, portanto, em ser melhores a cada dia, esquecendo o mal e praticando o bem, alma amiga, pois somente assim estaremos na condição de discípulos do Cristo, que nos espera. Pois é seguindo os seus passos sublimes que iremos, com Ele, ao encontro de Deus, que nos espera também.


quarta-feira, 12 de abril de 2023

 


PROVAÇÃO DE UM HOMEM

 

Na casa estilo antigo, austera e reservada,
Acontecera assalto revoltante.
Tudo fora ocorrência de um instante.
 
Caíra a noite espessa em garoa gelada
Um homem qual se fosse conhecido
Abrira facilmente um aporta de entrada,
Sem qualquer alarido,
E ganhara o interior,
Atirando no dono, um pobre professor,
A quem aparecera mascarado,
Furtando-lhe o dinheiro resguardado,
E joias de valor,
Que se mantinham numa caixa forte...
Em seguida, fugira o malfeitor...
 
Fizeram-se tumulto e burburinho.
A polícia viera num momento
Num grupo de severos patrulheiros.
 
O antigo educador, aos oitenta janeiros,
Duramente atingido, estava quase à morte
No quarto em desalinho,
Sob a assistência de uma filha em pranto,
Pediu fosse chamado
O seu filho, mais velho, um magistrado,
Pois queria falar-lhe na hora extrema.
 
A patrulha expediu prestimoso soldado...
Quase que de repente,
Um cavalheiro de alto porte
Adentrou-se na casa em revolta evidente.
Beijou as mãos paternas, comovido,
E após ouvir detalhes do ocorrido,
Clamou, exasperado:
— Hoje, de qualquer jeito,
Saberemos punir o celerado
E guardá-lo, a preceito...
 
Mas, na perda de sangue que o domina,
Embora a proteção da Medicina,
Sabendo-se a morrer, o pai lhe implora:
— Meu filho, ouve-me bem!...
Já não posso falar bastante agora...
Não persigas ninguém.
Deixa de lado
O infeliz companheiro mascarado...
Que seria de nós se o delinquente
Fosse de nossa gente?!...
Quero partir abençoando os meus...
É preciso perdoar,
Esquecer, entender e auxiliar,
Para estarmos com Deus...
 
Entretanto, o ferido fez-se mudo.
Calou-se-lhe a voz clara.
A parada cardíaca chegara
E, depois dela, a morte apareceu,
Lançando sombra em tudo.
 
Ao ver o genitor imóvel sobre o leito,
O filho magistrado
Exclamou revoltado:
— Não, não posso perdoar o terrível sujeito
Que aniquilou meu pai covardemente.
E chamando a patrulha, incontinenti,
Determinou, em voz desesperada:
— Precisamos concluir a tremenda caçada,
Contratem populares... Quero isso:
Mais gente habilitada no serviço.
Seja alcançado e preso
O homem que matou meu pai, velho e indefeso...
Preso e depressa!... É o que lhes digo...
Esse monstro é um perigo!...
 
Partem homens dispersos sob a noite.
Sirenes gritam alto;
Rodam carros rangendo sobre o asfalto,
O vento frio corta qual açoite...
 
Mais algum tempo decorrido,
E um emissário surge espavorido.
Pede licença ao chefe e lhe fala: — Doutor,
Prendemos finalmente o malfeitor...
Foi, porém, alvejado
A tiros de um rapaz que nos seguia,
Um popular não identificado;
Mas preciso avisar-lhe que o detento
Está em grande sofrimento,
Sob a pressão de forte hemorragia...
É um rapaz muito moço, um menino a chorar...
Creia o senhor, é um caso singular...
Nosso grande empecilho
É que o jovem declara ser seu filho
E roga-lhe a presença na prisão!...
 
O magistrado em pleno desconforto,
No velório do pai, agora morto,
Exclama em fúria para o mensageiro:
— Meu filho? Nunca. Desde tenra idade,
Teve em meu cofre o que quis, à vontade,
Meu rapaz foi criado ao valor do dinheiro...
E acrescentou: — Esse ladrão
É um patife de lenda;
Meu filho nestes dias
Está de férias na fazenda,
A dezoito quilômetros daqui...
 
— Doutor, e o ferimento?
É dos mais graves que já vi,
Esclarece o emissário, calmo e atento,
— Devo buscar o médico ainda agora?
 
O interpelado irritadiço
Respondeu, prontamente:
— Nada de mimos para o delinquente,
Depois do sol nascer, cogitaremos disso.
 
A manhã refulgia, clara e bela,
Quando, cercado de assessores,
O magistrado entrou na cela...
Mas ao ver o rapaz que um guarda lhe apresenta,
Ofegando, cansado, em agonia.
Numa poça sangrenta,
Reconhece, assombrado, a luz daquele olhar
Que a morte recolhia,
Agindo devagar.
Então pôs-se a rugir, a tremer e a clamar:
— Deus!... Pai de Bondade e de Infinito Amor,
Que fiz para sofrer tamanha dor?
 
