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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

 EM DIA COM O MACHADO 603:

Moutinho e o Bom Senso na Prática Mediúnica (Irmão Jó)


 

No dia 21 de novembro de 2022, faleceu em Brasília o Sr. João de Jesus Moutinho em avançada idade. Mineiro de Araguari, o Sr. Moutinho, como era conhecido, estava na faixa dos 96 anos, quando desencarnou de madrugada.

Ele começou sua atividade espírita aos 20 anos, como palestrante e pesquisador. Então, foram 76 anos de prolífica atuação na seara espírita.

Conforme lemos no site da Federação Espírita Brasileira (FEB), que publicou resumidamente sua atuação, aqui em Brasília, desde 1973, Moutinho atuou nessa casa. E, em 1978, foi eleito seu diretor, ficando no cargo até 1986, quando assumiu a direção da Federação Espírita do Distrito Federal, permanecendo nessa função até 2004.

Moutinho publicou, pela FEB, quatro obras: Notícias do Reino, Os profetas, Respigas de Luz e O Evangelho sem Mistérios nem véus.

Em crônica irônica, publicada na Gazeta de Notícias, em 5 de outubro de 1885, Machado de Assis afirma que esteve na Federação Espírita Brasileira e, entre outras coisas, disse que ia fundar uma “igreja espírita” em Santo Antônio de Pádua, mas foi impedido pelo código de posturas da Câmara Municipal da cidade, onde se lia, no artigo 113 do código: “Fica proibido fingir-se de inspirado por potências invisíveis, ou predizer cousas tristes ou alegres”.

E você pergunta, alma amiga: O que isso tem a ver com o Sr. Moutinho? Até o final desta crônica ficará sabendo...

Allan Kardec afirmou que o Espiritismo é uma ciência de observação que não se aprende em poucos anos. Para ser um sábio, diz o Codificador, é necessário três quartas partes da existência dedicada à pesquisa teórica e prática. Como ¾ de 96 dá 72, e Moutinho dedicou 76 anos de sua vida ao estudo e divulgação do Espiritismo, podemos dizer que ele foi autêntico sábio.

Pois bem, quando cheguei a Brasília em 1980, Moutinho era o coordenador das reuniões de estudo e prática mediúnica na FEB. Eu viera de Barreiras, BA, onde o Espiritismo começava a ocupar seu espaço e, mesmo sendo bastante jovem aos 28 anos, como Moutinho, desde os 20 anos, eu atuava na seara espírita. Após cerca de oito anos de estudo e prática da Doutrina Espírita, por já tentar alguns ensaios na área mediúnica, ingressei no curso coordenado por Moutinho, e a lição que recebi dele serviu-me como parâmetro por toda a atual existência.

Juntamente com outros irmãos e irmãs, tentei a psicografia, no curso oferecido pela FEB, mas, como já ocorrera antes, ao invés de ser influenciado por uma entidade estranha, tudo o que eu escrevia era fruto de minhas leituras acendradas, como verdadeiro “devorador” de obras espíritas. Já havia lido as obras do chamado “pentateuco kardequiano” diversas vezes, além de Chico, Divaldo Franco, Yvonne Pereira etc. Por outro lado, como dizem que “em terra de cego, quem tem um olho é rei”, na Bahia, a cadeira de palestrante das reuniões públicas era quase cativa minha. Também dirigia reuniões mediúnicas, mas atuava como “doutrinador”...

Como não era médium, na acepção verdadeira da palavra, e não percebia a influência de entidades espirituais enfermas ou desequilibradas, tudo o que eu psicografava, bem como minhas poucas manifestações psicofônicas, refletia a vontade anímica de ser “influenciado por potências invisíveis”, como dizia Machado de Assis. E essas supostas entidades, refletindo meu parco conhecimento espírita, só produziam textos ou falas que eu, o pretenso médium, considerava de grande elevação.

