11.7 Deve-se expor a vida por um malfeitor?
Um homem está em perigo
de morte. Para salvá-lo, outro deve expor a própria vida. Mas sabe-se que é um
malfeitor e que, se escapar, poderá cometer novos crimes. Deve o outro, apesar
disso, arriscar-se para o salvar?
Lamennais
Paris, 1862
Esta é uma questão bastante grave, e que se pode
naturalmente apresentar ao espírito. Responderei segundo meu adiantamento
moral, desde que se trata de saber se devemos expor a vida, mesmo por um
malfeitor.
O devotamento é cego. Socorre-se um inimigo;
deve-se socorrer também a um inimigo da sociedade, numa palavra, um malfeitor. Acredita
que é somente à morte que se vai arrancar esse infeliz? É talvez a toda a sua
vida passada. Porque, reflita nisto: nesses
rápidos instantes que lhe arrebatam os últimos minutos da vida, o homem perdido
se volta para seu passado, ou antes, seu passado ergue-se diante dele. A morte,
talvez, chegue muito cedo para ele. A reencarnação poderá ser terrível.
Lancem-se, então, homens! Vocês, que a ciência
espírita esclareceu, lancem-se, arranquem-no ao perigo! E então, esse homem,
que teria morrido blasfemando, talvez se atire nos seus braços. Entretanto, vocês
não devem perguntar se ele o fará ou não, mas correr em seu socorro, pois,
salvando-o, obedecem a essa voz do coração que lhes diz: "Podem
salvá-lo: salvem-no".
Tradução livre: Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira
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