Em dia com o
Machado 119 (jlo)
Meus
caros leitores e leitoras, em minha época, eu imaginava que, ainda que os seres
humanos não evoluíssem, as sociedades evoluiriam. Parece até que eu tinha
razão. A modernidade trouxe um avanço nas comunicações que jamais, em tempo
algum, houve na Terra. Mas ainda há muito que avançarem as relações humanas.
Hoje
em dia, qualquer criança sabe comunicar-se por um iPhone, iPad ou em sites
de relacionamentos da internet. O neto de Joteli, com 1 ano e 5 meses, não pode
ver um desses aparelhos que já tenta apertar as teclas com seus dedinhos. O iPhone ele põe no ouvido e fica
aguardando alguém falar com ele, quando não digita, antes, alguns números
aleatórios... Enquanto isso, no iPad,
seu irmão mais velho, de 6 anos, baixa uns joguinhos ou a Galinha pintadinha,
para o caçulinha brincar ou ouvir, enquanto ele joga futebol, um dos poucos
jogos que ainda não mudou, com seus amiguinhos.
Enquanto
isso, seu pai assiste a um jogo de futebol profissional no qual diversos
torcedores, dentre os quais se destaca uma jovem, alcunham o goleiro negro
adversário de macaco. Mais tarde, seríamos informados por uma emissora de TV
que outra jovem, negra, fora ofendida pela internet, por ter postado ali a foto
com seu namorado branco, em virtude da diferença de pigmentação de suas peles.
Após
grande repercussão na imprensa escrita, falada ou televisiva, aquela mesma TV,
ao final de seu programa dominical, posta várias manifestações provindas de
vários estados brasileiros: “o Brasil é formado por uma mistura de raças”, “somos
todos iguais”, “não ao racismo”, “todos somos macacos”...
Upa
lelê, vamos com calma. Se é verdade que os animais, atualmente, estão sendo
vistos, cada vez mais, como nossos irmãos, se é certo que alguns cães vêm sendo
homenageados post-mortem como heróis, se macacos e outros animais são, por
vezes, mais civilizados do que muitas pessoas, precisamos respeitá-los e deixá-los
ser como eles são e continuarmos a ser como nós somos. Homem é homem, mulher é
mulher, cachorro é cachorro, gato é gato e macaco é macaco...
Deixemos,
pois, o macaco em paz e cuidemos da paz entre nós... Não os maltratemos
comparando-o a nós, eles não fazem a guerra, eles não se ofendem mutuamente, e,
principalmente, não querem ser como nós, que não nos respeitamos e destruímos a
natureza, sua e nossa mãe.
Ainda
agora, passou por mim o grande Martin Luther King e pediu-me para lembrar-lhes,
leitores amigos, um pequeno trecho de seu discurso: “Eu tenho um sonho em que
as pessoas sejam julgadas, numa nação, não pela pele do seu corpo, mas pelo seu
caráter”.
E
por que essa nação ainda não é o Brasil, se aqui não há um só nativo que não
seja a mistura de todas as raças? Desse modo, ofender um cidadão ou cidadã por
ter a pigmentação da pele negra é, além de grande estupidez, demonstração de
completa ignorância de sua própria descendência, pois os primeiros habitantes
da Terra tiveram origem na África, como já está comprovado cientificamente por biólogos,
arqueólogos, paleontólogos e historiadores.
Qual
era mesmo a cor de César, aquele que incendiou Roma e colocou a culpa nos
cristãos? E a de Napoleão Bonaparte? E a de Hitler?
Não
é a cor que define o caráter, nem mesmo a beleza de uma pessoa e sim sua alma.
Se esta é pura, sua essência é sublime. No corpo físico, todos proviemos do
barro e a ele voltaremos, até quando, libertos de todas as misérias morais, nos
tornemos luz, como nos esclareceu o Mestre de Nazaré.
O
extraordinário “Cisne negro”, alma de grande elevação que introduziu o Simbolismo
no Brasil, o nosso Cruz e Sousa, pede licença para relembrar-lhes um dos seus
belos sonetos, que nos mostra a tolice de cultuarmos a matéria, em geral, e o
corpo físico, em particular, acima do cultivo ao espírito, meus fiéis leitor e
leitora. Ei-lo:
LONGE DE TUDO (Cruz e Sousa)
É livres, livres desta vã matéria,
Longe, nos claros astros peregrinos,
Que havemos de encontrar os dons divinos
E a grande paz, a grande paz sidérea.
Cá nesta humana e trágica miséria,
Nestes surdos abismos assassinos
Teremos de colher de atros destinos
A flor apodrecida e deletéria.
O baixo mundo que troveja e brama
Só nos mostra a caveira e só a lama,
Ah! Só a lama e movimentos lassos...
Mas as almas irmãs, almas perfeitas,
Hão de trocar, nas regiões eleitas,
Largos, profundos, imortais abraços!
E, como
canta Renato Russo, o que importa “é só o amor”. Quer ouvi-lo? Clique no link e
na música Monte Castelo: http://www.ouvirmusica.com.br/legiao-urbana/22490/
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