Percebendo isso, nosso saudoso irmão Moutinho, agora no plano espiritual, alertou-me na época: “Tudo isso é seu. Não há Espírito, a não ser o seu em suas mensagens”. E eu me convenci definitivamente que, embora Allan Kardec tenha dito que, de certa forma, todos somos médiuns, seria hipocrisia de minha parte atribuir minhas ideias aos espíritos.

Precisa-se observar atentamente o que é falado ou escrito numa reunião mediúnica, bem como submeter ao “consenso universal”, proposto por Allan Kardec, as mensagens mediúnicas, sejam elas escritas ou faladas. Por outro lado, assim como o médium que não estuda pode ser vítima de fraude espiritual, o que estuda muito pode também ser transmissor de mensagens anímicas. Principalmente quem só “recebe” mensagens de “espíritos elevados”.

Por esse motivo, é raro o médium autêntico, como Chico Xavier, a pouco lembrada Zilda Gama, Yvonne Pereira e Divaldo Franco. Mas há inumeráveis médiuns simples e pouco badalados no movimento espírita que nos trazem preciosas informações dos espíritos, sejam eles perturbados e inferiores, sejam de grande elevação, como venho observando ao longo de cinco décadas de estudo e divulgação do Espiritismo. Alguns dos fenômenos transmitidos por eles já pude observar em meu próprio meio familiar, cuja comprovação seria fastidioso expor aqui. Fenômenos raros, pois, como disse Chico Xavier, “o telefone toca de lá para cá”. E os espíritos não estão à nossa disposição para se manifestarem quando exigimos e como queremos.

Igualmente raro é alguém como João de Jesus Moutinho, a quem tive o privilégio de conhecer e beber da água cristalina de seus ensinamentos. Moutinho fora também, como Allan Kardec, de muito bom senso e sabedoria. Por esse motivo, não aceito cegamente tudo que é atribuído a uma “potência invisível”, mas continuo observando, estudando, aprendendo e praticando...

Obrigado, Sr. Moutinho!  

    Paz e luz! 

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

 

VOCÊ PODE

 


Carregando nos próprios ombros as aflições que fustigam a Terra, o Senhor acreditou nas promessas de fidelidade que você lhe fez, enviando-lhe ao caminho aqueles irmãos necessitados de mais amor. 

Chegam eles de todas as procedências... 

É a esposa fatigada esperando carinho; é o companheiro abatido implorando, em silêncio, esperança e consolo. 

De outras vezes, é o filho desorientado suplicando compreensão ou o parente, na hora difícil, aguardando braços fraternos. 

Agora é o amigo transviado, esmolando compaixão e ternura, depois, talvez, será o vizinho atormentado em problemas esfogueantes, pedindo bondade e cooperação. 

Isso acontece, porquanto você pode compartilhar com Ele a tarefa do auxílio. 

Não desdenhe, desse modo, apoiar o bem. 

Acendamos a luz, onde as trevas se adensem; articulemos tolerância, ao pé da agressividade; envolvamos as farpas da cólera em algodão de brandura; conduzamos a paz por fonte viva sobre a discórdia, toda vez que a discórdia se faça incêndio destruidor... 

Deixe que Ele, o Mestre, se revele por sua palavra e por suas mãos. Não impeça a divina presença, através de seu passo, no amparo às humanas dores. 

E, nessa estrada bendita, depois da luta cotidiana, sentirá você no imo da própria alma, o sol da alegria perfeita repetindo, de coração erguido à verdadeira felicidade: — Obrigado, Jesus, porque na força de tua bênção, consegui esquecer-me, procurando servir. 

ANDRÉ LUIZ (Espírito). In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Ideal Espírita (Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira). Brasília: FEB; Uberaba: IDEAL, 2023.


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 602:
A DIFÍCIL VIDA DE ESCRITOR (Jó)


 

Nos últimos dias, tenho refletido na questão do fracasso e do sucesso em atividades realizadas nas nossas vidas. Ainda hoje, vi a atleta Rebeca Andrade, num canal de TV, afirmar que a vitória passa também pelo fracasso.

