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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

 


18 MUITOS OS CHAMADOS E POUCOS OS ESCOLHIDOS

 

Parábola da festa de casamento - A porta estreita – Nem todos os que dizem: Senhor, Senhor! entrarão no Reino dos Céus. Muito será pedido a quem muito recebeu. Instruções dos Espíritos: Ao que tem ser-lhe-á dado. Reconhece-se o cristão pelas suas obras.

 

18.1 Parábola da festa de casamento

 

Falando novamente em parábolas, Jesus lhes disse: — O Reino dos Céus é semelhante a um rei que, desejando fazer o casamento de seu filho, mandou os seus servos chamar os convidados para as bodas, mas eles recusaram ir. Enviou novamente outros servos, com ordem de dizer de sua parte este recado: Preparei meu jantar, mandei matar  meus bois e  todos os meus cevados; tudo está pronto; venham às bodas. Mas eles desprezaram o convite, e se foram, um para a sua casa de campo, e outro para seu negócio. Os outros pegaram os servos e os mataram, após lhes haverem feito muitos ultrages. O rei, sabendo disso, tomou-se de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou aqueles assassinos e lhes queimou a cidade.

Então disse a seus servos: — A festa de casamento está toda pronta; mas os que foram para ele convidados não eram dignos. Vão, pois, às saídas das ruas e a quantos acharem convidem para o casamento. Seus servos saíram então pelas ruas e levaram todos os que acharam, maus e bons; e a sala das bodas ficou cheia de convidados que se puseram à mesa.  

O rei entrou, em seguida,  para ver os que estavam à mesa e, percebendo ali que um homem não estava vestido com a túnica nupcial, disse-lhe: Amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? E o homem emudeceu. Então, disse o rei à sua gente: Atem suas mãos e pés  e lancem-no nas trevas exteriores: aí é que haverá pranto e ranger de dentes; porque muitos são chamados e poucos são escolhidos (Mateus, 22:1- 14).

        

        O incrédulo ri desta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, pois não admite que haja tantas dificuldades para realização duma festa, e ainda menos que os convidados cheguem a ponto de massacrar os enviados do dono da casa. "As parábolas – diz ele – são sem dúvida imagens, mas não devem passar os limites do verossímil".

         O mesmo se pode dizer de todas as alegorias, das fábulas mais engenhosas, se não lhes despojarmos de seus envoltórios, a fim de procurarmos-lhes o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais simples da vida, e as adaptava  aos costumes e ao caráter do povo a quem se dirigia. A maioria delas tinha por objetivo fazer penetrar nas massas populares a ideia da vida espiritual, e seu sentido só parece ininteligível aos que não se colocam  sob esse ponto de vista.

         Nesta parábola, Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é felicidade e alegria, a uma festa de casamento. Pelos primeiros convidados ele faz alusão aos judeus, que Deus havia chamado em primeiro lugar para o conhecimento da sua Lei. Os enviados do Senhor são profetas, que convidaram os judeus a seguir o caminho da verdadeira felicidade, mas cujas palavras foram pouco ouvidas, suas advertências eram desprezadas, e muitos deles foram mesmo massacrados como os servos da parábola. Os convidados que deixam de comparecer, alegando que tinham de cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas do mundo que, absorvidas pelas coisas terrenas, mostram-se indiferentes às coisas celestiais.

     Era crença comum entre os judeus de então que sua nação devia conquistar a supremacia sobre todas as outras. Deus não havia prometido a Abraão que sua posteridade cobriria a Terra inteira? Mas sempre tomando a forma pelo fundo, eles acreditavam tratar-se duma dominação efetiva e material.

         Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a ideia da unidade divina, essa ideia  permaneceu no estado de sistema pessoal, pois em nenhuma parte foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados, que ocultavam seus conhecimentos sob formas misteriosas, impenetráveis à compreensão das massas. Os judeus foram os primeiros que praticaram publicamente o monoteísmo. Foi a eles que Deus transmitiu sua Lei; primeiro por Moisés, depois por Jesus. É desse pequeno foco que partiu a luz que devia expandir-se pelo mundo inteiro, triunfar do paganismo e dar a Abraão uma posteridade espiritual "tão numerosa como as estrelas do firmamento". Mas os judeus, embora repelindo a idolatria, haviam negligenciado a lei moral, para se dedicar à prática mais fácil do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, dominada pelos romanos, estava esfacelada pelas facções, dividida pelas seitas; a própria incredulidade havia penetrado o santuário. Foi então que Jesus apareceu, enviado para chamá-los à observação da lei e para abrir-lhes os novos horizontes da vida futura. Primeiros convidados ao banquete da fé universal, eles repeliram, porém, as palavras do celeste Messias, e o sacrificaram. Foi assim que perderam o fruto que deviam colher da sua própria iniciativa.

    Seria injusto, entretanto, acusar o povo inteiro por tal estado de coisas. A responsabilidade coube principalmente aos fariseus e aos saduceus, que puseram a nação a perder, pelo orgulho e fanatismo de uns e  pela sua incredulidade de outros. São eles, sobretudo, que Jesus compara aos convidados que se negaram a comparecer ao banquete de núpcias. Depois acrescenta: O Senhor, vendo isso, mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus. Fazia entender assim que a palavra seria pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e que estes, aceitando-a, seriam admitidos à festa de núpcias em lugar dos primeiros convidados.

        Entretanto não basta ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para participar do banquete celeste. É necessário, antes de tudo, e como condição expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a Lei segundo o espírito. Ora, essa Lei está toda inteira nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Mas entre os que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e aplicam proveitosamente. Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! É por isso que Jesus disse: Muitos serão os chamados, e poucos os escolhidos.


Tradução livre de Jorge Leite de Oliveira

http://lattes.cnpq.br/0494890808150275

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