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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

 

EM DIA COM O MACHADO 438: 

respeito é sempre bom... (Jó)

 

Salve! amigos

A língua não distingue sexos e, sim, gêneros. O Espírito imortal, só temporariamente... Por isso, nossa opção pelo que a tradição linguística, no caso do português, requer: quando nos referimos a gênero, predomina o masculino. Na saudação inicial de um discurso, porém, ou nas situações em que é de bom tom distinguir o público ouvinte, costuma-se dizer: "Senhoras e senhores", por motivos óbvios: caso se diga apenas "Senhores", pode haver, na plateia, alguém que não se sinta bem ao ser chamado de senhor, por se identificar com o sexo oposto, e vice-versa.

E as informações contidas na Doutrina Espírita respaldam nosso entendimento, pois somos informados, n'O Livro dos Espíritos e nas pesquisas de cientistas atuais, estudiosos dos casos de reencarnação, que, antes de assumir novo corpo, a questão do sexo é secundária para o Espírito imortal. Então, respeitemos o ser imortal e a língua...

Voltando, então, à questão linguística, além do direito, em minha formação e prática universitária, aprendi que jamais podemos alterar nada do que alguém escreve, quando citamos sua frase, salvo anuência do autor. Caso consideremos algo estranho ou errado, na reprodução da fala de outrem, devemos anotar à frente (sic), que indica ao leitor ter sido exatamente assim que o autor escreveu. Se o mesmo erro ou frase estranha se repete, usa-se (sic passim), ou seja, por toda a parte está assim.

No caso de texto a ser reeditado, após a entrada em vigor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em sua revisão, deve-se atualizar a ortografia. E só. Nada de mudar a ordem da frase, por considerar melhor a sua, que está numa ordem diferente da do autor. Jamais substituir palavras ou expressões da obra a ser reeditada pelas suas. Isso é considerado desrespeito aos direitos autorais. Se o autor ainda é vivo, o máximo que se pode fazer é consultá-lo para saber se ele autoriza modificação em seu texto, antes de alterá-lo. Isso é mais adequado quando se trata de obra original, ou seja, que será publicada pela primeira vez.

No Espiritismo, obedecemos fielmente à recomendação de Jesus de "dar de graça o que de graça recebemos". Desse modo, grande número de trabalhos é feito por voluntários de boa vontade, salvo quando se pode contratar alguém remunerado. Então, espera-se dos mais esclarecidos, em nome da indulgência, informar às editoras espíritas qualquer equívoco na reedição de uma obra ou mesmo em sua primeira edição.   

Se o revisor estava bem intencionado, mas desinformado, cabe ao autor ou a quem perceber algo diferente na reedição da obra alertá-lo sobre a impropriedade de modificar qualquer palavra ou expressão do texto que foi republicado com essa alteração. E à editora cabe corrigir, em nova edição, o que não corresponda à expressão inicial do autor. Quando for o caso, deve-se inserir nota de rodapé com a informação sobre a restauração do texto original e, em respeito ao leitor, explicar-lhe o motivo de ter sido feita alguma modificação na edição anterior.

Isso, porém, não deve ser compartilhado nas redes mundiais de comunicação, pois, no caso,  não há má-fé, mas desconhecimento por parte de pessoas de boa vontade que dedicam anos de suas vidas ao serviço de divulgação da Doutrina de Jesus à luz da Nova Revelação. Devemos seguir a orientação de Jesus de "vigiar e orar", para evitar fornecer munição aos adversários da grandiosa causa do Espiritismo, que é a de restaurar a certeza, em todos nós, sobre a existência de Deus, a imortalidade da alma e as leis morais. Estas leis estão contidas na parte terceira d'O Livro dos Espíritos, dentre as quais destaco a lei de justiça, amor e caridade.  

Precisamos conhecer melhor essas leis, para que procedamos de acordo com a orientação de Allan Kardec, em complemento à máxima "Fora da caridade não há salvação": "Fora da caridade, não há verdadeiro espírita". E a caridade começa pela "benevolência para com todos",  prossegue na "indulgência para as imperfeições dos outros" e termina no "perdão das ofensas", como temos reiterado, com base na questão 886 d'O livro dos Espíritos.

Façamos ao próximo o que desejamos que ele nos faça, como nos recomendou Jesus. Lembremo-nos sempre dessa máxima, antes de tomar qualquer atitude de crítica espalhafatosa. A empatia é a atitude mental que mais nos torna tolerantes com os enganos alheios, por nos recomendar, antes de julgar, colocar-nos em seu lugar e por nos fazer cientes de que também podemos errar, quando ainda não conhecemos bem alguma coisa. Por tudo isso, jamais nos esqueçamos de que respeito é sempre bom...

domingo, 27 de setembro de 2020

 


12 AMEM SEUS INIMIGOS

Pagar o mal com o bem - Os inimigos desencarnados - Se alguém bater na sua face direita, oferece-lhe também a outra. Instruções dos Espíritos: a vingança, o ódio, o duelo

12.1 Pagar o mal com o bem

Vocês têm ouvido o que foi dito: Amem seu próximo e aborreçam seus inimigos. Mas eu lhes digo: Amem seus inimigos. Façam o bem aos que os odeiam, e orem pelos que os perseguem e caluniam, para serem filhos de seu Pai, que está nos Céus e que faz levantar-se o Sol para os bons e para os maus, e vir chuva para justos e injustos. Porque, se só amarem os que os amam, que recompensa terão? Os publicanos também não fazem assim? E se vocês saudarem somente seus irmãos, que fazem nisso de especial? Os publicanos também não fazem assim? - Eu lhes digo que, se a sua justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus (Mateus, 5:43-47 e 20).

Se vocês amam somente os que os amam, que recompensa vocês terão,  uma vez que as pessoas de má vida também amam os que as amam? Se fizerem bem aos que lhes fazem bem, que merecimento é o que vocês terão, visto que isto mesmo fazem também os pecadores? Se emprestarem somente àqueles de quem esperam receber, que merecimento é o que vocês terão, visto que também as pessoas de má vida emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto. Quanto a vocês, amem seus inimigos, façam o bem a todos, e emprestem sem nada esperar. Então terão muito grande recompensa, e serão filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e mesmo para os maus. Sejam, pois, misericordiosos, como também seu Pai é misericordioso (Lucas, 6:32- 36).