Tanto isso é verdade que meu amigo Joteli, de 71 anos, ficou em terceiro lugar, em sua faixa etária, numa competição matinal de tênis de mesa há poucos dias. Porém, no mesmo dia, à tarde, foi desclassificado noutra competição, quando perdeu para uma menina de cerca de 10 anos e para um jovem de 30...

O detalhe é que esses já treinam há alguns anos, e aquele há alguns meses. Por isso, o “velhinho” não desiste do esporte que, em sua idade, segundo informação do diretor de tênis de mesa do clube, auxilia na prevenção e combate ao Alzheimer.

Meu amigo ficou muito entusiasmado com as duas vitórias matutinas, que lhe deram o terceiro lugar dentre quatro competidores. Por isso, nem ligou para as duas derrotas vespertinas. Já se inscreveu para novo desafio, no próximo sábado, noutro clube de Brasília.

Como se diz no Japão: “O importante é competir”. Mas que nosso maior adversário sejamos nós mesmos e tenhamos todo o respeito ao oponente. Para sair-se vitorioso, em qualquer torneio, além do talento, é preciso muito treino.

E nas letras, como se dá o sucesso? Machado de Assis recomendava aos jovens que jamais fossem açodados na difusão a outrem daquilo que escreviam. A pressa não nos assegura bons textos, afirmava o Bruxo do Cosme Velho. Daí a necessidade de ler muito sobre um assunto, antes de escrever sobre ele e, na produção textual, ler, reler, cortar, acrescer, inovar quanto puder e, se possível, contar com um bom revisor, como o que eu tenho: o amigo Astolfo.

Inda hoje li interessante frase dum bloguista. Ele afirmou ter ouvido dizer que somente após sua morte os escritores ganham fama na publicação de seus livros. Será verdade? Nem sempre. Entretanto, alguns escritores só ganharam fama post mortem. Exemplos:

Anne Frank, jovem judia, escreveu a famosa obra intitulada O Diário de Anne Frank, que só foi conhecida no mundo após sua morte num campo de concentração. Seu relato foi escrito entre 1942 e 1944, quando estava escondida dos alemães nos fundos dum prédio, em Amsterdã, na Holanda. Ela morreu de tifo e inanição no campo de concentração nazista dessa cidade. Consta que a obra, antes de ser publicada, foi rejeitada por 15 editoras. Depois de publicada, foi traduzida em mais de 70 idiomas e vendeu mais de 35 milhões de livros.

Emily Dickinson, poetisa americana do século XIX, embora tenha escrito milhares de poemas, em vida, somente doze haviam sido publicados. É considerada uma das mais destacadas poetisas dos Estados Unidos. Além da influência bíblica, Shakespeare a influenciou...

Franz Kafka, também escritor judeu, é considerado um dos grandes pensadores do século vinte. Entregou sua obra literária, antes de morrer, ao amigo Max Brod, ao qual pediu que a destruísse, mas Brod publicou-a sob o título de Metamorfose, que imortalizou Kafka como grande escritor.

Lima Barreto, um dos romancistas mais conhecidos hoje, no meio escolar e acadêmico, sofreu rejeição em vida e mal pôde pagar para publicar sua obra enquanto viveu.

Tudo isso vem à baila no momento em que meu amigo Joteli, o mesatenista citado, que pouco faz questão de divulgar suas obras literárias, constata quão difícil é o reconhecimento popular de seu trabalho. Após ter escrito cerca de 600 crônicas, resolveu publicar 60, dez por cento delas, a convite de uma editora acadêmica. Para tal, fez algumas modificações e classificações temáticas, melhorou o que já havia sido aprovado, mudou algo e publicou o livro, depois de pagar por sua edição.

Dois meses depois de publicada, conferiu a venda de sua obra, em aplicativo fornecido pela editora, que não comercializa o livro em livrarias e só imprime o que lhe é pedido: três livros seus foram vendidos: um comprado por um amigo e dois por uma filha.

