EM DIA COM O MACHADO
605:
Passe Somente no Centro Espírita? Que é isso? (Jó)
Ainda hoje, alma irmã, recebi ligação de
Porto Alegre, RS. Era um sobrinho querido, que aderiu ao Espiritismo há anos e
frequenta um centro espírita onde é passista.
Diz ele que sua sogra, a quem quer muito bem,
está hospitalizada com problema cardíaco e que ele irá fazer-lhe companhia por
dois ou três dias, em revezamento com a esposa dele, que já acompanhou a mãe em
período semelhante e precisa descansar. Estava com uma dúvida atroz, como
passista, se podia ou não orar e aplicar passes na doente. O motivo da pergunta
devia-se a ter sido recomendado, na casa espírita que frequenta, para nenhum
dos seus passistas aplicar passes fora daquele local.
Provavelmente, disse-lhe eu, a recomendação
devia-se aos cuidados que devemos ter com os adeptos de outras crenças ou
descrentes, quando estamos fora do local destinado aos passes, na casa
espírita. Mas o passe é uma terapêutica espiritual aplicada pelo próprio
Cristo, nas curas que realizou, em diversos locais.
O que é preciso é perguntar se a pessoa
aceita ou não a imposição simples da mão, sem contato, sobre sua cabeça
enquanto oramos por ela. Caso percebamos que a pessoa se sente incomodada, devemos
nos abster de impor-lhe as mãos e nos contentarmos em orar em seu benefício,
mas em geral raras são as pessoas que rejeitam o passe.
Expliquei-lhe que eu mesmo já apliquei
diversos passes em minha cunhada católica em sua casa. E ela, embora sendo
católica, sempre manifestou interesse nesse tratamento magnético, acompanhado
de oração.
Acredito mesmo que até os ateus, no momento
de grave doença, “pelo sim, pelo não”, não rejeitariam o passe. Caso o dispensem,
podemos orar por eles à distância do local. Costuma-se dizer que, no momento de
risco de sua vida, ninguém é ateu.
Esta orientação de Gurgel ao passista
iniciante é muito importante, por isso a cito abaixo:
“O passista não é, e não poderia ser, uma
exceção a esta lei maior de responsabilidade individual. Também aqui, ao
habilitar-se à condição de obreiro da fraternidade e do auxílio, ele torna-se
devedor, perante o próximo, da sua contribuição de paz, amor e luz, em especial
junto dos que padecem a desesperança, a angústia, a descrença, a dor física e o
sofrimento moral[1].”
Com relação ao local do passe, embora
confirmando que o melhor local para ele é o Centro Espírita, Jacob Melo[2]
esclarece que é preciso usar o bom senso e a razão, mas que também tanto o
Espírito André Luiz quanto Philomeno de Miranda nos esclarecem, o primeiro, que
“as necessidades físicas e morais” devem ser atendidas “dentro dos recursos ao
nosso alcance”; o segundo, que o espírita, realmente consciente [...] armado do
escudo da caridade e protegido pela superior inspiração que haure na prece,
[parte] para o serviço no lugar em que se faz necessário, onde dele precisam”[3].
Jacob Melo[4]
diz que fora da casa espírita o passista deve, em primeiro lugar, estar certo
de que o ambiente seja calmo, sem agitação de pessoas e que haja recolhimento silencioso.
Esclarecer aos envolvidos, quando for o caso, quando o passe for na casa do
necessitado, que sua situação é excepcional, mas que o local ideal para o
benefício do passe é o centro espírita.
Em síntese, embora se recomende local
apropriado, na casa espírita, para o passe, “Guardar-se da tarefa abençoada de
servir é mais que egoísmo, é irresponsabilidade que, com certeza, trará, mais
tarde, consequências dolorosas e tristonhas”[5].
O que não se deve, também, é aplicar o passe
com movimentos bruscos, espalhafatosos, respiração ofegante. Basta que se faça
uma oração, se possível acompanhada pelo paciente, ao tempo em que se impõem as
mãos a cerca de 10cm sobre sua cabeça, que não deve ser tocada.
Termino com a frase de André Luiz, citada por
Jacob Melo: “Proibir ruídos quaisquer, baforadas de fumo, vapores alcoólicos,
tanto quanto ajuntamento de gente ou a presença de pessoas irreverentes e
sarcásticas, nos recintos para assistência espiritual”[6].
No momento do passe, passista e doente devem manter-se mentalmente em prece que
não seja muito longa. Um Pai Nosso já é suficiente.
Paz e luz!
[1] GURGEL, L. C. de Melo. O Passe Espírita. 6. ed. Brasília: FEB, 2015, p. 152.
[2] MELO,
Jacob. O passe, seu estudo, suas técnicas, sua prática. 1. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1992, p. 163.
[3] GURGEL,
L. C. de Melo. Op. cit., loc. cit.
[4] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.
[5] GURGEL, L. C. de Melo. Op. cit., loc. cit.
[6] MELO, Jacob. Op. cit., p. 162.
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