Se o amor do próximo é o princípio da caridade, amar os inimigos é sua aplicação sublime, porque a posse dessa virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho. Entretanto, geralmente nos equivocamos quanto ao sentido da palavra amor, aplicada a essa circunstância. Jesus não entendia, ao dizer essas palavras, que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou por um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não se pode ter confiança naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as expansões da amizade, sabendo-se que é capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam uma das outras, não pode haver os impulsos de simpatia existentes entre aquelas que comungam das mesmas ideias. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.

Esse sentimento resulta de uma lei física: a da assimilação e a da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o pensamento benévolo envolve-nos numa sensação agradável. Daí a diferença de sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Esse preceito parece difícil, e até mesmo impossível de se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos ao amigo e ao inimigo o mesmo lugar no coração. Se a pobreza da linguagem humana nos obriga a usar a mesma palavra, para exprimir formas diversas de sentimento, a razão deve fazer as diferenças, segundo os casos.

Amar aos inimigos, não é, pois, ter por eles uma afeição que é natural, uma vez que o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Amar os inimigos é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É desejar-lhes o bem e não mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o bem que recebam. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É abster-nos, por palavras e por atos, de tudo o que os possa prejudicar; enfim, é pagar-lhes todo o mal com o bem, sem intenção de os humilhar. Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Ame seus inimigos.

Amar  os inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida presente é tudo, só vê no seu inimigo uma criatura perniciosa, a perturbar-lhe o sossego, e do qual somente a morte o pode libertar. Daí o desejo de vingança. Não há nenhum interesse em perdoar, a menos que seja para satisfazer seu orgulho aos olhos do mundo. Perdoar, até mesmo lhe parece, em certos casos, uma fraqueza indigna de si. Se não se vinga, pois, nem por isso deixa de guardar rancor e um secreto desejo de fazer o mal.

Para o crente, e principalmente para o espírita, a maneira de ver é inteiramente diversa, porque ele dirige seu olhar para o passado e o futuro, entre os quais, a vida presente é apenas um momento. Sabe que, pela própria destinação da Terra, nela deve encontrar aqui homens maus e perversos; que as maldades a que está exposto fazem parte das provas que deve sofrer. O elevado ponto de vista em que se coloca torna-lhe as vicissitudes menos amargas, quer venham dos homens ou das coisas. Se não se queixa das provas, não se deve queixar dos que lhe servem de instrumentos. Se, em vez de se queixar, agradece a Deus por experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe oferece a ocasião de mostrar sua paciência e sua resignação. Essa ideia o predispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do alcance dos dardos maldosos do seu inimigo.

O homem que ocupa, no mundo, uma posição elevada não se considera ofendido pelos insultos daquele a quem considera seu inferior. Assim também ocorre com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material. Compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, é preciso ter a alma mais elevada, mais nobre e mais generosa.

 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

 

Em dia com o Machado 437:

Os intelectuais e o Espiritismo (Jó)

Machado de Assis

 

Outro dia, estive conversando on-line com uma amiga espírita muito culta, que coordena, junto com jovem dedicado, um Grupo de Estudos sobre Literatura e Espiritualidade (GPLE) numa grande universidade, que me aceitou como membro. Currículo de alto nível, minha amiga, cujo ideal é também o meu, explicou-me que seu grande objetivo é propor, nos meios acadêmicos, o estudo da literatura espiritualista aplicada.

Após muitos anos de estudo e divulgação das teorias marxistas, minha amiga percebeu que isso não traz felicidade a ninguém. Descobriu o Espiritismo e... oh! maravilha. Encontrou nesta Doutrina uma vasta literatura na área da ciência, da filosofia e da aplicação moral, com a explicação para tudo aquilo que Marx, Engels e outros ateus negam, por se aterem à teoria baseada nos sentidos míopes do ser humano, neste plano grosseiro da matéria, que não é o principal, na vida do Espírito eterno.

Mas não se trata aqui apenas de teoria. Os fatos vêm confirmando, como temos dito, a realidade em que vivemos. Não existe morte, apenas mudança de estado. Nosso corpo não passa de um invólucro temporário para o Espírito, que a ele se liga por um cordão invisível aos olhos e instrumentos humanos, chamado perispírito.

Dialogando também on-line com outro douto amigo, ouvi deste que, na inauguração do semestre da universidade onde eles lecionam, minha amiga deixou sem argumentos uma colega que desejava refutar suas propostas de uma literatura prática, que restaura o conceito de arte como manifestação da beleza e da divindade. Foi quando demonstrou que possui grande conhecimento das obras desses criadores do materialismo histórico-dialético, mas percebeu que estes não resolvem o problema da miséria e da desigualdade no mundo.

Isso me fez recordar, novamente, a frase de Pietro Ubaldi, grande médium intuitivo e filósofo italiano. Dizia ele o seguinte, que o professor de Filosofia Alexsandro publicou em seu blog: "Nem esquerda, nem direita, nem centro. O que o mundo precisa é de espiritualidade". Quando nos espiritualizamos, percebemos que não é a tal "luta de classes" que vai resolver o problema das desigualdades sociais no mundo, pois "violência gera violência". O que é preciso é isto mesmo, que Ubaldi diz: espiritualização, que deve iniciar-se por uma educação plena, desde as primeiras idades do ser humano: intelectual e espiritual (ética e moral).

Infelizmente, nem todos os intelectuais assumem sua fé no meio acadêmico. Têm medo de passar por ignorantes, mentirosos ou fanáticos. Então, muitos dizem ser adeptos de Marx, Engels e dos propagadores da excelência de suas teorias, mas diga-lhes que vão morrer dentro de poucas horas, para ver se não se lembram de Deus? Só os psicopatas, que Nietzsche me perdoe, continuam negando, nessa hora, o Criador do Universo e de tudo que nele existe.

Algumas dessas pessoas fingem acreditar no que dizem, mas no fundo de sua alma sabem que não é assim. No íntimo, percebem que a vida humana não pode ser apenas um passeio de breve duração pela Terra. Nada aqui no mundo é para sempre, como nos induz a crer o título de obra do conhecido escritor português Vergílio Ferreira: Para Sempre!

O que percebo é que há muita teoria no mundo e pouco amor. No fundo de sua alma, repito, ninguém quer extinguir-se no nada nietzschiano. Lembro-me de Oscar Niemeyer, que morreu com 104 anos. Sempre foi adepto de Marx e da utopia do comunismo como remédio para todos os males. Niemeyer morreu dizendo-se ateu. No entanto,  dir-se-á que por atavismo, ao lhe ser perguntado, numa entrevista de emissora de TV sobre o que achava de ainda estar vivo com  mais de cem anos de idade, pouco tempo antes de desencarnar, sua resposta foi a seguinte: — Seja o que Deus quiser.