Força, meu amigo. Quem sabe se, após sua desencarnação, sua obra não seja reconhecida? Enquanto isso não ocorre, continue praticando tênis de mesa...


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

 PERSEVERAR


... Aquele que perseverar até o fim será salvo — Jesus (Mateus, 10:22).

Todas as vitórias da criatura são frutos substanciosos da perseverança.

Perseverando na edificação do progresso, mentes e corações, sem cessar, renovam os itinerários da própria vida.

O estudante incipiente chega a ser o erudito professor.

O curioso bisonho transforma-se no artífice genial.

A alma inexperiente atinge a angelitude.

Dir-se-ia constituir o triunfo evolutivo um hino perene à constância no aprendizado.

Sem firmeza e tenacidade, a teoria do projeto jamais deixará o sonho do vir a ser.

Por esse motivo, compete-nos recordar a necessidade imperiosa da perseverança desce os mínimos cometimentos até as realizações mais expressivas do bem para atingirmos o êxito duradouro.

Sem a chama da perseverança, a educação não pode patrocinar a iluminação das consciências; a edificação assistencial não surge na face planetária qual farol benfazejo asilando os náufragos da viagem terrena, e o “homem de ontem” não alcança a claridade do “homem de hoje” para maiores conquistas do “homem de amanhã”.

Se almejas superar a ti mesmo, recorda a firme inflexão da voz do Cristo Excelso: ... Aquele que perseverar até o fim será salvo.

Asila-te na fortaleza da fé viva, lembrando que os transes que te visitam, por mais profundos e desconcertantes, têm limites justos e naturais, e que nos cabe o dever de servir, confiar e esperar, para nossa própria felicidade, aqui e agora, hoje, amanhã e sempre.

EMMANUEL (Espírito). In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Ideal Espírita. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira. 1. ed. – 1. imp. Brasília: FEB; Uberaba: CEC, 2023.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 601:
O Desafio Social à Vivência Cristã-Espírita (Jó) 


 

        Em sua última palestra espírita, o expositor lembrou aos presentes a importância da vivência cristã-espírita dos ensinamentos de Jesus. Lembrou que grandes profetas haviam passado pela Terra e trazido luzes espirituais inesquecíveis. Todavia, entre a teoria do que ensinaram e a vivência desses ensinamentos pouco se aproveitou...

        Era natural que os ensinamentos elevados captados por esses enviados do Cristo se misturassem com as leis humanas repressoras, como ocorreu durante a missão de Moisés. Kardec divide em duas partes os ensinamentos transmitidos por Moisés: o da lei divina e o da lei civil, destinada a disciplinar o povo bárbaro da época do legislador hebreu. A Lei Divina é que Jesus não modificou, por ser eterna; a civil está sempre se modificando conforme a moral do povo se eleva.

        Após Moisés, outros legisladores, filósofos e profetas surgiram na Terra, trazendo-nos grandes mensagens. Destaco Sócrates e seu discípulo Platão.

        Sócrates adquiriu uma certeza tão grande sobre a imortalidade do espírito que não receou tomar cicuta, veneno letal, condenado por... Pasmem, almas amigas, subverter a juventude com sua filosofia que lhe assegurava sermos todos imortais e responsáveis pelo que fazemos de bom ou de mal durante a existência física.

Platão, seu mais destacado discípulo, divulgou os ensinamentos socráticos e sua grandeza ante a condenação injusta, principalmente, em duas obras intituladas Apologia de Sócrates e A República. Platão também fundou sua Academia, influenciado por Sócrates no modo dialético de ensinar e aprender.

        Platão criou uma teoria que se baseava na existência de três tipos de caráter formadores das almas das pessoas:

1.   Caráter concupiscível: em que prevalecem os desejos e paixões animais;

2.   Caráter irascível: com predomínio dos impulsos de raiva, agressividade e força;

3.   Caráter racional: em que predomina a razão. Uma de suas frases filosóficas importantes é esta: “Tente mover o mundo, mas comece movendo a si mesmo”. 