Em seguida, abraçou-se ao jovem, ternamente,
No modesto colchão que o servia por leito...
A beijar-lhe, ansioso, as feridas do peito.
Nas rudes convulsões que a mágoa lhe consente,
Rebuscava-lhe, em vão, o olhar agora já sem brilho...
O nobre magistrado, em pranto ardente,
Encontrara no morto o próprio filho.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Alma e vida. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984.


terça-feira, 11 de abril de 2023

 



ALVORADA DO REINO

 
Tiago, filho de Alfeu, em desconforto,
No desapontamento que o invade,
Antes que se rompesse a tempestade
Prestes a desabar sobre Jerusalém,
Foi ver o Cristo morto.
 
O vento escorraçava a multidão,
Que descia tangida a chibatas de pó;
Vendo o topo do monte quase sem ninguém,
Sob certo disfarce, o aprendiz de Jesus
Subiu, ansioso e só,
E falou para o Mestre, aos pés da cruz:
— Por que morrer assim, Jesus, se as profecias
De nossas tradições e de nossas memórias,
Falam de ti no Reino que previas,
Na condição de rei, cercado de vitórias?
O povo te saudou por Príncipe Perfeito,
Alto libertador da Terra Prometida...
Por que não combateste, ao menos, por respeito
Aos que disseste amar nas agruras da vida?
Perdoa-me, Senhor, a repulsa que tenho,
Nada vejo que a fé nos recomponha...
Ai de nós que ficamos!... Este lenho
Para sempre, será nossa própria vergonha.
 
O apóstolo pausara, cismarento,
Mas do próprio madeiro,
Varando o ribombar do firmamento,
Veio, em amargo acento,
A voz de um Mensageiro,
Dos muitos que velavam, na hora extrema,
Pela paz do Divino Companheiro:
— Silencia, Tiago!...O reino que esperavas
É o mesmo desta hora em que se escuta
O terrível clamor de sofrimentos e luta
Das vastas multidões de almas escravas...
De que vitória falas? As da guerra?
Da pilhagem no sangue sem que se alaga?
Da púrpura dos reis que refulge e se apaga,
Ante a cinza dos túmulos da Terra?
Jesus não trouxe ao mundo o império da opressão
E sim a luz do Reino Superior
De verdade e de paz, de esperança e de amor,
Alto Reino de Deus que se deve elevar
De nosso coração!...
 
Emudecera a voz, mas o apóstolo aflito
Voltou a perguntar:
— Então Jesus, o Ungido dos Ungidos,
Não veio proclamar
A terra em que nasci por nação de escolhidos?!...
 
O Emissário, porém, clamou da cruz, em tom profundo:
— Tiago, não te dês a preconceitos vãos,
Todo povo é de Deus, nos caminhos do mundo,
Todos somos irmãos!...Todos somos irmãos!...
 
O aguaceiro no céu, a jorros se destampa...
O apóstolo descia, pensativo,
Mas, na última rampa,
Encontra um pobre homem morto-vivo...
É um mendigo estirado, ao pé do morro,
A rogar por socorro...
Está febril, cansado, espancado e ferido.
Tiago enxerga nele um farrapo sangrento
E refletiu, de si para consigo:
— Será este, meu Deus, o divino momento
De compreender Jesus?
 
Inquieto e surpreendido,
A sentir-se, por dentro, em nova luz,
Toma o desconhecido
E, a carrega-lo nos seus próprios braços,
Registra estranha força a sustentar-lhe os passos...
Lembra a história do Bom Samaritano
E, na grandeza do seu gesto humano,
Leva o infeliz a humilde hospedaria...
 
Na rua, a tempestade atroava e rugia...
 
O apóstolo recorda o Cristo entre os doentes,
Desolados, sozinhos, maltrapilhos,
Que tratava por filhos,
Entre afagos e zelos permanentes...
 
Em seguida, contempla, enternecido,
Aquele companheiro anônimo e vencido;
Limpa-lhe o corpo em chaga e oferece-lhe um leito,
De inesperado amor inflama-se-lhe o peito...
Nessa transformação,
Abraça-se ao pedinte por irmão!...
 
Lá fora, o temporal estrugia, violento,
Apedrejando a Terra, entre os uivos do vento!...
 
 
Tiago se rendera à extrema compaixão...
Tocado de alegria excelsa e rara,
Sentiu, dentro do próprio coração,
Que a construção do Reino começara.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Alma e vida. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984.


segunda-feira, 10 de abril de 2023


RIQUEZA MAIS ALTA
 
Dizes-te, às vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
Entretanto, não vês que trazes, ao dispor,
Um tesouro de vida superior,
Que podes espalhar, começando de ti.
 
Ergue-se de teu verbo o ensejo santo
De transmitir o bem a quem te escuta
Exterminando o mal...Guardas, portanto,
A magia do Céu e o doce encanto
Da voz que estende a paz e extingue a luta.
 
Tens nos olhos e ouvidos sentinelas,
De modo a ver em ti e, em derredor,
Os males a vencer, rixas e bagatelas,
Na construção do bem pela qual te desvelas,
Em louvor do melhor.
 
Tens nas mãos duas harpas prodigiosas
Capazes de entoar a melodia,
Da beleza, do amor e da alegria,
Criando arte e cultura, luz e rosas
Ao sol de cada dia.
 
Dizes-te, às vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
No entanto, tens contigo, seja em qualquer lugar,
A bênção de servir e trabalhar,
A riqueza mais alta que já vi.
 
DOLORES, Maria (Espírito). Alma e vida. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984.

 

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