Não demorou muito, esse gênio da arquitetura foi abençoado por Deus com sua partida para a vida verdadeira: a espiritual, pois ninguém morre, só troca de invólucro roto por outro revigorado e novo, em nossa infinita romagem rumo à perfeição, como nos provou Jesus, o modelo sublime, na chamada ressurreição.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

 

Sesquicentenário de desencarnação de Allan Kardec

Jorge Leite de Oliveira


 

            No dia 31 de março de 2019, comemoram-se 150 anos da desencarnação de Allan Kardec, o incansável Codificador da Doutrina Espírita ou Espiritismo, encarregado por Jesus Cristo de organizar metodicamente a Terceira Revelação Divina à Terra, a qual saía da cegueira espiritual para a luz da fé raciocinada. Além de sua formação humanitária no renomado instituto pestalozziano, situado em Yverdon, na Suíça, o futuro missionário do Espiritismo era dotado de alta inteligência e coerência em sua busca da verdade relativa aos habitantes deste mundo ora em transição.

Influenciado na juventude pelas ideias positivistas do Iluminismo, ainda marcantes no século XIX, o futuro Codificador do Espiritismo conhecia as teorias dos sábios dessa escola: Galileu Galilei (1564- 1642), René Descartes (1596- 1650), John Locke (1632- 1704), Isaac Newton (1642- 1727), Voltaire (1694- 1778), Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778) e outros filósofos. O instituto de Pestalozzi, situado em Yverdon, seguia predominantemente as teorias iluministas, em especial as de Rousseau.

Galilei propôs o racionalismo como base científica do pensamento. Criou a ideia moderna da observação e da experimentação científica. René Descartes foi o autor da célebre frase: “penso, logo, existo”. Para esse filósofo, “a razão é o critério de validade” para a explicação do que é “verdadeiro, claro e distinto”. John Locke defendia o empirismo filosófico e científico, segundo o qual, também, todo conhecimento deve basear-se na observação e na experiência. Isaac Newton dizia que todos os fenômenos da Natureza eram regidos pelas leis da Física e cabia à Ciência a descoberta dessas leis. Voltaire, cujo nome verdadeiro era François-Marie Arouet, era anticlerical e criticava o absolutismo e a intolerância religiosa em sua época. Defendia a liberdade de pensamento de modo intransigente. Rousseau propôs a “soberania popular da liberdade e da igualdade”, que influenciou a Revolução Francesa com base no lema: “liberdade, igualdade e fraternidade”.

O principiante espírita e mesmo alguns adeptos novatos do Espiritismo, em geral, só conhecem as cinco obras da Codificação e, quando muito, a  Revista Espírita, além de mais um ou outro livro de Allan Kardec. Wantuil e Thiesen fizeram uma relação completa de todas as obras consideradas importantes para o estudioso conhecer o trabalho gigantesco realizado pelo Codificador do Espiritismo ao longo de cerca de quatorze anos, pois este iniciou suas observações e experimentações, na casa da Sra. Plainemaison em maio de 1855 e só parou de trabalhar em 31 de março de 1869. Nessa data, ao receber uma de suas obras das mãos de um caixeiro de livraria, “caiu pesadamente ao solo, fulminado pela ruptura de um aneurisma”  (WANTUIL; THIESEN, 2004, v. II, p. 261).

Allan Kardec desencarnou aos 64 anos e deixou à Humanidade o legado extraordinário da Doutrina Espírita, Consolador prometido por Jesus no capítulo 14:16 a 18 do Evangelho de João. As obras de Kardec e dos Espíritos, sob a direção do Espírito Verdade, foram relacionadas por Wantuil e Thiesen. São elas:

 

1) O livro dos espíritos (1857); 2) Instrução prática sobre as manifestações espíritas (1858); 3) O que é o Espiritismo (1859); 4) Carta sobre o espiritismo, por Allan Kardec (1860); 5) O livro dos médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores (1861); 6) O espiritismo na sua expressão mais simples (1862); 7) Viagem espírita (1862); 8) Resposta  à mensagem dos espíritas lioneses por ocasião do Ano Novo (1862); 9) Resumo da lei dos fenômenos espíritas ou primeira iniciação (1865); 10) O evangelho segundo o espiritismo (1865), que na primeira edição, em 1864, recebera o nome de Imitação do evangelho segundo o espiritismo; 11) Coleção de composições inéditas extraídas de O evangelho segundo o espiritismo  (1865); 12) O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o espiritismo (1865); 13) Coleção de preces espíritas (1865); 14) Estudo acerca da poesia mediúnica, por Allan Kardec; 15) Caracteres da revelação espírita; 16) A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo (1868); 17) Revista Espírita (jan. 1858 a abr. 1869); 18) Obras póstumas (1890) (WANTUIL; THIESEN, 2004, v. II, p. 175).

 

Tudo isso em quatorze anos de trabalho ininterrupto. Como todo ser humano, Kardec cometia equívocos, mas tão logo percebesse que se enganara, não titubeava em corrigir-se. Exemplo disso temos na sua dedução de que a possessão, como substituição da manifestação da alma do obsidiado pelo obsessor era impossível, conforme expôs em O livro dos médiuns (Kardec, 2013a, 2ª parte, cap. 23, it. 241),  mas retificou essa ideia em A gênese, quando explica que o socorro de outras pessoas torna-se necessário quando a obsessão alcança o grau da subjugação e da possessão, “porque neste caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio” (KARDEC, 2013b, cap. 14, it. 46, destaquei).[1]

No seu entendimento anterior, o que havia era sempre subjugação do Espírito obsessor ao médium desequilibrado espiritualmente. No cap. 14, itens 47 a 49 e no cap. 15, its. 29 a 35, o Codificador continua sustentando seu novo entendimento sobre a possibilidade da possessão.

Esse novo posicionamento de Kardec já havia sido expresso na Revista Espírita de dezembro de 1863, quando ele admite a possibilidade da possessão:

 

Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar do termo, mas subjugados. Queremos reconsiderar essa asserção, posta de maneira um tanto absoluta, já que agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, embora parcial, de um Espírito encarnado por um Espírito errante (KARDEC, 2004, p. 499).

 

            Em seguida, apresenta um fato que prova a possessão.