Muitos séculos antes de Jesus nascer, Ele já enviara, do Plano Espiritual, seus profetas em todo o mundo, como os que nos transmitiram sábios conselhos, na “China milenária”, continua Emmanuel explicando-nos, no subtítulo da obra A Caminho da Luz, intitulado As promessas do Cristo.

Todos eles vieram com missões de nos dar esperança sobre a imortalidade da alma e fé na vida espiritual. Mas, para nos provar essas realidades, o Cristo veio pessoalmente, deixando que lhe tirassem a vida do corpo físico e nos aconselhando a fazer sempre o bem, como Ele o fazia. A não temer os que nos matam o corpo e não podem matar a alma, mas sim, “Àquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” Mateus, 10:28.

Na segunda parte de sua frase, Jesus emprega uma simbologia para nos mostrar que, ao infringir a Lei Divina do “Não matar”, a alma se precipita no inferno de sua consciência culpada, o qual, entretanto, não é eterno, mas que cobrará ceitil por ceitil todo o mal que fizermos ao próximo, haja vista sua Lei Áurea: “Portanto, tudo o que vós quereis que outrem vos faça, fazei-lhe também, porque essa é a lei e os profetas”, conforme lemos em Mateus, 7:12.

Por ainda estarmos longe de vivenciar plenamente a mensagem cristã é que Allan Kardec afirma, no capítulo 17, ao final do item 4 d’O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.

Esse é o grande desafio que a sociedade nos cobra, em nossa vivência cristã-espírita. Se ainda estamos longe da angelitude, esforcemo-nos, dia após dia, para seguir o modelo deste sublimado guia espiritual da humanidade: Jesus, o Cristo de Deus! Entretanto, não nos ocupemos em julgar os atos alheios, mesmo censuráveis, ocupemo-nos em praticar tudo o que esteja de acordo com o Evangelho de Jesus, tendo como juiz simplesmente a nossa consciência, onde se situa a Lei de Deus!


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

 


ESPERA E AMA SEMPRE

 

Quanta aflição desaparecerá no nascedouro, se souberes sorrir em silêncio! Quanta amargura esquecida, se desculpares o fel!

Rogas a paz do Senhor, mas o Senhor igualmente espera por teu concurso na paz dos outros.

Reflete nas necessidades de teu irmão, antes de lhe apreciares o gesto impensado. Em muitas ocasiões, a agressividade com que te fere é apenas angústia e a palavra ríspida com que te retribui o carinho é tão somente a chaga do coração envenenando-lhe a boca.

Auxilia mil vezes, antes de reprovar uma só.

O charco emite correntes enfermiças por não haver encontrado mãos que o secassem e o deserto provoca sede e sofrimento por não ter recebido o orvalho da fonte.

Deixa que a piedade se transforme no teu coração em socorro mudo, para que a dor esmoreça.

Não estendas a fogueira do mal com o lenho seco da irritação e do ódio.

Espera e ama sempre!

Em silêncio, a árvore podada multiplica os próprios frutos e o céu assaltado pela sombra noturna descerra a glória dos astros!...

Lembra-te do Cristo, o Amigo silencioso.

Sem reivindicações e sem ruído, escreveu os poemas imortais do perdão e do amor, da esperança e da alegria no coração da Terra.

Busquemos n’Ele o nosso exemplo na luta diária e, tolerando e ajudando hoje, na estreita existência humana, recolheremos amanhã as bênçãos da luz silenciosa que nos descerrará os caminhos da Vida Eterna.

MEIMEI (Espírito). In: Espíritos diversos. Ideal espírita. Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira. Brasília: FEB; Uberaba: CEC, 2023 (1).


Obs.: As mensagens de números ímpares foram psicografadas por Chico Xavier; as de números pares por Waldo Vieira.


