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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

 


17.5.4 O homem no mundo

Um Espírito protetor

Bordeaux, 1863

 

         Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração daqueles que se reúnem sob o olhar do Senhor, implorando a assistência dos bons Espíritos. Purifiquem, portanto, seus corações. Não deixem que neles se alojem pensamentos mundanos ou fúteis. Elevem seus espíritos àqueles a quem vocês apelam, a fim de que eles possam, encontrando em vocês as disposições favoráveis, lançar em profusão as sementes que devem germinar em seus corações, para neles produzir os frutos da caridade e da justiça.

         Não creiam, porém, que ao exortá-los incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levá-los a viver uma vida mística, que os mantenha fora das leis da sociedade em que estão condenados a viver. Não, vivam com os homens de sua época, como devem viver os homens. Sacrifiquem-se às necessidades, às frivolidades mesmo de cada dia, mas façam-no com um sentimento de pureza que as possa santificar.

         Vocês foram chamados ao contato de espíritos de naturezas diversas, de caracteres opostos; não melindrem a nenhum daqueles com quem se encontrarem. Sejam alegres e felizes, mas seja a sua alegria a de uma boa consciência e a felicidade do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.

         A virtude não consiste numa aparência severa e lúgubre, em repelir os prazeres que a condição humana permite. Basta reportar todos os seus atos ao Criador que lhes deu  vida. Basta, ao começar ou acabar uma tarefa, que elevem o pensamento ao Criador, pedindo-lhe, num impulso da alma, a sua proteção para executá-la ou a sua bênção para a obra acabada. Ao fazerem qualquer coisa, voltem seus pensamentos à fonte suprema; nada façam sem que a lembrança de Deus venha purificar e santificar seus atos.

         A perfeição, como disse o Cristo, está inteiramente na prática da caridade absoluta, mas os deveres da caridade estendem-se a todas as posições sociais, desde a mais ínfima até a mais elevada. O homem que vivesse isolado não teria como exercer a caridade. Somente no contato com seus semelhantes, nas lutas mais penosas, ele encontra a ocasião de praticá-la. Aquele que se isola, portanto, priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de perfeição; só tendo de pensar em si, sua vida é a de um egoísta. (Ver cap. V, n" 26).

         Não imaginem, portanto, que para viver em constante comunicação conosco, para viver sob o olhar do Senhor, seja preciso entregar-se ao cilício e cobrir-se de cinzas. Não, não, ainda uma vez lhes dizemos. Sejam felizes no quadro das necessidades humanas, mas que em sua felicidade não entre jamais um pensamento nem um ato que o possa ofender ou faça velar a face dos que os amam e os dirigem. Deus é amor e abençoa aqueles que amam santamente.

        

        Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

        http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

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