                Até abril de 1869, Kardec deixara preparadas as matérias a serem publicadas na Revista Espírita. Com sua desencarnação, em 31 de março daquele ano, esse conteúdo foi publicado e, a partir de maio, Armand Théodore Desliens, secretário-gerente assumiu a direção da revista. Segundo Almeida,

 

Questões que não podiam ser desenvolvidas amplamente em suas obras, sujeitas a limites de espaço, eram na Revue Spirite analisadas com minúcias. Fazia a leitura do mundo da sua época e do passado, colhendo temas aparentemente vulgares, sem importância, e interpretava-os do ponto de vista espírita, enriquecendo-os com sua análise criteriosa, fazendo emergir suas causas e consequências. Escrevia valiosos comentários das leituras que fazia em livros, folhetins, artigos e documentos literários, filosóficos, científicos e religiosos, de épocas diversas, desde que contivessem referências e manifestações dos Espíritos ou princípios, ideias e pensamentos espíritas (ALMEIDA, in: CAMPETTI SOBRINHO, 2009, p. 23).

 

            O primeiro texto da Revista Espírita de maio de 1869 estampou a biografia de Allan Kardec. Seu autor, de início, lamenta profundamente a desencarnação do “fundador do Espiritismo”. Entre outras considerações, diz sobre este o seguinte:

 

Evitando as fórmulas abstratas da Metafísica, ele soube fazer que todos o lessem sem fadiga, condição essencial à vulgarização de uma ideia. Sobre todos os pontos controversos, sua argumentação, de cerrada lógica, poucas ensanchas oferece à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo apresenta da existência da alma e da vida futura tendem a destruir as ideias materialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa Doutrina e que deriva do precedente é o da pluralidade das existências, já entrevisto por uma multidão de filósofos antigos e modernos e, nestes últimos tempos, por Jean Reynaud, Charles Fourier, Eugène Sue e outros. Conservara-se, todavia, em estado de hipótese e de sistema, enquanto o Espiritismo lhe demonstra a realidade e prova que nesse princípio reside um dos atributos essenciais da Humanidade. Dele promana a explicação de todas as aparentes anomalias da vida humana, de todas as desigualdades intelectuais, morais e sociais, facultando ao homem saber donde vem, para onde vai, para que fim se acha na Terra e por que aí sofre. As ideias inatas se explicam pelos conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores; a marcha dos povos e a da Humanidade, pela ação dos homens dos tempos idos e que revivem, depois de terem progredido; as simpatias e antipatias, pela natureza das relações anteriores. Essas relações, que religam a grande família humana de todas as épocas, dão por base, aos grandes princípios de fraternidade, de igualdade, de liberdade e de solidariedade universal, as próprias leis da Natureza e não mais uma simples teoria (In: KARDEC, maio 1869, p. 189).

 

                Concluindo esse resumo biográfico, diz o articulista:

 

Uma individualidade pujante constituiu a obra. Era o guia e o farol de todos. Na Terra, a obra substituirá o obreiro. Os crentes não se congregarão em torno de Allan Kardec; congregar-se-ão em torno do Espiritismo, tal como ele o estruturou e, com os seus conselhos, sua influência, avançaremos, a passos firmes, para as fases ditosas prometidas à Humanidade regenerada (op. cit., p. 192).

 

 

Poucos dias após sua desencarnação, o Espírito Allan Kardec dita a diferentes médiuns diversas comunicações. Numa delas, esclarece que o ponto polêmico para que a Doutrina Espírita fosse unificada era o da reencarnação. De início, ele mesmo estranhara essa informação dos Espíritos, como afirmou em vida física, porém analisou-a detidamente e percebeu que somente ela explicava a Justiça Divina ante as diferenças sociais e individuais no mundo.

Em outra comunicação, estimulou os espíritas que o sucederam a utilizarem firmeza de vontade, prudência e tolerância entre todos. Seria necessário agir “sobretudo pela caridade, pelo amor, pela afeição”. E, finalizando, recomenda amar os que estão cegos pela ignorância e pelo materialismo, trabalhar sem recuo na implantação do reinado do amor e da fraternidade para a extinção dos “verdadeiros males”, dos “sofrimentos reais” que vêm da alma (In: KARDEC, maio 1869, p. 224).

Também da mais alta importância, em todas as épocas, foi a dissertação do Espírito Allan Kardec na Sociedade Espírita de Paris, no dia 30 de abril de 1869, que vem servindo de  meta a ser alcançada pelos bons espíritas e homens de bem. Encimando seu texto, lemos o seguinte título: “O exemplo é o mais poderoso agente de propagação”. Pela sua importância, na divulgação do Espiritismo,  a seguir citamos trecho de sua mensagem:

 

O que vos recomendo principalmente e antes de tudo, é a tolerância, a afeição, a simpatia de uns para com os outros e também para com os incrédulos. Quando vedes um cego na rua, o primeiro sentimento que se impõe é a compaixão. Que assim seja, também, para com os vossos irmãos cujos olhos estão velados pelas trevas da ignorância ou da incredulidade; lamentai-os, em vez de os censurar. Mostrai, por vossa doçura, a vossa resignação em suportar os males desta vida, a vossa humildade em meio às satisfações, vantagens e alegrias que Deus vos envia; mostrai que há em vós um princípio superior, uma alma obediente a uma lei, a uma verdade também superior: o Espiritismo. As brochuras, os jornais, os livros, as publicações de toda sorte são meios poderosos de introduzir a luz por toda parte, mas o mais seguro, o mais íntimo e o mais acessível a todos é o exemplo na caridade, a doçura e o amor. Agradeço à Sociedade por ajudar os verdadeiros infortunados que lhe são indicados. Eis o bom Espiritismo, eis a verdadeira fraternidade. Ser irmãos é ter os mesmos interesses, os mesmos pensamentos, o mesmo coração (In: KARDEC, junho 1869, p. 257)!

 

Em virtude do surgimento de diversos conflitos bélicos surgidos poucos anos após a desencarnação de Allan Kardec, como o da guerra entre França e Prússia (atual Alemanha), com a devastação do país do Codificador, que foi submetido ao domínio alemão durante anos, era preciso que os esforços do Cristo se voltassem para um país onde sua Doutrina pudesse reflorescer. Esse país, sem privilégio algum e sem demérito para as outras nações, é o Brasil, segundo o Espírito Humberto de Campos:

 

Enquanto na Europa a ideia espiritualista era somente objeto de observações e pesquisas nos laboratórios, ou de grandes discussões estéreis no terreno da Filosofia, não obstante os primores morais da Codificação Kardequiana, o Espiritismo penetrava o Brasil com todas as suas características de Cristianismo Redivivo, levantando as almas para uma nova alvorada de fé. Aí, todas as suas instituições se alicerçavam no amor e na caridade (XAVIER, 2013, p. 178).