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 600

Os Dez Mandamentos, Jesus e o Espiritismo (Jó)

 


        Os Dez Mandamentos recebidos por Moisés, de acordo com o que lemos em Êxodo, possui apenas três afirmativas, mas sete negativas. As afirmativas estão no primeiro, no terceiro e quarto mandamentos. 1º - Eu sou o Senhor teu Deus; 3º - Santifica o dia de sábado; e 4º - Honra teu pai e tua mãe. As negativas são as seguintes: 2º - Não fale em vão o nome do Senhor teu Deus; 5º - Não mate; 6º - Não adultere; 7º - Não furte; 8º - Não perjure; 9º - Não deseje a mulher do teu próximo; e 10º - Não cobice nada que seja do teu próximo.

        A seguir, comentarei cada mandamento, de acordo com a visão de Jesus. Primeiramente os afirmativos:

 

1º - Eu sou o Senhor teu Deus.

Ao lhe ser perguntado, por um jovem, qual era o maior mandamento, disse Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Destes mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” Ou seja, ninguém que não ame seu próximo ama a Deus. Donde resulta a regra áurea: “Portanto, tudo o que queres que os homens te façam, faze-lhes também, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus, 7:12).

 

3º - Santifica o dia de sábado. “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo é o sábado do Senhor, teu Deus [...]”.

Havia, próximo à Porta das Ovelhas, em Jerusalém um tanque de águas, chamado Betesda, cujas águas eram consideradas curadoras, para quem primeiro entrasse nelas, quando suas águas começavam a se movimentar, durante uma festa anual que ali ocorria. Vendo Jesus um homem deitado, que há 38 anos estava enfermo, perguntou-lhe se queria curar-se. Este respondeu-lhe que sempre esperava por alguém para colocá-lo no tanque, quando a água se agitava, mas nunca conseguira isso, pois alguém descia primeiro que ele. Jesus então diz-lhe para levantar-se, tomar sua cama e andar.

Vendo isso, os judeus questionaram Jesus, pois não consideravam lícito fazer qualquer coisa num sábado. Este lhes respondeu: — “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João, 5:1 a 17).

Outras curas realizou Jesus num sábado, como a dum cego de nascença e os fariseus o criticaram por não “guardar o sábado” (João, 9:14 e 16). Noutra passagem evangélica, o Cristo lembra: “O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado” (Marcos, 2:23- 28.

 

4º - Honra teu pai e tua mãe.

Marcos, 7:9 a 13, registra esta afirmação de Jesus, que censura os fariseus por invalidarem o seguinte mandamento de Deus: “... honra a teu pai e a tua mãe”.

 

Em relação aos “nãos mandamentais”, é interessante lermos esta síntese de Jesus ao jovem rico que lhe perguntara qual seria o maior mandamento, quando o Senhor lhe diz:

“(1) Não adulterarás, (2) não matarás, (3) não furtarás, (4) não dirás falsos testemunhos, (5) não defraudarás alguém...” (Marcos, 10:19).

O mandamento do “não” que completa esses cinco “nãos” é o seguinte: “2 – Não fales em vão o nome do Senhor teu Deus”.

 

Ao dizer ao jovem rico: “Não defraudarás alguém”, em sua sabedoria, Jesus sintetiza o 9 e o 10 mandamentos, que é reiterado neste último. Isso porque sabia o Cristo que o nono mandamento era apenas um reforço divino no sentido de que os homens respeitassem as mulheres e entre si, algo que, até nossos dias, não ocorre.

Dizendo: “Não defraudarás alguém”, Jesus inclui todas as pessoas, sem distinção de sexo, como a lei atual de todos os países cristãos e mesmo não cristãos prevê.

Finalizando esta 600.ª (seiscentésima)   crônica, número aproximado das crônicas que teria escrito o “Bruxo do Cosme Velho”, acrescento a seguir o poema, talvez inspirado por Machado de Assis, mas que não me atrevo a tanto e, portanto, do qual assumo a autoria, sob o título:

 

Religião, Cristo e Espiritismo

 

Desde que o ser humano

Passou a ter noção

De si e da natureza,

Buscou a explicação

Dos fenômenos naturais.

 

Endeusou a água e o fogo,

Temeu o furacão,

Dançou para haver chuva

Sobre sua plantação...

