Os pais de Hippolyte
Léon Denizard Rivail, nome de batismo de Kardec, quando este estava com 10 anos
de idade, matricularam-no no Instituto Yverdun,
fundado por Johann Henrich Pestalozzi, na Suíça. Ali, com o passar dos anos,
até a conclusão de seus estudos no instituto, o jovem Rivail observou não
existir bom relacionamento entre os professores protestantes e católicos. As
divergências e lutas político-religiosas tornaram-se tão grandes que
Pestalozzi, cujo método de ensino adotado fora revolucionário, na época, precisou
fechar a instituição em 1825.
Rivail observava
com muita tristeza as infindáveis polêmicas entre católicos e protestantes, as
mais das vezes baseadas em dogmas, e refletia, desde muito jovem, sobre quanto
seria importante surgir no mundo uma filosofia que, respaldada pela ciência, se
aliasse às religiões e acabasse com suas controvérsias, instituindo uma
“verdadeira fé”, ou seja, aquela que “enfrentasse a razão em todas as épocas da
humanidade”, como diria muitos anos depois. Para ele, como para Pestalozzi, os
ensinos morais dos evangelhos de Jesus eram o que não admitia controvérsias,
dúvidas e disputas religiosas.
Ao chegar a
Paris, com 18 anos, e já com invejável capacidade intelectual, como ex-colaborador
de Pestalozzi, Rivail tratou de aprofundar seus conhecimentos. Um ano depois,
também se interessou pelo estudo do magnetismo, matéria importante em sua época.
Assim, quando ouvia alguma notícia sobre aparições de fantasmas, dizia
sorrindo: “Isso é fogo-fátuo, não existe manifestação de almas do outro mundo”.
Sua preocupação principal, então, fora criar algumas obras e cursos de francês,
matemática e outras disciplinas. Algumas de suas obras foram premiadas, e seus
livros foram adotados pelas escolas da época.
Em 1854, contando
com reputação social, inclusive por participar como membro da Academia Francesa
e outras academias, certo dia ouviu de um amigo, o magnetizador Fortier, as
primeiras notícias sobre os fenômenos das mesas girantes. Respondeu-lhe que
isso não seria impossível, graças aos fenômenos magnéticos. Num segundo
encontro com Fortier, este disse a Rivail que a mesa, quando interrogada,
respondia. Positivista, ele respondeu a esse amigo que só acreditaria no
fenômeno se lhe provassem que “mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir
e que se pudesse tornar sonâmbula”. Caso contrário, isso para ele nada mais seria
do que conto da carochinha.
No ano seguinte,
encontrou o Sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos, que também não o convenceu
sobre a intervenção dos espíritos nos fenômenos. Manteve-se ainda cético, mesmo
após ouvir, de Carlotti, o relato de mais de uma hora. Meses depois, em maio de
1855, o Sr. Pâtier o levou à casa da senhora Plainemaison, onde presenciou
extraordinários fenômenos, por diversas vezes, inexplicáveis pelo magnetismo.
Então começou a anotar, atentamente, o que via e ouvia, num bloco com diversas questões
formuladas, previamente, sempre em busca da verdade. Menos de dois anos depois,
publicou a obra que mudara não somente o
seu entendimento sobre a realidade da manifestação dos espíritos dos mortos,
como também instauraria uma Nova Era para a humanidade.
Foi quando surgiu
a primeira edição d’O Livro dos Espíritos, lançada em 18 de abril de
1857, data esta também escolhida para se comemorar, em nosso país, o Dia
Nacional do Espiritismo. Pode-se dizer que a obra, sob a supervisão do Espírito
de Verdade, com sua manifestação e de diversos espíritos iluminados, a serviço
do Cristo, inaugura uma nova e definitiva ordem espiritual para a humanidade,
por nos trazer aquele Consolador que Jesus nos prometeu enviar para ficar
eternamente entre nós, como lemos em João, capítulo 14, versículos 15 a
18: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele
vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito de verdade, que o mundo não o vê,
nem o conhece, mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós”.
Ou seja, o Espírito de Verdade é o próprio Jesus Cristo
que, falando por si mesmo, ou sendo representado por seus apóstolos, retorna em
Espírito e acompanha, sem susto, todos os movimentos atuais do mundo que ele,
como nosso Divino condutor, rege eternamente. Estudemos, pois, o Espiritismo,
mas comecemos pela leitura atenta, refletida, comentada, sentida e vivida d’O
Livro dos Espíritos!
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