 

 

Inicia-se em nosso país o sonho de Kardec da unificação da crença cristã, que se expandirá, no futuro, na união de todas as religiões em torno de pontos comuns, como a existência de Deus, a sobrevivência da alma após a morte, a imortalidade do Espírito, sua manifestação após a existência física, a reencarnação e a caridade como alavanca de ascensão e purificação do Espírito.  Pois o Codificador jamais pensou no Espiritismo como “religião do futuro”, mas sim como o “futuro das religiões”.

A ideia de unificação das crenças em torno de pontos inquestionáveis e comprovados pela Ciência do Espírito surgiu-lhe desde quando estudou no instituto de Pestalozzi. Pelo que observou ali, como aluno inteligente e solidário, concluiu que a intolerância religiosa entre católicos e protestantes fora a grande causadora do fechamento da escola pestalozziana. Com essa ideia, baseada numa Filosofia, tanto quanto possível inquestionável, e com fundamentos científicos, Kardec passou a trabalhar em silêncio ao longo dos anos. Mas faltava-lhe um elo superior para a realização desse ideal. Esse estava inteiramente presente na Doutrina dos Espíritos. Ele não se baseava em teorias humanas, mas nas daqueles que habitaram corpos físicos e agora recebiam permissão divina para nos livrar da ignorância, segundo a promessa do Cristo: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João, 8:32).

            Nesse sesquicentenário de desencarnação de Allan Kardec, cujo trabalho jamais deixou de frutificar em solo brasileiro, para daqui reflorescer no mundo inteiro, transcrevemos a seguir a última estrofe do belíssimo poema ditado pelo Espírito Castro Alves e psicografado por Waldo Vieira:

O mundo voga num misto

De infortúnio e de esperança,

Pranteia a sorrir e avança

Nas Bênçãos do Excelso Pai!

Kardec reflete o Cristo;

Desfralda, em bandeira à frente,

O convite permanente:

— “Espíritas, trabalhai!...” (XAVIER; VIEIRA, 2002, p. 120).

Referências

ALMEIDA, Waldehir Bezerra de. Prefácio. In: CAMPETTI SOBRINHO, Geraldo. Coordenador. Revista Espírita 1858 – 1869: índice geral. Brasília: FEB, 2009.

KARDEC, Allan. O livro dos médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores. Trad. Evandro Noleto Bezerra da 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013a

_____. A gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra da 1. ed. francesa de 1868. 1. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2018.

_____. _____. Trad. Evandro Noleto Bezerra da 5. ed. francesa de 1869. 2. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013b.

______. Revista Espírita – ano VI - 1863. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2004.

_____._____. ano XII – 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

SABEDORIA POLÍTICA. Precursores e filósofos do iluminismo. https://www. sabedoriapolitica.com.br/products/precursores-e-filosofos-do-iluminismo/. Acesso em 20 dez. 2018.

TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.

WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec: o educador e o codificador. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, v. II.

XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 33. ed. 4. imp. Brasília: FEB, 2013.

_____; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.

 

(Publicado no Reformador, Brasília, FEB, mar. 2019.)



[1] Tanto na primeira edição de A gênese, quanto na quinta edição, ambas referenciadas ao final deste texto, esses itens são idênticos.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

 

O EVANGELHO POR EMMANUEL E A CARIDADE...

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

 


A Federação Espírita Brasileira publicou uma coletânea monumental de textos psicografados por Francisco Cândido Xavier. O trabalho, coordenado por Saulo César Ribeiro da Silva, certamente, abrange quase todos os versículos dos quatro evangelistas, além dos atos dos apóstolos, das cartas de Paulo, das cartas universais e do apocalipse.

A apresentação da coleção é feita pelo Espírito Joanna de Ângelis, em mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

Chegou ao meu conhecimento que um grupo, não importa quem seja, disse que essa obra estava adulterada. Como outros podem criticá-la, sem se darem ao trabalho de um estudo que vise a observar a qualidade e não a esmiuçar possíveis falhas na obra, dou-me o direito de resposta a esses e a quaisquer outros pesquisadores cuja intenção pode ser a de espalhar a cizânia no meio espírita. Se o propósito não for esse, que me perdoem...

Entretanto, de um modo agressivo, foi publicada, por aquele zeloso grupo, foto de seis dos sete livros da coleção intitulada O Evangelho por Emmanuel, com uma tarja em que se lê em letras grandes e destacadas: ADULTERADOS. Em nenhum momento, o elevado  guia espiritual do médium baiano, na apresentação da obra,  faz ressalva ao que consta nos textos manuelinos. Ao contrário, enaltece o trabalho desse Espírito e da equipe coordenada por Saulo César. Se fosse constatada adulteração na obra, ninguém melhor do que o Espírito Joanna de Ângelis para criticá-la ou, ao menos, orientar a equipe de pesquisa para fazer as correções necessárias, como ocorreu com o próprio Allan Kardec, quando lhe foi pedido, espiritualmente, para rever e corrigir um "erro grave", que lhe passara despercebido,  durante a preparação do original d'O Livro dos Espíritos.

Eis o que diz Joanna, na introdução inserida em cada um dos sete volumes, sobre os versículos do Evangelho comentados por Emmanuel:

 

Agora enfeixados em novos livros, para uma síntese final, sob a denominação O Evangelho por Emmanuel, podem ser apresentados como o melhor roteiro de segurança para os viandantes terrestres que buscam a autoiluminação e a conquista do reino dos Céus a expandir-se do próprio coração.

 

É lamentável que, neste tempo de transição da Terra, quando o Espiritismo mais precisa de nossa união e exemplos, algumas pessoas tentem enfraquecer uma instituição centenária como a Federação Espírita Brasileira (FEB), alegando os mais diversos motivos, como, por exemplo, o da adulteração. Com suas pesquisas maliciosas, premeditadas, tentam desqualificar, não somente o trabalho de Saulo e sua equipe, como também, consequentemente, o destaque que o iluminado Espírito Joanna de Ângelis deu a um trabalho que demandou anos de pesquisa, incontáveis horas de sacrifício do tempo e do sono da equipe atuante. Tudo isso foi realizado com o único propósito de divulgar parte da obra monumental do Espírito Emmanuel e de Jesus, que toca fundo nos sentimentos do cristão, em especial, do espírita: a parte que se refere ao Novo Testamento.