 

E, ao se ver em perigo,

Ofertou ao Deus Tupã

Diversas oferendas:

Animais, vegetais

E nem mesmo seus irmãos

Deixaram de ser cremados

Como oferta ao Deus pagão.

 

Um pouco mais consciente,

Após reunir-se em tribos,

Sob o poder do mais forte,

Matou impiedosamente

Todos os inimigos...

 

Pois as tribos diferentes

Parecia-lhe ameaças

Em vista das desavenças

E dos espaços das caças

Disputadas entre dentes.

 

Inda mais esclarecido,

Formou, então, suas greis

Inspirado por profetas

E liderado por reis.

 

Surgiram as profecias,

E agora a adoração

Tinha ofertas vegetais

E os corpos dos animais:

Eis que surge a religião.

 

Entretanto, as diferenças

De cultos entre pagãos

E adoradores hebreus

Que pregavam um só Deus

Deu origem ao morticínio

De inocentes cidadãos.

 

Visando o fim dos conflitos

Entre todos os irmãos

Em seu cego fanatismo,

Surge sem ritos inúteis,

Sem dogmas ou sacerdotes,

Sem cobrança de dízimos,

O cristão Espiritismo.

 

Surge para mostrar

A todo cego da fé

Que a religiosidade

Vem da espiritualidade

Traçar-nos a rota certa

Para a paz e a verdade

Com Cristo de Nazaré.

Paz e luz!


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

 


CEM POR UM

 

Ócio, em qualquer parte, constitui esbanjamento.

Tudo vibra em perpétua movimentação, sem vácuo ou inércia na substância das coisas.

O corpo humano e o corpo espiritual são construções divinas a se estruturarem sobre forças que se combinam e trabalham constantemente em dinamismo santificante. Sejamos, por nossa vez, peças atuantes do Evangelho Vivo, demonstrando que o serviço é condição de saúde eterna.

Insculpe por onde passes o rastro luminoso do entendimento. Edifica o bem, seja escutando o riso dos felizes ou assinalando o soluço dos companheiros desditosos, criando rendimento nos tesouros imperecíveis da alma.

Ampara e ajuda a todos, desde a criança desvalida, necessitada de arrimo e luz para o coração, até o peregrino sem teto, hóspede errante das árvores do caminho.

Conserva por detalhes de mérito os calos nas mãos que abençoam servindo, a fadiga nos músculos que auxiliam com entusiasmo, o suor na fronte que colabora pela felicidade de todos e os rasgões que te recordam as feridas encontradas no cumprimento de austeras obrigações.

Oremos na atividade construtiva que não descansa.

Cantemos ao ritmo da perseverança feliz.

Respiremos no hausto da solidariedade sem mescla.

A caridade converte o sacrifício em deleite, o cansaço em repouso, o sofrimento em euforia.

Ar puro — desfaz as emanações malsãs; água límpida — dissolve os detritos da sombra; sol matinal — dissipa as trevas...

Mãos vazias ou cabeça desocupada denunciam coração ocioso.

Sê companheiro da aurora, despertando junto com o dia nas obras de paciência e bondade, sustento e elevação.

A seara do Senhor no solo infatigável do tempo guarda riquezas inexploradas e filões opulentos.

Aquele que grafa uma página edificante, semeia um bom exemplo, educa uma criança, fornece um apontamento confortador, entretece uma palestra nobre ou estende uma dádiva, recolherá, cem por um, todos os grãos de amor que lançou na sementeira do Eterno Bem, laborando com a Vida para a Alegria sem Fim.

EURÍPEDES BARSANULFO (Espírito). In: Ideal espírita. (Espíritos diversos). Psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira. Brasília: FEB; Uberaba: CEC, 2023. (4)

Obs.: Mensagem psicografada por Waldo Vieira.


  Propriedade Intelectual (Irmão Jó) Houve época em que produzir Obra de arte legal Era incerto garantir Direito intelectual.   Mas com tant...