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segunda-feira, 13 de março de 2023

 A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES

PARA MELHOR SERVIR


Diz a lenda que, um dia,
Abandonada sob a terra fria,
A semente cansada
Perguntou ao Senhor:
“Por que me vejo a sós, morrendo sufocada
Como quem deve estar sob lodo e pancada,
Afinal, que fiz eu?"


Entretanto, o Senhor não respondeu...


Mas, depois de algum tempo,
Ao solo que se enfresta,
Maravilhosamente transformada
Em ramo, aroma,flor e fruto,
Orgulhou-se de ter
Por privilégio e por dever
O encargo de ser pão na mesa em festa
E, tocada de vida superior,
Agradeceu a Deus em preces de louvor.


Conta-nos outra lenda
Que uma ovelha esquecida em remota fazenda
Gritou ao céu na hora da tosquia:
“Por que me expõe à ventania,
Nesta nudez tamanha?...
Olha a rude tesoura que me apanha...
Afinal, que fiz eu?"


O Céu, no entanto, nada respondeu...


Mas, depois de alguns dias,
Encontro a criança
Que lhe vestia a lã, sorrindo de esperança,
Alegrou-se anotando o seu próprio trabalho,
Sustentando o calor e doando agasalho
Em auxílio de alguém!...
E agradeceu à vida
A elevada missão de que fora incumbida
Pela fonte do Bem!...


Assim também, alma querida e boa,
Quando a dor te transforme o coração em chama
De sofrimento a requeimar-te o peito,
Não reclames, perdoa,
E nem perguntes, ama!...
De todo golpe humildemente aceito
Deus fará nascedouro alto e fecundo
De paz, felicidade, ensino e elevação
Que se façam degraus de perfeição
Pelos quais o Céu desça e felicite o mundo!...


Aprendemos a dar o teto, a escola,
O prato, a veste e a luz que asserena e consola
Onde a penúria geme e onde a sombra se avulta,
De vez que só retemos o que damos,
Entretanto, jamais nos esqueçamos
Daquela caridade doce e oculta,
Quanta vez desprezada e incompreendida,
Que trabalha e se esquece
A fim de sustentar as construções da vida!...
Porque somente o amor incontroverso,
A sofrer e a calar para melhor servir,
É o centro de equilíbrio do Universo,
O apoio do presente e a força do porvir.

DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022, cap. 7.

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