Ao final de sua apresentação, a mentora do querido Divaldo Franco  faz votos para que os leitores da obra se iluminem e cresçam em amor e caridade, "discernimento e alegria". Em relação ao sentido da caridade, sem a prática da qual não há verdadeiro espírita, Allan Kardec, na obra Viagem Espírita em 1862 e outras viagens de Kardec, diz o seguinte aos seus irmãos de Lyon e Bordeaux, no item III de Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux:

 

[...] sufocai todas as discórdias, pois que as discórdias pertencem ao reino do mal, que vai ter fim. Que vos possais confundir todos numa mesma família e vos dar, do fundo do coração e sem pensamento premeditado, o nome de irmãos. Se, entre vós, houver dissidências, causas de antagonismo; se os grupos, que devem todos marchar para um objetivo comum, estiverem divididos, eu o lamento, sem me preocupar com as causas, sem examinar quem cometeu os primeiros erros e me coloco, sem vacilar, do lado daquele que tiver mais caridade, isto é, mais abnegação e verdadeira humildade, pois aquele a quem falta a caridade está sempre em erro, ainda que coberto de algum tipo de razão [...]. Os grupos são indivíduos coletivos que devem viver em paz, como os indivíduos, se, realmente, são espíritas; são os batalhões da grande falange [..]. Como bem o sabeis, reconhece-se a árvore pelos seus frutos. Ora, o fruto do orgulho, da inveja e do ciúme é um fruto envenenado que mata quem dele se nutre.

O que digo das dissidências entre os grupos, digo-o igualmente para as que pudessem existir entre os indivíduos. Em semelhante circunstância, a opinião de pessoas imparciais é sempre favorável àquele que dá provas de maior grandeza e generosidade. Aqui na Terra, onde ninguém é infalível, a indulgência recíproca é uma consequência do princípio de caridade, que nos leva a agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem para conosco. Ora, sem indulgência não há caridade, sem caridade não há verdadeiro espírita [...]. (destaque meu) (KARDEC, 2005, p. 100- 101).

 

Se esse grupo, que se reuniu durante meses, aparentemente, com a premeditada intenção de desqualificar o trabalho compilado pela equipe de Saulo, exercitasse a caridade, não se deixaria levar pelo espírito de desunião no movimento espírita e refletiria melhor, antes de espalhar, por toda parte, sua crítica. Saulo e sua equipe trabalharam, não durante alguns meses, mas por vários anos; não com o objetivo de destruir, mas de edificar. Dedicaram incontáveis horas de pesquisa em biblioteca de obras raras e em obras  de editoras diversas que, movidas pelo desejo do bem, cederam seus direitos na publicação da coleção. O pagamento do seu trabalho foi este: a crítica  infeliz de que a obra foi adulterada.

Como assim adulterada? Somente porque alguns versículos citados e analisados pelo Espírito Emmanuel foram atualizados por versão moderna da Bíblia, ainda que os comentários de Emmanuel permaneçam os mesmos?  Pois saibam que isso é apenas uma questão de forma, não de conteúdo, que em nada altera a palavra iluminada do guia espiritual de Chico Xavier.

Segundo eu soube de fonte confiável, havia versículos bíblicos que só traziam a frase. Nesse caso, foi preciso conferir, no Novo Testamento, o número do versículo. E então? Saulo e sua equipe deixariam a citação sem o número correspondente? Havia, em versículos citados, essas lacunas que precisavam ser preenchidas para não gerarem, também, críticas. Por fim, quem lê a obra sem má intenção perceberá que o pensamento de Emmanuel está claramente expresso em cada comentário seu. Nada ali se opõe ao contido no versículo citado.

Não nos esqueçamos de que Jesus falava, diversas vezes, por meio de parábolas. E, tanto em sua época, quanto em nossos dias, nem todos estão capacitados a entender plenamente sua mensagem. Por isso, disse Paulo em II Coríntios, 3:6: "[...] a letra mata, e o Espírito vivifica".

Finalizo com a transcrição e comentário de duas frases de Allan Kardec, no capítulo intitulado Projeto de regulamento para uso dos grupos e pequenas sociedades espíritas, com o destaque dado pelo Codificador: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO, que então completa: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ VERDADEIROS ESPÍRITAS (KARDEC, 2005, p. 142).

E a "benevolência para com todos" é o primeiro requisito dessa virtude, de acordo com o contido na resposta do item 886 de O livro dos espíritos, quando Kardec pergunta sobre o sentido da caridade. A "indulgência para as imperfeições dos outros" é o segundo requisito, o terceiro é o "perdão das ofensas".

Como Jesus disse em relação aos seus algozes, pregado no madeiro infamante da cruz, que possamos também dizer sobre esses agressores à FEB, seus dirigentes e colaboradores, na difusão e, sobretudo, prática do Espiritismo cristão: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas, 23:34).

 

Referências

XAVIER, Francisco Cândido. O evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Mateus. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2014.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Marcos. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2014.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo Lucas. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2015.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários ao evangelho segundo João. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2015.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários aos atos dos apóstolos. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2016.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários às cartas de Paulo. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2018.

______. O evangelho por Emmanuel: comentários às cartas universais e ao apocalipse. Coord. Saulo C. R. da Silva. Brasília: FEB, 2019.

KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Allan Kardec. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

_____. O livro do espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 4. imp. Brasília: FEB: 2017.


sábado, 19 de setembro de 2020


 

11.7 Deve-se expor a vida por um malfeitor?

 

Um homem está em perigo de morte. Para salvá-lo, outro deve expor a própria vida. Mas sabe-se que é um malfeitor e que, se escapar, poderá cometer novos crimes. Deve o outro, apesar disso, arriscar-se para o salvar?

 

Lamennais

Paris, 1862

 

Esta é uma questão bastante grave, e que se pode naturalmente apresentar ao espírito. Responderei segundo meu adiantamento moral, desde que se trata de saber se devemos expor a vida, mesmo por um malfeitor.

