Páginas

sexta-feira, 17 de março de 2023

 


ROTINA
 
 Alma querida, às vezes, choras,
 Na rotina que acolhes por dever,
 Pelo frio das horas
 Que o relógio te aponta
 No que tens a fazer.
 
 É a profissão que te reclama tempo,
 É o lar, pedindo-te atenção,
 Através de pequenos compromissos,
 E o tempo voa
 Qual dádiva do Céu que passa em vão.
 
 Mas a rotina inclui outros problemas:
 É o carinho de alguém que chega de improviso,
 É o amigo que vem
 Recordar quanto é preciso
 Trabalhar para o bem.
 
 É o parente que chega para confidências,
 Largou-se do trabalho por minutos,
 Num estreito intervalo.
 Fala das provações que está sofrendo
 E faz-se imprescindível confortá-lo.
 
 E o dia passa nas tarefas
 E nos encontros com que não contavas...
 O Sol se foi e eis que a sombra se inclina
 Por toda a casa e ouço-te o lamento:
 — “Como é triste a rotina!”
 
 Entretanto, alma irmã, ainda hoje,
 Pude cumprimentar pessoas generosas
 Aturdidas por amargura imensa...
 Desejam trabalhar mas não conseguem,
 Algemadas ao peso da doença.
 
 Acompanhei equipes de visita
 Aos irmãos que tateiam livros, vasos, flores,
 Segregados em rude solidão...
 Anseiam abraçar amigos que aparecem,
 Mas estão cegos de visão.
 
 Diversos companheiros vi de perto,
 Mostrando no silêncio
 Raciocínios agudos...
 Pretendem dialogar, trocando ideias,
 Entretanto, estão mudos.
 
 Abeirei-me de muitas criaturas
 Em estradas e ermos esquecidos
 Aguardando o socorro que não vem...
 Recordam com saudade os entes que mais amam
 E não surge ninguém!...
 
 Reflete nos irmãos, em grandes provas,
 Que vivem sem a mínima esperança,
 Da esperança que adoça os dias teus...
 E, louvando a rotina que te guarda,
 Rende graças a Deus!...
 
DOLORES, Maria. Dádivas de amor. Psicografado por Francisco C. Xavier. 1. ed. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Caminhos Paz: Nossa homenagem ao Dia da Europa (Irmão Jó)   Superada uma guerra mundial Com milhões de judeus sacrificados, Era tempo de ...