Reuniões espíritas
Onde houver duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu
estarei no meio delas. (Mateus, 18:20).
Prefácio
Com essas palavras, Jesus quis mostrar o efeito da união
e da fraternidade. Não é o maior ou menor número que o atrai, pois em vez de
duas ou três pessoas, poderia ter dito dez ou vinte, mas é o sentimento de
caridade que as anima reciprocamente. Ora, para isso, bastam duas, mas se essa
duas orarem separadas, mesmo que se dirijam a Jesus, não há entre elas comunhão
de pensamentos, sobretudo se não estão movidas por um sentimento de mútua
benevolência. Se seu olhar é maldoso, de ódio, inveja ou ciúme, as correntes
fluídicas de seus pensamentos se repelem, em vez de se unirem por um comum
impulso de simpatia, e então elas não estão reunida em nome de Jesus.
Nesse caso, Jesus será apenas o pretexto da reunião, e não o seu verdadeiro motivo (cap. 27, item 9).
Isso não quer dizer que ele seja surdo à voz duma só
pessoa. Se ele não disse: "Atenderei a quem me chamar", é porque
exige, sobretudo, o amor ao próximo, do qual se podem dar maiores provas em
conjunto do que isoladamente, e porque todo sentimento egoísta o afasta.
Segue-se que, se numa reunião numerosa duas ou três pessoas se unem pelo coração,
num sentimento de verdadeira caridade enquanto as outras permanecem isoladas e concentradas
em ideias egoístas ou mundanas, ele estará com as primeiras e não com as outras.
Não é, portanto, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos
exteriores que constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de
pensamentos, segundo o espírito de caridade personificado por Jesus (caps. 10,
itens 7, 8 e 27, itens 2 a 4). Esse deve ser o caráter das reuniões espíritas
sérias, em que sinceramente se deseja o concurso dos bons espíritos.
Prece (para o
começo da reunião)
Suplicamos ao Senhor Deus Todo-Poderoso enviar-nos bons espíritos
para nos assistirem, afastar aqueles que possam induzir-nos ao erro, e dar-nos
a luz necessária para distinguirmos a verdade da impostura.
Afaste também os espíritos malfazejos, encarnados ou desencarnados,
que poderiam tentar lançar a desunião entre nós, e desviar-nos da caridade e do
amor ao próximo. Se alguns deles procurarem penetrar neste recinto, faça que
não encontrem acesso em nossos corações.
Bons
espíritos, que se dignam vir instruir-nos, tornem-nos dóceis aos seus
conselhos, afastem-nos de todo pensamento egoísta, ou de orgulho, de inveja e
de ciúme; inspirem-nos a indulgência e a benevolência para com nossos semelhantes
presentes ou ausentes, amigos ou inimigos; façam, enfim, que pelos sentimentos que
nos animarem, possamos reconhecer sua salutar influência.
Deem
aos médiuns, que encarregaram de nos transmitir seus ensinamentos, a
consciência da santidade do mandato que lhes é confiado e da gravidade do ato
que vão praticar, a fim de que o façam com o fervor e o recolhimento
necessários.
Se
estiverem entre nós pessoas que foram atraídas por outros sentimentos que não o
do bem, abram seus olhos à luz, e perdoem-nas, como nós as perdoamos, se vierem
com intenções malévolas.
Pedimos
especialmente ao espírito N, nosso guia espiritual, para nos assistir e velar
por nós.
Prece (para o fim da reunião)
Agradecemos aos bons espíritos que vieram comunicar-se
conosco. Pedimos-lhes que nos ajudem a pôr em prática as instruções que nos
deram e façam que cada um de nós, ao sair daqui, esteja fortificado na prática
do bem e do amor ao próximo.
Desejamos
também que essas lições sejam proveitosas aos espíritos sofredores, ignorantes
ou viciosos, que puderam assistir a esta reunião, e para os quais invocamos a
misericórdia de Deus.
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