O devotamento é cego. Socorre-se um inimigo; deve-se socorrer também a um inimigo da sociedade, numa palavra, um malfeitor. Acredita que é somente à morte que se vai arrancar esse infeliz? É talvez a toda a sua vida passada. Porque,  reflita nisto: nesses rápidos instantes que lhe arrebatam os últimos minutos da vida, o homem perdido se volta para seu passado, ou antes, seu passado ergue-se diante dele. A morte, talvez, chegue muito cedo para ele. A reencarnação poderá ser terrível.

Lancem-se, então, homens! Vocês, que a ciência espírita esclareceu, lancem-se, arranquem-no ao perigo! E então, esse homem, que teria morrido blasfemando, talvez se atire nos seus braços. Entretanto, vocês não devem perguntar se ele o fará ou não, mas correr em seu socorro, pois, salvando-o, obedecem a essa voz do coração que lhes diz: "Podem salvá-lo: salvem-no".


Tradução livre: Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

 

CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Jorge Leite de Oliveira

 


"Nos últimos tempos, disse o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões e vossos anciãos sonharão; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça." Atos, 2:17- 19.

 

A última obra publicada em vida por Allan Kardec, cuja primeira edição ocorreu em 6 de janeiro de 1868, foi intitulada por ele de A gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo. Comemora-se, pois, em 2018, o sesquicentenário de A gênese, como é mais conhecida. Embora publicada há 150 anos, a obra nunca perdeu sua atualidade. Apesar disso, é o livro do chamado pentateuco kardequiano menos lido, a despeito de já terem sido publicadas 53 edições, levando-se em conta apenas as edições da Federação Espírita Brasileira (FEB), até 2013, traduzidas por Guillon Ribeiro de sua 5ª edição francesa.

Na introdução de A gênese, Allan Kardec esclarece-nos sobre sua intenção com a publicação da obra: prosseguir demonstrando “as consequências e aplicações do Espiritismo”. O Codificador da Doutrina dos Espíritos, como ele mesmo a denominava, enfatiza a importância do esclarecimento de grande número de “fenômenos” considerados pelos pensadores como inadmissíveis, por sua incompreensão sem a chave proporcionada pelo Espiritismo.

Faltava à Humanidade entender que todos os fatos considerados milagrosos ou sobrenaturais são perfeitamente explicados pela “ação recíproca entre o Espírito e a matéria”. E esses fatos resultam das leis naturais. Seu conhecimento permite-nos entender a imensidade de fenômenos relatados nas Escrituras e que o Espiritismo, sem ter o caráter de “mistério ou de teorias secretas”, tudo revela com clareza a quem o estuda com seriedade e sem ideias preconcebidas.

É nesse sentido que não existe “misticismo” no Espiritismo. Não que os fatos deixem de existir, pois desde os primórdios da Humanidade eles vêm ocorrendo; mas tais fenômenos são absolutamente naturais, como o demonstram os Espíritos. Entretanto, acrescenta Kardec, a Doutrina é de iniciativa dos Espíritos, mas também resulta “do ensino coletivo e concorde por eles dado”.

No parágrafo seguinte da introdução, explica o Codificador que o caráter essencial da Doutrina Espírita é a “generalidade e concordância no ensino”. Essa é a base da subsistência do Espiritismo, “donde resulta que todo princípio que ainda não haja recebido a consagração do controle da generalidade não pode ser considerado parte integrante dessa mesma Doutrina”, pois sobre uma “opinião isolada” o Espiritismo não pode se responsabilizar.

Em seguida, explica que a concordância de opiniões dos Espíritos, submetida ao “critério da lógica, é que constitui a força da Doutrina Espírita e lhe assegura a perpetuidade”. E é também essa concordância universal que prevalecerá “sobre todos os sistemas pessoais, cujas raízes não se encontram por toda parte, como com ela se dá”. Como exemplo dessa concordância coletiva, cita O livro dos espíritos, em cujo primeiro decênio de publicação, e ainda hoje, teve seus “princípios fundamentais” basilares “sucessivamente completados e desenvolvidos”. Nenhum deles jamais foi desmentido.

Allan Kardec deixa claro, no penúltimo parágrafo da introdução de A gênese, que teve o cuidado de indicar a situação hipotética de algumas teorias dessa obra, “que devem ser consideradas simples opiniões pessoais, enquanto não forem confirmadas ou contraditadas”. Dessa forma, não nos cabe outro dever senão o de conhecer bem essas “opiniões pessoais”, inclusive as do próprio Kardec, mantendo discrição em relação ao que ainda não tenha recebido a chancela de verdade por parte dos Espíritos superiores sem, entretanto, faltar com a nossa obrigação de respeito às ideias alheias e estudo aprofundado de toda obra que nos seja transmitida pelos Espíritos naquilo que não contradiga o critério do consenso universal.

 Há revelações, entretanto, que somente podem ser feitas à nossa Humanidade ainda atrasada espiritualmente após um tempo relativamente longo para nós, mas breve para Jesus e seus missionários. As próprias obras da Codificação de Allan Kardec foram submetidas a ensaios de muitos de seus textos pela Revista Espírita, antes da desencarnação do Codificador, como ele nos esclarece no último parágrafo da introdução de A gênese. Um desses princípios, que Kardec de início relutou em aceitar, só o fazendo após longa reflexão e esclarecimento dos Espíritos superiores, foi o da reencarnação, que, em diversos países, em especial nos Estados Unidos, onde o preconceito racial sempre foi marcante, não era admitida por grande número de adeptos dos fenômenos mediúnicos, ainda que cressem nas manifestações dos Espíritos.

Em novembro de 1869, o Espírito Allan Kardec, em importante mensagem, publicada na Revista Espírita de dezembro desse ano, deixa aos espíritas sinceros este alerta:

 

[...] Ainda por longo tempo haverá irmãos falsos e amigos desassisados; mas, tal como seus irmãos mais velhos, não conseguirão que o Espiritismo saia da sua diretriz. Embora causem algumas perturbações momentâneas e puramente locais, nem por isso a Doutrina periclitará. Ao contrário, os espíritas transviados bem depressa reconhecerão o erro em que incidiram e virão colaborar com maior ardor na obra por um instante abandonada e, atuando de acordo com os Espíritos superiores que dirigem as transformações humanitárias, caminharão a passo rápido para os ditosos tempos prometidos à Humanidade regenerada (KARDEC, op. cit., p. 492).

 

                                                                                                                                   

Como podemos observar, as dificuldades da união e concordância sobre alguns pontos importantes do Espiritismo estavam previstas em A gênese por Allan Kardec, que ele reforçou em comunicação post-mortem na Revista Espírita. Essas dificuldades, segundo ele, demandariam tempo para serem superadas.

