Tempo e vida
Depois da morte é
que vemos,
Quando a luz se
nos revela,
Quanta sombra e
bagatela
Guardamos no
coração.
Quantos lamentos
inúteis
Complicavam-nos a
vida,
Quanta palavra
perdida,
Quanto tempo gasto
em vão!...
Quantas horas
desprezadas,
De espírito
desatento
Nos enganos de um
momento
Que o próprio
tempo desfaz!
Quanta contenda
improfícua,
Quanto disfarce no
rosto
Que se transforma
em desgosto
Furtando a
esperança e a paz.
Alma querida, não
creias
Seja a morte o fim
de tudo,
O tempo, esse
sábio mudo,
Concede-nos voz e
vez,
Acompanha-nos o
passo,
Age, segundo a
segundo,
E nos conhece no
mundo
Tudo aquilo que se
fez.
Ama, esclarece,
abençoa,
Sofre e luta, mas
não temas!
Ninguém vive sem
problemas,
Onde estiver e aonde
for;
Vida é lavoura
perfeita,
Morte é o braço
que a preserva,
Que só replanta ou
conserva
O que se faz por
amor.
DOLORES, Maria (Espírito). Coração
e vida. Psicog. Chico Xavier. Brasília:
FEB; São Paulo, SP: IDEAL, 2022, item 24.
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