Outro desses pontos refere-se à questão das relações sociais do espírita, em especial com as pessoas necessitadas de nosso apoio espiritual e material. Sem isso, fica difícil nosso exercício da caridade, meio eficaz de nossa “salvação”, como foi proposto por Kardec. Dentre as obras espíritas que se referem ao assunto, recomendaríamos a leitura e reflexão da obra baseada na proposta de Mário da Costa Barbosa, intitulada Conviver para amar e servir, cuja primeira edição foi publicada pela FEB em 2013.

No que se refere à crença na reencarnação, no país mais refratário a essa realidade, que são os Estados Unidos, diversos cientistas ali reencarnaram ou residiram, nas últimas décadas, para realizar pesquisas da mais alta importância na comprovação dessa questão. Dentre eles, lembramos Ian Stevenson, que publicou obra conhecida mundialmente, traduzida para o português com o título de Vinte casos sugestivos de reencarnação, após o que suas pesquisas vêm sendo, cada vez mais, confirmadas por outros cientistas, como é o caso de Brian Weiss, Helen Wambach, Raymond A. Moody, Jenny Cockell e outros.

Ao falar sobre o caráter da revelação espírita, no primeiro capítulo de A gênese, explica Allan Kardec que

 

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificações não pode emanar de Deus. É assim que a Lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua origem, enquanto que as outras leis mosaicas, essencialmente transitórias, muitas vezes em contradição com a lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu (loc. cit., it. 10).

 

Logo após, informa que a base dos ensinamentos do Cristo, foi o Decálogo. As demais leis que não eram Divinas foram abolidas por Ele. Com o tempo, todas as leis que não provinham de Deus foram perdendo sua influência e sendo modificadas, exceto as contidas nos Dez Mandamentos recomendadas por Jesus e até hoje mantidas intactas.

A Ciência espírita, esclarece-nos Kardec, como revelação das leis do

 

mundo invisível que nos cerca e no meio do qual vivíamos sem o suspeitarmos, assim como as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem após a morte, é uma verdadeira revelação, na acepção científica da palavra” (loc. cit., it. 12).

 

Em seguida (it. 13), após explicar o “duplo caráter” da “revelação espírita”, o divino e o científico, termina por afirmar o seguinte: “O que caracteriza a revelação espírita é o ser Divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem”. O método utilizado no Espiritismo é idêntico ao das ciências positivas, ou seja, o método experimental.

Todos os fatos novos que surjam, impossibilitados de serem explicados por leis conhecidas, são observados, comparados, analisados e o Espiritismo,

 

remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os preside; depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não estabeleceu como hipótese a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da Doutrina. Concluiu pela existência dos Espíritos quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram depois confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, quando também se aplica às coisas metafísicas (loc. cit., it. 14).

 

Diz Kardec que o objeto de pesquisa da “Ciência propriamente dita” são as leis da matéria, enquanto que o assunto especial com o qual se ocupa o Espiritismo “é o conhecimento das leis do princípio espiritual. Um deles reagindo sobre o outro, os princípios material e espiritual se completam. Conclui o Codificador que

 

O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria malogrado, como tudo quanto surge antes do tempo (loc. cit. it. 16).

 

Nos itens 20 e seguintes, deste primeiro capítulo, Allan Kardec, incontestavelmente inspirado pelo Cristo, chega à conclusão de que, com toda a razão, o Espiritismo pode ser considerado a terceira das grandes revelações. A primeira foi a de Moisés, que recebeu mediunicamente o Decálogo e trouxe ao Mundo a ideia do Deus único; a segunda foi a do Cristo, que nos fez a revelação da vida futura e anunciou, para os nossos tempos a vinda do Paracleto ou Consolador, como registrou João no capítulo 14 do seu Evangelho, em especial nos versículos 16 e 17; e a terceira é a própria Doutrina Espírita, que nos confirma o anúncio do Cristo e desvela tudo o que era considerado “magia e feitiçaria”, demonstrando que essa crença não é algo aterrador e, sim, a revelação de leis naturais até então desconhecidas pela maioria das pessoas.

Este primeiro capítulo de A gênese contém 62 itens que vale a pena serem lidos, estudados e refletidos. Principalmente pelos que ainda não entenderam o caráter revelador do Espiritismo, não como mais uma religião, com sacerdócio organizado, rituais, paramentos, hierarquia, etc., mas, sim como o Cristianismo restaurado, que tem sob a coordenação de seus ensinamentos superiores o próprio Jesus.

A gênese é mais uma obra de Kardec que nos dá clara visão sobre o verdadeiro caráter da Doutrina Espírita. Fica aqui o convite ao amigo leitor para ler também este belíssimo capítulo sobre o caráter da terceira revelação, assim como esta monumental obra.

O Cristo sintetizou toda a Lei Divina e “fez do amor de Deus e da caridade para com o próximo” condições essenciais para a nossa “salvação” (it. 25). Por isso mesmo, repete Kardec, no item 26 deste capítulo, a promessa de Jesus concretizada pela Doutrina Espírita, com as quais encerramos estes apontamentos:

 

Muitas das coisas que vos digo ainda não as podeis compreender, e muitas outras eu teria a dizer, que não compreenderíeis; é por isso que vos falo por parábolas; mais tarde, porém, enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito de Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas (João, 14:16; Mateus, 17).

 

O Espiritismo cumpre fielmente essa promessa do Cristo e, portanto, restaura sua Boa-Nova em toda a pureza de revelação Divina, como o demonstra o livro A gênese.

 

 

REFERÊNCIAS

 

KARDEC, Allan. A gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2009. 

______. ______. Tradução de Guillon Ribeiro. 53. ed. (ed. histórica) Brasília: FEB, 2013. 

______. Revista Espírita. Ano décimo segundo. Dezembro de 1869. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2005. 

PAROLIN, Sônia Regina Hierro; SARMENTO, Hélder Boska de Moraes; PONTES, Reinaldo Nobre. Organizadores. Conviver para amar e servir: fundamentação espírita sobre a metodologia do espaço de convivência, criatividade e educação pelo trabalho no serviço assistencial espírita. Brasília: FEB, 2013. 

Publicado em Reformador, jan. 2018, periódico mensal da Federação Espírita Brasileira.

Republicado, nesta data, com pequenas modificações.


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